30 de julho de 2012

A cortesia francesa


Paulo Roberto Campos
Como temos tratado aqui sobre a cortesia (ou a falta dela), permita-me contar algo pessoal para exemplificar a respeito do tema. 


Numa recente viagem a Paris (a primeira em minha vida), preparei-me e fui “escudado” para receber todo tipo de “alfinetadas”, descortesias, indiretas, diretas, “patadas” etc., pois — era o que eu ouvia aqui no Brasil —, “na atualidade, em geral o francês é ranzinza e trata mal todo mundo”. Um engano! Fiquei muitíssimo surpreso, e encantado, ao encontrar o oposto do que ouvia. Encontrei os franceses extremamente amáveis, manifestando suprema cortesia em atender, em dar informações, até pormenorizadamente, a um estrangeiro como eu. Poderia dar vários exemplos do bom trato recebido e das boas maneiras que presenciei. 


Se o francês foi ranzinza (ou ainda o é), ele não manifesta sua “ranzinzice”. A gentileza impera. Não sei se posso generalizar, e nem sei se a França inteira é assim. Nem estou seguro para dizer que a França foi ranzinza e que agora mudou. Mas o testemunho que eu dou é que, atualmente, o parisiense  apresenta-se muito cortês. É a impressão que tive nos inúmeros contatos com a gentileza na “Cidade Luz”, não presenciando grosserias ou indelicadezas no trato. Na verdade, uma só, mas creio que foi a exceção que confirma a regra. 


Mas, é claro, você também precisa tratar os franceses com toda cortesia. Por exemplo, usei aqui o pronome “você” (o que parece compreensível no Brasil, ao me dirigir aos diletos leitores deste blog). Lá o pronome correto no caso é “Vous”, tanto para a Madame como para o Monsieur. 


Um exemplo comezinho, mas que me encantou, pois já no primeiro e breve diálogo que tive, logo ao entrar no avião da Air France
— Bonjour Monsieur! 
— Bonjour Madame! 
— Bienvenu! 
— Merci! 


Na França o “Bonjour” e o “Merci” são expressões quase sagradas. Ao entrar em qualquer estabelecimento, por exemplo numa boulangerie (padaria), não se pode — EM HIPÓTESE ALGUMA — ir logo fazendo o pedido da sua apetitosa baguette (pão longo) ou de qualquer outro saboroso petisco. Os franceses não veem isso com bons olhos, julgam uma falta de educação muito grave. Em primeiríssimo lugar, você tem que usar a expressão “Bonjour Madame” ou “Bonjour Monsieur”. Após ouvir o “Bonjour” da outra parte é que se pode então fazer o seu pedido. Isso antes de iniciar qualquer diálogo e em qualquer lugar, mesmo na rua. Do contrário, os franceses, até por cortesia, poderão não dizer nada, mas pensarão: “Esse sujeito é deselegante”. Num português curto e grosso: “Esse sujeito é um “casca-grossa”... 


O “Merci” também é indispensável nesse “cerimonial”. Sempre respondido com o “de rien” (de nada) ou “je vous en prie”. Não sei se exagero, mas acho que a expressão que mais ouvi em todos os lugares de Paris foi o “Merci”. Em segundo lugar, o “Bonjour” e em terceiro o “Pardon, Monsieur”, “Pardon, Madame”. 
Aqui abro um parêntesis: Alguém poderia objetar que isso (o modo de cumprimentar) é uma coisa insignificante que não modifica uma sociedade. 


— Responderia que APARENTEMENTE é uma coisa insignificante, mas que essa simples, pequena e fácil manifestação de cortesia, de respeito pelo próximo, pode mudar a história de uma pessoa, de uma família, de um país. Um exemplo: Se alguém, ao cruzar com um vizinho, não o saúda com o “Bom dia, senhor fulano”, poderá deixá-lo magoado. Ademais, seu filho seguirá o exemplo, imitando sua descortesia com os colegas. Você poderá ter contribuído assim para que o filho seja grosseiro. A família poderá viver em atitudes grosseiras e em conflitos uns dando “patadas” nos outros. Seu filho quando crescer, o que será para a sociedade e para o País?
*          *          *
Fechando o parêntesis e encerrando esse post: Ainda não encontrei resposta para uma questão: Será que tendo perdido o trato delicado a França ficou ranzinza, mas que atualmente está reencontrando a cortesia perdida? Com saudades da “douceur de vivre” (doçura de viver) quotidiana na França do “Ancien Régime”? Como vimos no post anterior ( Em busca da cortesia perdida! ), na “Belle Époque”, ocorreu esse “reencontro” com algo do estilo de vida elegante e cortês do “Ancien Régime”. 


De passagem, falando de “Ancien Régime”, não resisto em inserir aqui um comentário de Talleyrand sobre essa época anterior à Revolução Francesa: “Ceux qui n'ont pas vécu avant 1789, ne connaissent pas la douceur de vivre" (“Aqueles que não viveram antes de 1789, não sabem o que é a doçura de viver”). 
*          *          *
A propósito da impressão (sobre o reencontro com a cortesia) que trouxe da “Cidade Luz” — que muito me marcou, mas para a qual não encontrei resposta — pesquisei em alguns textos que guardo e deparei-me com uma conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — um grande admirador da “Douce et Belle France” — na qual ele tece interessante comentário sobre o país. Aqui ofereço um trechinho que selecionei para nossos leitores: 


Quadro exposto no Musée Carnavalet, em Paris (Foto PRC)
“A França, em determinado momento, inspirou a cortesia universal. E, fora de dúvida, ela é a nação da cortesia. A França de hoje não é o que desejaríamos, mas ficou pairando no mundo uma ideia de que seria incomparavelmente melhor se a França inteira vivesse isso [estimulando a cortesia]. Ela seria mais ou menos como a madeira aromática que se coloca numa sala: vai perfumando, perfumando, perfumando, sem se destruir”. 

26 de julho de 2012

Em busca da cortesia perdida!


Quadro exposto no Musée Carnavalet (em Paris) representando o esplendor de vida da sociedade parisiense na Belle Époque (Foto PRC).
Em continuação ao post anterior ( NÃO DEIXE A CORTESIA MORRER ! ), apresento hoje uma matéria de autoria de Nelson Ribeiro Fragelli, que desenvolve brilhantemente um tema muito correlato à nossa campanha “Em busca da cortesia perdida!”. 

O autor mostra como na Belle Époque reluzia o bom trato entre as pessoas, a cortesia era a agradável companheira da vida quotidiana, mas que, com as invenções modernas — como a eletricidade, telefone, rádio, cinema, bicicletas, automóveis etc. — entrou naquela bela época a mania da velocidade e com isso a mudança nas tradições de família, no bom trato social, nas boas maneiras. Em síntese: entra o progresso técnico e a cortesia se retira.


