“Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou.”(São Lucas 24, 5-6)"Ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos feitos o mesmo ser com Ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição."(São Paulo, Rom. 6, 3-5)“Se não se pode pensar na Paixão, por ser penoso, quem nos impede de estar com Ele depois de ressuscitado, pois tão perto O temos no Sacramento, onde já está glorificado?”(Santa Teresa de Jesus)“Nossa Senhora nos ensina a perseverança na fé, no senso católico e na virtude do apostolado destemido — ‘Fides intrepida’ — mesmo quando parece tudo perdido. A Ressurreição virá logo. Felizes os que souberem perseverar como Ela, e com Ela. Deles serão as alegrias, em certa medida as glórias, do dia da Ressurreição.”(Plinio Corrêa de Oliveira)
19 de abril de 2025
CHRISTUS VINCIT! CHRISTUS REGNAT! CRISTO IMPERAT!
18 de abril de 2025
CONVERTIDOS PELO SANTO SUDÁRIO
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Cientistas examinam o Santo Sudário |
·
Afonso
de Sousa
Uma das mais preciosas e espetaculares relíquias da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo para os católicos é o Santo Sudário de Turim, alvo lençol no qual envolveram piedosamente o corpo do Salvador depois de o descerem da Cruz.
Esse lençol é tão intrigante, que se tornou a peça mais estudada de toda a história humana. No século passado, como veremos, a ciência moderna completou centenas de milhares de horas no detalhado estudo sobre o Sudário, e a grande maioria dos cientistas nele envolvidos foram praticamente unânimes em afirmar sua autenticidade, o que levou a uma boa parte deles a se converter à fé católica ou a praticá-la mais seriamente.
Apesar do discordante e suspeito teste do Carbono-14 com o qual quiseram provar que essa santa relíquia é apenas uma peça pintada na Idade Média, cientistas rejeitaram tal teste e continuam afirmando que ficou comprovado que o Sudário teve origem na Palestina, no tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O que muito impressiona e impressionou grande parte dos cientistas que se puseram a analisar o Santo Sudário é sua majestade e fisionomia de paz em meio às maiores aflições. Feito por pessoas de diversas orientações — protestantes, agnósticos, ateus —, o estudo dessa impressionante relíquia levou vários deles à Igreja Católica, como veremos adiante.
“Diante das evidências, como permanecer agnóstico?”
Artigo no National Catholic Register relata: “Em 1994, após anos de intenso estudo, o médico californiano Augusto Accept chegou a uma conclusão sobre o Sudário de Turim. Em sua mente, a evidência científica [de sua autenticidade] era esmagadora. [Concluiu:] O Sudário, de fato, é a mortalha de Jesus Cristo. Ao contemplar a imagem do rosto crucificado de Cristo milagrosamente impresso no Sudário e preservado ao longo dos séculos, ele sabia que teria de enfrentar uma questão pessoal sobre a qual vinha ponderando nos dois anos anteriores de seu estudo: como ele poderia permanecer agnóstico?”.
Augusto Accept cresceu no
sul da Califórnia e foi muito ligado à Igreja em sua juventude. Contudo, na
faculdade se deixou influenciar pelos agnósticos que afirmavam que religião e
ciência eram incompatíveis, e acabou abandonando a prática da fé.
Depois de formado
casou-se com uma protestante fundamentalista, teve dois filhos e se uniu à
igreja dela.
Seu primeiro encontro com
o Sudário foi na sua adolescência, em leituras sobre ele. Na faculdade de
medicina tornou-se amigo de Allan Wanger, proeminente cientista do Sudário de
Turim. Isso o levou a se interessar pelo assunto do ponto de vista de suas
áreas de interesse, isto é, medicina, química e física.
Projeto de Pesquisa do Sudário de Turim
Entretanto, o interesse pelo Santo Sudário nos meios científicos já atraíra a atenção de muitos estudiosos. Em 1977, um grupo de cientistas formados ao acaso, adeptos de diferentes confissões religiosas — católicos, agnósticos, mórmons, judeus e protestantes de diversas denominações —, atraídos pelo enigma do Santo Sudário, fundaram o STURP – Shroudof Turin Research Project (Projeto de Pesquisa do Sudário de Turim).
Esse grupo de tal maneira
foi envolvido pelo tema, que seus membros chegaram a dispor até mesmo dos
próprios recursos pessoais para levar adiante suas pesquisas, empregando horas
e horas de suas obrigações diárias em um projeto inteiramente alheio à suas
necessidades profissionais.
Às suas expensas, eles
foram a Turim, onde durante cinco dias (120 horas seguidas), auxiliados por uma
equipe italiana, submeteram o Santo Lençol a todo tipo de provas e análises,
utilizando os mais sofisticados meios da tecnologia.
