27 de julho de 2011

Ideologia Homossexual e orgulho satânico


Luis Solimeo (*)

No último dia 11 de junho realizou-se mais uma manifestação pública do vício da homossexualidade. Desta vez foi em Roma, a Cidade Eterna, outrora Cidade Sagrada, centro do Catolicismo.

O título dado a essas manifestações resume a essência da ideologia homossexual: “orgulho homossexual”. Na capital italiana foi chamada de “Europride” por reunir homossexuais de todo velho continente.

O orgulho e revolta contra Deus
O pecado é uma revolta contra ordem estabelecida por Deus e, portanto, uma revolta contra o Criador. Ele será tanto mais grave quanto mais fique manifesta essa revolta.

Quando o homem peca por fraqueza, envergonha-se do seu pecado e procura emendar-se, diz-se que se trata mais de um pecado da carne do que do espírito. Quando ele não só peca, mas orgulha-se disso, diz-se que é um pecado de espírito, o que aumenta sua gravidade.

Ora, este pecado de orgulho manifesta mais a revolta contra o Criador. Segundo Santo Tomás, “é característico do orgulho não querer estar submetido a nenhum superior e, especialmente, a Deus”.

Por isso mesmo, Santo Tomás apresenta “o orgulho ou amor próprio como o começo de todo mal”. O que aliás é confirmado pelas Escrituras, conforme lê-se no Eclesiástico (10:15): “o princípio de todo pecado é o orgulho”.

Orgulho, o pecado de Lúcifer
A opinião comum dos teólogos é que o pecado de Lúcifer e dos anjos maus foi um pecado de orgulho. Nem podia ser de outro modo, uma vez que, sendo puro espírito, ele não podia se deixar levar pela concupiscência.

Duas passagens da Escritura podem ser aplicadas para descrever esse pecado. O primeiro é de Isaías (14:13-14):
Tu dizias: Escalarei os céus e erigirei meu trono acima das estrelas… Subirei sobre as nuvens mais altas e me tornarei igual ao Altíssimo. E, entretanto, eis que foste precipitado à morada dos mortos, ao mais profundo abismo.

O Segundo é do Profeta Jeremias (2:20):
Há muito quebraste o teu jugo, rompeste teus laços dizendo: Não servirei.

Luciferino orgulho da ideologia homossexual
Orgulhar-se de praticar o vício homossexual e proclamá-lo de público pelas praças das principais cidades do mundo, é repetir o brado de Lúcifer, “Não servirei” é manifestar um orgulho luciferino.

Não se trata de pecar por fraqueza, por mais grave que seja o pecado, mas transformar esse pecado num fator de orgulho negando toda a Lei de Deus e, implicitamente ou explicitamente a contradição que existe entre o bem e o mal.

Ódio à Igreja Católica
Retornemos à “Europride” de Roma. Os jornais italianos e os blogs da Internet publicaram centenas de fotos sobre a mesma. O que chama a atenção nelas, mais do que a lubricidade debandada dos corpos semi-nus ou das poses e gestos obscenos, é o ódio à Igreja Católica.

Um homossexual, sacrilegamente, se apresentou imitando Nosso Senhor e usando óculos escuros.

As ofensas ao Soberano Pontífice, não poderiam ser mais soezes: um dos cartazes carregados na marcha – e que pelo tamanho e conteúdo mais chamou – apresentava uma foto montagem do Papa com cabelos de mulher, apenas em ínfimo traje interior usando uma liga e meia feminina. Embaixo, os dizeres: “Veste Prada mas é uma amiga (no feminino) de Satanás”. Outro cartaz trazia a caricatura de Bento XVI, com a condecoração nazista e um báculo com o símbolo nazista e escrito: “Nazinger [nazi + Ratzinger] agride os gays”.

Vários homossexuais apresentaram-se como bispos de maneira ridícula e debochada.

Destruição da noção do bem e do mal
A negação de toda moral não se revela apenas pela libertinagem estadeada, mas no seguinte episódio da manifestação. A agência ANSA, da Itália, sob o título de Europride em Roma, entre Anjos, diabos e esposos, traz foto de dois homens se beijando, sendo que um se apresenta como demônio, com chifres e tridente e o outro como anjo bom, com azas brancas.

O demônio e o anjo se abraçando representa bem o anhelo último da ideologia homossexual que é a da negação da diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado. A vontade do homem libertada da moral e da razão será então a única norma, o bem se confundirá com o prazer dos instintos e o mal com aquilo que lhes contrarie.

Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal
Cabe aqui lembrar a censura do Profeta Sofonias àqueles que “dizem consigo mesmos: O Senhor não faz bem nem mal”. (1:12). Para eles é a advertência do Profeta Isaías: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas”. (Is. 5:20)

Eis aonde leva o orgulho luciferino da ideologia homossexual: transforma a luz em trevas e as trevas em luz, e quer impor essas trevas ao mundo inteiro. Por meio da ditadura das leis e do terror da propaganda.
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Notas:
(1) Summa Theologica, I-II, q. 84, a. 2, ad 2.
(2) Id. Ibid. ad 3.
(3) ANSA, ANSA, Updated: Sat, 11 Jun 2011 22:16:00 GMT, Europride a Roma tra Angeli, diavoli e spose, http://notizie.it.msn.com/fotostory/gallery.aspx?cp-documentid=158209692&page=14.
(*) Fonte: artigo publicado originalmente no site da TFP norteamericana:
http://www.tfp.org/tfp-home/catholic-perspective/homosexual-ideology-satanic-pride.html

25 de julho de 2011

Em apoio ao Estatuto do Nascituro

Prof. Hermes Rodrigues Nery, Pe. Ethewaldo L. Naufal Junior e Deputada Federal Solange Almeida – relatora do Estatuto do Nascituro
Prof. Hermes Rodrigues Nery (*)
O Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto lançou um abaixo-assinado para coletar assinaturas de apoio à aprovação pelo Congresso Nacional do Estatuto do Nascituro.

