30 de julho de 2014

CNBB defende Decreto presidencial que levará o Brasil rumo ao modelo venezuelano

O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira alertou a opinião pública sobre os perigos do Decreto presidencial 8.243, em comunicado intitulado “Importante passo rumo ao modelo venezuelano”. Destacava o texto que a efetivação do Decreto poderia ser qualificada como uma tentativa de golpe de Estado incruento; e acrescentava: “Fica assim instituído um sistema paralelo de poder, que consagra na prática uma ditadura do Executivo, na pessoa do Secretário-Geral da Presidência da República, o ex-seminarista Gilberto Carvalho, quem habitualmente faz a ponte entre o governo e a CNBB”.

É, pois, muito preocupante constatar – especialmente para os católicos – que a CNBB, no seu documento de nº 91 [foto ao lado], defende a existência de tais “conselhos populares” e a “radicalização da democracia”, um eufemismo para a chamada “democracia popular”, aos moldes da aplicada pelos “soviets” na Rússia e em outros países, e que deu origem a regimes políticos materialistas, ditatoriais e sanguinários.
Em artigo publicado recentemente, o Prof. Hermes Rodrigues Nery, coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, mostra como o sistema de “conselhos” já é uma realidade na organização eclesial instituída pelas correntes progressistas dentro da Igreja.
Mostra ainda o artigo como continua a ser a “esquerda católica”, com base numa interpretação distorcida da doutrina católica, a impulsionar uma ação revolucionária e libertadora, cuja ação específica é a derrocada do statu quo atual; a CNBB, intervindo uma vez mais em assuntos da competência especificamente temporal, silencia sua missão espiritual, quando tantas investidas são feitas contra a família cristã e o sagrado direito de propriedade.

Este site convida seus leitores a conhecer a descrição, feita pelo Prof. Hermes Rodrigues Nery, dos métodos utilizados pelas correntes progressistas para silenciar aqueles que querem impedir os graves atentados da legislação estatal contra os mandamentos da Lei de Deus.
À Esquerda, o ex-seminarista Gilberto Carvalho, atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, serve de “ponte” entre o governo e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. No centro, Dom Leonardo Steine, secretário-geral da CNBB, na coletiva de lançamento da 50ª edição da Campanha da Fraternidade. [Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr]

Ouviremos os conselhos!

Documento nº 91 da CNBB defende “conselhos” e “radicalização da democracia”.
Hermes Rodrigues Nery (*)

Os progressistas assumiram postos de comando, tornaram-se ordenadores de despesa, formaram seus “conselhos” e os doutrinaram na ideologia marxista, para justificar e legitimar os encaminhamentos da “democracia radical” dentro da Igreja, relegando os padres conservadores aos papéis secundários de vigários, sem poder algum de decisão.
Em 2010, por ocasião da 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada em Brasília (para comemorar o jubileu de ouro da fundação da capital federal, em pleno planalto central do País, o então secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa apresentou o documento nº 91: “Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática”, assinado em 11 de março daquele ano, meses antes do pleito que elegeria Dilma Rousseff como presidente. Naqueles dias da 48ª Assembleia, estive em Brasília, e procurei vários bispos, inclusive o próprio Dom Dimas, chamando a atenção do Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que o então presidente Lula havia apresentado nas vésperas do Natal do ano anterior, e que causou grande apreensão em vários setores da sociedade brasileira. Solicitamos que a CNBB tivesse um posicionamento firme sobre o aspecto anticristão do PNDH3. Mas não foi possível tal posição. Os temas da Assembleia vinham das bases, e um deles era o documento nº 91. “Um tema para entrar aqui em discussão vem das bases, dos conselhos!”, ressaltou um dos prelados. Em relação ao PNDH3, a apreensão inicial foi apenas passageira. Logo as vozes se calaram, e vieram as acomodações conhecidas.  A execução do PNDH3 continuou como prioridade do governo do PT, legitimado pelo silêncio e conivência de muitos. Depois que passou a chiadeira inicial, o PT se sentiu respaldado a agir com mais celeridade aos propósitos contidos no PNDH3.