Ao
terminar a análise, o Dr. Thomas D’Humala, coordenador do projeto, testemunhou:
“Todos
nós pensávamos que o que íamos descobrir era apenas uma falsificação, e que
antes de se passar meia hora, teríamos de fazer as malas e voltar. Mas não foi
assim. Todos os que fomos lá, pelo menos todos aqueles com quem falei a
respeito, estamos convencidos de que o acúmulo de provas nos fez mudar de rumo.
Agora, as provas são contra os céticos”.1
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O público aprecia uma réplica do Santo Sudário numa das muitas exposições já realizadas pelo mundo todo. |
“Um processo de crescimento na fé”
Aos poucos, ao analisar a
figura do Sudário, o Dr. Accept começou a considerar que a imagem nele impressa
era a de um corpo em estado de rigor mortis que ainda não tinha sofrido corrupção, o que se daria cinco dias
após sua morte. Ora, isso era condizente com as Sagradas Escrituras, que narram
a Ressurreição de Cristo no terceiro dia após sua crucificação.
Além disso, a húngara
Isabel Piczek, sua amiga e especialista em história da arte, fizera um estudo
em que chegara à conclusão de que a imagem do Sudário não podia ter sido, como
afirmavam os agnósticos, pintada por um artista medieval que não tinha as técnicas
necessárias para isso, e que sua aparência no tecido continua inexplicável pela
ciência.
Tudo isso fez com que o
Dr. Accept se dedicasse intensamente entre 1992-1994 ao estudo do Sudário de
Turim. À medida que se aprofundava no estudo de sua autenticidade, suas dúvidas
iam sendo respondidas uma a uma. Ele diz que esse período foi para ele
simultaneamente “um processo de
crescimento” em sua fé, de modo que em 1994 convenceu-se de que era hora de
dedicar novamente sua vida a Cristo. Pelo que conclui: “Em contraste com muitos [estudiosos]
no século XX, a ciência me trouxe de volta a Deus”.
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Cientistas do STURP – Shroudof Turin Research Pro ject (Projeto de Pesquisa do Sudário de Turim) fazem aprofundados estudos de cada detalhe do Sudário. |
“A que Igreja foi o Sudário confiado?”
Uma vez convencido de que
o Sudário trazia o corpo de Cristo, Accept queria saber qual das milhares de
denominações cristãs do mundo foi a que Jesus Cristo fundou. Sendo por natureza
um estudioso, ele se pôs a estudar teologia e história eclesiástica. Quando
começou a ler as obras dos primeiros Padres da Igreja e viu a doutrina católica
em seus ensinamentos e práticas, encontrou a resposta: “Fiquei emocionado ao
encontrar Cristo na Igreja Católica. Quando comecei meu estudo, nunca pretendi
voltar a ela. Mas foi para lá que meu processo de busca pela verdade me levou”.
E comentou que “não
é coincidência” que o Sudário lhe seja confiado.
Coerente consigo mesmo, o
Dr. Accept quis que sua experiência fosse compartilhada por outros. Por isso,
em 1996 ele fundou em Silverado, no condado de Orange, o “Centro do Sudário do
sul da Califórnia”, onde faz uma apresentação ilustrada de todo o roteiro
histórico do Santo Sudário. Isso atraiu muitos guias turísticos como
voluntários ao longo dos anos.
Uma das pessoas que ele
dirigiu em um tour foi o cientista Stephen Sheyn, que recentemente havia
voltado à Igreja Católica. Ao terminar o tour, Stephen caiu em lágrimas
e disse: “Senti que estava na presença de Nosso Senhor, experimentando sua
humanidade e divindade”.
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Imagem do Santo Sudário em 3 dimensões. |
“As palavras não podem descrevê-lo”
O Santo Sudário é exposto
periodicamente na sua basílica em Turim, para ser venerado pelos fiéis. Em
1998, o Papa João Paulo II, após rezar diante dele, comentou que ele é “um
desafio à nossa inteligência [...] uma imagem que todos podem ver, mas ninguém
ainda pôde explicar”.
O Dr. Augusto Accept fez
sua primeira viagem a Turim para essa mesma exposição. Depois de permanecer em
profundo e reverente silêncio, por quase duas horas, diante do Santo Sudário,
ao lado de outros peregrinos, ele afirmou: “Foi impressionante! As palavras não podem
descrevê-lo”.
Evidentemente houve e há
muitos cientistas agnósticos, hereges ou simplesmente ateus que não se dobram
às evidências e continuam a afirmar que o Santo Sudário de Turim é uma
falsificação que não tem valor.