Na sessão de 19 de maio de 2010, na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), na Câmara dos Deputados, foi debatido e aprovado o Projeto de Lei nº 478/2007 (de autoria dos deputados federais Luiz Bassuma – PV-BA, e Miguel Martini – PHS-MG, tendo como relatora a deputada Solange Almeida – PMDB-RJ), conhecido por Estatuto do Nascituro. Uma importante vitória no âmbito legislativo nacional para reconhecer os direitos do nascituro à vida, ainda mais por ser um projeto propositivo, afirmativo, como destacou o deputado Luiz Bassuma, de significado muito especial na luta pela cultura da vida no Congresso Nacional. Foi uma iniciativa relevante, mas ainda um primeiro passo no muito que deve ser feito para que o nascituro seja reconhecido como pessoa, e tenha assegurada a proteção que o Estado lhe deve, de modo integral, desde a fecundação.

Foram quatro horas de discussão, com um depoimento cheio de emoção da deputada Fátima Pelaes (PMDB/AP), que afirmou perante os parlamentares, que havia sido concebida num ato de violência sexual sofrido por sua mãe, que, na época, estava presa e já tinha cinco filhas. Contou ainda que nunca conhecera seu pai e por causa do trauma ainda não superado, chegara a defender o aborto, mas naquele momento em que tinha que se posicionar como parlamentar, decidiu votar em favor da vida, destacando: “se nós lutamos pelo direito à vida, temos que lutar desde o nascituro!” A maioria dos deputados votou pela aprovação do Estatuto do Nascituro. Apenas sete deputados votaram contra: Arlindo Chinaglia (PT/SP), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Dr. Rosinha (PT-PR), Henrique Fontana (PT-RS), Jô Moraes (PCdoB-MG), Pepe Vargas (PT-RS) e Rita Camata (PSDB-ES).

A proposta original do Estatuto do Nascituro foi apresentada, pela primeira vez, em 2004, por sugestão do Movimento Pró-Vida de Anápolis (GO), pelo então deputado Elimar Máximo Damasceno (PRONA/SP), na CSSF, através de um projeto de lei dispondo sobre a proteção integral do nascituro. Após analisar o projeto, a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados reduziu o sentido do que havia sido proposto, ao não considerar o nascituro (a criança por nascer) como pessoa humana, mas expectativa de pessoa, sujeito não de direitos, mas expectativa de direitos.

Em 2005, o deputado Osmânio Pereira (PTB/MG) apresentou o PL 6150/2005, com o nome de Estatuto do Nascituro, mas modificado da proposta original, não reconhecendo os direitos e a personalidade do nascituro, conforme garantido pelo Pacto de São José da Costa Rica. Mas o projeto não chegou a ser deliberado naquela legislatura.

Em 19 de março de 2007, o Estatuto do Nascituro voltou a ser apresentado pelos deputados federais Luiz Bassuma (PT/BA) e Miguel Martini (PHS-MG), com o PL 478/2007. Em 30 de março, o PL começou a tramitar na CSSF. Em 4 de junho, foi indicada a deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) para ser relatora do projeto. Alguns meses depois, foi emitido um parecer favorável ao projeto, através de um substitutivo, afirmando que o nascituro tem direitos e não expectativa de direitos, mas – como ressaltou o Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, ao escrever sobre o processo de tramitação do referido projeto de lei, “não se negava mais que o nascituro fosse pessoa, mas tampouco se ousava afirmá-lo. O substitutivo quis deixar de lado a discussão acerca do momento do início da personalidade jurídica, o que foi um grande empobrecimento”. E acrescentou: “Qualquer atentado aos direitos do nascituro seria – punido na forma da lei – (art. 5º). No entanto, a relatora excluiu toda a parte penal do projeto. Desapareceram então os crimes contra o nascituro, assim como o enquadramento do aborto entre os crimes hediondos. Foram mantidos os direitos do nascituro concebido em decorrência de um estupro (art. 13): assistência pré-natal, acompanhamento psicológico da mãe, encaminhamento para a adoção (caso a mãe o deseje) e pensão alimentícia. Este último direito, porém, foi enfraquecido. Não se diz mais que a pensão será de um salário mínimo, nem que ela será oferecida até que a criança complete 18 anos. Além disso, tal benefício só será dado à gestante se ela não dispuser de meios para cuidar da criança. Com todas essas restrições, a ajuda do Estado deixou de ser algo líquido e certo, como estava previsto na versão original.”


Mesmo restrito, o Estatuto do Nascituro recebeu críticas contundentes dos grupos feministas e abortistas na sessão de 19 de maio, que fez pressão, de todas as formas, para o adiamento da votação. Mas a maioria dos deputados decidiu pela vida, dando assim um passo significativo no difícil processo de viabilizar, no âmbito legislativo, a cultura da vida, reconhecendo o direito à vida como primeiro e principal de todos os direitos humanos, assegurando a proteção integral da pessoa humana, desde o seu início, com a concepção, até a morte natural.