Belle Époque — esplendores e contradições 

Transcorrida entre 1870 e 1914, foi uma época brilhante, na qual infelizmente o mito do progresso gerou novos estilos de vida, incompatíveis com a moral, o esplendor e a cortesia 

Nelson R. Fragelli
Fonte: Revista Catolicismo, edição 729 (Setembro/2011)

Duas impressões vêm à mente da maior parte das pessoas quando pensam na Belle Époque. De um lado, as roupas femininas — saias longas, apertadas na cintura, chapéus largos, a sombrinha não podia faltar. E os trajes masculinos — fraque escuro e cartola. Ainda hoje, em ocasiões de gala, os homens usam esse traje como sendo o máximo da elegância. 

Indissociavelmente ligadas a tal modo de vestir ficaram na lembrança as boas maneiras e a cortesia. Eram nas festas, recepções, concertos que essa distinção de trato encontrava o ambiente próprio a se desenvolver e encantar a sociedade. Não havia maior prazer do que a conversa. 

A arte de conversar era então das mais cultivadas. No centro dessa arte estava a cortesia. Isto é, a consideração pela dignidade própria ao interlocutor, fosse ele sacerdote, nobre ou pessoa do povo. A escolha do assunto? — se é que se pode falar de escolha, pois ele surgia segundo a ocasião social, iluminando-se gradativamente, suavemente, como o acender das velas por lacaios em libré, lustre após lustre, naqueles salões. O desenvolvimento do assunto e a escolha das frases, isto sim, era circunstancial, fazendo da conversa uma obra de minuciosa composição temática. Uma obra que encantava. 
Joaquim Nabuco / Foram a amenidade e a elegância da vida social que tornaram a Belle Époque bela / Cena do dia da Primeira Comunhão em Paris
Ritos como numa liturgia temporal 
Que críticas não se deviam fazer em determinado ambiente? Ou em que medida fazer elogios? Em caso de uma discussão, como manter a elevação da conversa? Caso se tratasse de convite para um jantar, por exemplo, que flores oferecer e com que traje comparecer? Como se servir dos talheres, do guardanapo, dos vinhos? Terminada refeição, prescreviam os ritos sociais conhecer o momento oportuno de se retirar, a fim de nem sobrecarregar a hospitalidade dos anfitriões com uma conversa muito longa, nem dar a impressão de aborrecimento, retirando-se apressadamente. 

Todos os atos da vida social eram organizados segundo regras — flexíveis de acordo com o bom senso, é claro, mas que constituíam uma verdadeira liturgia da vida civil — cuja finalidade era dar ao próximo respeito, reverência e honra. Havia então uma ordem de valores que unia a todos da sociedade e essa ordem era superior aos interesses ou aos prazeres individuais. Essa liturgia era um resto da antiga caridade cristã, ensinada pela Igreja, e cujo modelo tinham sido as interlocuções dos monges nos mosteiros e nas abadias. Havia um momento da vida monacal dedicado à conversa — e ela era obra de santificação — que ensinava a dominar as inclinações e controlar a vontade própria em favor do próximo. Primava a caridade. 

Assim, na Belle Époque, foi a amenidade e a elegância da vida social que a tornaram bela. A vida de salão atraía irresistivelmente a todos, porque no contacto humano a cortesia dá um prazer durável. A cortesia é o melhor portador de respeito e amizade: dois sentimentos que confortam a alma. A distinção orienta o homem no sentido diáfano do anjo. 

Um episódio muito ilustrativo da época 
Talvez um exemplo faça luz sobre a cortesia de então. Nos primeiros anos do século XX, em plena Belle Époque, chefiava Joaquim Nabuco a Missão Diplomática do Brasil em Londres. Pertencente a uma família de políticos, intelectual de renome, tomado por abstrações filosóficas e políticas, Nabuco era conhecido por suas distrações. 

Tendo recebido convite, belamente impresso, para jantar em casa de outro embaixador, esforçou-se por chegar à hora, pois embora a pontualidade não estivesse de modo algum em seus hábitos, na Inglaterra ela sempre foi rigorosamente exigida. Recebido pontualmente pelo mordomo, teve entretanto de esperar um tempo mais longo do que habitual até que aparecesse o embaixador, acompanhado de sua senhora. Amabilíssimos, contentes com a presença de Nabuco, mestres na arte de receber, incitaram-no a falar — desde sobre florestas exóticas do Brasil até os movimentos sociais da recente República — o que muito lhe agradou. Terminados o jantar e a animada conversa, o casal o acompanhou até a saída, e ao abrir-lhe a porta do cabriolé, disse então o diplomático anfitrião, com ligeira inclinação: “Prezado Doutor Nabuco, segundo o convite que tivemos a honra de lhe enviar, nós o aguardamos então, amanhã, para o jantar”. Nabuco tinha se enganado de data e comparecido um dia antes... 

Salões e a nobre arte da conversa 
Não surpreende que, em razão dessa amenidade de trato, nas grandes cidades européias os salões se multiplicavam em todas as classes sociais. A elite, em seus palácios, discutia arte e literatura, ambas em rápida transformação. Política era também um tema central. Monarquistas afeitos às belas e boas tradições enfrentavam os republicanos imbuídos de suas idéias de progresso e reformas sociais. Os salões burgueses se reuniam nos cafés. Escritores e poetas frequentavam cafés literários; professores e cientistas os cafés universitários. As novidades científicas empolgavam, pois as descobertas e invenções se multiplicavam. Na medicina surgiam novos remédios e métodos cirúrgicos. Em todos esses salões cintilavam inteligências. Quando o clima permitia, sobretudo na primavera e no verão, concertos e espetáculos ao ar livre reuniam nos grandes parques e jardins pessoas provenientes dos mais variados salões. Paris e Berlim ofereciam jardins cujo elevado bom gosto se refletia para os paulistanos no Parque da Luz e no Parque Antarctica, e para os cariocas na Praça Paris.

