24 de dezembro de 2010

É NATAL! Por excelência a festividade familiar

Diletos Amigos do Blog da Família
Agradecendo ao Divino Menino Jesus, à Sua Santíssima Mãe e a São José por todo auxílio ao longo deste ano cheio de embates em defesa da instituição da Família, agradeço também a todos nossos Amigos por terem participado de tais embates e nos incentivado na luta contra os fatores que visam a decomposição da sociedade.


De todo coração desejo-lhes um Santo e Feliz Natal, coroado das mais escolhidas graças da Sagrada Família e celestiais bênçãos de Ano Novo. Que Jesus, Maria e José reinem ao longo de todos os dias de todos anos em seus lares e corações, protegendo e concedendo-lhes a verdadeira paz, que — segundo Santo Agostinho — é a “tranquilidade da ordem”. E por ordem não entendemos apenas viver pacificamente neste mundo anárquico e igualitário, mas a reordenação de todas as coisas (das leis, das instituições, etc.) conforme àquele Divino Infante que veio ao mundo para salvá-lo. Como bem definiu Plinio Corrêa de Oliveira: “Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a Civilização Cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, antiigualitária e antiliberal”.
Para esta época natalina, por excelência familiar, ofereço a nossos leitores uma bela lenda de Natal — de autoria do historiador francês G. Lenotre (1857 – 1935), extraída do livro “Lendas de Natal” (Editora Verbo, Lisboa, 1966) —, que narra a nobre atitude do Conde de Plessis-Morambert para com um simples menino limpador de chaminés, chamado Mathiote; bem como a atitude, também nobre, do limpador de chaminés em relação ao Conde, ajudando-o a escapar da prisão à qual fora encarcerado pelos sanguinários sans-culottes na Revolução Francesa.


Um Conto de Natal que bem retrata a harmonia entre as classes sociais, numa “civilização antiigualitária e antiliberal” — que a Revolução de 1789 fez de tudo para destruir, assim como tentou abolir o próprio Natal. O que seria do mundo sem Natal?
Paulo Roberto Campos
Natal/2010



Mathiote

G. Lenôtre

Naquela véspera de Natal, Mathiote, sem despir a roupa enfarruscada de limpa-chaminés, dirigia-se ao palácio de Plessis-Morambert. Tinham-no chamado ali por acaso, três anos antes, para limpar uma chaminé, certa noite de Natal em que o conde dispunha na lareira uma enorme pirâmide de brinquedos e guloseimas, para fazer surpresa a seu filho Tiago, quando acordasse na manhã seguinte. Mathiote era da idade do filho do conde. Ao surpreender o olhar de admiração que o pequeno limpa-chaminés lançava àquelas maravilhas, e seduzido ao mesmo tempo pelo seu ar inteligente e honesto, conversara alguns momentos com ele, dera-lhe uma moeda de ouro e mandara-o para a copa, onde lhe serviram um bom jantar.