O Estatuto do Nascituro deverá ser debatido e votado em outras Comissões do Congresso Nacional, e o processo ainda demandará muitos esforços dos defensores da vida, para que se torne lei. Mas o primeiro passo foi dado, em consonância com o pensamento e o sentimento da maioria do povo brasileiro, que é pela defesa da vida. Certamente, com uma maior conscientização, poderemos um dia, se Deus quiser, ver em nossa Constituição Federal, a proteção integral da criança por nascer, para que o direito à vida realmente seja pleno para todos.
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(*) Prof. Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida e da Comissão Diocesana em Defesa da Vida, da Diocese de Taubaté, Diretor-Executivo do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto, Vereador (PHS), da Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí (SP) e especialista em Bioética, pós-graduado pela PUC-RJ, em curso promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Pontifícia Academia para a Vida.

18 de julho de 2011

“Ideologia de gênero” — ideologia relativista para extinguir a noção de família e favorecer perversões sexuais


Paulo Roberto Campos

“Abolir a família” era meta defendida por Marx, que reputava a “família” como uma concepção “burguesa” oposta ao “proletariado”. E a “ideologia de gênero” não é senão a atual versão para apresentar a “jurássica” doutrina marxista com nova maquiagem.


Trata-se de mais uma farsa revolucionária feminista e antifamília visando abolir a classificação por “sexos” (masculino e feminino) e impor no seu lugar uma nova classificação por “gêneros”: heterossexual (masculino e feminino), homossexual, lésbica e bissexual). Cogita-se “fabricar” novas classificações...


Os propagadores da “ideologia de gênero” chegam ao extremo de pleitear a eliminação dos termos homem e mulher, masculino e feminino, menino e menina, pai e mãe, senhor e senhora; e também de qualquer noção de desigualdade natural existente entre os sexos, para permitir todo tipo de aberração contrária à natureza, como, por exemplo, o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo.


Alegando a “não-discriminação”, os agentes de tal ideologia marxista discriminam no fundo a própria noção de família. Querem ainda perverter meninos e meninas, ensinando-lhes nas escolas que cada criança deve fazer a sua “opção sexual” — como, aliás, consta no programa do Ministério da Educação e Cultura do governo petista. E estigmatizam de “homófobos” ou “preconceituosos” aqueles que acatam as desigualdades naturais estabelecidas por Deus.


Uma matéria de autoria do Revmo. Padre Lodi, publicada no dia 15 p.p. em seu site (http://www.providaanapolis.org.br), esclarece muito lucidamente esta questão. Transcrevemo-la abaixo. Com muita objetividade, o sacerdote faz um aperçu do livro "O gênero como ferramenta de poder", dissecando o embuste contido na “ideologia de gênero”.

A linguagem de gênero
(uma perigosa terminologia que se está disseminando)

Está para ser lançada no Brasil no fim deste ano a versão portuguesa do livro do advogado argentino Jorge Scala [foto] “El género como herramienta de poder” sobre a perigosa e destrutiva “ideologia de gênero”.

Em nossa língua poucos são os que compreendem a origem, o significado e o perigo de tal ideologia. Não tivemos ainda, por parte do episcopado brasileiro, um documento semelhante ao produzido pela Conferência Episcopal Peruana “La ideología de género: sus peligros y alcances” (1998)[1]. Ao contrário, não são poucas as vezes em que membros da hierarquia católica em nosso país fazem uso — inadvertidamente, é claro — de termos emprestados àquela ideologia. Falar de desigualdade de gênero, opor-se à homofobia, não aceitar discriminações contra os homossexuais, dividir as pessoas em homossexuais e heterossexuais, tudo isso se encontra em escritos de zelosos pastores de almas, inocentes úteis nas mãos de uma doutrina tão perniciosa.

O autor, em sua monumental obra “IPPF: a multinacional da morte” [foto], que tive a honra de traduzir para o português[2], já fazia questão de advertir os leitores contra o emprego de termos cunhados pela cultura da morte. Entre eles estava a expressão “planejamento familiar”[3], sistematicamente evitada pelo Santo Padre e pela Cúria Romana, mas amplamente usada por sacerdotes, bispos e até por Conferências Episcopais. Em vez de “planejamento familiar” (que inclui aborto, esterilização e anticoncepção), os católicos devem falar em paternidade responsável, um termo caro ao Magistério da Igreja, que significa não só o espaçamento dos filhos (por razões graves e com respeito à lei moral), mas também a abertura à bênção de uma família numerosa[4]
Em seu livro sobre “gênero” a ser lançado no Brasil, Jorge Scala alerta mais uma vez que o jogo de palavras dessa ideologia não é inocente. Segundo a “ideologia de gênero”, não existe um homem natural nem uma mulher natural. O ser humano nasce sexualmente neutro. A sociedade é que constrói os papéis masculinos ou femininos. “Gêneros” são papéis socialmente construídos. Como não existe uma masculinidade e feminilidade naturais, cada um pode “desconstruir” o papel que lhe foi imposto por convenção social. Surge assim a liberdade de “casar-se” com uma pessoa do mesmo sexo e a exigência de o Estado reconhecer essa forma de “família”. Se não existe uma vocação da mulher à maternidade, pode-se falar no direito a “interromper a gravidez”, colocado entre os “direitos sexuais e reprodutivos”. Homossexualismo, transexualismo, travestismo, adoção de crianças por duplas homossexuais, prostituição, pedofilia e aborto são algumas das tristes consequências dessa ideologia.