“Salões” nas pequenas cidades e aldeias 
Havia também “salões” — talvez os mais autênticos — nas pequenas cidades e nas aldeias. À saída da Missa, pequenos grupos de pessoas se reuniam num café ou em casa de uma delas, quando não os recebia o chefe político local. A literatura, as artes, a ciência não constituíam os grandes temas das conversas. O centro das atenções era a vida do lugar. Uma cabra desaparecida, uma onça vista à noite ao lado do curral, o incêndio no paiol do vizinho, a chegada do novo pároco, rumores de que ladrões vindos de longe rondavam a região, narrativas de caçadas eram assuntos próprios a inflamar as conversas. Por vezes as reuniões se davam também durante a preparação das festas religiosas ou das procissões solenes. Desses encontros até crianças participavam, ouvindo silenciosamente, aprendendo com os mais velhos. Não havia rádio. A televisão estava ainda mais distante. Não havia, portanto, a excitação das novidades e a ânsia comercial despertada pela propaganda. As pessoas assim se preservavam, conservando o caráter autêntico de sua família e de sua região, sendo cada uma delas uma personalidade rica em particularidades. Precisamente esta riqueza tornava interessante o contacto, pois de que vale encontrar-se com pessoas padronizadas pela propaganda, tal como cada um dos outros? Se nesses “salões” a delicadeza cortês e as sutilezas de linguagem podiam não ser a nota dominante, como na capital, a autenticidade das almas oferecia uma variedade de caracteres também ela encantadora. Este esplendor das relações sociais conferiu à Belle Époque seu qualificativo de bela, tornando-a inesquecível. 
As primeiras bicicletas / Invenções transformaram profundamente a sociedade da Belle Époque / O telégrafo e o telefone A brutalidade da Guerra sufocou na lama das trincheiras e nos gazes mortíferos a beleza daquela época
Invenções modernas e mudanças sociais 
Entretanto, havia o outro lado — realidade contraditória com o encanto social da Belle Époque. Ela representa a segunda impressão que logo vem à lembrança, ainda hoje, quando pensamos naquele período entre 1870-1914. Essa realidade se apresentou insidiosamente às pessoas de então, sob a máscara atraente do enorme progresso técnico. As cidades grandes foram as primeiras a adotar as invenções: eletricidade, telefone, rádio, cinema, bicicletas, automóveis. As conquistas da tecnologia entusiasmavam. Os olhos se enchiam de lágrimas ao verem os primeiros balões dirigíveis contornar as torres das catedrais ou ao se ter notícia, na Patagônia ou no Saara, da vitória japonesa em Port Arthur, no momento em que as armas ainda fumegavam: o telégrafo dava ao homem um novo senso de sua presença na Terra. Acreditava-se que a máquina a vapor e a eletricidade dariam ao mundo uma forma de felicidade nunca antes obtida.

Acontece que o progresso técnico trazia em seu bojo profundas mudanças sociais e morais, dele inseparáveis. Poucos viram esse perigo. Desejava-se juntar ao esplendor social os confortos trazidos pela técnica. 

Mas a máquina, trazendo velocidades e a produção em massa, minava a sociedade. O trem — e logo depois o automóvel — trouxe o gosto pelas viagens — nascia o turismo, visitavam-se estações balneárias e montanhas desconhecidas da maioria. Consequentemente incrementava-se o esporte e com ele a modificação dos trajes, adaptados às novas maneiras e sempre tendentes a considerar como aceitável o que até pouco antes era visto como imoral. O esporte separava as gerações, pois os mais velhos ainda não os praticavam em razão das normas do decoro: como era ridículo ver alguém de fraque e cartola pedalando bicicletas! Com o esporte vieram as danças cujo ritmo parecia competir com a velocidade das máquinas, acelerando-se sempre, sempre mais sensuais. Do minueto passara-se à valsa, da valsa ao charleston e ao tango. A indústria empregava moças e elas, ainda então ligadas aos círculos da família paterna até o casamento, passaram a trabalhar como operárias ou secretárias, tornadas independes pelo salário. Aumentavam as uniões fora dos laços sagrados do matrimônio cristão, apareciam os primeiros casos de divórcio, caía a prática religiosa. Em vários países europeus aumentava a prostituição. A glorificação das velocidades intoxicou os espíritos que passaram a se distanciar de toda forma de recolhimento. Entre os balões dirigíveis e a torre da catedral, esta passou a representar o passado petrificado enquanto os dirigíveis simbolizavam o futuro, o movimento, pois eles permitiam o descortino de horizontes mais vastos. 

Utopia socialista, desluzimento de uma bela época 
Politicamente, os republicanos oriundos da Revolução Francesa viam com simpatia os novos costumes. Sabiam que a decadência moral dos anos precedentes à Revolução de 1789 tinha sido uma das principais causas da vitória revolucionária. Partidários do progresso e da técnica consideravam os restos de tradições cristãs como incompatíveis com os novos tempos. Essa mesma corrente evoluía, aos poucos, rumo à aceitação da utopia socialista. 

Tanto os aficionados à elevação social daqueles anos, na qual viam um ideal a ser conservado, quanto os partidários do progresso tiveram enorme sobressalto com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em meados de 1914. Os primeiros viam no terrível conflito a destruição de tradições tão preciosas e belas. Os outros, por reconhecer no progresso o criador de máquinas mortíferas nunca antes fabricadas. A brutalidade da Guerra sufocou na lama das trincheiras e nos gazes mortíferos a beleza daquela época. O mundo nunca mais voltou a ser o que era. O esplendor social empalideceu para em seguida entrar em obscuro ocaso. Hoje, em meio às frustrações de uma sociedade altamente tecnológica e vazia de conteúdo moral e religioso, um número crescente de pessoas admira o esplendor e lamenta o desaparecimento daquela doce liturgia que no convívio da Belle Époque regulava os atos de cortesia. 

23 de julho de 2012

NÃO DEIXE A CORTESIA MORRER !

Cortesmente, o Príncipe William protege sua esposa, Kate Middleton, da chuva
O portal www.ig.com.br , na sua seção “Comportamento”, publicou ontem um muito interessante artigo a respeito de um procedimento cada vez mais esquecido: a CORTESIA. 

Lembra dela? Embora a palavra exista nos dicionários, existe ela ainda em nosso dia-a-dia? Se desaparecer a cortesia no trato entre as pessoas, não será este verbete excluído até dos dicionários? 

Descortesia: Um homem leva apenas
uma caixinha, deixando a mulher
com o pesado fardo 
Poderíamos responder que a CORTESIA não morreu, mas encontra-se na UTI... Precisamos salvá-la! Como? Praticando este gesto, que, em certo sentido, poder-se-ia chamar de “virtude da cortesia”. Se os pais derem bom exemplo sendo corteses; se os cônjuges se respeitarem mutuamente, procurando ser gentis, polidos no trato etc., os filhos os imitarão. Se os pais forem descorteses, como estranhar que seus filhos tenham um trato abrutalhado? Como estranhar que eles sejam grosseiros em relação aos amigos? 

Espero poder voltar a tratar deste importante tema para as famílias. Enquanto isso, eu convido os leitores deste blog a fazerem uma campanha em busca da cortesia perdida! Um dos modos seria propagando este post com o artigo abaixo, comentando com os seus próximos etc.
Cortesia saiu de moda?

Gentilezas que vão além das regras da boa educação parecem cada vez mais raras no dia a dia. Há como trazê-las de volta? 

Verônica Mambrini  Redação  22/07/2012 08:00:0
www.ig.com.br 

Ninguém discute que a vida está mais rápida, agitada e cheia de informação. Também é fato consumado que as cidades grandes obrigam muita gente a viver espremida e estressada. Existe espaço nesse cenário caótico para a cortesia ou ela caiu de moda? 

“Eu não diria que ela saiu de moda, mas que está um pouco esquecida”, diz Vanessa Barone, consultora de etiqueta e autora do livro “Descomplique – um guia de convivência e elegância” (editora Leya). “É um retrato da nossa época. O excesso de gente, de trabalho, os horários apertados, tudo isso faz você pensar em si mesmo, antes de mais nada”, acredita a consultora. “Mas todo mundo valoriza a cortesia e quem é cortês.” 

