30 de maio de 2018

IRLANDA — Aprovada a diabólica prática do aborto

A catástrofe da aprovação do aborto na Irlanda é também um desastre para a Igreja Católica 


Mathias von Gersdorff 

O resultado do referendo na Irlanda sobre a questão do aborto foi tão esmagador que os comentários se tornam quase supérfluos. O ocorrido fala por si. 

É de tirar o fôlego o fato de dois terços dos irlandeses terem votado a favor da abolição da proibição do aborto e de uma regulamentação bastante liberal. Em 1983, com igual resultado, a proibição do aborto foi introduzida na Constituição irlandesa. 

Este terremoto na opinião pública só pode ser explicado pela erosão da influência do clero católico no país. 

Quando a Irlanda ainda fazia parte do Reino Unido, ser irlandês significava também ser católico. Irlandês e católico eram sinônimos, como ainda é o caso na Polônia de hoje, onde praticamente não polonês que não seja católico. 

Agora isso já é história na Irlanda. 


Contudo, podemos ver neste triste episódio o enorme risco de um catolicismo apoiado quase que exclusivamente sobre a autoridade do clero, enquanto os princípios morais e as verdades de fé são relegados ao segundo plano: quebrada essa autoridade, como aconteceu nos últimos anos devido a muitos escândalos graves, o povo então vai perdendo a fé. 

Parece que a Igreja Católica na Irlanda chegou a uma espécie de “hora zero”. Ela precisa reencontrar o antigo brilho da fé a fim de recuperar a influência que já teve outrora. 

Amargo também é que esses casos se multiplicam. Basta pensar no Chile, onde a influência do clero caiu também para zero. Não apenas por causa de escândalos sexuais, mas também porque desde a década de 1960 a Hierarquia católica vem flertando com as correntes políticas socialistas. 

Por uma situação similar está passando atualmente a Igreja Católica na Itália. 

Nas últimas eleições a Conferência Episcopal Italiana fez uma grande propaganda a favor de uma política liberal de imigração. Finalmente, cerca de dois terços dos italianos votaram em partidos que postularam exatamente o oposto. Longe vão os tempos dos arranjos cúmplices entre a Igreja e a Democracia Cristã. 

Em países como a Alemanha não se podem mais temer as condições "irlandesas", porque o clero quase não tem influência. E personalidades como o cardeal Marx, com seus constantes e bizarros discursos, estão prestes a demolir os resquícios de influência que ainda têm os prelados. 

A Igreja Católica só pode sair desta crise se ela mesma quiser. Mas não terá sucesso se pensar que precisa confraternizar-se com o espírito dos tempos, como vem fazendo atualmente o cardeal Marx. 

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Tradução do original alemão por Renato Murta de Vasconcelos.

3 comentários:

  1. Irlanda, até quando irás recalcitrar contra o aguilhão, dir-se-a reproduzindo as palavras de Deus a Saulo, no caminho de Damasco.
    O ocaso da civilização cristã ocidental. De um lado os mussulmanos invadem a Europa e de outro lado esta se deteriora internamente adotando práticas (abortivas) totalmente pagãs. Delenda Europa? Quando surgirá um novo Carlos Magno a empreender a reconquista da Cristandade?
    De passagem o impostor Putin nada tem que ver com o Restaurador que esperamos. CostaMarques

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  2. Matilde Sobrinho30 maio, 2018 16:28

    Justamente a Irlanda que era considerada tão católica, um dos poucos países europeus com uma legislação contrária ao aborto, agora caiu. E a culpa dessa queda pesa nos sacerdotes que se dizem católicos. O clero irlandês fez um compromisso de não falar nada contra o aborto para não influenciar na campanha pelo Sim ou pelo Não à legalização do aborto na Irlanda. Aí o resultado!!! O sangue de milhões de inocentes bebês, que serão mortos com tal legalização, rogará a Deus por justiça contra esses sacerdotes!!!

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  3. Luiz Guilherme Winther de Castro31 maio, 2018 00:39

    “…a Hierarquia católica vem flertando com as correntes políticas socialistas.”
    Aqui no Brasil, apesar da situação não ser tão grave ainda, infelizmente ainda temos muitos padres e bispos flertando com comunistas, socialistas, corruptos, carcamanos (no sentido de mafiosos) e até marginais políticos condenados e presos.
    Vejamos o exemplo do reitor da Sagrada Basílica de Nossa Senhora Aparecida ao celebrar uma Santa Missa com a presença de partidários de um condenado e preso. O pior, pela libertação do mafioso, preso por crimes contra o Brasil.
    A revolta foi tanta por parte de católicos que o Bispo, o Padre Provincial dos Redentoristas (Província de São Paulo) e o próprio Reitor, tiveram de lançar um “mea culpa”, um verdadeiro pedido de desculpas, reconhecendo a impertinência do ato. Mas, será que foram apenas católicos que ligaram para a Basílica e demonstram sua insatisfação?
    Francamente, não dá para entender o que esses religiosos têm na cérebro! Ou melhor, dá para entender sim, mas, nossa educação não permite que escrevamos o que pensamos a respeito.

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