Muitos bispos fizeram descaso dos apelos feitos, e quando a voz solitária e heróica de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, o Leão de Guarulhos, clamou em defesa dos nascituros, denunciando a agenda abortista do PT em plena campanha eleitoral, muitos outros religiosos e leigos católicos da esquerda se juntaram para assinarem uma carta de apoio a Dilma Rousseff, incensada por Leonardo Boff, em evento no Rio de Janeiro. No ano seguinte, estando com Dom Bergonzini em Londrina (PR), conversamos sobre a situação nacional, e ele afirmou que continuaria quantas vezes fosse preciso se posicionando em fidelidade ao Magistério da Igreja, à sã doutrina, denunciando a agenda abortista do PT e o seu projeto de poder totalitário, confirmando assim a valentia que faltava a muitos outros religiosos e leigos católicos. Estivemos juntos novamente num ato público na Praça da Sé, em que saímos em direção ao Fórum João Mendes, onde ele protocolou uma ação contra as “Católicas pelo Direito de Decidir”. No ano seguinte, nos reencontramos no plenário do Supremo Tribunal Federal, na votação da ADPF 54, quando o STF decidiu aceitar o aborto em casos de anencefalia. Havíamos feito uma vigília durante a noite antes da votação, em frente o STF. E ainda durante a votação, quando a maioria dos ministros já havia deliberado, Dom Bergonzini saiu da sessão e foi rezar um terço em frente o STF. Ele sabia que, naquele momento, pela via judiciária estava se abrindo uma brecha para a legalização do aborto no Brasil, e que a Presidente Dilma Rousseff não cumpriria sua promessa de campanha de que não tomaria iniciativa nesse sentido, o que se confirmou, mais tarde, com a sanção da Lei 12.845/2013, de triste memória. A imagem de Dom Bergonzini sozinho diante do STF, debaixo de um sol escaldante, no meio da tarde, foi de cortar o coração. O Leão de Guarulhos não se abateria até o último minuto de vida, dando o exemplo de um combatente, enquanto Igreja militante.