A lembrança enternecida daquela festa inesperada levava ali todos os anos, na mesma data, o limpa-chaminés, que recebia sempre broas e sopa quente, para as quais o atraía não só o reconhecimento, mas também a gulodice e o interesse.
Ora, naquela noite, que era a de 24 de dezembro de 1793, o pequeno ficou surpreendido ao encontrar o palácio fechado. Nas janelas não brilhava uma luz. Deixou cair por várias vezes a aldrava da porta, sem obter resposta, e ia já desistir e virar as costas, muito desiludido, quando avistou na extremidade da rua, na escuridão já densa, o vulto de um rapazinho que se encaminhava a largos passos para o palácio. Mathiote reconheceu Tiago de Morambert e correu para ele.
Ah! És tu, Mathiote... Coitado, vieste!... Anda, vem depressa, é melhor entrarmos.
Mal entraram em casa, Tiago rompeu a soluçar:
— Há oito dias que meu pai foi preso. O Comitê revolucionário desta área denunciou-o. Vão julgá-lo antes do fim do ano. Ai, Mathiote! O meu pai está perdido!...
E o pranto do pequeno redobrou. Mathiote, a quem o Terror em nada alterara a humilde existência, soube que o conde era acusado de “incivismo” – crime terrível naquela época – e que o cadafalso era inevitável. Havia oito dias que Tiago ia postar-se todas as tardes em frente à prisão. Tinham-lhe recusado a consolação de falar com o pai, mas pelo menos, através das grades de uma janela que dava para a rua, via o conde atirar-lhe beijos. O pobre rapazinho ficava ali até ao anoitecer. Regressava justamente dessa dolorosa “entrevista”, no momento em que Mathiote o encontrara.
— Não se aflija, senhor Tiago – disse o limpa-chaminés, desolado com o que acabava de ouvir. Esses malvados não podem matar assim o senhor conde, que é tão bom, tão caridoso.
— Enganas-te. Foi isso que o perdeu.
— Tenha coragem e deixe o caso comigo.
— Contigo? Que podes tu fazer?... Qualquer tentativa de o ajudar só serviria para apressar a execução.
E Tiago recomeçou a chorar. Mathiote consolou-o o melhor que pôde. Os dois rapazes estiveram juntos cerca de uma hora. Quando o limpa-chaminés saiu do palácio, anoitecera de todo. Dirigiu-se em passo rápido, e quase alegre, para o centro de Paris.
O conde de Plessis-Morambert fora encerrado na prisão da Abadia. Durante as primeiras horas de cativeiro, dominado por essa sobre-excitação raivosa que se apossa de todos os presos, andara às voltas na cela, como uma fera na jaula, esquadrinhando os cantos da prisão, sacudindo as grades da janela, procurando arrombar a porta, esforçando-se, em suma, por descobrir qualquer meio de evasão. A solidez das barras de ferro, a espessura das paredes, as enormes dimensões da fechadura atarrachada por grandes parafusos, depressa lhe dissiparam as ilusões.
A essa natural agitação, a inatividade forçada fez suceder longas horas de prostração. Invadira-o uma espécie de resignação calma, e nessa noite, à frouxa luz de uma lanterna que o carcereiro acendera, sentado na única cadeira de palha que mobiliava a cela, com os olhos fitos na chaminé vazia, meditava tristemente. O seu pensamento fugia para o lar onde se sabia tão amado. Via o seu pequeno Tiago lavado em lágrimas, sozinho no palácio deserto, pedindo por ele a Deus. E lembrava-se das noites de Natal passadas, quando o pequeno, antes de adormecer, ia pôr os sapatinhos na chaminé, esperando a visita do Menino Jesus, que nunca faltava.
Que pensaria Tiago na manhã seguinte, ao acordar, quando visse que o Menino Jesus se esquecera dele? À idéia daquela decepção inevitável, o conde de Morambert fixava os olhos cheios de lágrimas na chaminé sem lume, comovido pela lembrança dessas noites felizes, quando entrava pé ante pé no quarto do filho adormecido e dispunha na chaminé os brinquedos enfeitados de laçarotes, os altivos soldados de pau na caixa de pinho branco, as laranjas de ouro, as frutas cristalizadas – todo esse paraíso de coisas boas que o menino, ao acordar, festejava com palmas e gritos de alegria.
O conde foi bruscamente arrancado aos seus melancólicos pensamentos por um ruído estridente na chaminé. Uma chuva abundante de caliça e fuligem crepitou na pedra da lareira, seguida quase logo de um volumoso embrulho muito bem amarrado, que caiu pesadamente e rolou até ao meio da cela. Espantado com o caso estranho, o conde se levantou. Os seus olhos iam da chaminé ao misterioso embrulho, quando viu de repente dois pés que balouçavam por cima da lareira. Num instante esses pés tocaram no chão. Uma forma negra agachou-se na chaminé e saltou com esforço para o meio do quarto, dizendo:
— Não se assuste, senhor conde! Sou eu, Mathiote.
Era Mathiote, com efeito. De pé diante do preso, com a cara e a roupa negros de fuligem, sorria, mostrando os dentes brancos. Os olhos, na face de breu, pareciam claros e luziam como estrelas.
— Ma-thi-o-te?... – vacilou o fidalgo, tentando lembrar-se.
— Eu é que não me esqueci do senhor conde. Venho lá da sua casa. O senhor Tiago está bem. Alegre não está, já se sabe... Mas depois falaremos dele com mais vagar. Agora venho buscá-lo, senhor conde.
— Vens buscar-me?
— Sim, não podemos perder tempo. Fale baixo. Tenho aqui tudo o que é preciso. Primeiro, roupas para o senhor.
E o pequeno limpa-chaminés desatava febrilmente o embrulho que atirara pela chaminé.
— Arranjei as roupas em casa do patrão. Está aqui este rolo de luíses de ouro, que o Sr. Tiago me deu. São dois mil francos. Podem servir, mas temos de os esconder. Daqui a um quarto de hora estaremos na rua.
— Mas por onde sairemos, meu pequeno? Não pretendes levar-me por onde vieste, com certeza... Aliás, onde é que iríamos ter? Aos telhados... É verdade: como conseguiste encontrar a minha cela?
— O senhor Tiago tinha-me dito: a última janela à esquina da rua Sainte-Marguérite, e estudei bem o local. Quando se está habituado, não custa nada. Mas olhe, senhor conde, se me dá licença, agora não lhe respondo mais. Conversaremos depois, na rua. Vou trabalhar, e enquanto isso o senhor se vista.
Mathiote dirigiu-se à porta da cela e examinou a fechadura. Tirou da algibeira uma chave de parafusos e começou a tentar soltar a enorme chapa. Trabalhava com precisão e habilidade. O prisioneiro olhava para o que ele fazia, estupefato. Estava numa dessas situações em que a alma, amolecida e desencorajada, se rende antecipadamente, sem luta. A um gesto imperativo de Mathiote, obedeceu quase insensivelmente, despiu a sobrecasaca e começou a enfiar as calças endurecidas de fuligem e o casaco ensebado e enfarruscado, que o pequeno lhe trouxera. A outro sinal, tirou a peruca e foi à chaminé, onde massageou energicamente o rosto com as mãos sujas. Assim disfarçado, tão a rigor que parecia um autêntico limpa-chaminés, voltou para junto de Mathiote que, com ar de triunfo, mas sem dizer palavra, lhe mostrou a fechadura finalmente solta. O pequeno aprovou com um aceno de cabeça a transformação do aristocrata, depois aproximou-se dele e disse em voz baixa:
— Está salvo. Pegue no seu dinheiro e esconda-o. Fiquei com uma moeda, da qual vou precisar agora. O senhor desce a escada atrás de mim. Quando eu me aproximar da sentinela, siga o seu caminho sem parar. Saia naturalmente para a rua e volte à esquerda, sem hesitação. Estamos entendidos?
O conde respondeu-lhe com um aperto de mão. Mathiote abriu a porta e lançou um olhar para o corredor. Sem precipitação, deu passagem ao prisioneiro, saiu com ele e fechou a porta atrás de si. Seguiram pelo corredor e desceram a escada.
No átrio da prisão, o carcereiro, que entrara de serviço havia menos de uma hora, dormia num cubículo envidraçado, aquecido por um fogareiro de barro e mal iluminado por uma lanterna pousada sobre a mesa. O conde, guiado pelo rapazinho, ficou na escuridão, onde o seu vulto negro desaparecia por completo, enquanto Mathiote, com desembaraço, ia bater no vidro e acordava o carcereiro:
— Quero sair, cidadão!
O carcereiro abriu os olhos, dirigiu a luz da lanterna para o local de onde vinha a voz, viu apenas a criança carregada de cordas, de ganchos, de vasculhos – instrumentos do seu ofício – e, tranqüilizado, puxou o cordão da porta. A porta abriu-se, o conde esgueirou-se no escuro até ao limiar. A custo conteve um movimento de recuo, ao ver a sentinela que se voltara, ao ouvir o ruído do fecho. Mathiote, porém, tinha previsto isso e disse, logo que a porta voltou a fechar-se nas costas deles.
— Desculpe, senhor militar, pode indicar-me onde está o chefe do posto?
— O chefe do posto? Que queres tu do chefe do posto? Que estás fazendo por aqui? E quem é esse homem que vai sair? Aqui ninguém passa!
— Queria entregar ao senhor oficial esta moeda de ouro que encontrei lá em cima numa sala vazia, ao varrer as cinzas da chaminé. Está aqui. Não sei o que fazer dela...