Além da palavra “gênero”, Jorge Scala faz uma lista de locuções habilmente usadas para manipular a linguagem: opção sexual, igualdade sexual, direitos sexuais e reprodutivos, saúde sexual e reprodutiva, igualdade e desigualdade de gênero, “empoderamento” da mulher, “patriarcado”, “sexismo”, cidadania, “direito ao aborto”, gravidez não desejada, “tipos” de família, “androcentrismo”, “casamento homossexual”, sexualidade polifórmica, “parentalidade”, “heterossexualidade obrigatória” e “homofobia”. “Como se pode ver — prossegue o autor — trata-se de uma nova linguagem, de características esotéricas, cuja função é assegurar a confusão”. É digno de nota como ele adverte-nos sobre o perigo de usar a palavra “heterossexual”:

Devo confessar ao leitor que não sou “heterossexual”. Na realidade os “heterossexuais” não existem. Explico-me: sou apenas homem, sem nenhum acréscimo porque qualquer um deles é desnecessário. Todos nós, seres humanos, podemos ser apenas homens ou mulheres, em relação à sexualidade. Não existe nenhum “terceiro sexo”. É verdade que existem pessoas com anomalias sexuais de diversos tipos. Isto é verdade. Entre tais anomalias, existem algumas de origem biológica, como o hermafroditismo; e outras de origem psíquica, como a homossexualidade, o lesbianismo, o travestismo etc.. Portanto, quem utiliza o termo “heterossexual” para contrapô-lo a “homossexual”, está afirmando, implicitamente, que ambas as categorias são igualmente válidas e opcionais; por isso, alguns escolheriam ser “heterossexuais” e outros “homossexuais”. A realidade é o contrário: a normalidade física e psíquica em matéria de sexualidade tem apenas duas versões: mulher e homem. Então, a “heterossexualidade” não existe. Do mesmo modo que ninguém pensa em chamar uma pessoa de “não leproso” ou “não diabético”, por contraposição a um “leproso” ou a um “diabético”. É tão absurdo quanto incorreto falar de “heterossexuais”. Esse vocábulo não é inocente, ainda quando a maioria das pessoas utiliza o termo sem perceber que está sendo manipulada semanticamente.

É preocupante ver como no Brasil os cristãos têm-se deixado cair nas armadilhas da linguagem de “gênero”. Diz-se, sem mais, que a Igreja é contrária à “discriminação” aos homossexuais. Ora, isso não é exato. O Catecismo da Igreja Católica teve o cuidado de distinguir: “evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta” (n.º 2358). O texto supõe, portanto, que a Igreja admite discriminações justas para com os homossexuais. E de fato admite. Uma delas é a proibição de receberem a Sagrada Comunhão, enquanto não abandonarem seu pecado (o que vale também para qualquer outro pecado grave). Outra é a impossibilidade de serem admitidos em seminários e casas religiosas.

De modo semelhante, um cristão não deve dizer que se opõe à “homofobia”, pois este vocábulo pejorativo foi criado para designar as discriminações justas[5].

Diferenças naturais entre os sexos
Para combater a ideologia de gênero, Jorge Scala mostra as diferenças naturais que existem entre o homem e a mulher, que são “dois modos diferentes de encarnar a humanidade”.

A mulher tem uma capacidade inata de dar atenção, o que a torna mais predisposta a dar aulas a crianças pequenas. Esse dom inato permite que várias mulheres falem simultaneamente, prestem atenção e respondam a cada uma das interlocutoras. Um homem submetido a essa “pressão” em pouco tempo começa com enxaqueca.

O homem tem maior capacidade de concentração, o que torna para ele muitas vezes mais fácil a demonstração de um difícil teorema matemático.

Com relação à percepção visual, a mulher capta os detalhes; o homem tem uma visão de conjunto. A visão estratégica, a capacidade de síntese, o amor a toda a humanidade — desconsiderando em parte o próximo —, a paixão pela coisa pública são atitudes varonis. Ao contrário, a percepção sensível e amorosa de um dos detalhes, o interesse autêntico pelo próximo e o tornar acolhedores os espaços físicos que ocupa são modos femininos de se relacionar com o ambiente.

Diante de um fato externo — qualquer que seja ele — a mulher reage de forma integrada, isto é, capta-o simultaneamente com sua inteligência, sua vontade e seus afetos. O homem reage primeiramente de forma racional, colocando os sentimentos e a vontade como que entre parênteses. Isso lhe possibilita analisar com frieza fatos comoventes, sem que signifique insensibilidade.

O que é ser homem e o que é ser mulher?
Identificar o ser mulher com a maternidade é algo execrado pelas feministas de gênero. Em 31/01/2000, o Comitê sobre e Eliminação da Discriminação contra a Mulher criticou a Bielo-Rússia (ou Belarus) por ter reintroduzido símbolos como o “Dia das Mães” e o “Prêmio das Mães”, o que foi visto como “um encorajamento aos papéis tradicionais das mulheres”. O mesmo Comitê propôs a “introdução da educação de direitos humanos e de gênero” como remédio para essa “estereotipação”[6]. No entanto, Jorge Scala afirma que o que define cada um dos sexos é justamente sua vocação procriadora:

Em definitivo, ser mulher é a maternidade e ser homem é a paternidade. Ora, isto deve ser entendido em um sentido antropológico. É, portanto, independente do fato de terem sido mãe ou pai biológicos.