Via crucis de uma campanha contra o aborto
No mesmo período, percorríamos as paróquias de algumas dioceses do estado de São Paulo coletando assinaturas para a “Campanha São Paulo pela Vida”, com o objetivo de incluir na constituição estadual paulista o direito a vida, desde a concepção, via iniciativa popular. Foi então que comecei a perceber uma realidade mais terrível, que ainda não tinha me dado conta. Ao apresentar a campanha aos padres, nas reuniões diocesanas de presbíteros, muitos deles disseram: “a proposta é boa, mas temos que primeiro ouvir “os conselhos” paroquiais. “Pessoalmente sou a favor da campanha, acho bonita esta iniciativa, mas temos que ouvir “os conselhos”. E de outro pároco: “Não posso simplesmente apresentar um projeto bonito desses como se fosse coisa minha, ou pior ainda, como se fosse coisa do bispo, você entende? Tudo será decidido nos conselhos.”
E então, a coisa emperrou. Algo aconteceu que não entendíamos. Só funcionou quando o pároco, com a sua prerrogativa de decisão, autorizou que fossemos ao final da missa falar sobre a campanha e, em seguida, fizéssemos a coleta de assinaturas. Em muitos casos, o pároco disse que colocaria a disposição agentes pastorais. Mas quando chegávamos lá, para o mutirão pela vida, nem mesa, nem canetas, nada de estrutura mínima. Tínhamos que levar tudo por nossa conta, em certos casos, nem mesmo o pároco lá estava. A missa era rezada por um vigário, que nem sabia do que estava acontecendo, porque ninguém avisou nada. “Acho que vocês estão sendo boicotados”, nos disse uma senhora que veio assinar o formulário contra o aborto.
A campanha contra o aborto no estado de São Paulo se tornou um calvário, porque nos deu a constatação de que boa parte das paróquias visitadas está dominada por “conselhos” imbuídos de ideologia marxista, que não consideravam relevante a causa da defesa da vida desde a concepção. “Vocês estão obcecados pela questão do aborto”, nos disseram. Se for um abaixo-assinado para dar moradia aos sem teto, terras para o morador de rua e direitos sociais aos afrodescendentes, então contem com a gente”. Mais tarde tivemos que ouvir de um dos líderes dos conselhos: “Até o papa já disse que vocês estão obcecados pela questão do aborto!” Um deles foi mais longe: “Direito primeiro ao já nascido!”. Mesmo assim, continuamos percorrendo as dioceses, algumas nos acolhendo muito bem, abrindo as portas, como o bispo de Campinas. Então fui pessoalmente falar com Dom Damasceno, presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida. Ele foi bem receptivo e acolhedor, abrindo as portas da Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, onde fizemos um mutirão de coleta de assinaturas lá. E também Dom Beni, que telefonou autorizando um dia de coleta na Canção Nova. Mas foi apenas um único dia de mutirão. Depois, tínhamos que voltar às paróquias, e submeter o abaixo-assinado à vontade dos “conselhos”. E quando isso acontecia, emperrava de novo.
Bispos conservadores e fiéis ao Magistério da Igreja nos recebiam, ouviam e acolhiam, anuindo com a proposta. Quando os formulários eram encaminhados para às bases, meses decorriam sem que houvesse algum retorno.  O Regional Sul 1 da CNBB, graças ao Pe. Berardo Graz, dando apoio, conseguimos mobilizar outras comissões em defesa da vida, e obter juntos, mais de cento e cinquenta mil assinaturas. Mas precisávamos chegar a trezentas e trinta mil. Tivemos então que fazer um mapeamento de paróquia por paróquia, identificar qual padre acolheria, e mesmo assim, qual tomaria a decisão dele mesmo fazer acontecer. Quando ia para os “conselhos”, estancava. Mesmo assim, chegamos a mais da metade do número de assinaturas exigidas pela legislação, e como desejávamos fazer a ação vir do seio da Igreja Católica, o trabalho demorou mais para fluir. “Chamem os evangélicos, vocês precisam dos evangélicos!” Mas queríamos muito a iniciativa dos católicos. A grande lição da campanha foi a de constatar o aparelhamento ideológico da Igreja Católica no Brasil. A maior parte dos “conselhos” foram criados para serem voz do esquerdismo dentro da Igreja, minando-a por dentro, corroendo a sã doutrina, fazendo com que muitos padres fiquem de mãos atadas, imobilizados, sem saber o que fazer, como reféns dos conselhos. “A fidelidade dos sacerdotes católicos deve ser com a sã doutrina”, disse eu certa vez, numa reunião de um desses “conselhos”. E uma das lideranças, com voz num tom de saltar as veias, respondeu: “Esta sã doutrina é eurocêntrica. Mas saiba que a experiência da América Latina, que veio das CEBs, o protagonismo dos “conselhos populares”, fará emergir a Igreja que queremos, a Igreja como “povo de Deus”, e não a imposta pela hierarquia”. E completou: “A questão do aborto é um obsessão desta igreja reacionária”. “O povo quer pão na mesa e terra, esse sim é o direito a vida por qual temos que lutar. E conseguiremos isso com participação popular, com ‘democracia radical’, efetivamente participativa.”
Outro aspecto percebido foi a crescente tomada de posição dos progressistas, em todos os níveis, nas paróquias, nas escolas e universidades, nas editoras, empresas e muitas instituições hoje apenas ditas católicas. Os progressistas assumiram postos de comando, tornaram-se ordenadores de despesa, formaram seus “conselhos” e os doutrinaram na ideologia marxista, para justificar e legitimar os encaminhamentos da “democracia radical” dentro da Igreja, relegando os padres conservadores aos papéis secundários de vigários, sem poder algum de decisão. Boa parte se acomodaram, evitando criar problemas, e preferindo tocar a rotina, em serviços burocráticos de atendimentos, sem intervir nas decisões, aceitando se tornar reféns dos “conselhos”. Alguns celebram a missa diária, como se fosse apenas uma obrigação profissional e nada mais. Fazem os atendimentos necessários e somem. Vários são os casos de depressão e alcoolismo, que sofrem sem saber o que fazer debaixo do mando de tais “conselhos”, com a conivência do progressista ordenador de despesa. Presenciei casos assim, nas minhas andanças em defesa da campanha contra o aborto, nas muitas visitas feitas em paróquias, de padres cerceados de suas atividades, vigiados, boicotados, que sofrem calados padecimentos incontáveis.
“O que acontece com a nossa Igreja?”, queixou-me um deles. E lembrou-me uma frase de Bento XVI, em seu livro “Jesus de Nazaré”: “E como estamos todos na realidade presos pelas potências que de um modo anônimo nos manipulam”. E me contou: “Não apenas padres sofrem com isso, mas também bispos, e mais ainda bispos eméritos conservadores, que padecem privações sob a dependência de religiosos progressistas, idosos, muitas vezes, sem família, à mercê da vontade dos progressistas. Tudo isso causa grande dor e sofrimento no seio da Igreja, que foi tomada por dentro pela implacabilidade dos progressistas, dentre os quais muitos recorrem aos “conselhos” para dar legitimidade a este cerco aos conservadores dentro da instituição. Eles sabem que ninguém vai falar nada, ninguém tem coragem de falar, e assim, aos poucos, eles avançam e ocupam mais postos de decisão.”
E então nos indagamos: o que esperar, mais adiante, em termos de defesa da sã doutrina católica, quando o próprio documento nº 91 da CNBB, em relação à reforma do Estado brasileiro, prega uma “educação popular” capaz de questionar os fundamentos do sistema político atual, questionando inclusive a “democracia representativa”, e advogando a necessidade de dar poder a “novos sujeitos históricos” (os tais “conselhos populares” defendidos pelo decreto 8243/2014 da presidente Dilma Rousseff?), propondo inclusive no referido documento, “radicalizar a democracia”, dizendo que “a democracia representativa não esgota todas as formas de vivência democrática”, “rompendo com a supremacia institucional da cultura ocidental”? Está no documento nº 91 a defesa dos “conselhos”, de modo explícito: “os conselhos paritários formam, um campo privilegiado de participação popular”, propondo “a institucionalização das estruturas de participação popular”, para “uma nova forma de viver a democracia”.
O fato é que o documento nº 91 está em muita sintonia com o pensamento contido no decreto nº 8243/2014 da presidente Dilma Rousseff. Não é a toa que Gilberto Carvalho se sente tão à vontade, ao saber que não haverá resistência alguma da Igreja ao decreto, porque o documento nº 91, que já foi lido e trabalhado em tantos finais de semanas, em muitas reuniões paroquiais, pelo País afora, defende o que está no decreto 8243/2014, mesmo muitos sem saber exatamente das consequências disso, para o País, e para a Igreja Católica no Brasil. Gilberto Carvalho sabe que as poucas vozes reacionárias não têm lastro mais nas bases já trabalhadas e tomadas, há muito tempo. Já não tem mais poder algum. E poderá rir disso, no conforto do gabinete presidencial, certo de que poderá agora avançar mais célere, em tudo aquilo que está lá contido no PNDH3, e que os próprios bispos, reunidos na 48ª Assembleia, nada disseram a respeito. Agora, poderão facilmente prosseguir no afã de sovietizar o País, repetindo aqui o queria Lênin: “todo poder aos sovietes!”
Agora ficou clara a resposta dos párocos progressistas, ao receberem o formulário da campanha contra o aborto: “ouviremos primeiro os conselhos”. E entendemos o porquê tais formulários terem ficado meses esquecidos nas gavetas dos escritórios paroquiais. Os “conselhos” decidiram que a questão do aborto não é relevante. Mesmo sabendo que a maioria do povo brasileiro é contra o aborto e pela vida (82% segundo pesquisa Vox Populi). Mas os “conselhos” representam mesmo o “povo”?
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(*) Hermes Rodrigues Nery é coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté. Especialista em Bioética, é pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. E-mail: hrneryprovida@gmail.com