E o rapazinho mostrava ao guarda a moeda, que brilhava no escuro, na ponta dos dedos enegrecidos.
O guarda sans-culotte tomou a moeda, examinou-a e meteu-a no bolso. Naquela época, valia duzentos francos em papel-moeda. Já humanizado, o guarda resmungou:
— Está bem, deixa ficar, que eu entrego ao chefe. Não vale a pena acordá-lo por tão pouco.




— Obrigado, cidadão.
— Não há de quê, garoto.
E Mathiote, numa corrida, alcançou o conde de Morambert, que durante este diálogo se adiantara e caminhava já a passos largos pela Rua de Buci.
O valente rapazinho tinha o seu plano. Não ignorava que era impossível esconder o conde em Paris: as buscas domiciliárias inutilizavam qualquer tentativa de despistar a polícia. Além disso, como encontrar, nessa época de terror, um ser tão heróico, tão temerário que estivesse disposto a oferecer hospitalidade, mesmo por uma noite, ao prisioneiro evadido, cuja fuga logo no dia seguinte ia ser participada a todos os agentes do Comitê de Segurança Geral?
Por isso Mathiote resolvera sair da França e ir para a Sabóia. Ali, ao menos, conhecia uma casa, a dos pais, onde o seu nobre protegido poderia viver sem perigo até passar a tormenta revolucionária. Em dez dias poderiam chegar à fronteira, e dois saboianos de regresso à terra, no seu traje regional de limpa-chaminés, tinham grandes probabilidades de fazer toda a viagem sem despertar suspeitas.
Para maior segurança, envolveu numa ligadura de linho a cabeça do fidalgo, como se estivesse ferido. Na realidade, fizera isso apenas para explicar o mutismo absoluto que o conde devia manter, sempre que estivessem entre estranhos. Mathiote encarregava-se de responder a todas as perguntas, de desencorajar todas as indiscrições. E fizeram o seu caminho sem ser alvo de nenhuma curiosidade. Ao segundo dia de jornada, o conde de Morambert, pouco afeito a andar a pé, privado do conforto a que estava habituado, comendo toucinho nas estalagens, bebendo água nas fontes, dormindo nos palheiros das herdades, já não precisava fingir. Representava convincentemente o papel de um trabalhador exausto, ferido e doente, que se arrasta conforme pode, para chegar à sua terra. Ninguém poderia descobrir um aristocrata nesse homem escaveirado e sujo, sempre calado, que levava por companheiro o castiço limpa-chaminés, exuberante no seu dialeto saboiana.
O conde, entretanto, admirava a inteligência e a força de alma dessa criança que o salvara. Não tivera até então oportunidade de apreciar as sólidas virtudes da gente do povo. Encontrava motivo sempre novo de espanto na dedicação, no desinteresse absoluto desse pobre limpa-chaminés, que arriscava a vida em reconhecimento de uma sopa quente e de um luís de ouro. Durante as longas marchas, dias a fio, o conde repetia com os seus botões a frase célebre: “Onde se foi esconder a virtude!”
Doze dias depois de saírem de Paris, os fugitivos chegaram finalmente à última aldeia francesa. Mathiote, fresco, bem disposto e cheio de entusiasmo; o conde, estafado, a coxear, mal podendo arrastar-se. Depois de uma noite inteira de caminho, tinham parado numa estalagem e estavam comendo pão com manteiga, quando o estalajadeiro, dirigindo-se a Mathiote e apontando o conde, perguntou:
— É o teu pai?
— Não, senhor, é o irmão do meu patrão.
— Está doente?
— Caiu de um telhado e aleijou-se. Vou acompanhá-lo à terra.
— Tens passaporte?
— Tenho... o quê?
— Não podem passar a fronteira se não têm os papéis. A fronteira está guardada pelos patriotas. Ainda ontem eles prenderam dois emigrados, que estavam disfarçados como vendedores de queijos.
Mathiote empalideceu, sob a fuligem que lhe cobria o rosto, pois não previra esse desfecho. Mas conseguiu controlar-se, e comentou com simplicidade:
— Apesar disso eu gostaria de passar. Eu já podia ter chegado, mas o velho mal consegue arrastar-se.
— Só pode passar quem tiver os documentos – finalizou o estalajadeiro, e em seguida pôs-se a cuidar de outras coisas.
Uma hora depois os fugitivos, sentados num tronco à beira do caminho, não haviam ainda conseguido, apesar de todo o esforço, achar um meio de transpor aquele último obstáculo. Adiante deles a estrada conduzia a uma ponte sobre um riacho, e do outro lado já era o estrangeiro. Menos de cem metros. Eles até conseguiam já ver um poste com as cores da Savóia, bem na fronteira. Mas antes disso havia uma dezena de soldados bem armados, impedindo a passagem no posto de guardas.