E o que é a maternidade ou — o que dá no mesmo — o que é a mulher? A maternidade é a qualidade inata pela qual as mulheres sempre acolhem outros seres humanos — especialmente os entes queridos. E isto implica duas coisas: 1º) que elas estão sempre presentes — transcendendo até a distância física da separação; e 2º) que essa presença significa incondicionalidade absoluta em relação ao outro — em especial ao filho.
[...]
E o que é a paternidade ou — o que é equivalente — o que é o homem? A paternidade é a missão masculina que consiste em encarnar a autoridade. Para isso deve dar — sempre e sem exceções — o bom exemplo, fazendo o que deve ser feito em cada situação, ainda que isso signifique, muitas vezes, sofrer um prejuízo ou padecer uma injustiça.

Essa lição é particularmente oportuna neste momento em que o Supremo Tribunal Federal, seguindo a ideologia de gênero, reconheceu como “família” as uniões de pessoas do mesmo sexo, totalmente fechadas à procriação e à complementação homem-mulher.

Anápolis, 15 de julho de 2011.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.
______
[1] CONFERENCIA EPISCOPAL PERUANA. Comisión Episcopal de Apostolado Laical. Comisión ad–hoc de la mujer. La ideología de género: sus peligros y alcances. Lima, abr. 1998. Disponível em http://www.vidahumana.org/vidafam/iglesia/genero.html.
[2] SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional de morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004.
[3] Cf. SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional de morte. Introdução (p. 11-12).
[4] Cf. PAULO VI. Humanae Vitae, 1968, n. 10.
[5] É intenção do PLC 122/2006, cuja atual relatora é a senadora Marta Suplicy (PT/SP), tornar crime qualquer conduta “homofóbica”.
[6] Concluding Observations of the Committee on the Elimination of Discrimination Against Women: Belarus. 31/01/2000.

9 de julho de 2011

DROGA! O “barato” sai muito caro e pode levar ao hospício e ao cemitério!

No dia 3 p.p, a “Folha de S. Paulo” publicou um artigo muito relacionado com o assunto que aqui temos exposto ultimamente. Achei-o interessantíssimo, pois o autor — pseudônimo Ferreira Gullar — mostra muito bem a perplexidade que se pode ter ao tomar conhecimento de que a mais alta corte do Brasil aprovou a “Marcha da Maconha”, e a ilogicidade que há em chancelar uma manifestação (tudo bem), mas que faz apologia da droga — “o que torna possível, democraticamente, a realização amanhã de marchas da cocaína e do crack”, como afirma o autor.
A seguir a íntegra do artigo, pois vale muito pena “saboreá-lo”, uma vez que escrito com muita perspicácia e inteligência. Apenas tomei a liberdade de assinalar alguns trechinhos.

E a diamba, hein, quem diria!
Ferreira Gullar
Folha de S. Paulo, 3 de julho de 2011


Senti um arrepio quando soube que o Supremo Tribunal Federal aprovou a Marcha da Maconha. O Supremo! É que, nesta cabeça maranhense, maconha se liga a meus antigos companheiros da praia do Caju, e não aos garotões de Ipanema. Senti-me, de certo modo, homenageado, não por mim — que não me dei bem com a diamba (nome dela no Maranhão) ao experimentá-la —, mas por Maninho e Pereba, fumantes inveterados.

Num primeiro momento, pareceu-me que o Supremo aprovara o uso da maconha, mas, lendo com atenção, vi que os ministros só aprovaram a marcha em favor dela, não fumá-la, já que isso é crime. Ah, bom, disse a mim mesmo, pois estava achando estranho um tribunal supremo sair em defesa de uma droga que deixa o cara doidão.

Já eu, ligadão no vício da indagação, não pude deixar de me perguntar: mas a marcha não é para fazer valer o direito de o cidadão puxar o seu fumo dentro da lei? Quer dizer que o Supremo é a favor da marcha, mas contra seu objetivo.

O relator da matéria, ao propor a aprovação da tal manifestação, esclareceu que não permitia aos manifestantes fazerem a apologia da maconha. E aí fiquei sem entender direito, porque, se a marcha visa a legalizar o seu uso, realizá-la é proclamar a público que a maconha é uma coisa boa, inofensiva e, mais que isso, um barato.

Veja bem, não estou contra nem a favor, estou apenas procurando entender a lógica do Supremo. E por isso me pergunto: iria alguém para a rua para defender algo que considerasse pernicioso? Claro que não. Logo a marcha é, implicitamente, uma apologia da maconha, ou não haveria por que fazê-la.

Houve mesmo um ministro que, empolgado, defendeu o direito de todo cidadão manifestar-se a favor das drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, o que torna possível, democraticamente, a realização amanhã de marchas da cocaína e do crack.

Espero que o leitor não conclua daí que sou contra essas marchas. Como o Supremo, me oponho apenas à apologia. A única marcha a que me opus, faz muitos anos, foi aquela de 1964, a da família com Deus pela liberdade. E me dei mal.

Voltando à praia do Caju e ao beco do Precipício dos anos 1940, quando maconha era coisa de marginal, lamento que Maninho e Pereba não tenham vivido o suficiente para assistirem à prestigiosa ascensão da erva, hoje objeto da atenção de ministros e ex-presidentes da República e até de um Prêmio Nobel de Literatura. Se aqui ainda estivessem, certamente se sentiriam antecipadores de uma revolução dos costumes. Mas, como passaram da maconha à cocaína, um terminou louco num hospício, e o outro foi morto pelo tráfico.

Quanto a mim, que sobrevivi, não mereço as honras devidas aos precursores e mártires, pois, já naquela época, “careta” por vocação, tentei convencê-los de que o chope do Motobar também dava barato e era menos perigoso. É verdade que não fiquei no chope, pois logo descobriria o barato da poesia, a que me entrego até hoje.