26 de julho de 2014

AZULZINHO ENVERGONHADO, ESSA DECADÊNCIA


Jacinto Flecha (*)
Surpreendeu-me agradavelmente a mensagem de um leitor sobre minha crônica “muito esclarecedora” (Brim cáqui – lona – blue jeans), onde qualifiquei jeans como azulzinho envergonhado. Mais agradável ainda, a indicação que ele me fez de um link do Youtube (veja abaixo).

Agradeço ao leitor pela mensagem e pela indicação desse vídeo, onde retratos feitos por grandes pintores mostram belíssimos exemplares das roupas que as senhoras usavam antigamente, nos séculos XVIII e XIX. Um verdadeiro desfile de moda antiga e de bom gosto, tendo como fundo musical o Capricho italiano, de Tchaikovsky. Pareceu-me muito acertada a ideia dessa associação visual-auditiva, e recomendo aos leitores que apreciem esse belo conjunto. 








Vendo a beleza das roupas de antigamente, lamentei ainda mais
a vulgaridade arrogante e ostensiva do jeans, uma decadência global que se renova e generaliza ao longo do tempo. Enquanto fazia essa comparação, tive o receio de alguns leitores avaliarem como idiossincrasia o meu repúdio ao azulzinho envergonhado. Se lhe ficou essa impressão, peço que releia minha crônica, pois o que lamentei e vergastei foi a indiscutível e lamentável decadência mundial nos trajes. Compare o jeans com as roupas que desfilam ao som do Capricho italiano, e encontrará muitos pontos em que a decadência não deixa margem a dúvidas. 

Sintetizo a seguir alguns desses requintes de decadência. 
Costuras Em qualquer roupa, as costuras têm a função de prender umas partes de tecido nas outras. Só para isso elas serviam, tanto que boas costureiras e bons alfaiates procuravam ocultá-las. Neste item de perfeição se esmeravam os artífices, tornando-se tão mais conceituados quanto melhor fosse o resultado desse “disfarce” das costuras. Na indumentária jeans, é praticamente nula a possibilidade de obter belos contrastes por meio da costura, nada seria mais deprimente do que costurar ali tecidos de boa qualidade e ornamentos de belas cores. Qual a solução? Transformar costuras em ornatos. E as costuras sentiram-se tão à vontade, que resolveram destacar-se ainda mais, com linhas arrogantemente grossas, até de cores diferentes. 
RebitesTêm a finalidade de unir chapas ou outras
peças de metal, como também de couro, e são excelentes para isso. Como o tecido de jeans é quase tão grosseiro quanto couro, até compreendo que eles sirvam para a função, mas eu nunca os imaginaria como enfeites de roupas. Os fabricantes da decadência imaginaram, e logo os rebites adquiriram status de ornamentos.
Desbotamento Quando uma roupa vai se desbotando pelo uso, quem não se considere mendigo trata logo de substituí-la. Em tempos idos, as tinturarias refaziam a cor original ou a substituíam por outra, adquirindo a roupa o aspecto de nova. Não sei se o azulzinho envergonhado (será que a cor índigo é uma fusão de indigente com mendigo?) admite o trabalho de tintureiros. Mas o mundo decadente está ávido por qualquer decadência, e a palavra de ordem foi fabricar jeans pré-desbotados; ou seja, a roupa já é velha no primeiro dia de uso. Todos acharam isso normal, bom, moderno, e o mundo decadente aderiu a mais essa decadência.
Manchas Além do desbotamento, manchas indeléveis podem inutilizar uma roupa nova ou pouco usada. Os decadentes nem ligam se isso acontece com o jeans, e até admitem manchas em roupa nova, como se fossem enfeites desejáveis.
Rasgões Cortes acidentais em roupas levaram os artífices a desenvolver o cerzido invisível. Era um item de economia doméstica, especialmente para o tecido precioso. Hoje os rasgões já vêm de fábrica, e nem é possível a devolução com base no Procon. Shorts, bermudas e saiotes parecem aproveitamento de roupa velha, mas muitos já saem das fábricas assim. Elas já cortam as peças sem a parte das pernas, nem se preocupam em costurar na extremidade uma bainha, para não desfiar. Quando mais desfiado, melhor. E assim o mundo decadente prosseguiu sua decadência.[fotos no topo do artigo].
Remendos Não me lembro de ter visto jeans remendado, embora isso seja bem adequado para novo passo previsível da decadência. Roupa remendada era coisa exclusiva de trabalhadores rurais (caipiras), e remendos servem até para enfeitar fantasias de festas juninas. Mas um remendo bem visível e eloquente não seria de estranhar na roupa de um decadente de hoje. 

