26 de agosto de 2013

“Chora como mulher o que não soubeste defender como homem!”

O rei mouro Abû`Abd Allâh (conhecido como Boabdil)
Paulo Roberto Campos

A agência de notícias “Zenit” (14-8-13) publicou uma matéria intitulada “Dezoito bispos do Brasil mostram-se contrários à lei do aborto aprovada pela Presidente Dilma Roussef”. Esses prelados pertencem à “Regional Leste I” e assinaram uma carta dirigida aos deputados e senadores. 

Na missiva, os 18 bispos lamuriam: “querem demonstrar sua profunda consternação com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno”; e declaram que “ficaram muito surpresos e perplexos quando o PLC nº3/2013 foi sancionado sem veto pela Presidenta (sic) Dilma Rousseff no último 1º de agosto”; lamentam ainda que “o povo católico gostaria de ter ouvido mais nitidamente a sua voz [dos deputados e senadores] denunciando, publicamente, nos meios de comunicação a farsa presente nesse projeto que facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo”. 

Como se vê, uma lamentação estéril na qual nem pedem aos deputados e senadores que façam o possível para revogar a infame lei que abre a porta para prática do aborto no Brasil. Não pedem sequer uma mobilização dos fiéis católicos para pressionarem seus representantes no Congresso Nacional exigindo a revogação da referida lei. Os leitores que o desejarem e tiverem paciência de conferir esse choramingo na íntegra da carta, podem fazê-lo através do link no final deste post.(*) 

Sempre que tomo conhecimento de atitudes estéreis de pessoas que lamentam o arrombamento de uma porta, mas que nada fizeram para deixá-la bem trancada, eu me lembro de um fato histórico que resumo aqui. 


Boabdil (esq.) entrega as chaves de Granada aos Reis Católicos
(pintura de Francisco Pradilla de 1882)
Com a conquista da cidade de Granada em 1492, obtida graças à ação enérgica dos Reis Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão, os muçulmanos foram finalmente expulsos da Espanha, após vários séculos de dominação. 


A despedida de Boabdil
(pintura de Alfred Dehodencq)
Então, em sua fuga de volta para o Norte da África, o rei mouro Abû`Abd Allâh (conhecido como Boabdil) chorou... [cena imortalizada no quadro ao lado] Do alto de uma montanha, olhando pela última vez para a espetacular Granada e vendo o magnífico palácio Alhambra no qual habitara, ele se pôs a chorar. Vendo seu filho nessa situação, disse-lhe energicamente sua mãe, a sultana Aixa Fátima: “Llora como mujer lo que no has sabido defender como un hombre!” — Chora como mulher o que não soubeste defender como homem... 

Salvo honrosas exceções, os prelados que compõem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nada fizeram de sério para evitar, metaforicamente falando, que a “porta” do aborto fosse arrombada pela nova lei. Foram raríssimas as vozes de respeitáveis bispos que alertaram para o iminente perigo da aprovação do projeto lei abortista. Já fizemos referência neste espaço a esses poucos e corajosos prelados (ver post anterior, de 18-8-13). 

Na atual fase da luta contra o aborto, a CNBB — para variar... — não quis agir firmemente. Não quis, por exemplo, ouvir a voz daqueles que firmaram os abaixo-assinados — um dos quais com milhares de assinaturas, entregue diretamente na Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro — para que os bispos pedissem ao Papa Francisco, durante sua estadia no Rio, que instasse a presidente Dilma para vetar totalmente o PLC 3/2013. Ao que tudo indica tal pedido não foi feito. 

Alguém acha que se o Papa tivesse pedido o veto do projeto, a presidente o teria sancionado? — Certamente não, pois ela não teria ousado contradizê-lo num momento em que as tubas midiáticas estavam colocadas favoravelmente sobre ele. Mas agora não se trata mais de um projeto, pois a nova lei — sancionada quatro dias após o retorno do Papa a Roma — entrará em vigor 90 dias depois de sua aprovação. 

Com a nova e abjeta lei os que lutamos contra a legalização do aborto no Brasil perdemos uma batalha, é claro, mas não a guerra. Esta continua e esperamos vencê-la sob a proteção de Deus. Como disse Santa Joana D´Arc “les hommes combattront et Dieu donnera la victoire” (os homens combaterão e Deus dará a vitória). 

Assim, confiantes na vitória, façamos tudo quanto for possível para que a lei do aborto seja revogada. Se isso não acontecer, como não recear uma nova “Matança de Inocentes”? Mas o sangue deles subirá até o trono de Deus, clamando por vingança. E o Criador é muito sensível à voz dos que realmente não têm voz nem meios de se defender, sobretudo em se tratando de almas inocentes. 
____________
(*)http://www.zenit.org/pt/articles/dezoito-bispos-do-brasil-mostram-se-contrarios-a-lei-do-aborto-aprovada-pela-presidente-dilma

4 comentários:

  1. Eu também acho que se a CNBB tivesse pedido ao papa Francisco no Rio pra que ele pedisse à presidente para não aprovar a lei do aborto, ela não teria tido a petulância de aprovar. Então eu pergunto: de quem é a culpa pela aprovação da lei do aborto? Só dos deputados? Eu como católico fico triste pela atitude medíocre da CNBB.

    ResponderExcluir
  2. Caro Nunes:-


    Uma amiga minha, a Maria Zezé, que é do movimento Pró-Vida do Rio de Janeiro, esteve com o Papa e pediu a ele, para que ele, por sua vez, pedisse a Dilma, para que vetasse o PLC 30/2013!!! Ela é amiga de infância da Elba Ramalho e quando a Elba esteve com o Papa, ela também estava junto e fez este pedido a Sua Santidade!!! É óbvio ululante, que o pedido de um bispo para o Papa tem muito mais força que um pedido de um leigo, mas a questão aqui é que o Papa Francisco ficou sabendo de tudo o que estava ocorrendo!!!
    Um grande abraço:-

    Alexandre Luiz Antonio da Luz
    Ex-Presidente da Sociedade Protetora dos Nascituros Imaculada Conceição de Maria
    Movimento de defesa da vida nascitura da Arquidiocese de Curitiba

    ResponderExcluir
  3. Esses bispos da CNBB que chamam a Presidente de PRESIDENTA, na lógica gramatical deles, deveriam chamar o Papa de PAPO.
    E para a nossa PRESIDENTA o Papa não é Papa mas PAPO, pois, na lógica dela, somente seria PAPA se fosse uma mulher. Sendo homem é PAPO. É elementar...
    Mas, brincadeira à parte, este assunto da aprovação do aborto no Brasil, 4 dias depois de o Papa ter virado as costas embarcando para Roma, é muito sério. Temos que nos empenhar para anular tal lei criminosa!!!
    a.
    Silvio Galli

    ResponderExcluir
  4. Cláudio José Allgayer03 setembro, 2013 12:50

    Maior empresa realizadora de abortos nos EUA fecha 24 filiais só em 2013 - Blog da Vida:

    http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/blog-da-vida/maior-empresa-realizadora-de-abortos-nos-eua-fecha-24-filiais-so-em-2013/

    Paulo
    Nem tudo está perdido!
    Abraço,

    Cláudio José Allgayer

    ResponderExcluir