— Senhor Conde, vamos tentar um último esforço. Podemos caminhar pelo mato, e depois cruzaremos o riacho em algum lugar menos profundo.
— Impossível, meu pobre Mathiote. Eu mal consigo caminhar, e não poderia fazê-lo nesta terra gelada.
— Então poderíamos aproximar-nos do posto, e enquanto eu distraio os guardas o senhor dá uma corrida e...
— Correr! Correr com estas pernas doloridas!... E além disso eles começarão a atirar.
— Bem, mas as balas podem não acertar.
— Neste caso eles te farão prisioneiro, e pagarás com a vida. Não posso consentir nisso.
— Então!...
— Então está tudo acabado. Encalhamos bem perto do porto. O melhor é me deixares aqui e seguires sozinho pelo mato. Só estarei tranqüilo quando tiveres passado o riacho.
Mathiote ficou pensativo por um momento, coçou a cabeça, e em seguida propôs:
— Temos uma última possibilidade, Sr. Conde. Vamos caminhando tranqüilamente até o posto da guarda. Se eles nos pedirem os papéis, o senhor continuará caminhando o mais rápido que puder. Enquanto isso eu vou desabotoar lentamente a minha jaqueta, e começarei a simular a procura dos documentos nos bolsos. Isto será suficiente para o senhor avançar uns bons metros. Mas... – e calou-se, hesitando.
— Mas o quê?
— Mas, como não temos a certeza de escapar, é melhor o senhor desfazer-se dos luíses... Se o revistassem e lhe achassem tanto dinheiro, então é que ficaria comprometido de fato!
O conde aquiesceu com um sinal de cabeça. As últimas palavras de Mathiote pareciam confirmar uma leve suspeita que ainda tinha. Na realidade, fora muito ingênuo ao acreditar que um rapazinho daquela condição o ajudara, a ele, rico e nobre, por pura dedicação. Era a primeira vez que se deixava iludir pelo aparente desinteresse de um plebeu. Parecia que o saboiano tivera apenas uma intenção: apropriar-se daquela soma, que para ele era uma fortuna, e receber assim o preço dos seus serviços. Tirou o dinheiro dos bolsos e o pôs na mão do limpa-chaminés. Depois, passando a mão pela testa, como se quisesse afastar a amargura da decepção, levantou-se a custo.
— Vou me entregar. Trata de escapar, se puderes. Tens razão: cada um por si.
— Eu não o deixo! – exclamou Mathiote, seguindo-o com ar alegre.
Minutos depois os fugitivos chegavam diante do posto. Os soldados, sem desconfiança perante o traje característico dos dois viajantes, deixaram-nos passar sem exigir documentos. Mal tinham dado alguns passos para a ponte, o oficial, com uma súbita suspeita, chamou os seus homens:
— Rapazes! Olhem para esses dois, que já transgrediram a ordem! Ei, garoto!
Mathiote fingiu que não ouvia. Isso significava mais alguns passos ganhos.
— Páras ou não, pequeno patife?
Mathiote voltou-se, afetando um ar surpreendido, e retornou ao posto, enquanto o conde, chamando a si todas as forças, estugava o passo em direção à fronteira.
— Que foi, cidadão? – perguntou o rapazinho, com ar inocente.
— O teu passaporte!... E o outro, será que ele é surdo?
— Está ferido...
— Ele que pare, senão disparamos!
— Oh, cidadão, não faça isso!... O meu passaporte... já lho dou... é só um instante...
Seguindo pelo canto do olho o conde de Morambert, que estava já a poucos passos da ponte, Mathiote enfiava as mãos em todos os bolsos, virava a boina pelo avesso, despejava o saco. Aquela manobra não enganou o oficial. Percebendo o embuste, chamou os seus homens com uma praga formidável:
— Façam fogo! Não vêem que é um aristocrata tentando fugir? Abatam esse homem! Fogo! Fogo!
Todas as espingardas se abaixaram ao mesmo tempo. Mathiote, num salto, atirou-se para a frente dos canos apontados. Os soldados hesitaram em fuzilar à queima-roupa aquela criança desarmada.
— Fogo! Façam fogo, senão ele nos escapa!
Mas nesse instante Mathiote, enchendo as mãos com as moedas de ouro que trazia nos bolsos, atirou-as como confeitos de batizado aos pés dos soldados prestes a disparar.
E foi uma confusão indescritível. À vista daquele ouro que rolava pela estrada, os soldados perderam a cabeça, largaram as espingardas e precipitaram-se para o apanhar, empurrando-se, atirando-se ao chão, disputando a soco o despojo inesperado.
Mathiote não se deteve a contemplar aquele quadro épico. Num salto, foi juntar-se ao conde, do outro lado da ponte, fora da França. E enquanto os soldados lutavam ainda, disputando a última moeda, a criança atirou a boina ao ar e gritou no seu dialeto saboiano:
— Evviva la libertà! — E correu para o seu companheiro.
Esgotado, chorando de alegria, de cansaço e de gratidão, o conde caíra abraçado ao poste com as cores da Sabóia.