Parece difícil ser cortês no meio de tanta correria, mas Vanessa acha perfeitamente possível. “Cortesia não faz você perder tempo. Quanto segundos você acha que perderia em 24 horas se tivesse a cortesia de parar antes da faixa para o pedestre atravessar em paz e ainda cumprimentá-lo com um sorriso? Quase nada.” Para ela, cortesia é um treino: quanto mais se pratica, mais internalizada fica e, portanto, mais natural e fácil. 

A professora de história, Flor Martha Ferreira, que dá aulas de bons modos e cortesia para crianças e adolescentes há dez anos, explica que, apesar de usarmos a cortesia como sinônimo de bons modos, o termo vem do comportamento dos nobres na corte e estaria ligado diretamente a um jeito 'civilizado' de viver em grupo. O jeito elegante dos nobres e dos fidalgos. “Neste sentido, não pode ser confundida com boas maneiras ou regrinhas sociais, cortesia tem a ver com valores humanos”, conclui a professora. De fato, o dicionário Houaiss, define cortês como: adj.: 1 da corte (‘cidade’) 2 refinado, civilizado, urbanizado 3 fig. delicado nas palavras e ações; gentil.

“Perdemos os hábitos porque perdemos a consideração pela pessoa humana; se quisermos recuperar a cortesia, teremos que priorizar as pessoas mais do que as coisas, o bem estar de todos, mais do que os interesses pessoais, o altruísmo, mais do que o egoísmo", acredita Flor Martha. 

Qual a diferença, na prática, então? “Uma pessoa corrupta pode até dizer “obrigado”, ter gestos educados ou agradar com gentilezas, mas não é cortês porque não tem respeito pelo outro”, exemplifica Flor. Em geral, a cortesia anda em paralelo com os valores religiosos e morais. A base da cortesia no mundo ocidental são os preceitos cristãos de caridade e de amor ao próximo, avalia a professora. 

Ela acredita que seja possível fazer um resgate por esse caminho. “É só ensinar boas maneiras junto com virtudes humanas”, afirma Flor. E quanto mais cedo, melhor, de acordo com Vanessa: “Depois de adulto, você pode ensinar regras de etiqueta, mas não é tão natural. Cortesia é algo que passa pelo processo da educação e pelos exemplos. Não adianta querer que seu filho seja cortês, se você não for”, diz a escritora. 

E quem está ao nosso redor? Se você já está fazendo sua parte, vale a pena dar uma “cutucadinha” delicada, ensina Vanesssa. “Quem entra no elevador antes de você sair deixa claro que não está vendo você. Tem gente que não enxerga o outro. É impressionante. Eu não consigo esconder meu descontentamento. Costumo fazer cara feia ou dar um toque verbal, de leve.” Sempre, claro, sem ofender nem atacar ninguém. 

As regras valem também nos relacionamentos mais íntimos. A mulher que reclama que seu companheiro não é cortês, por exemplo, pode tomar a iniciativa. “Eu diria que a mulher deve dar uma paradinha antes de entrar no elevador para dar uma chance do parceiro fazer um gesto cortês.”, explica a autora de “Descomplique”. “Se ele não fizer o gesto educado, o problema não é dela. Mas ao menos ela cobrou respeito.” 

Esperar o comportamento delicado e gentil é uma forma de se respeitar. “Quando seu parceiro não enxerga você dessa forma delicada, vale a pena discutir esse ponto da relação. Se você apóia a pessoa, é justo esperar que ela ofereça ajuda com a sacola mais pesada, por exemplo”, afirma Vanessa. E não é questão do outro ter ou não capacidade de carregar a sacola, Trata-se de mostrar que você se importa com seu bem-estar. 

Ao seguir esses princípios, a cortesia fica mais natural e passa a fazer parte do dia a dia. Sem nem precisar decorar regrinhas como quem deve andar do lado mais externo de uma calçada, quem deve levantar primeiro para cumprimentar um conhecido ou a quem cabe oferecer ajuda para carregar compras pesadas.

20 de julho de 2012

O bom senso materno e paterno no controle dos jogos de internet utilizados pelos filhos

A revista Catolicismo deste mês (edição Nº 739) publica uma entrevista muito proveitosa para os pais de família. A entrevistada é a Sra. Elizabeth Woolley — norte-americana fundadora do Online Gamers Anonymous (Jogadores Anônimos Online). Ela alerta os pais sobre o perigoso mundo da internet e dos videogames, que poderá viciar seus filhos. 


Tendo como objetivo auxiliar as famílias a controlar e salvaguardar os pequenos dos malefícios dos jogos de computador, aqui transcrevo a entrevista com a Sra. Woolley. 
Elizabeth Woolley com a foto do filho
Aos pais, um apelo ao dever 


Catolicismo — A senhora poderia explicar por que fundou Online Gamers Anonymous
Sra. Wooley — Em 2002, meu filho Shawn viciou-se em um jogo chamado Everquest. Em três meses ele largou o emprego, foi despejado de sua casa e ficava a noite inteira acordado jogando no computador. Apesar de nossos ingentes esforços para auxiliá-lo a restabelecer a normalidade em sua vida, ele cometeu suicídio um ano e meio mais tarde. Pouco tempo depois de seu suicídio, concedi uma entrevista ao “Milwaukee Journal Sentinel”, e foi então que me dei conta de quantas famílias estão sendo destruídas e sofrem como a minha. Em 2002 eu decidi fundar o site Online Gamers Anonymous para ajudar essas pessoas a terem um lugar para se encontrar e saberem que não estão sozinhas. Faço questão de informar que esses jogos podem assumir o controle de suas vidas da mesma forma como o álcool e as drogas. Alguns jogadores me disseram que a pessoa pode tornar-se viciada em menos de 24 horas. Assim, ao passar dos jogos sociais para os jogos que provocam o vício, ela não consegue voltar atrás. Esses jogos podem tornar-se a droga preferida, devendo ser considerados como tal. O nosso website www.olganon.org divulga pesquisas sobre o modo como esses jogos afetam as crianças, prejudicando o seu normal crescimento e seu desempenho social, e procura alertar os pais a esse respeito. Organizamos diversas reuniões semanais nas quais os viciados contam a sua história e apoiam-se mutuamente no esforço de abandonar o vício, além de debaterem muitos assuntos relacionados com o problema deles. 


Catolicismo — A senhora daria algum conselho aos pais que têm videogames em casa? 
Sra. Wooley — O elemento crucial é garantir uma vida equilibrada aos filhos. Eles não podem ser criados com base em uma só atividade, pois do contrário vão ter problemas. Mesmo quando a criança protesta, a missão dos pais é dizer “não”, e guiá-los para outras atividades. Ser pai ou mãe não é fácil, mas posso garantir que a vida podia ser perfeitamente normal antes da existência de videogames. Como pais, precisamos encontrar ou criar outras atividades para os nossos filhos que não sejam somente a de fazê-los sentar-se diante de uma tela de computador. Isso significa engajá-los em esporte, em encontros sociais e atividades educacionais. Mas é necessário oferecer-lhes opções. Se a criança disser que não quer abandonar o jogo, é preciso estabelecer limites ou então ela acabará tendo problemas. 