Cremos que a ele se pode aplicar, com propriedade ainda maior, aquilo que o grande Papa São Pio X afirmou da Santa Casa de Loreto: para o espírito católico, ainda que não se tivessem todas as provas históricas e científicas que seriam de desejar, o fato de aquela relíquia ter, ao longo das gerações, despertado a piedade de tantos fiéis e edificado a numerosos Santos que a contemplaram, já ofereceria garantia suficiente de sua autenticidade.2
____________
Notas
1.
Cfr. Plinio Maria Solimeo, O SANTO SUDÁRIO - Testemunho da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, Artpress,
São Paulo, 2014.
2.
Outras fontes:
https://www.ncregister.com/blog/shroud-center-of-southern-california
https://www.religionenlibertad.com/personajes/129321087/august-accetta-medico-conversion-sabana-santa-ciencia-fe.html?eti=8278
17 de abril de 2025
Pompas reais de Jesus Cristo reveladas pelo Santo Sudário
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Museu do Santo Sudário, em Turim |
Ficou cientificamente expresso no Santo Sudário de Turim que Nosso Senhor foi sepultado com símbolos e honras exclusivas dos reis de Israel
·
Luis Dufaur
A exposição itinerante “The Mystery Man” —
da qual tratamos na edição de junho/2023 desta revista — continua percorrendo a
Espanha e, enquanto escrevemos, é exibida nas catedrais de Caravaca de la Cruz,
em Múrcia, e de Elche, no Alicante. Seu giro suscita um interesse sempre
renovado pelo Santo Sudário que envolveu o Corpo Santíssimo de Jesus, tendo sido
publicados depoimentos de especialistas com novas descobertas, entre eles os do
Dr. Jorge Manuel Rodríguez Almenar, professor de Direito na Universidade de
Valencia e presidente do Centro Espanhol de Sindonologia. Este centro é formado
por especialistas que estudam o Santo Sudário cientificamente, respeitando as
Sagradas Escrituras.
O Prof. Rodríguez Almenar mostrou que
Nosso Senhor Jesus Cristo recebeu em seu sepultamento o mesmo tratamento
reservado aos reis de Israel. Tanto pelo lado paterno, São José, como pelo
materno, a Santíssima Virgem, Ele foi príncipe da casa real fundada pelo rei
David. Se se respeitasse o direito, Jesus herdaria a coroa. Mas ela estava nas
mãos de usurpadores, porque o direito dinástico não era mais respeitado pelas
autoridades do tempo.
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Cristo Rei – Basílica de Cristo Rei, Paola (Arquidiocese de Malta). |
Genealogicamente Nosso Senhor era o herdeiro legítimo
A genealogia de Maria descrita por São
Lucas (3, 23-38) mostra a linhagem real de seu Divino Filho, sendo Ela
descendente de Abraão, patriarca fundador do povo eleito, e de David, fundador
da estirpe dos reis de Israel.
Os evangelhos de São Mateus (1, 1-17) e de
São Lucas (3, 23-38) descrevem a linhagem real de “Jesus Cristo, filho de
David, filho de Abraão” (Mt 1, 17). Por sua vez, São José era sucessor por
via masculina do rei David, também da tribo de Judá. Em consequência, Jesus
Cristo era o primogênito, herdeiro dos direitos da casa de David.
A série de usurpadores — iniciada por
Herodes I Magno, descendente de Esaú, e continuada por seus filhos, entre os
quais, Herodes III Antipas, do tempo da Paixão — ocupava o trono por intrigas
com Roma, sendo odiada pelo povo.
Israel era um protetorado romano
controlado por uma legião militar sob o comando do cônsul Pôncio Pilatos, a
quem não interessava esse problema dinástico. Ele só queria garantir o domínio
dos Césares na região e ser promovido na administração do Império. Entretanto,
a questão da monarquia de Jesus — e não só a sua superioridade como Sumo
Sacerdote porque Filho de Deus — está no centro dos iníquos processos que
levaram à sua crucifixão.
Jesus entrou em Jerusalém como entrara outrora Salomão
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O rei Salomão entra em Jerusalém montado em uma mula. |
Todos os Evangelhos (Mt 21, 1-11; Mc 11,
1-11; Lc 19, 28-40; Jo 12, 12-15) descrevem Nosso Senhor Jesus Cristo
ingressando em Jerusalém montado num jumento, sob aclamações populares que só
podiam ser feitas a um rei messiânico anunciado pelos profetas como um rei
sacrossanto, inviolável e ideal, sobre quem repousa o espírito divino, que
governará com sabedoria e justiça, prudência e coragem, ciência e temor de
Deus.
