O qualificativo de “reacionário” é elogioso ou ultrajante? Ora essa — responderá algum leitor progressista —, claro que é ultrajante!
A meu ver, a resposta é simplista. Com efeito, reacionário é quem reage. O que seria do mundo se ninguém reagisse contra o erro, o mal, a ignorância, a pobreza, a doença etc.? Há reações boas e necessárias. Os que as praticam são reacionários beneméritos.
Assim, a palavra “reacionário” não tem um sentido necessariamente mau. Antes, pelo contrário, pode comportar acepções altamente elogiosas.
É bem verdade que a propaganda progressista tem dado a esse vocábulo um colorido terrível — mais fácil de ser explicado por meio de comparações do que de definições — e que em alguns ambientes se tornou indissociável dele.
Assim é que, no linguajar progressista, seria tipicamente reacionário quem desejasse para sua pátria uma ditadura onipotente, na qual todos os direitos dos particulares dependessem de um só dirigente. Este teria o poder de dispor como entendesse do trabalho e da produção de todos.
Poderia indicar tarefas e horários à vontade. Alterar costumes a seu bel-prazer. Intervir até na religião, marcando, por exemplo, ou deslocando, a seu talante, festas religiosas, como a Páscoa ou o Natal. Diante deste quadro insofismavelmente lúgubre, o progressista se põe a uivar, a falar de tirania, nazismo etc.
Em consequência, Fidel Castro — em rigor de lógica — deveria ser qualificado como um reacionário arquetípico, para os progressistas. Não, porém. Porque o progressista de bom grado absolve em favor da esquerda ações que — por vezes com razão — ele critica quando praticadas pela direita (ou pseudo-direita, note-se).
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Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado na “Folha de S. Paulo” em 9 de novembro de 1969.
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