Catolicismo — Que tipo de pessoa tem inclinação para tornar-se viciada e quais são as consequências? 
Sra. Wooley — Qualquer pessoa pode se viciar. Certas universidades confessam que o videogame é responsável por uma grande porcentagem de desistências. Muitas delas mantêm agora psicólogos para tratar do problema do vício no jogo entre os alunos. Estão também investigando se os estudantes estão envolvidos em videogames antes de lhes conceder bolsas de estudo. Elas sabem que podem estar perdendo uma bolsa se o candidato for um viciado. Eu conheço diversos pais que perderam as economias aplicadas no estudo dos filhos por causa disso. Muitos jovens que estão sendo arrastados para esse vício são de fato gênios. Eles são bastante inteligentes e cheios de motivação. A prova é que muitos desses jogos exigem horas de esforço tedioso, concentração e paciência. É triste ver todo esse potencial intelectual sendo jogado no lixo. Além das considerações que se podem fazer sobre o modo pelo qual o videogame prejudica as vidas e a educação, temos que levar em conta o quanto se poderia ganhar caso esses jovens capazes estivessem resolvendo os reais problemas da sociedade. Os videogames se tornaram em vez disso um poderoso fator de estupidificação da sociedade. Às vezes, pessoas já crescidas e com emprego sério podem ficar viciadas. Eu conheço várias delas que possuíam trabalho e casa, mas perderam tudo por causa dos videogames. Houve um caso extremo de um senhor na Flórida que perdeu seu emprego e teve que ir viver na rua. Ele acabou arranjando trabalho num restaurante a fim de conseguir dinheiro suficiente para ir ao gaming café, onde fica jogando o resto do dia. Quando o gaming café fecha, ele vai dormir na rua e no dia seguinte repete a mesma coisa. Muitos pais deixam a família para terem mais tempo de jogar. Eles perdem completamente a preocupação pelos filhos, porque tudo quanto eles julgam poder fazer é jogar. Mulheres adultas são mais inclinadas a engajar-se em jogos sociais como Farmville, SIMS e Second Life, porque gostam de fazer coisas conjuntas. Isso frequentemente causa problemas, pois as mulheres casadas acabam deixando os maridos e a família, abandonando os próprios filhos, para estarem com uma pessoa do jogo. Há muitos exemplos disso. Um caso extremo foi o do casal coreano que deixou o filho real morrer de má nutrição porque passavam todo o tempo disponível cuidando do “filho virtual”.  


Catolicismo — A maioria dos videogames dá às crianças uma sensação de que elas são algo ou que estão realizando alguma coisa. Isso é errado? 
Sra. Wooley — Um dos perigos maiores é precisamente o de ser muito fácil obter uma sensação de valor e realização através do jogo. Se a pessoa não consegue um resultado ou não gosta do que fez, pode recomeçar até conseguir o resultado certo. Bem, a vida real não é assim. A vida real não é tão fácil e com frequência não se tem uma segunda oportunidade. Com isso, por contraste, a criança fica desanimada com a vida real e termina abandonando-a inteiramente. Ela diz a si mesma: “Isto é muito difícil”, e foge de volta para os jogos. Tal atitude representa um perigo enorme para a vida social da criança. Em vez de satisfazer seus desejos de coisas como valor e realização através de intercâmbio social, ela os obtém por meio dos jogos. Desta forma ela não tem a experiência necessária da vida real, especialmente do sofrimento normal da vida, e não aprende a lidar com bons e maus momentos. Vida real não é fácil para ninguém, e permitir que uma criança use jogos como droga para fugir da vida real não vai ensiná-la a lidar com ela. Eu pude comprovar isso em meu filho. No jogo ele podia facilmente fazer o que queria e sentir-se realizando algo. Ao mesmo tempo, ele não estava usando seu tempo para cuidar de sua vida real, de modo que não havia nada para sustentá-lo. A um certo ponto ele passou a não se importar mais com o futuro e de como progredir na vida real. Se a maior parte de seu tempo é usada nos jogos, não haverá tempo suficiente para aprimorar a educação, habilidades e amizades na vida real. Todos aqueles que de fato queiram realizar algo na vida precisam abandonar os jogos e se dedicar à vida real. 


Catolicismo — Qual é a sua mensagem aos pais que usam videogames para ajudar a entreter seus filhos? 
Sra. Wooley — Eu tenho visto muitas atitudes irresponsáveis de pais que desejam usar os videogames como babás. Isso infelizmente acontece porque muitos pais são com frequência eles próprios jogadores. Primeiramente, não é bom pai aquele que dá à criança um jogo de computador para que ela não o amole. Ocupe-se de seu filho na vida real! Conheci um pai que ensinou seu filho de três anos a jogar com ele World of Warcraft, achando que se conseguisse tornar a criança viciada naquele jogo, poderia vir a ter um melhor relacionamento com ela. Faço questão de dizer aos pais que jogar tais jogos com os filhos não pode ser chamado de relacionamento, uma vez que durante os mesmos não há quase nenhuma troca de palavras; o modo de a criança se relacionar com qualquer coisa durante o jogo é unicamente através dos controles. Em segundo lugar, recomendo aos pais que não permitam a nenhuma criança de menos de 16 anos jogar esses jogos ligados à Internet, e ponto final. Além de nunca se saber contra quem eles estão jogando, os pedófilos estão sempre imaginando meios de se conectarem com crianças através desses jogos. Os pais imaginam que é seguro por ser dentro de casa, mas não é. Dar aos filhos o jogo de Internet é como colocá-los num bar público sozinhos. Há também o seguinte: muitas vezes os pais me dizem que não têm outra saída senão dar à criança o que ela quer, acabando não se dando conta do conteúdo do jogo. Esses jogos podem ter material sexual explícito, palavras imorais, uso de drogas, violência imoderada e destruição. Se isso estivesse num filme, apenas a violência já colocaria o filme na categoria “R” (proibido para menores de 17 anos). Apesar de a maior parte das famílias cristãs com as quais falo serem incapazes de dar a seus filhos um filme classificado como “R”, elas os deixam jogar jogos violentos. Isso lhes é muito prejudicial.