6 de dezembro de 2010

Projeto de Lei 122: Em nome da “anti-homofobia” uma monstruosa lei “anti-família”

Acabo de ler no site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira uma notícia estarrecedora! Em vista dela devemos reagir, e com toda urgência, em defesa da família gravemente ameaçada pelo Projeto de Lei 122/2006: a "Lei da Homofobia" — a "Lei do Zipper".
Click no link abaixo, faça sua parte, e depois convide seus Amigos para também agirem antes que seja tarde demais.
A respeito, transcrevo, no final, a matéria publicada no blog do Prof. Zenóbio Fonseca.


Só mesmo às escondidas, aqueles que deveriam ser nossos representantes conseguem aprovar absurdos como esse lixo de projeto que é o monstruoso PL 122. Agora querem aproveitar que a população brasileira está toda voltada para os preparativos das festividades de NATAL e ANO NOVO para — no apagar das luzes de 2010 e do governo Lula — transformar o Projeto em Lei — uma lei absurda, um projeto que deve ir para onde merece: A LATA DE LIXO.
Como já explanamos aqui [para saber mais, na coluna “SUMÁRIO”, à direita, click em “Lei da Homofobia”], o PL 122 (cuja relatora é Fátima Cleide (PT – tinha que ser...) é um projeto de lei que visa punir severamente como um criminoso quem simplesmente manifestar opinião de acordo com a moral, com a Lei Natural e com a Lei de Deus, ou seja contra o homossexualismo. Ademais, tal projeto visa conceder privilégios a quem for homossexual. Privilégios ao vício!!! Assim, estaremos rumando para uma ditadura ideológica (ou ditadura homossexual), que mandará para a prisão (de 2 a 5 anos de reclusão) quem fizer uso da livre expressão de pensamento, por exemplo dizendo que não é normal o que é anti-natural: a homossexualidade — “um pecado que brada aos Céus por vingança”.
E-mail para o autor: prccampos@terra.com.br
http://blogdafamiliacatolica.blogspot.com/


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Crime inafiançável para quem defende a família? Reaja agora!