Relutei em manter a referência aos remendos, pois não me espantaria se algum promotor da decadência, zombando deste retrógrado cronista de bom gosto, resolvesse criar o jeans remendado. Os decadentes do mundo inteiro estão ávidos por novidades como esta. Não me culpem, se aparecer mais essa novidade, pois tenho a esperança (ou talvez a ilusão) de estar escrevendo para quem não é decadente. 

Se você comparar tudo isso com as roupas do Capricho italiano [vídeo], entenderá a extensão deplorável da decadência a que chegamos.


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Esta crônica semanal pode ser reproduzida e divulgada livremente. 
Fonte: Agência Boa Imprensa

20 de julho de 2014

Boeing 777 da Malaysia Airlines: raio que mata, mas esclarece!

O Boeing 777, da Malaysia Airlines, derrubado por um míssil terra-ar da Rússia, certamente utilizando um lançador Buk, que pode disparar projéteis a uma altitude de 22 mil metros

Paulo Roberto Campos 

A derrubada do Boeing 777, da Malaysia Airlines, por um míssil russo no dia 17 último, traz à memória uma inevitável recordação de setembro de 1983: a trágica derrubada do jumbo sul-coreano, da Korean Air Lines, atingido por um caça soviético, matando 269 passageiros. Naquela ocasião, a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) lançou um manifesto, com o título “Jumbo sul-coreano: raio que mata, mas esclarece!”, sua tradução foi publicada na revista Catolicismo, Nº 393, Setembro/1983.


Nos presentes dias, tal manifesto, mutatis mutandis, aplica-se ao atual crime cometido pelas forças russas contra o avião malaio numa região ucraniana, mas controlada por milicianos separatistas pró-Rússia, fortemente armados pelo "império" russo — ato covarde que matou 298 civis, entre os quais, 80 crianças! 

Atualmente a mídia tem publicado inúmeras notícias que revelam o plano da Rússia de expandir sua (deletéria) influência, e mesmo seu domínio, sobre nações sul-americanas, inclusive no Brasil, onde a garra soviética já se faz notar. Memento 1: a recente visita de Vladimir Putin a nosso país... Memento 2: a pobre Crimeia já sente o peso das botas soviéticas... 


Com a ascensão ao Poder no Kremlin desse ex-oficial da KGB, está renascendo o velho sonho imperialista soviético de transformar a nação brasileira e as vizinhas em colônias de Moscou. 

Que, ao menos, sirva-nos de lição a derrubada criminosa do Boeing 777 da Malásia e que o Ocidente não capitule frente as investidas da Rússia e saibamos reagir enquanto é tempo. Para servir de alerta neste sentido, transcrevo alguns trechos do aludido manifesto da TFP norte-americana, que distribuiu só em Nova York 120 mil cópias desse documento. Os leitores que desejarem tomar conhecimento de sua íntegra, podem fazê-lo clicando no seguinte link:



Jumbo sul-coreano: raio que mata, mas esclarece!

“O crime perpetrado há poucos dias por um avião de caça soviético contra o jumbo sul-coreano produziu no povo norte-americano o efeito de um raio noturno: matou infelizmente a vários, mas — precisamente como fazem tais raios — iluminou com uma claridade terrível um panorama então coberto de densas trevas. 

Densas trevas, sim, que há anos vêm toldando progressivamente os horizontes de nossa política externa, com óbvios reflexos sobre nossa política interna. E com prejuízo inestimável para toda a Nação. 

Convém que a realidade assim posta em evidência com o fulgor irresistível, mas tão transitório, de um raio, não seja esquecida pela nossa opinião pública. Lembrem-se sempre da tragédia do jumbo sul-coreano, é o conselho que a Sociedade norte-americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade —TFP oferece hoje a todos os norte-americanos. O fato tragicamente noticiado pelos meios de comunicação social no dia 2 de setembro [1983] contém para nós uma lição esclarecedora, a indicar por muitos anos o rumo de nossas cogitações e de nossas atitudes políticas. 