Catolicismo — E se os filmes não forem violentos e online? 
Sra. Wooley — O simples fato de não serem violentos nem on-line não significa que não sejam perigosos. Seria o mesmo que dizer que está bem dar às crianças drogas não violentas. Nunca é demais lembrar que videogames devem ser considerados como possíveis drogas, não se podendo permitir a ninguém de se tornar viciado nelas. É certo que, quando um jogador cruza a linha entre o poder decidir quando jogar e o ser forçado a jogar, sua mente foi já reprogramada pelo vício. Ele não está jogando porque quer, mas porque precisa. Nesse ponto, ele começa a odiar o jogo, mas não pode mais parar. Sua vida se despedaça e ele entra no círculo vicioso de sentir-se culpado e ter “euforias” nos jogos. Depois cai novamente na sensação de culpa e volta ao jogo, onde tudo recomeça. Ao “datilografar” constantemente o teclado nos jogos, ele se torna desumanizado, dando menor importância aos próprios sentidos, não saindo de casa para fazer exercício ou tomar sol e comer algo decente: ele se torna uma concha humana. Eu ainda julgo que se deveria pesquisar mais a respeito disso, mas já há suficiente informação de como os jogos afetam especialmente os jovens, atrofiando o seu crescimento mental e sua capacidade de se relacionar socialmente. Isso foi um dos aspectos que me chocaram a respeito de meu filho. Ele parou de falar com as pessoas, inclusive comigo, sua mãe. Antes de começar a jogar os videogames, ele era como todos nós: tinha um futuro, planos, amigos e um emprego. Após tornar-se viciado, foi como se uma luz na sua cabeça tivesse sido desligada: desinteressou-se totalmente de como deveria passar a vida real, não se importando mais sobre o que poderia acontecer-lhe no futuro, perdeu completamente suas metas e princípios. Parou de pensar na realidade e tornou-se deprimido. Sua personalidade mudou radicalmente e ele se tornou anti-social. Essa é a razão pela qual eu sempre digo que tais jogos podem reprogramar o cérebro da pessoa, transformando-a em outro indivíduo. Os amigos de meu filho ficaram abismados de quanto ele efetivamente mudou. 


Catolicismo — A senhora poderia dar um exemplo de pais que acabaram intervindo tarde demais? 
Sra. Wooley — Um dos garotos que conheci era um jovem canadense de 15 anos chamado Brandon. Ele começou a jogar um jogo chamado Call of Duty e seus pais, apesar de saberem que aquilo lhe estava causando problemas, não encontravam um meio de fazê-lo parar. Brandon considerava-se uma pessoa muito poderosa no jogo, e não queria largá-lo devido a essa sensação de importância que estava adquirindo e por ser alvo de atenção. Em 2008, seus pais finalmente decidiram pôr um freio na história e lhe tiraram o jogo. Brandon acabou fugindo de casa. Algumas semanas mais tarde, alguns caçadores descobriram seu cadáver a 10 quilômetros de onde residia. Parece que ele teria saltado de uma árvore.

18 de julho de 2012

Chiara Corbela Petrillo: uma nova Gianna Beretta Molla

Jovem morreu por priorizar gravidez a tratamento de câncer 

Salvatore Cernuzio 

ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Neste sábado, na igreja de Santa Francisca Romana, da capital italiana, foi celebrado o funeral da jovem Chiara Petrillo [foto], falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor. 


A cerimônia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, lotando a igreja, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até a saída. 


A extraordinária história de Chiara se difundiu pela internet com um vídeo no YouTube, que registrou mais de 500 visualizações em apenas um dia. 


A luminosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolher adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu priorizar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico. 


Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebês logo após cada parto, devido a graves malformações. 


Sofrimentos, traumas, desânimo. Chiara e Enrico, porém, nunca se fecharam para a vida. Depois de algum tempo, chegou Francisco. 


As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara teve diagnosticada pelos médicos uma lesão na língua. Depois de uma primeira intervenção, confirmou-se a pior das hipóteses: era um carcinoma. 


Começou uma nova série de lutas. Chiara e o marido não perderam a fé. Aliando-se a Deus, decidiram mais uma vez dizer sim à vida. 


Chiara defendeu Francisco sem pensar duas vezes e, correndo um grave risco, adiou seu tratamento para levar a maternidade adiante. Só depois do parto é que a jovem pôde passar por uma nova intervenção cirúrgica, desta vez mais radical. Vieram os sucessivos ciclos de químio e radioterapia. 


Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, consumida até perder a vista do olho direito, não conseguiu resistir por mais do que um ano. Na quarta-feira passada, por volta do meio dia, rodeada de parentes e de amigos, a sua batalha contra o dragão que a perseguia, como ela definia o tumor em referência à leitura do Apocalipse, terminou. 


Mas na mesma leitura, que não foi escolhida por acaso para a cerimônia fúnebre, ficamos sabendo também que uma mulher derrota o dragão. Chiara perdeu um combate na terra, mas ganhou a vida eterna e deixou para todos um testemunho verdadeiro de santidade. 


“Uma nova Gianna Beretta Molla”, definiu-a o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, que prestou homenagem pessoalmente a Chiara, a quem conhecera havia poucos meses, juntamente com Enrico. 


“A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos”, disse o purpurado. “Mas, de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte”. É o caso de Chiara, segundo o cardeal: “Uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino que escapa ao nosso entendimento, mas que existe”. 


“Eu não sei o que Deus preparou para nós através desta mulher”, acrescentou, “mas certamente é algo que não podemos perder. Vamos acolher esta herança que nos lembra o justo valor de cada pequeno gesto do cotidiano”. 


“Nesta manhã, estamos vendo o que o centurião viveu há dois mil anos, ao ver Jesus morrer na cruz e proclamar: "Este era verdadeiramente o filho de Deus”, afirmou em sua homilia o jovem franciscano Frei Vito, que assistiu espiritualmente Chiara e a família no último período. 


“A morte de Chiara foi o cumprimento de uma prece. Depois do diagnóstico de 4 de abril, que a declarou doente terminal, ela pediu um milagre: não a própria cura, mas o milagre de viver a doença e o sofrimento na paz, junto com as pessoas mais próximas”. 


“E nós”, prosseguiu Frei Vito, visivelmente emocionado, “vimos morrer uma mulher não apenas serena, mas feliz”. Uma mulher que viveu desgastando a vida por amor aos outros, chegando a confiar a Enrico: “Talvez, no fundo, eu não queira a cura. Um marido feliz e um filho sereno, mesmo sem ter a mãe por perto, são um testemunho maior do que uma mulher que venceu a doença. Um testemunho que poderia salvar muitas pessoas...”. 


A esta fé, Chiara chegou pouco a pouco, “seguindo a regra assumida em Assis pelos franciscanos que ela tanto amava: pequenos passos possíveis”. Um modo, explicou o frade, “de enfrentar o medo do passado e do futuro perante os grandes eventos, e que ensina a começar pelas coisas pequenas. Nós não podemos transformar a água em vinho, mas podemos começar a encher os odres. Chiara acreditava nisto e isto a ajudou a viver uma vida santa e, portanto, uma morte santa, passo a passo”. 


Todas as pessoas presentes levaram da igreja uma plantinha, por vontade de Chiara, que não queria flores em seu funeral. Ela preferia que cada um recebesse um presente. E no coração, todos levaram um “pedacinho” desse testemunho, orando e pedindo graças a esta jovem mulher que, um dia, quem sabe, será chamada de beata Chiara Corbela. 