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Transcriçao do post do Prof. Zenóbio Fonseca:


Alerta nacional: Ativistas ligados ao Movimento GLBT tentarão aprovar PLC 122/06 no Senado nos dias 08 e 09 dezembro/10.

AS INFORMAÇÕES QUE AQUI APRESENTAMOS NÃO SÃO SUPOSIÇÕES, MAS POSSIBILIDADES CONCRETAS COM BASE EM TUDO QUE ACONTECEU NOS ÚLTIMOS DIAS NO SENADO FEDERAL E NA CÂMARA DOS DEPUTADOS BEM COMO NO DEPOIMENTO DE MUITOS PARLAMENTARES


INFORMAÇÃO URGENTE: Os ativistas do Movimento Homossexual articularam com senadores que apóiam a causa da criminalização da homofobia para que seja aprovado pelo Senado Federal nos dias 08 e 09 de dezembro de 2010 o PLC 122/06, que torna crime inafiançável criticar o comportamento homossexual, ou seja, instituir o delito de opinião.
Antes precisamos lembrar que o PLC 122/2006 encontra-se na Comissão de Direitos Humanos do Senado aguardando realização de Audiências Públicas por força de Requerimentos anteriormente aprovados.
É possível que com as articulações, manobras políticas e regimentais a aprovação do PLC 122 neste final de ano pelo Senado aconteça da seguinte forma:
Aproveitamento da aparente desmobilização dos cristãos e dos parlamentares
No dia 08/12/2010 (quarta-feira) haverá Sessão Ordinária na Comissão de Direitos Humanos para discutir diversos assuntos já estabelecidos em pauta. Mas há fortes evidências que será apresentado um Requerimento extra-pauta pedindo a dispensa da realização das Audiências Públicas, que tanto aguardamos, para que seja feita a imediata votação do PLC.
Se este Requerimento, que vai ser apresentado de ultima hora, for aprovado, o PLC poderá ser votado já na mesma Sessão, ou seja, já na próxima quarta-feira, quando poderá ser votado e aprovado com as Emendas apresentadas pelos Senadores Marcelo Crivella e Magno Malta, fruto de grandes debates.
A tramitação normal do PLC seria a seguinte: após a votação na Comissão de Direitos Humanos ele deveria ser enviado imediatamente para a Comissão de Constituição e Justiça, onde grandes juristas acreditam que ele seria derrubado pois apresenta vícios constitucionais.
Ocorre que esta Comissão poderá ser pulada com ajuda de uma manobra regimental, ou seja, é possível que no mesmo dia após ser aprovado na Comissão de Direitos Humanos, já seja apresentado no Plenário Geral do Senado um pedido requerimento de urgência do PLC 122, sob a alegação que ele já foi muito debatido e que a sociedade está esperando uma resposta do legislativo em virtude dos últimos acontecimentos, isto é, após as imagens divulgadas de um jovem que fora agredido em São Paulo por ser homossexual.
Assim, se o Requerimento for aprovado, o Projeto passa a ter o regime de urgência e poderá ser votado ainda no dia 09/12 (quinta-feira) pelo Plenário Geral do Senado Federal.
Esta manobra não é a primeira vez que os ativistas GLBT tentam. Precisamos lembrar a todos que em uma madrugada de dezembro de 2008 a Senadora Fátima Cleide, relatora do PLC 122/2006, junto com a então Líder do Governos, Senadora Ideli Savati (que não foi reeleita), tentou aprovar um Requerimento de Urgência ao PLC 122/2006 no Plenário do Senado durante as discussões do Orçamento da União e naquela madrugada o Senador Magno Malta estava presente e não deixou que a votação acontecesse. E vocês precisam lembrar que as senadoras até já haviam recolhido no Requerimento a assinatura de vários líderes de Partidos que “assinaram enganados” sem saber que se tratava do PLC 122/2006.
Então é possível que a relatora e outros senadores a tentem novamente pedir o regime de urgência.
Se conseguirem por em prática esta estratégia, temos a certeza que a votação do PLC 122/06 (emendado) no plenário do Senado será de fácil aprovação, pois as Emendas apresentadas e aprovadas pela Comissão de Direitos Humanos do Senado espelham um projeto de lei sem “aparentes violações” ao direito de liberdade de expressão e consciência, o que o torna a sua aprovação pelos senadores uma possibilidade fácil.