Troquei São Luís pelo Rio, o Motobar pelo Vermelhinho e pude, muitos anos depois, assistir à internacionalização da maconha, arrastando consigo já não os Maninhos e os Perebas, mas jovens da classe média do mundo inteiro.

De novo, os vi passarem da maconha à cocaína e endoidarem. Está certo ou errado? Foi escolha deles e cada um, como se sabe, tem o direito de dar à vida o rumo que quiser, no que, tenho certeza, os ministros do Supremo concordarão comigo.

Só espero que os traficantes não se valham disso para cobrir a cidade com grandes outdoors, afirmando que “cheirar é um direito de todo cidadão”. Ou seja, se você acha que cheirar faz mal, não cheire, mas não queira impedir o outro de fazê-lo. Cada um é dono de seu nariz. Como tenho a mania de meter o nariz onde não devo, ponho em questão também essa tese. Sem dúvida, cada um faz o que quer com seu nariz, desde que, com isso, não crie problemas para o nariz alheio.

Pois a verdade é que, se o garoto adere às drogas e não tem grana para comprá-las, mete a mão na bolsa da mamãe. Drogado, pode sair doidão com o carro do papai e atropelar alguém. Por essas e outras é que não participo da Marcha da Maconha, mas, se promoverem marchas pela melhora do atendimento psiquiátrico, contem comigo.

6 de julho de 2011

Maconha não pode ser considerada como “droga leve”

A propósito do post (Aos maconheiros de plantão: O “argumento-fumaça”, dos defensores da maconha, é uma droga! recebi uma objeção indignada (abaixo), assinada por Morpheus. Ignoro se nome ou pseudônimo. Em todo caso, é o nome do deus do sono e dos sonhos... Apesar desse nosso amigo sonhar com a maconha liberada e apresentar um argumento "viciado",  segui seu conselho: “pesquise um pouco mais”. Comecei, mas logo de início interrompi, pois me deparei com uma pesquisa já feita. Assim, além de ganhar tempo, posso transcrever um texto, não desse modesto rabiscador-blogueiro, mas de especialistas no assunto drogas. Eles deixam claro que a maconha é considerada uma droga leve só em tese, pois, na prática, ela abre portas para o pior do submundo. (segue mais abaixo, matéria publicada na revista “VEJA”). 

Morpheus deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Aos maconheiros de plantão: O “argumento-fumaça”,...":
“A passeata em si vai contra o tráfico! Pois regularizando o consumo, não haveria o por que de alguém querer comprar uma erva toda modificada quimicamente de um traficante!
Imagine o dinheiro que os policiais corruptos iriam deixar de ganhar dos traficantes? Por que a policia não fecha as bocas que vendem drogas?
É pura burrice pensar que o "sonho de qualquer traficante é a maconha liberada"......
Pesquise um pouco mais.. Pois é ignorância ser contra algo que nem mesmo conhece. O alcool é uma droga muito mais forte e viciante e mesmo assim é vista como algo comum.. isso é certo? Só porque está dentro da "lei"?
Cigarro é muito mais viciante que a erva.. Falo isso por experiência própria. E está dentro da "lei"..
Antigamente era BONITO fumar, concorda? Mas, hoje em dia.. a MIDIA impoem o contrario.. Agora não é mais bonito fumar.. pois é PROVADO que mata.. e mesmo assim está na lei.. é permitido!
Morpheus

Antes de transcrever trechos da matéria publicada na revista “VEJA” (06/06/2011), intitulada “A utopia de desfazer o nó”, de Otávio Cabral, transcrevo algumas cartas que a revista recebeu ("VEJA" 15/06/2011), comentando tal matéria:

"Nunca prendemos tanta gente. A razão é simples: o número de criminosos está aumentando porque a demanda por droga também cresceu. É a lei da oferta e da procura".
Delegado Reinaldo Corrêa
Departamento de narcóticos da polícia paulista.

“Muito interessante a forma como foi feita a reportagem, abrindo espaço para reflexões. É visível que o problema não se resolve com o trabalho de combate. A solução real é a educação de qualidade para as nossas crianças e adolescentes como instrumento de prevenção. Trabalho há quase trinta anos com usuários de drogas e dependentes químicos e posso confirmar os sérios riscos que a pessoa corre ao fumar maconha. Entre outros perigos, quando o indivíduo é geneticamente predisposto para a psicose (o que é previamente desconhecido por ele), o uso pode desencadear um surto e até um quadro psicótico permanente”.
Roberto Lúcio Viera de Souza
Médico psiquiatra
Belo Horizonte, MG

“Fernando Henrique Cardoso sai “explicando” o THC (maconha) e diz que errou quando agiu antes. Quem garante que ele está certo agora?”
José Francisco Veloso
Doutor em dependência química
Vila Velha, ES

“O Brasil de hoje insiste em privilegiar as minorias, com métodos subliminares, ineficientes e ofensivos à maioria. A regulamentação do uso da maconha atende somente aos apelos da hipocrisia e da indolência. O cidadão de bem não está interessado nesse debate, não obstante seja vitimado caos social provocado pela sua demanda. A liberação não reduzirá a violência nem o poder do narcotráfico, muito menos o consumo. A violência persistiria, porque existem outras drogas mais baratas e devastadoras. O poder do narcotráfico restaria intocável, mediante o fomento do mercado paralelo. E o adepto do baseado prosseguiria puxando o seu, sem ser importunado. Antes das experiências alienígenas o Brasil precisa provar um daqueles planos de segurança sucessivamente engavetados pelos governantes, precisa da verticalização dos bons exemplos e da atenção aos seus filhos decentes e trabalhadores. A perdição da humanidade jaz nessa relatividade dos conceitos, responsável pela insegurança jurídica, pela descrença nas instituições, pelo desmantelamento dos lares, pelos desvarios da sociedade”.
Lucia Castralli
Delegada de Polícia Federal
Salvador, BA