(Tradução:ZENIT) 
ZP12061808 - 18-06-2012 
Permalink: http://www.zenit.org/article-30612?l=portuguese



17 de julho de 2012

Direito penal politicamente correto

JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL 
37 anos, doutora em direito penal pela USP, é advogada e professora livre-docente da Faculdade de Direito da USP 
Artigo publicado na "Folha de S. Paulo", em 10-7-12 

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Código Penal para acadêmicos: rígido com o abandono de cães, não com o aborto. Homicídio prescreve; racismo não. Drogas? Caso de saúde. Bullying? Polícia
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Penalistas sempre denunciaram o fato de o legislador criar crimes para atender o clamor público. Mas várias das propostas para um novo Código Penal vêm para atender aos reclamos da intelectualidade. 


Por um lado, a comissão diminui a pena daquele que realiza um aborto na gestante e alarga consideravelmente as hipóteses em que se torna lícita tal prática. Por outro, a mesma comissão propõe pena de um a quatro anos para quem abandona um cachorro na rua. 


Isso sendo que, atualmente, o abandono de incapaz está sujeito a uma pena de seis meses a três anos. 


Não é raro, no ambiente acadêmico, encontrar pessoas que defendem o aborto como política de saúde pública e, ao mesmo tempo, entendem ser crime grave usar ratos como cobaias de laboratório. É uma inversão de valores intrigante. 


A questão da discriminação é outro exemplo. Alarga-se significativamente a incidência do direito penal nessa seara, quando, com todo o respeito, ações afirmativas seriam muito mais eficazes. 


Nesse sentido, cumpre destacar que já não há qualquer proporcionalidade no fato de o racismo ser imprescritível enquanto o homicídio prescreve. E todos aceitam tal situação como normal... 


Foi aplaudida também a proposta de criminalização do bullying e do tal stalking (perseguição obsessiva), pois é inadmissível alguém ser humilhado. Os juristas se esquecem de que um pouco de agressividade faz parte do processo de amadurecimento e que ensinar a criança e o adolescente a respeitarem o outro é papel da família e dos professores, não da justiça penal.  


Ademais, os atos de violência que resultam em morte ou lesão grave já são crimes onde quer que ocorram, inclusive na escola. 


Criminalizar o bullying retirará dos pais e dos professores a sua responsabilidade. Para que dialogar? Por que tentar integrar? Basta chamar a polícia. 


A esse respeito, é curioso constatar que o mesmo grupo que defende que as drogas são uma questão de saúde traz propostas que implicam dizer que falta de educação é um problema policial. 


Paulatinamente, abrimos mão de nossos poderes e deveres em prol de um Estado interventor, que nos dita como ser, pensar e falar. É o império da padronização. 


Também é surpreendente a notícia de que a comissão [que elabora o novo Código Penal] preverá o acordo como solução célere do processo, principalmente pelo fato de, ao ser anunciada a medida, ter sido comemorado o rompimento com o devido processo legal, uma das maiores conquistas democráticas. 


Quem conhece a realidade forense sabe que não existe qualquer paridade entre as partes. Como na transação penal, os acordos serão impostos com a conivência de muitos defensores. 


Mesmo que decidamos adotar o instituto da barganha -- que, aliás, tem natureza também processual -- é necessário, primeiro, um maior amadurecimento. 


Por mais que a legislação atual seja falha, não pode ser reformulada a toque de caixa. São Tomás de Aquino já ensinava que só é justificável mudar a lei quando os bônus são maiores que os ônus. 


Não é o que se anuncia. Não podemos transformar a lei penal, braço mais forte do Estado, em uma sucessão de bandeiras do politicamente correto. Há medidas menos invasivas e mais efetivas para a concretização de uma sociedade mais solidária. 
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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/47835-direito-penal-politicamente-correto.shtml

16 de julho de 2012

Do “kit gay” ao “kit aborto” (nova investida do governo Dilma para promover o aborto)



Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz 
Presidente do Pró-Vida de Anápolis 
Anápolis, 12 de julho de 2012. 


Ainda pesarosos pela partida de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo Emérito de Guarulhos (SP) e bravo defensor da vida, falecido em 13/06/2012, deparamo-nos agora com mais uma ação do governo Dilma em favor da “cultura da morte”.

Todos se lembram do “kit gay” que estava para ser distribuído às crianças e adolescentes das escolas pelo Ministério da Educação para fazer apologia do homossexualismo. Depois de sofrer pressões e ameaças de membros do Congresso Nacional, o governo recuou. A presidente Dilma disse que “não sabia” qual era o conteúdo do “kit” e proibiu sua distribuição [1].

Depois do “kit gay”, chegou a vez do “kit aborto”. Segundo informações da grande imprensa, o Ministério da Saúde está preparando uma cartilha que, a pretexto de “reduzir os danos” do aborto, pretende ensinar as gestantes a praticarem tal crime. O documento a ser publicado em breve, dará à mulher já decidida a abortar “cuidados de proteção pré-aborto”, inclusive a oferta do abortivo misoprostol (Cytotec). Praticado o crime, a mulher passaria por nova consulta para “avaliação e educação sobre métodos contraceptivos”. Segundo o secretário de Atenção à Saúde Helvécio Magalhães, “isso não é crime, o crime é o ato em si” [2].

Ao contrário do que afirma Magalhães, comete crime não apenas quem pratica o ato, mas quem concorre de qualquer modo para o crime (art. 29, CP). O concurso se dá pelo apoio, incentivo ou pela oferta de meios abortivos, exatamente como pretende a Norma Técnica a ser editada pelo Ministério da Saúde. A publicação de tal norma fará seus autores incorrerem no tipo penal de “incitação ao crime” (art. 286, CP) ou “apologia de crime” (art. 287, CP).

O objetivo é fomentar a prática do aborto no Brasil, criando uma situação de fato que abra caminho para uma situação de direito. O que se presencia hoje é fruto de um contrato celebrado – e várias vezes prorrogado durante o governo Dilma – entre a União Federal através do Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz intitulado “Estudo e Pesquisa – Despenalizar o Aborto no Brasil” ou “Estudo e Pesquisa sobre o Aborto no Brasil” [3].

Para promover o aborto no Brasil, o governo tem financiado viagens ao exterior. Enviou ao Uruguai e à Argentina Sra. Maria Esther de Albuquerque Vilela para uma “visita técnica às Iniciativas Sanitárias contra o Aborto de Risco” [4] e ao México Sra. Vanusa Baeta Figueiredo Peres para o “Consórcio Latino-Americano contra o Aborto Inseguro (CLACAI)” [5].

Não foi à toa que Dilma nomeou como ministra da Secretaria de Políticas para a Mulher a socióloga Eleonora Menicucci [foto], que se orgulha de ter feito dois abortos e de ter aprendido a fazer aborto por sucção na Colômbia. Ela, que chamou a si mesma “avó do aborto” [6], integra o “grupo de estudo” sobre o aborto no Brasil.