É possível que junto a esses atos políticos, na próxima semana, também será veiculada por algumas mídias de comunicação de massa, imagens de violências sofridas por homossexuais. Tais fatos têm o intuito de criar uma atmosfera falaciosa de que existe verdadeiro massacre contra homossexuais no Brasil, criando ambiente favorável para aprovação do PLC no Senado.
O Pior não está aqui na aprovação pelo Plenário do Senado, mas o que acontecerá na Câmara Federal com a nova votação do PLC 122. Lembre-se que depois de aprovado no Senado com as alterações propostas ele voltará para a Câmara dos Deputados onde ele nasceu.
Constitucionalmente quando um projeto de lei sofre emenda ao texto original por uma das Casas Legislativas (Senado ou Câmara), ele deve voltar a Casa legislativa originária do projeto para que seja votada as emendas que foram apresentadas ao projeto pela outra Casa.
E ai é que está o perigo e a armadilha principal, pois existe uma forte mobilização para que na semana seguinte a aprovação do PLC 122 pelo Senado Federal, ele seja votado imediatamente no Plenário da Câmara, e temos a certeza que o Movimento Gay já está fazendo um trabalho junto aos deputados para que eles DERRUBEM AS EMENDAS APROVADAS PELOS SENADORES, ou seja, o texto do PLC 122 passa ser válido na sua forma original como foi aprovado no ano de 2006 na Câmara, com todas as questões gravíssimas, ilegalidade e inconstitucionalidade já apontadas por diversos juristas e instituições, entre elas a Igreja Evangélica e a CNBB.
Sabemos que já é dada como certa pelos ativistas do Movimento Homossexual a aprovação pela Câmara Federal, com a derrubada das Emendas dos senadores.
Em seguida o texto aprovado na Câmara na forma original que foi proposto será enviado para a sanção ou veto presidencial. Temos a certeza que será sancionado e ainda este ano, pois o atual Governo já manifestou algumas vezes interesse em aprovar uma legislação que trate de Crime de Homofobia.
Tudo indica que toda esta movimentação é para que o PLC 122/2006 seja aprovado ainda em dezembro, pois com certeza o Presidente Lula não quer que a nova presidenta passe pelo “desgaste” de sancionar uma lei que “inibe” a liberdade religiosa no Brasil, pois ela durante a campanha eleitoral, pressionada, assinou um “compromisso” com o povo evangélico que durante seu Governo não tomaria nenhuma iniciativa que afetasse as Igrejas. E, a única forma dela não “descumprir o prometido” é o Presidente Lula sancionar a lei antes de deixar a Presidência.
O QUE FAZER SOBRE ESSES POSSÍVEIS ACONTECIMENTOS
Ligue para os Senadores de seus Estados alertando sobre mais esta tentativa de aprovação açodada do PLC 122/06 no Senado, peçam para VOTAR CONTRÁRIO A APROVAÇAO DESTE PROJETO DE LEI NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS, E POSTERIORMENTE NO PLENÁRIO DO SENADO, POIS O SÓ ASSIM O PROJETO SERÁ ARQUIVADO EM DEFINITIVO, não existindo possibilidade de votação na Câmara, sendo sepultada sua tramitação.
Informem aos deputados federais sobre esta nova tentativa de aprovação, peçam a eles para ficarem atentos caso o PLC 122/2206 volte para a Câmara, alertem também as assessorias parlamentares sobre esta possibilidade.
Esta lei se aprovada causará maiores conflitos do que paz social, gerando grave insegurança jurídica. Ressalte-se que já existem mecanismos jurídicos para resguardar direitos dos todos os cidadãos brasileiros.
Fonte: Blog de Zenóbio Fonseca
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CLICK AQUI PARA ENVIAR SEU PROTESTO CONTRA A LEI DA HOMOFOBIA:
Envie aqui seu protesto aos Senadores, pedindo que não permitam que manobras aprovem o PLC 122/2006, que implanta uma verdadeira perseguição religiosa no Brasil.