Essa entrada em Jerusalém no Domingo de
Ramos (Mc 11, 2; Lc 19, 30) só tinha um precedente: o ingresso histórico de
Salomão montado numa mula que lhe foi
dada por David: “fazei montar na minha
mula o meu filho Salomão” para
ser ungido rei (1Rs 1, 32-40). O povo estendeu suas vestes no caminho como
fazia a seus monarcas (Lc 19, 35-37).
Nosso Senhor não impediu que O aclamassem
rei com as palavras “Hosana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do
Senhor!” (Lc 19, 38-40; Mt 21, 9,15). Porém, Ele nunca reivindicou o
reinado temporal sobre Israel, mas sim uma monarquia completa e divina sobre toda
a ordem da Criação, no sentido contido na devoção a Cristo-Rei. Entretanto, o
Sinédrio, conhecedor do que estava escrito e vendo a reação do povo, reiterou
sua vontade de matá-Lo.
O Sinédrio acusou Nosso Senhor diante
Pilatos de se dizer rei dos judeus, única acusação que impressionaria o cônsul
romano. Este então O interrogou: “És o rei dos judeus? Sim, respondeu-lhe
Jesus” (Mt 27, 11), esclarecendo que era sobretudo Rei de um reino mais
alto: o dos Céus e de toda a Terra. Para Pilatos foi suficiente para encerrar o
caso e declarar que não via culpa alguma em Jesus.
Porém, o populacho, instigado pelo
Sinédrio, bradava: “Não temos outro rei senão César”. Agindo assim, eles
recusavam o Redentor prometido pelos Patriarcas e pelos Profetas, bem como seu
rei legítimo, sucessor de David. Interessado somente nos efeitos do processo em
Roma, Pilatos indagou aos sacerdotes: “Hei de crucificar o vosso rei?”.
E os sumos sacerdotes confirmaram: “Não temos outro rei senão César!”
(Jo 19, 15) e acrescentaram que se não O matasse, eles o denunciariam ao
imperador. O argumento de perder os favores de César levaram o venal Pilatos a
cometer o pior crime da História, lavando as mãos para demonstrar que não era
responsável pela acusação.
Por fim, Pilatos mandou fixar no alto da
Cruz uma tábua com a inscrição, em grego, hebraico e latim: “Jesus Nazareno
Rei dos Judeus” (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum). É o I.N.R.I. que vemos habitualmente
nos crucifixos. Era esse o “crime” alegado pelo Sinédrio, porém “os sumos
sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, mas
sim: Este homem disse ser o rei dos judeus”. Agastado, Pilatos os repeliu
dizendo: “O que escrevi, escrevi.” (Jo 19, 19-22)
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À semelhança de Salomão, Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo igualmente rei, entra em Jerusalém no lombo de uma mula (Pietro Lorenzetti (1280-1348). Basílica Inferior de São Francisco, Assis) |
Santo Sudário aponta “rito funerário próprio de um rei”
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Prof. Rodríguez Almenar |
O Sumo Sacerdote devia se apresentar
revestido com uma sarja de linho puro em “espinha de peixe”, ao que tudo indica
vinda da Índia, desconhecida no Oriente Médio e que só se usaria na Europa a
partir do século XV. Esse tecido requintadíssimo, o mais caro que se podia
achar em Jerusalém, teria sido obtido no próprio Templo por José de Arimateia —
homem riquíssimo, “discípulo oculto” e membro do Sinédrio — e entregue por ele,
porque considerava que Jesus merecia um enterro digno de um rei e Sumo
Sacerdote. Também providenciou o túmulo que tinha mandado fazer para si,
exclusivo de pessoas muito ricas.
Nosso Senhor, pelo valor infinito de sua
Redenção, agiu como o divino Sumo Sacerdote que com seu sacrifício redimiu a
humanidade do pecado original. Era coerente que fosse envolvido nesse tecido
simbólico da expiação.
Outros símbolos monárquicos no Sudário
No Santo Sudário também foram encontrados vestígios de unguentos usados no enterro dos reis, como os menciona o historiador Plinio o Velho (23-79 d.C.). A Dra. Marzia Boi [foto], professora da Universidade das Ilhas Baleares, aprofundou o estudo dos ritos dos sepultamentos reais no Mediterrâneo no século I e apontou os óleos, bálsamos e unguentos — entre os quais se destacava em alta proporção o pólen de Helichrysum, ou Sempreviva amarela, além de Crisântemo e Amaranto, símbolos da imortalidade, que eram aplicados na preparação do corpo dos reis ou personagens de alta estirpe. Ela mostrou que o sepultamento de Nosso Senhor foi realizado com honras próprias aos reis, e implicava a “preparação do cadáver com bálsamos e óleos” do modo como foi feito.