Tudo isso é lamentável, mas não é surpreendente. Dilma Rousseff, como todo candidato pelo PT, assinou e registrou em cartório o “Compromisso Partidário do Candidato Petista” (art. 128, Estatuto do PT). Na ocasião, ela se comprometeu a acatar as “normas e resoluções do Partido”. E esse compromisso vale, não apenas para a campanha eleitoral, mas também para o “exercício do mandato”. Uma vez eleita presidente da República, ela está obrigada a exercer seu mandato de acordo com as resoluções do PT. Entre as resoluções que ela se comprometeu a seguir está uma denominada “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais” aprovada no 3º Congresso do PT (agosto/setembro 2007), que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público” [7]. Não é de admirar se a atual presidente cumpre o que prometeu a seu Partido. O que é de admirar é que alguém tenha confiado no compromisso que ela fez com os eleitores de não promover o aborto.

A seguir, uma nota da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB preparada e aprovada na reunião extraordinária de 23/06/2012, com a presença de Dom José Benedito Simão, Bispo de Assis (SP) [8].

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GOVERNO DILMA FALTA COM A PALAVRA E PROMOVE O ABORTO 

No dia 16 de outubro de 2010, a então candidata a Presidente da República, Dilma Rousseff, assinou uma carta de compromisso na qual afirmava: 
"Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto. Eleita Presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família”. 


Em 4 de outubro de 2010, o Diário Oficial da União publicava a prorrogação, até fevereiro de 2011, do termo de cooperação Nº 137/2009, assinado alguns dias antes pelo governo Lula, criando no Ministério da Saúde um grupo de “estudo e pesquisa para despenalizar o aborto no Brasil e fortalecer o SUS”. 


Se a Presidente Dilma fosse coerente com o que escreveu na carta de 16 de outubro, logo eleita, acabaria com este grupo de estudo e pesquisa. Mas não foi isto que ela fez. 


Um novo termo de cooperação Nº 217/2010 foi publicado no Diário Oficial do dia 23/12/10 para criar um “grupo de estudo e pesquisa para estudar o aborto no Brasil e fortalecer o SUS”. Do nome do grupo foi retirado o termo “despenalizar”, mas os demais nomes e detalhes são os mesmos. Este novo termo de cooperação foi prorrogado através de nova publicação no Diário Oficial de 22/12/11 e novamente prorrogado com publicação no Diário Oficial de 09/01/12 para vigorar até 30/08/12. 


Em fevereiro deste ano, a Presidente Dilma designou a socióloga Eleonora Menicucci para Ministra da Secretaria de Políticas das Mulheres. A nova Ministra, que também integra o grupo de estudo sobre o aborto, fez apologia do mesmo, relatou ter-se submetido pessoalmente duas vezes a esta prática e afirmou que levaria para o governo sua militância pelos “direitos sexuais e reprodutivos das mulheres” (Folha de São Paulo, 07-02-2012) expressão eufemística para abrir espaço ao direito ao aborto. Ela também declarou ter participado na Colômbia de um curso de autocapacitação para que pessoas não médicas pudessem praticar o aborto pela técnica da aspiração manual intra-uterina (Estado de São Paulo, 13-02-2012). 


As decisões e os atos de uma pessoa falam mais alto do que as palavras faladas ou escritas. Com a designação de Eleonora Menicucci como Ministra das Políticas para as Mulheres, a Presidente Dilma rasgou a carta de 16 de outubro de 2010, pois entrou em contradição com o compromisso assumido naquele documento. 


Os jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e Correio Braziliense noticiaram, na primeira semana de junho deste ano, que o governo Dilma, quebrando todas as promessas feitas, estaria implantando, através do Ministério da Saúde, uma nova estratégia, desenvolvida pelos promotores internacionais do aborto, para difundir esta prática, burlando a lei sem, por enquanto, modificá-la. Segundo esta estratégia, o sistema de saúde passará a acolher as mulheres que desejam fazer aborto e as orientará sobre como usar corretamente os abortivos químicos, garantindo em seguida o atendimento hospitalar, e serão criados centros de aconselhamento para isso (Folha de São Paulo, 06-06-12). 


Na última semana de maio a Ministra Eleonora Menicucci afirmou à Folha de São Paulo que “Somente é crime praticar o próprio aborto, mas que o governo entende que não é crime orientar uma mulher sobre como praticar o aborto” (Folha de São Paulo, 06-06-12). 


Ainda, segundo a imprensa, estaria sendo elaborada uma cartilha para orientar as mulheres na realização do aborto com segurança (Estado de São Paulo, 07-06-12). Estaria também sendo elaborada, por parte do Ministério da Saúde, uma nova Norma Técnica sobre os cuidados do pré-aborto, sendo que os do pós-aborto já estão garantidos por Norma Técnica anteriormente publicada (Correio Braziliense, 09-06-12). 


Como coroamento de todo este trabalho de difusão da prática do aborto, mesmo deixando as leis como estão, o Correio Braziliense, do dia 9 de junho, noticia a possibilidade por parte do Ministério da Saúde de liberar para o público a venda de drogas abortivos, atualmente em uso somente nos hospitais. 


De fato, esta é a política da Presidente Dilma: incentivar e difundir o aborto, favorecendo os interesses de organismos internacionais que querem impor o controle demográfico aos países em desenvolvimento, mesmo se isto leva a Presidente a desrespeitar a vontade da maioria do povo brasileiro, que é contrária ao aborto, e a infringir as mais elementares regras da democracia. 


Não queremos que a Presidente Dilma faça pronunciamentos por palavras ou por escrito, queremos fatos: 
1. A demissão imediata da Ministra Eleonora Menicucci da Secretaria das Políticas para as Mulheres. 
2. A demissão imediata do Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, que está coordenando a implantação das novas medidas a serem tomadas por esse Ministério. 
3. O rompimento imediato dos convênios do Ministério da Saúde com o grupo de estudo e pesquisa sobre o aborto no Brasil. 


Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB



[1] Isso faz lembrar o presidente Lula, que também “não sabia” nada sobre o escândalo do mensalão.
[3] Cf. Diário Oficial da União, 04/10/2010, seção 3, p. 88, disponível em http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=3&pagina=88&data=04/10/2010
[4] Cf. Diário Oficial da União, 05/10/2011, seção 2, p. 31, disponível em: http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=2&pagina=31&data=05/10/2011
[5] Cf. Diário Oficial da União, 14/10/2011, seção 2, p. 51, disponível em: http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=2&pagina=51&data=14/10/2011
[6] “Eu fiz dois abortos, e também digo que sou avó do aborto, também porque por mim já passou” (Entrevista em 14/10/2004, feita por Joana Maria Pedro em Cárceres, MT. Estava disponível emhttp://www.ieg.ufsc.br/admin/downloads/entrevistas/29092009-111002menicucci.pdf. Foi retirado do ar a pedido da Ministra em fevereiro de 2012).