[...] O mais elementar patriotismo leva o homem a preferir sua morte à destruição de seu país. Com que adjetivos os grandes patriotas de nosso passado qualificariam o emprego da fórmula “melhor vermelhos do que mortos”, que enuncia, no fundo, o propósito de muitos americanos de entregarem a nação ao imperialismo soviético, contanto que salvem a própria pele? 

Mais. E pior. Com que qualificativo os grandes gigantes da Fé, dos quais nos falam o Antigo e o Novo Testamento, ou cujos feitos nos narra a História eclesiástica, haveriam de classificar os norte-americanos que, alegando princípios cristãos, ainda há pouco pleiteavam o desarmamento nuclear unilateral da América do Norte, para salvar — como se fossem valores supremos — as vidas de homens mortais, e sem embargo de entregarem assim à fera do ateísmo comunista os poucos restos preciosos que ainda existem da civilização cristã? O que diriam eles ao saberem que entre os líderes de tais norte-americanos figuram não poucos Bispos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana quando nada em sua doutrina e em sua tradição histórica dá fundamento a tal atitude? Sem embargo de já ter alcançado alguns expressivos resultados, a atuação desses norte-americanos declinou de momento, mas está pronta a erguer a cabeça na primeira ocasião. E teria todo propósito que, se tal se der, se lhes erguesse no caminho Matatias exclamando: “Eis que tudo quanto nós tínhamos de santo, de ilustre e de glorioso, está devastado e foi profanado pelos povos. De que nos adianta pois, viver ainda?” (1°. livro dos Macabeus, cap. II, versículos 12 e 13). Ou, então, Judas Macabeu bradando: “É melhor para nós morrer na guerra, do que ver os males de nosso povo e de nossos lugares santos” (1º. 1ivro dos Macabeus, cap. III, versículo 59). 
*       *      * 
O crime contra o Jumbo da Korean Air Lines, como um raio mortífero, mas esclarecedor, nos faz ver o que há de falacioso no mito da “psicodulcificação” dos soviéticos. Ficou claro que os homens que tenham preferido ficar vermelhos a morrer, cairão nas mãos dos verdugos opressores do Vietnã, dos artífices no Cambodge, de uma das mais espantosas tragédias de todos os tempos, dos promotores da construção na Sibéria de um gasoduto feito por trabalho escravo. Esses mesmos homens, entretanto, pregam por vezes, no Ocidente, a derrubada dos regimes vigentes, sob pretexto de que estes não são suficientemente liberais! 

A esses norte-americanos sirva de lição a tragédia do jumbo sul-coreano! 

Tanto mais quanto negamos que o mundo esteja reduzido à opção entre a capitulação ante o comunismo e a tragédia atômica. Esta tragédia, pode-se esperar que Deus omnipotente a poupe aos povos que saibam amá-lo mais do que à vida. Como pode ser que não a poupe aos que amam a vida mais do que a Ele”.

9 de julho de 2014

Brasil: 7 x PT: 1


Helio Dias Viana 

Quem presenciou a corrente humana de milhares de petistas mineiros que de mãos dadas preencheram anos atrás os 33 quilômetros da Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, e assistiu agora a equipe brasileira perder de forma tão humilhante para a alemã nessa mesma cidade, não pode deixar supor ser tal resultado uma inesquecível e providencial lição.

Desiludidos com o partido, muitos desses manifestantes de então fazem parte hoje dos milhões de brasileiros que passaram a compreender a verdadeira índole totalitária do PT e, em consequência, viram na esmagadora vitória da Alemanha não a derrota do Brasil, mas do lulo-petismo. E por isso, pode-se conjeturar, provavelmente estiveram entre aqueles que nos mais diversos bairros da capital das Alterosas soltaram foguetes a cada gol da Alemanha...

Sim, porque agora eles compreendem essa concatenação dos fatos: muito mais do que o futebol, o que estava em jogo era o futuro do Brasil, uma vez que a presente Copa havia sido encomendada por Luiz Inácio da Silva como importante parte do projeto de perpetuação do PT no poder. Parte esta em que o atual governo por ele bafejado gastou vários bilhões de reais, causando viva indignação em todos os setores da população brasileira e críticas até na comunidade internacional.

Aqueles que, como Lula, costumam ver bons agouros no número 13, esqueceram-se de que o número preferido da Providência é o sete. Com efeito, para exemplificar, são sete os sacramentos, sete os dons do Espírito Santo, sete as obras de misericórdia espirituais e sete as obras de misericórdia corporais. — Não terá havido de fato, nessa derrota de 7 x 1, uma lição providencial? E não devem os verdadeiros brasileiros querer estar sempre ao lado de Deus e da Pátria?

8 de julho de 2014

“Renascimento” do quê?

Pe. David Francisquini 
Fonte: Agência Boa Imprensa

Assim como o raio de sol entra por uma fresta da janela para formar um pequeno cenário de luzes e de sombras, assim também a mãe católica deve criar em torno de si, pelo seu modo de ser, um ambiente propício à formação do subconsciente dos filhos, fazendo com que as primeiras noções de moralidade e de bom comportamento deitem nele suas raízes.