“É ilusão acreditar que a descriminalização de drogas vai acabar com o tráfico. O tráfico é igual ao contrabandista, sempre oferecerá um preço mais baixo porque não paga impostos”.
Ronaldo Pianowski de Moraes
Curitiba, PR
A utopia de desfazer o nó
Veja - 06/06/2011 [trechos]
Otávio Cabral

O Brasil é o único país que faz fronteira com os três maiores produtores de coca do mundo: Peru, Colômbia e Bolívia. Dos três, apenas a Colômbia tem uma política agressiva de combate às drogas. A Bolívia é governada por um ex-cocalero, e o Peru será apontado na próxima semana pela ONU como o maior produtor mundial da droga. O plantio da coca, antes concentrado nos vales andinos, já chegou à Amazônia peruana, ao lado do Brasil. No total, as fronteiras brasileiras somam mais de 24000 quilômetros. Mesmo que o país contasse com o mais eficiente sistema de segurança do mundo, seria impossível barrar a entrada de drogas por tal vastidão – que dirá, então, com os míseros 27 postos da Polícia Federal instalados para vigiá-la. Sofremos, ainda, com corrupção generalizada e verticalizada, que atinge todos os escalões de todas as instituições. A alta taxa de informalidade da economia é outra grande amiga dos criminosos: permite ao tráfico fincar estacas em rodas as regiões do país, cooptando jovens sem instrução, de famílias pobres e desestruturadas. Da geografia às mazelas crônicas do país, portanto, tudo conspira para que no Brasil o tráfico floresça e produza sua horda de viciados. Que, nem adianta enganar-se, não ganhariam nenhum amparo real de um sistema de saúde tão falido que, em certas regiões, não consegue atender a queixas básicas.

Países que já solucionaram essas questões provavelmente teriam a ganhar em ao menos examinar argumentos como os expostos em Quebrando o Tabu antes de descartá-las. Mas, mesmo nesses, a descriminalização deixaria a descoberto uma questão essencial. Veja-se o caso da Holanda, onde a venda varejista de maconha e haxixe em coffee shops é aceita e regulada e a venda no atacado, por assim dizer, é crime. Como a droga segue abastecendo o comércio, é óbvio que há uma medida de conivência do estado com o tráfico. Que, sim, é um problema do qual os holandeses têm de se defender ferozmente. Por isso países como a Suécia reverteram suas políticas liberalizantes. No início da década de 60, os suecos estiveram entre os primeiros a aceitar o uso de entorpecentes. Mas o afrouxamento fez explodir o número de usuários e congestionou o sistema de saúde. Na década seguinte, então, o país endureceu a legislação e voltou a proibir ouso e a impor penas tanto a traficantes como a usuários. Hoje, a Suécia tem um terço da média europeia de usuários de drogas. Na Suíça, na década de 80, foram criados os "parques da seringa", onde se podia consumir qualquer tipo de droga sem ser incomodado. A ex-presidente Ruth Dreifuss (1999) admite o fracasso: "Perdemos o controle dos parques: os criminosos os aproveitavam para trazer drogas para os viciados". Por dez anos seguidos, nos Estados Unidos, a política da tolerância zero fez cair o consumo de maconha entre os estudantes. Há três anos, ele voltou a subir: segundo especialistas, efeito direto da liberação da maconha para fins medicinais na Califórnia e em outra dezena de estados – a qual favoreceu o surgimento de uma rede de "médicos-traficantes" que prescrevem a erva a qualquer um que pague entre 100 e 500 dólares por uma receita.

No Brasil, qualquer discussão que vise a mitigar o problema das drogas tem de reconhecer a tragédia pandêmica e assassina do crack. Essa forma de consumir cocaína, antes restrita às grandes cidades, hoje está espalhada pelo país. Mais destrutivo ainda, o óxi chegou aos centros urbanos a 2 reais a pedra. "Não há dúvida de que a maconha é uma porta de entrada. Ninguém começa direto no crack. Primeiro é o cigarro, depois uma cervejinha, um baseado...", diz o psiquiatra André Malbergier, da Universidade de São Paulo. Segundo essa visão, qualquer tolerância ao uso da maconha provocaria, de imediato, um aumento do consumo, alargando a porta de entrada a que se refere o psiquiatra Malbergier.
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O tráfico tem a maconha como seu produto mais vendido, embora menos lucrativo que a cocaína e o crack. Tráfico que sitia partes de cidades, arregimenta jovens para o crime, decreta toque de recolher, substitui o estado e abre portas para outros tipos de delito, como tráfico de armas, sequestro, homicídio e roubo de carros. Em suma, quem fuma maconha está ajudando a movimentar a roda do crime. Ela é também um problema de saúde pública. Pelo menos 6% dos usuários se tornam viciados. É menos que o álcool (15%) e a cocaína (40%), mas o índice não pode ser desprezado. No período de uso intenso, há alteração da memória e da capacidade de concentração. Se for muito utilizada na adolescência, pode antecipar transtornos psíquicos. "Em meu consultório, atendo garotos que perderam o controle. Como acham que a maconha não traz problemas, eles usam de manhã, de tarde e à noite. Saem do eixo, deixam a escola", alerta Arthur Guerra.
[...]