Também o microscópio revelou tipos de flores que, “conforme está documentado desde remotos tempos”, eram usualmente utilizadas nos enterros reais. Destacou os pólens de Helichrysum, láudano, terebinto, gálbano aromático ou lentisco. Esse uso estava de acordo com a estirpe régia de Jesus Cristo. E coube a Nossa Senhora, sua Mãe com o auxílio das santas mulheres, preparar o Santíssimo Corpo de seu Filho para a sepultura de acordo com os costumes da família real.
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Embalsamaram e envolveram o Divino Corpo no Santo Sudário sobre a Pedra da Unção hoje venerada na igreja do Santo Sepulcro |
Sepultamento único, próprio a um rei
Tudo pesado e medido, o Prof. Rodríguez
Almenar conclui que no caso do Homem do Santo Sudário “não se tratou
de um sepultamento qualquer, mas se praticou um rito funerário próprio de um
rei”. Foram Nossa Senhora, princesa da casa de David, e as santas mulheres
também de extração aristocrática, observantes da Lei de Moisés, que sabendo
como agir com gente de alta extração, embalsamaram e envolveram o Divino Corpo
no Santo Sudário sobre a Pedra da Unção hoje venerada na igreja do Santo
Sepulcro.
O presidente do Centro Espanhol de
Sindonologia conclui que todos os dados do Santo Sudário apontam que Jesus
Cristo foi enterrado como um monarca. O contrário implica em achar que todos os
dados cientificamente compulsados não fazem sentido.
A ciência sublinha assim, com suas
descobertas, o valor infinito da Redenção obtida para a nossa salvação por um
monarca supremo do povo eleito e o Sumo Sacerdote que foi Deus feito homem. As
descobertas científicas no Santo Sudário inspiram reflexões próprias para a
Semana Santa. Sendo Rei de todas as almas e implicitamente de cada pessoa,
Jesus Cristo governa cada uma com a solicitude, o afeto e a atenção como se ela
fosse a única alma sobre a qual Ele exercesse o seu império. Ele é o modelo de
todos os reis ou chefes de Estado; é Rei de misericórdia e de amor, de um
reinado que “não é deste mundo” (Jo 18, 36) com o intuito de levar cada
alma a seu Reino verdadeiro que não terá fim.
O Santo Sudário como que reservou estas
comprovações da Majestade suprema de Cristo-Rei para nossa época a fim de
reavivar a lembrança da soberania universal de Jesus Cristo sobre as pessoas e
os povos. Precisamente para nossa época, cada vez mais seduzida por opções
falsas ou iníquas — sejam elas liberal-democráticas, libertárias ou socialo-comunistas
ou, no campo religioso, falsos ecumenismos e relativismos concessivos às piores
abominações morais, teológicas ou litúrgicas.
16 de abril de 2025
SANTO SUDÁRIO DE TURIM — Milagre permanente, Realeza de Jesus, Bandeira da Ressurreição
Uma fotografia que
providencialmente revelou a face régia e divina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Uma prova a mais de sua existência terrena, de sua flagelação, coroação de
espinhos, crucifixão e ressurreição, tudo confirmando e reforçando as narrações
do Evangelho. Estas e outras considerações foram feitas por Plinio Corrêa de
Oliveira em conferência no dia 28 de abril de 1984, da qual seguem excertos,
com leves adaptações da linguagem falada para a linguagem escrita.
Nos
mistérios dolorosos do Rosário, contemplamos no terceiro a Coroação de Espinhos
de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que nos traz ao espírito uma série de
recordações, que se tornam mais pungentes à vista do Santo Sudário — a sagrada
relíquia que merece toda a nossa veneração.
Entre
as relíquias trazidas da Terra Santa para o Ocidente, figura esse precioso
tecido no qual o sacrossanto Corpo de Nosso Senhor foi envolvido para ser
depositado na sepultura, na qual esteve até o momento glorioso entre todos em
que Ele, por um ato de Sua própria vontade, ressuscitou-Se a Si próprio. Ele
ordenou aos anjos afastarem aquela pedra que lacrava sua sepultura e voltou a
entrar glorioso no convívio dos homens.
O
Santo Sudário teria sido recolhido por pessoas piedosas e, certamente, levado a
Nossa Senhora, talvez a São Pedro, chefe da Igreja. Depois, teria ido parar nas
mãos dos imperadores do Oriente.