À medida que consegue fazer desabrochar nos filhos o encanto por tudo aquilo que é belo, nobre e elevado, a mãe desperta neles o horror ao feio, ao imoral, à cacofonia, e desta antítese nascerá a ideia de moralidade. Esta noção fundamental fará aflorar em seus corações a necessidade da luta como um imperativo contra tudo o que lhes for contrário. Trabalho de ourivesaria que só pode ser levado a cabo dentro da família e do lar.

A criança assim formada passará a amar o que é verdadeiro e sério, a ter uma ideia exata de Deus, pois seus pais compreendem a necessidade do vínculo conjugal indissolúvel como condição normal e ideal para a formação e educação da prole. E com a concorrência mais próxima da mãe, devem saber despertar nos filhos o senso do ser, de responsabilidade e do dever. 

É no sadio ambiente familiar que se destila o espírito que deve dar sentido à vida. As cerimônias de nascimento, por exemplo, feitas com o carinho e o desvelo da mãe, incutem nos filhos a ideia de um lar cristão. Ou ainda, o reencontro diário do pai e da mãe diante de uma imagem de Jesus Crucificado ou de Maria Santíssima, na recitação do terço em família, vinca neles a ideia de Deus e da eternidade. 

As mães, pelo simples fato de cuidarem da higiene dos filhos, vão deixando claro para eles que nem tudo pode ser feito diante dos outros, como o banho, a troca de roupa, etc. Isso os remete para a noção do bem e do mal, do belo e do feio, da verdade e do erro, em suma, a noção de pecado, que é a desobediência às leis impressas naturalmente por Deus em seus pequenos corações. 

Aos domingos, a mãe conduz os filhos à Missa, onde eles devem comportar-se bem. Vêm as aulas de catecismo, já iniciado no recinto do lar. As celebrações religiosas passam a ser assíduas. Não será a babá eletrônica quem cuidará dos filhos, mas a mãe, que lhes contará belas histórias que elas mesmas, quando crianças, ouviram de seus pais. Sua entonação de voz e sua fisionomia tocam fundo no coração dos filhos, carnes de sua carne. 

Nas horas difíceis, as histórias poderão versar sobre o heroísmo e a confiança, que devem pautar seu modo de ser, de pensar e de agir. O esmero e a solicitude maternos chegam até às roupas: o corte, as dobras, a composição de suas cores, e até mesmo seu comprimento parecem incutir nas crianças a ideia de príncipes e princesas, pois Deus as criou para reinarem sobre as paixões desordenadas, e não para se deixarem subjugar por elas. 

Tal mãe, tal filho. A temperança na conduta diária se forma na família cristã. A atitude dos pais diante dos filhos será a que estes adotarão diante dos outros. Como o sol lança os primeiros raios para inaugurar um novo dia, assim também os primeiros dias da criança marcarão o que ela será pelo resto da vida. 

Desde o Renascimento o mundo vem se descristianizando... Renascimento do quê? — Do paganismo! De lá para cá, o povo outrora cristão foi abandonando a fé católica. Chegamos ao ponto de as crianças de hoje sequer aprenderem as orações mais elementares e trilharem depois caminhos opostos à razão: prazeres infrenes, drogas e prostituição. Querem viver sem lei, e os frutos todos conhecem: a droga, a violência, o crime... 

A miséria e a pobreza são hoje sobretudo de ordem espiritual e moral. Cumpre reorganizar a sociedade — a começar pela família — a partir da ideia de Deus e da eternidade. A noção de bem e de mal, consignada nos Mandamentos, é essencial para a sociedade. Não basta ter a noção, é preciso criar condições para que a virtude do recato e do pudor vicejem.

As autoridades abdicaram de seus deveres. Aplicam-se leis atentatórias à moral cristã. Alastra-se a desordem social. A família está dilacerada. Hoje tudo se reivindica: cobram-se dos políticos bens materiais como saúde, emprego, transportes, lazer, mas nunca se ouve uma voz autorizada ensinar que a moralidade é o fundamento da ordem social ou que o Decálogo deve ser cumprido. Quem semeia ventos!...

Mais de 3 mil médicos e estudantes de medicina poloneses prometem não praticar abortos

Na Polônia, o aborto é considerado como prática semelhante aos extermínios de massa nazista


Luis Dufaur


Mais de três mil médicos e estudantes de Medicina poloneses assinaram em Cracóvia uma declaração em que se comprometem a não praticar abortos nem fornecer receitas para anticoncepcionais, noticiou a agência “Infocatolica” 

O juramento hipocrático, pilar da deontologia médica desde o século IV antes de Cristo, é inteiramente claro sobre a incompatibilidade entre o exercício da Medicina e o aborto. 

Ele deveria bastar para impedir o massacre dos inocentes e os atentados contra a concepção. 


“Eu não darei droga letal a ninguém, caso isso me seja solicitado, não aconselharei tal procedimento; e similarmente, não darei a uma mulher um pessário [diafragma] que lhe provoque um aborto” — afirma o original grego do juramento. 