4 de julho de 2011

Aos maconheiros de plantão: O “argumento-fumaça”, dos defensores da maconha, é uma droga!

No dia 2-7-11, o movimento pró-maconha, “baseado” em equívocos, concentrou cerca de mil pessoas na Av. Paulista para a 1ª Marcha após a liberação concedida pelo STF.

Paulo Roberto Campos


A autorização da "Marcha da Maconha" — um ato ilícito que acaba incentivando o consumo de outros tipos de droga — continua causando muita indignação contra a decisão do STF. E, como veremos, com muita razão.


A aprovação da passeata dos maconheiros — que os traficantes agradecem — fez-me lembrar o que ouvi certa vez: “O problema do Rio de Janeiro é a influência do tráfico; o problema de Brasília é o tráfico de influência...”


Uma senhora mandou-me um e-mail contando que tem um sobrinho “viciado na maconha e [que] virou um trapo de gente, não consegue estudar nem trabalhar. Minha irmã fez de tudo para inseri-lo no mercado de trabalho, mas ele não consegue fazer nada; com uma cabeça de fumaça não passa por nenhuma entrevista. Virou um vagabundo, endividado, gasta o dinheiro que não tem para comprar a maldita cannabis”.

Convite para a "Marcha da Maconha"
do dia 2 de julho 2011
Este é apenas um exemplo de como a maconha contribui para a degenerescência das famílias. Mas, por incrível que pareça, até mesmo certos personagens famosos — atualmente em alta cotação na bolsa das vaidades intelectuais — têm aparecido na mídia “argumentando” falaciosamente a favor da descriminalização da maconha. É de se perguntar se eles não estão com suas mentes semelhantes ao do pobre rapaz acima mencionado: “cabeça de fumaça”. Pois seus “argumentos” — perdoem-me — são “baseados” em equívocos e “viajam” em ilusões...


Para auxiliar as famílias com contra-argumentos sólidos e bem fundamentados, vejamos alguns fornecidos pelo Dr. Marcio Sergio Christino, Procurador de Justiça de São Paulo e um dos maiores especialistas brasileiros na área de crime organizado, por ocasião de recente entrevista à “Folha de S. Paulo”.


Para ele, a liberação da maconha contribuirá muitíssimo para o fortalecimento de um grupo: o dos traficantes. Ademais, não diminuirá a violência, muito pelo contrário. Segundo o procurador, a defesa do consumo da maconha favorece o tráfico de droga, pois, aumentando o consumo, aumenta o poder de quem vende o produto, não importando se a venda é de maconha, cocaína, crack, ecstasy ou óxi.
Maconha apreendida pela PM
Sonho de qualquer traficante é a
maconha liberada, diz procurador
Rogério Pagnan
“Folha de S. Paulo”, 29 de junho de 2011

O procurador de Justiça de São Paulo Marcio Sergio Christino, um dos principais especialistas do país em crime organizado, diz que a eventual liberação da maconha no país fortalecerá ainda mais as facções criminosas. Segundo ele, os traficantes poderão usar empresas legais para lavar o dinheiro da venda de outras drogas e ter livre acesso aos usuários.
O assunto voltou a repercutir após o STF decidir que não há impedimento legal às manifestações a favor da descriminalização da maconha.

FOLHA — O que a liberação da maconha poderá provocar?
MARCIO SERGIO CHRISTINO — Se você está dizendo que todos podem consumir, está dizendo que todos podem comprar. Está, então, admitindo que alguém vai ser o fornecedor. Qual é a conseqüência? Você cria um mercado cativo, fixo, sem ter o fornecedor. Isso vai intensificar a venda.
Significa dizer que o tráfico, da forma como existe hoje, vai se fortalecer e se expandir. Porque o traficante que vende a maconha é o mesmo que vende a cocaína, o crack, as outras drogas. Então, na prática, liberar o consumo fortalecerá o tráfico. E todo ele, não apenas o das chamadas drogas leves. Isso é o sonho de consumo de qualquer traficante.

E se houver um controle rigoroso da venda?
Vamos utilizar o modelo holandês? Português? Nenhum deles é compatível com o nosso. São países pequenos e muito distantes dos mercados produtores. Nossa realidade é diferente. Tem muita plantação na região Nordeste, e não conseguimos fazer um controle como eles.
Você só poderia falar em acabar com o tráfico se tivesse uma rede de fornecimento de maconha que permitisse a entrega gratuitamente. Como se destrói o tráfico? São os princípios econômicos. Você vende um produto melhor com um preço mais baixo. O Estado vai assumir esse papel de vender entorpecente por preço mais baixo em larga escala a toda a população? É viável isso? Não num país como o nosso.

Lojas legais poderiam ser utilizadas pelos traficantes?
Eles utilizarão a própria loja que vende maconha para lavar o dinheiro das outras drogas. O traficante vende de tudo, é um princípio de economia. Não é um raciocínio criminoso. É um raciocínio de empresário. Isso é o sonho de qualquer traficante. Vou vender pra caramba, todo mundo vai consumir, consumir não é crime, ninguém vai reprimir e vou vender à vontade.

E a legislação atual?
A nova legislação é esquizofrênica. Devido a alguns critérios de redução de pena, temos a menor pena de tráfico de drogas do mundo. É a velha idéia de que o preso custa caro, de que o tráfico não é visto como crime violento. Nossa legislação quer punir, mas não pune. Quer proteger, mas não protege.