Posteriormente
veio para o Ocidente, ficando na posse da pequena dinastia da Casa de Sabóia e,
mais tarde, foi para a catedral de Turim, guardado num monumento de mármore,
dentro de um magnífico escrínio. Todo o ouro e toda a prata da terra não seriam
proporcionais para conter essa relíquia, mas era uma bonita caixa para
guardá-la dignamente.
Um pasmo geral, uma imagem real de Jesus
Com o uso habitual da fotografia no século XIX, um fotógrafo amador, o advogado italiano Secondo Pia, resolveu tirar fotos do Santo Sudário em 1898. Quando ele estava revelando as imagens, observou que os negativos fotográficos mostravam uma imagem positiva de um homem no Sudário — o que não se nota vendo diretamente o tecido —, além de uma representação mais clara da imagem. Era a revelação da autenticidade do Sudário.
A
marca do Sagrado Corpo de Nosso Senhor sobre o pano deu numa fotografia d’Ele!
Foi um pasmo geral! Muito desapontamento a toda espécie de incrédulos. Estes
não queriam acreditar na autenticidade daquele pano e levantavam objeções.
Vendo
aquela imagem tão impressionante, poder-se-ia rezar: “Senhor, falai porque
vosso servo Vos escuta. Falai Vós! O que tenho eu para Vos dizer? Olho para os vossos
olhos divinos e vejo que está ali uma sabedoria infinita! Vós dizeis qualquer
palavra e ela vale mais do que todo o ouro da terra! Vós dais um passo e eu
vejo que sois Rei pelo semblante dominador com que avançais. Vós encontrais um
pobre, Vós encontrais um ímpio e Vós vos dirigis a eles para lhes fazer bem ao
corpo e à alma. Vejo em Vós tanta bondade, que eu me vejo a mim mesmo como
azinhavre em comparação convosco. Senhor, diante de Vós, quem pode subsistir?
Falai! Eu sou feito para Vos olhar e para Vos adorar. E isso, por misericórdia
vossa, porque não sou digno disso!”.
Nosso
Senhor Jesus Cristo era o Rei das nações, cujo semblante, atitude e irradiação
sobre o povo de Israel revelavam sua genealogia régia, pois da estirpe David e
Salomão, dois grandes reis de Israel. Entretanto, foi morto entre dois ladrões.
Este Rei, todo ferido na Cruz, o que tinha como corte? A corte da dor: sua Mãe
Santíssima, passando pelo sofrimento mais pungente que se possa imaginar e
apenas um discípulo! Também algumas das santas mulheres; entre elas, Santa
Maria Madalena, chorando copiosamente.
Depois
de descido da Cruz, carregam o Corpo Sagrado, com ajuda de dois
criptodiscípulos, Nicodemos e José de Arimatéia, envolvem-no no Sudário e o
põem dentro da sepultura.
Fechada
a sepultura com a pedra, era toda uma vida que ficava para trás. O túmulo e a
morte tragaram aquela vida. Agora era voltar para suas casas e chorar. Dentro
do sepulcro ficara também aquele Sudário, sobre o qual talvez tenha caído
lágrimas de Nossa Senhora.
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O Enterro de Cristo - Carl Heinrich Bloch (1834-1890). Museu Histórico Nacional de Frederiksborg, em Hillerød, Dinamarca. |
A
ciência dobra os joelhos ao “Homem do Sudário”
Quando
o século XIX estava no auge do seu orgulho e se preparava para transmitir ao
século XX — ao lado de muitos frutos da Civilização — a impiedade triunfante,
comprova-se o Santo Sudário como uma bandeira magnífica da Ressurreição!
O
divino corpo ressuscitara dentre os mortos, mas ficou o lençol que o envolvera;
guardaram com toda piedade aquele pano por vários séculos.
Vemos
nisso algo de profundamente paradoxal e de misterioso nos planos da
Providência. No tecido ficaram as marcas do Corpo de Jesus, mas só séculos
depois, com o advento da fotografia, elas foram vistas! A ciência ímpia dobrava
os joelhos e dizia: Cristo venceu!
No
sagrado tecido é possível notar, sem qualquer dúvida, sinais da flagelação, da
coroação de espinhos e da crucifixão. Diante disso, que atitude toma o homem do
século XX? A impiedade do século XIX levou essa cajadada na cabeça e o século
afundou no passado. E o nosso século? É tal maravilha o Santo Sudário, é tal
prova da existência de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal prova de que Ele
ressuscitou, tal prova daquilo que cremos, que se deveria ficar verdadeiramente
encantado e em todos os ambientes se deveria falar do Santo Sudário. Mas o
geral dos homens contemporâneos dá as costas para esse milagre.
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Recriação do corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo |
Prova-se à evidência a autenticidade do Sudário
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A 28 de maio de 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou a primeira fotografia do Sudário. |
Com o desenvolvimento das descobertas científicas, começaram a provar a autenticidade daquele precioso pano de linho. E os aparelhos modernos foram capazes de determinar a antiguidade do tecido. Verificaram até de que tipos de plantas extraíram as fibras com as quais teceram o Sudário, uma espécie de lençol, ou mortalha. Cientificamente demonstraram que elas eram da região onde se localiza a cidade de Jerusalém. Cientistas encontram até fragmentos mínimos de pólen de flores que, levados por ventos, impregnaram o pano; eram daquela mesma região, mas também da região da Turquia e d Europa, assim comprovando o itinerário percorrido pelo sacrossanto Sudário.
Pela
análise científica da fotografia do milagroso linho ficou revelado inclusive
que nos olhos de Nosso Senhor colocaram duas moedas — era costume da época
colocá-las nos cadáveres a fim de manter os olhos fechados —, e elas são da
época em que nosso Salvador veio ao mundo! [foto abaixo].
Há
várias outras comprovações, cada uma mais brilhante que outra, certificando
extraordinariamente até à evidência a autenticidade do tecido sagrado. Até
mesmo os cientistas estudaram que há três dimensões na imagem do Sudário. Um
mistério, um milagre, pois isso não ocorre nas fotografias normais.
Percebemos
que o século XIX recebeu ao expirar uma grande manifestação da grandeza, do
poder e da bondade de Deus: a verdadeira maravilha, que é a história do Santo
Sudário! Mas o século XX portou-se diante desse milagre da seguinte maneira:
olhar, não se converter e terminar numa tentativa de blasfêmia! É o curso da
Revolução!
Realeza por natureza e por direito de conquista
Nosso
Senhor Jesus Cristo é Rei. Interrogado durante a Paixão pelos que O julgavam —
sem direito de julgá-Lo —, Pilatos perguntou: “És tu o Rei dos judeus?” E Jesus respondeu “Sim”, que
verdadeiramente era Rei. Donde terem pregado no alto da Cruz a inscrição
I.N.R.I. (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum
— Jesus Nazareno Rei dos Judeus) [foto abaixo]. E também, para debicar d’Ele, mandaram
coroá-Lo com uma coroa de espinhos; vesti-Lo com uma túnica e a vara dos bobos
na mão (como se fossem a túnica e o cedro de rei).
Jesus
Cristo é verdadeiramente Rei. Rei, antes de tudo, por ser Ele. O Verbo de Deus
Encarnado; Deus feito homem. E Deus é Rei! Portanto, nosso Divino Redentor era
Rei; plenamente Rei, porque Ele era Deus. Se há alguém sobre esta Terra que é
Rei, era Ele e continua sendo e sê-lo-á para sempre.
Essa
realeza d’Ele era de um reino que Ele possuía por natureza, mas tinha também
por direito de conquista. Ele havia conquistado o mundo. Ele viera à Terra,
fizera inúmeros milagres, convertera os homens e tinha o direito sobre o gênero
humano que Ele vinha converter, era o Homem-Deus e, portanto, Rei do mundo
inteiro. Mais ainda, Ele era Rei a um outro título: Ele morreria para resgatar
os pecados dos homens e abrir para eles a porta do Céu. Ele se tornava Rei
porque, pela sua morte, iria resgatar o mundo. Não Lhe faltavam títulos para
realeza de toda ordem.
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Tábua pregada no alto da Cruz com a inscrição I.N.R.I. (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum — Jesus Nazareno Rei dos Judeus) |
Legitimamente Jesus Cristo foi e é Rei autêntico
Os
judeus deveriam ter reconhecido isso, porque Nosso Senhor Jesus Cristo fez
todos os milagres que provavam sua realeza. Além de descendente dos antigos
reis, a santidade, a profundidade incomparável de sua doutrina, provavam isso.
Não Lhe faltava nada para ser verdadeiramente Rei. Que outra coisa se pode
fazer perante uma figura assim, senão ajoelhar-se?
O
Antigo Testamento narra como seria o Messias. Bastava olhar para Jesus para ver
que Ele era o Messias. Faltava-Lhe apenas ser crucificado e morto para que se
completassem as profecias sobre Ele, mas qualquer um que de boa fé estudasse
tudo isso, deveria reconhecê-Lo como Rei.
O
Antigo Testamento fala do reino do Messias, o Salvador, que seria rei de Israel
e que teria um reino que se estenderia sobre o universo inteiro, e que seria o
reino de glória e o reino eterno que nunca mais se extinguiria. Eles esperavam
que viesse um príncipe da Casa de David, mas um conquistador extraordinário, um
político extraordinário, um militar extraordinário que brilhasse como um
príncipe terreno e expulsasse para longe os romanos, que se tinham metido
dentro de Israel e que eles consideravam conquistadores, e que tomasse conta de
Jerusalém para fazer um reino de glória, perto do qual o de Salomão não tinha
sido senão um tímido prefácio, uma pequena prefigura, mas iria brilhar o reino
d’Ele por todos os séculos.
Ele
vem e não conquista. Perguntam-Lhe se reconhece a autoridade de César, Ele diz
que sim (os judeus queriam se livrar do governo de César). Perguntam a Jesus
sobre seu reino, e Ele diz que era um reino que não era deste mundo. Por que
isso? — Porque Ele, Homem-Deus, não só conhecia o futuro, mas era Aquele que
dispõe do futuro. O futuro seria como era, porque Ele queria ou porque Ele
consentia. O governo de todos os acontecimentos da História pertence a Ele. Ele
sabia que seria Rei realmente. O reino d’Ele chamar-se-ia Igreja Católica
Apostólica Romana. Não é um reino deste mundo, não é um reino feito para ter
tropas e exércitos, fazer política etc. É o reino feito para difundir o nome
d’Ele e a mensagem d’Ele a todos os homens e para que a Lei de Deus governasse
a Terra inteira. Não tem nada de comum com política, é algo de
incalculavelmente superior à política: é o Reino de Deus nesta Terra! E essa
glória Ele a realizou!
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Relicário com a Coroa de Espinhos, venerada na Catedral de Notre-Dame |
Na Paixão do Redentor, um misto de dor e de triunfo
Um
grande mistério que não se poderia compreender: Jesus Cristo reinaria de dentro
de todos os sacrários do mundo. Quem poderia compreender uma coisa dessas!? Mas
Ele tinha razão: o reino d’Ele não era deste mundo!
Ele
era Rei dos judeus? Mais especialmente porque os judeus eram a nação eleita,
era o povo predileto, havia uma promessa de que o Filho de Deus se encarnaria,
que a Virgem seria judia e teria um Filho, portanto judeu de raça e seria ao
mesmo tempo o Homem-Deus. Se os judeus tivessem correspondido à graça, ninguém
pode imaginar a grandeza da glória que teria o povo de Israel. Mas aquele povo
recusou, coroou de espinhos e crucificou o Rei de Israel.
Colocam
uma coroa de espinhos sobre a cabeça de Jesus. A coroa da dor, da irrisão, da
vergonha. Ele cheio de dores no Corpo, mas sobretudo cheio de dores na Alma. A
nação eleita O tinha recusado e estava se transformando em infâmia.
Na
Paixão de nosso Divino Salvador há o misto de dor lancinante e de triunfo,
sobretudo quando Ele ressuscita!
Aplicação à Igreja Católica, humilhação e glória
Que
lição tirar de tudo isto? — Assim é a vida do católico! Assim é a vida da
Igreja, cheia de humilhações e de vitórias. Humilhações tão grandes que se poderia
imaginar que Ela nunca se reergueria. Vitórias tão grandes que se diria que Ela
nunca mais cairá. Como uma barca que vai por ondas vertiginosas, que a levantam
ao alto, mas depois ao fundo da voragem. Assim a barca de São Pedro vai
percorrendo a História, com todas as glórias e honras, mas também com todas as
dores e humilhações de Cristo Coroado de espinhos.
Um
magnífico símbolo dessa dor e glória é a Sainte Chapelle, em Paris [foto acima]. Três
espinhos da Sagrada Coroa posta em Nosso Senhor foram obtidas por São Luís, rei
de França. E para abrigar devidamente esses adoráveis espinhos, ele mandou
construir um dos mais belos monumentos da arte medieval e, portanto, de toda a
História: a Sainte Chapelle — verdadeira caixa de cristal com nervuras de
granito, onde se celebrava o Santo Sacrifício.
Entrei
na SainteChapelle e fiquei tão maravilhado que tive um suspiro: “Ahahah!!!”. Eu
não pensava que fosse tão bonita!
Não
tive palavras para reagir... Foi o único lugar no mundo que visitei e fiquei
sem ter o que dizer! Notre-Dame me extasiou, mas a Sainte Chapelle com os seus
vitrais causou-me tal impressão, tal maravilhamento que, literalmente, fiquei
sem palavras. Encantadíssimo! Um edifício-relicário para os três espinhos dessa
Coroa Sacrossanta que acabamos de considerar.
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Fonte: Revista Catolicismo,
892, abril/2025
15 de abril de 2025
Análise da situação interna de Jesus durante a Paixão