Porém, esse juramento, tradicional entre os médicos dos países civilizados, foi calcado aos pés pelas legislações ocidentais “modernas”, contrárias à concepção e à vida. 

Mas, em muitos países, as novas gerações de médicos se recusam mais do que as gerações precedentes, a eliminar seres humanos. E fazem questão de condenar a prática do aborto e de outros procedimentos que visam impedir a concepção. 

Por isso, ministros, deputados e chefes de governo europeus avançam medidas para impedir que os médicos ajam de acordo com as exigências da Medicina e obedeçam à sua reta consciência.

Em resposta às pressões políticas e ideológicas imorais, mais de 3.000 médicos e estudantes de Medicina poloneses enfatizaram seu compromisso com a genuína ciência médica que respeita e promove toda vida humana. 

Numa declaração assinada em Cracóvia, eles se comprometeram a não
Em Cracóvia, jovens poloneses
em campanha contra o aborto
praticar abortos nem inseminações artificiais (que também exigem a destruição de embriões). Também recusaram fornecer receitas para anticoncepcionais, em concordância com a doutrina católica. 


Obviamente, os ambientes da cultura da morte, que incluem os partidos de esquerda, criticaram iradamente a declaração.

O presidente da Comissão de Saúde do Parlamento polonês, Tomasz Latos, lembrou a esses críticos que os médicos signatários da declaração estão amparados pelo direito à objeção de consciência.

Esse direito está sendo cada vez mais desconhecido e desrespeitado nos países da União Europeia (UE), da qual a Polônia faz parte, constrangendo e atropelando a consciência dos médicos retos.

Portanto, prevê-se também na Polônia uma acirrada polemica entre os médicos sérios e católicos e os inimigos da vida e do catolicismo.

4 de julho de 2014

Maconha — comprovados prejuízos



Há um certo tempo, publicamos neste espaço algumas matérias relativas ao agravamento do problema das drogas em nosso país. Aqueles que desejarem ler ou rever tais matérias, basta clicar nas epígrafes “Drogas”, “Maconha” e “Marcha da Maconha”, que se encontram no SUMÁRIO (abaixo, na coluna da direita, em azul).

A respeito, além do apoio de leitores, recebi também críticas de alguns deles afirmando que “maconha é droga leve”. Com base em alguns especialistas, mostrei que não se pode considerar a cannabis uma “droga leve” e que, ainda que fosse, ela abre portas para as “drogas pesadas”. Neste sentido, publiquei diversos testemunhos de usuários que começaram no “baseado” e depois passaram para as drogas mais nocivas, como a cocaína, heroína, crack e oxi.

Corroborando com nossas matérias sobre os graves malefícios da maconha, transcrevo a seguir um recente artigo, muito bem fundamentado num estudo de pesquisadores norte-americanos, que comprova os danos que causam o THC — atenção leitor, não é FHC... (o ex-presidente que sem conhecimento real dos graves prejuízos provocados pela maconha, tem defendido sua descriminalização em certos círculos que desejam parecer “moderninhos”). THC é a sigla de tetra-hidrocanabinol, substância que se encontra nas folhas da cannabis


Efeitos adversos da maconha



Drauzio Varella 
Folha de S. Paulo, sábado, 28 de junho de 2014


Maconheiro é louco para dizer que maconha não vicia nem faz mal. Vou resumir uma revisão da literatura sobre os efeitos adversos da maconha, publicada no "The New England Journal of Medicine", por pesquisadores americanos do "National Institute on Drug Abuse" [foto]:

1) Dependência — Os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam se tornam dependentes. Esse número chega a 1 em cada 6 no caso daqueles que começam a usá-la na adolescência. Entre os que fazem uso diário, 25 a 50% exibem sintomas de dependência. Uma vez instalada a dependência surgem crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade. 

2) Alterações cerebrais — Da fase pré-natal aos 21 anos de idade o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC). 

Adultos que se tornaram usuários na adolescência apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória (hipocampo), atenção e percepção consciente (precúneo), controle inibitório e tomada de decisões (lobo pré-frontal), hábitos e rotinas (redes subcorticais). Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência. 

3) Porta de entrada — Qualquer droga psicoativa pode moldar o cérebro para respostas exacerbadas a outras drogas. Nesse sentido, o THC não é mais nocivo do que o álcool e a nicotina.

4) Transtornos mentais — O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente, em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia, e reduzem de 2 a 6 anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto. 

5) Performance escolar — Na fase de intoxicação aguda o THC interfere com funções cognitivas críticas, efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação no sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado, em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção, funções essenciais para o aprendizado. 

6) Acidentes — A exposição ao THC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes no trânsito. 

7) Câncer e doenças pulmonares — Embora a relação entre maconha e câncer de pulmão não possa ser afastada, o risco é menor do que aquele associado ao fumo. Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas, aumenta a resistência à passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar, alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração de que o uso ocasional cause esses malefícios. O uso frequente agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias.