26 de junho de 2025

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, UM PARAÍSO



350 anos da histórica visão do adorável Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, durante a qual revelou promessas extremamente valiosas a todos os católicos. 

  Paulo Roberto Campos 

Junho é por excelência o mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. O deste ano o é ainda mais especialmente, pois se completam 350 anos da memorável visão sobrenatural, conhecida como a “Grande Aparição”, d’Ele a Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), freira da Ordo Visitationis Beatissimae Mariae Virginis (no Brasil, mais conhecida como Ordem das Visitandinas), fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana Francisca Frémyot de Chantal em 1610. 

No dia 16 de junho de 1675, estando Santa Margarida Maria em seu mosteiro de Paray-le-Monial (na região da Bourgogne, França), Jesus, apontando para o seu próprio Coração, apareceu-lhe e disse: 

“Eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes seu amor; e, por reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões, por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por mim no Sacramento do amor [a Sagrada Eucaristia]. Mas o que me é ainda mais penoso é que corações que me são consagrados agem assim. 
“Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar meu Coração, comungando-se neste dia e fazendo-lhe um ato de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que lhe prestem culto e que procurem que este lhe seja prestado.”[1]

 

A Basílica e o Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial.

Nosso Senhor prometeu a ela, “discípula”[2] de seu Coração Sagrado, que concederia a graça da penitência final, no último momento da vida, a todos aqueles que durante nove meses seguidos comungarem na primeira sexta-feira de cada mês. Ou seja, não morrerão em pecado mortal, recebendo a garantia da salvação eterna. Esta é a palavra dada por Ele como penhor de uma boa morte, conhecida como a “grande promessa”, que há três séculos e meio fez o Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial. É claro, nem precisaria dizer, mas nunca é demais recordar, que ninguém se salva automaticamente. Para se obter a salvação eterna há também a exigência de não se transgredir os 10 Mandamentos da Lei de Deus. Ou, tendo transgrido algum dos preceitos divinos, arrepender-se sinceramente dos pecados cometidos, fazendo uma boa confissão com o firme propósito de nunca mais voltar a cometê-los.

Santa Margarida Maria Alacoque


Celebração litúrgica do Sagrado Coração de Jesus

No mesmo ano da mencionada aparição de Nosso Senhor (1765) à santa freira Visitandina, o Papa Clemente XIII (pontificado de 1758 a 1769) aprovou a festa do Sagrado Coração de Jesus para algumas dioceses; depois foi estendida a toda a Igreja pelo Bem-aventurado Papa Pio IX (1846 - 1879) com o decreto da Congregação dos Ritos, de 23 de agosto de 1856. Em 11 de junho de 1899, Leão XIII consagrou todo o gênero humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Pio XI, em 1928, definiu a festa do Sagrado Coração como a característica de nossos tempos.
A solene festividade litúrgica do Sagrado Coração de Jesus celebra-se sempre na sexta-feira que segue a Oitava de Corpus Christi (neste ano, no dia 27 de junho). Desse modo, a Igreja a estabeleceu como uma extensão da comemoração de Corpus Christi (celebrada neste ano em 19 de junho). No dia 28 do mesmo mês, celebramos o Imaculado Coração de Maria, comemorado no calendário católico tradicional no dia 22 de agosto.


 

O Sagrado Coração há de salvar o mundo

Atendendo ao pedido feito pela Irmã Maria do Divino Coração (1863-1899) — condessa de Drostezu Vischering, superiora da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, que recebera revelações de Jesus —, o Papa Leão XIII (1878-1903) fez a solene Consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus, acompanhado dos bispos de todo orbe, em 11 de junho de 1899, pouco depois da publicação da Encíclica Annum Sacrum (25 de maio de 1899). Ato de Consagração que o Papa classificou como sendo a maior obra de seu pontificado (vide no quadro da p. XX a fórmula da consagração escrita por Leão XIII).
No final da quinta parte do livro Em Defesa da Ação Católica (1943), de Plinio Corrêa de Oliveira, citando o Papa Pio XI, lemos:
“Nosso predecessor de feliz memória, Leão XIII, comprazia-se justamente, em sua Encíclica Annum Sacrum, com a admirável oportunidade do culto para com o Sagrado Coração de Jesus; por isto, não hesitava ele em dizer:
“‘Quando a Igreja, ainda próxima de suas origens, gemia sob o jugo dos Césares, uma cruz apareceu no céu a um jovem imperador [Constantino, 272 - 337]; ela era o presságio e a causa de um insigne e próximo triunfo. Hoje, um outro símbolo divino, presságio felicíssimo, aparece a nossos olhos: é o Coração Sacratíssimo de Jesus, encimado pela Cruz e resplandecendo com um brilho incomparável no meio das chamas. Devemos colocar nele todas as nossas esperanças; é a ele que devemos pedir a salvação dos homens, é dele que é preciso esperá-la’” (Encíclica Miserentissimus Redemptor, de 8 de maio de 1928).
E o Prof. Plinio comenta:
“Fala-se muito em ‘idade nova’ — ‘tempos novos’ — ‘ordem nova’. Queiram-no ou não o queiram nossos adversários, essa ‘idade nova’ será o reino do Sagrado Coração de Jesus, sob cuja suavíssima influência o mundo encontrará o único caminho de sua salvação. “Adoremos este Coração Sagrado, no qual a iconografia católica nos mostra a Cruz do sacrifício, da luta, do combate, da austeridade, assentando suas raízes no mais perfeito dos Corações, e iluminada pelas chamas purificadoras e deslumbrantes do amor.”[3]

Altar de Santa Margarita Maria Alacoque, com a urna com suas relíquias, na capela da Visitação de Paray-le-Monial 

 

“Sagrado Coração de Jesus e Maria”

Para melhor aquilatarmos a excelência dessa incomparável devoção ao adorável Coração de Jesus, recomendamos a leitura do artigo que segue. Nele, Plinio Corrêa de Oliveira expõe magistralmente a situação da sociedade decadente devido à crueldade, ao egoísmo e à dureza e frieza de coração do geral de nossos contemporâneos. E afirma que, para extirpar tais males, a salvação encontra-se na devoção ao Sagrado Coração de Jesus que arde de amor infinito pela humanidade, e que, apesar de nossas misérias, está sempre disposto a perdoar misericordiosamente, sobretudo se pedirmos a mediação do Imaculado Coração de Maria.
Concluímos afirmando com São João Eudes, fundador da Congregação de Jesus e Maria, que os Corações de Jesus e de Maria são um só, inseparáveis; de tal modo unidos pela fornalha ardente do Espírito Santo, que o santo fundador os invocava no singular: “Sagrado Coração de Jesus e Maria”.
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Notas: 1. Sainte Marguerite Marie, Sa vie écrite par elle-même, Edições Saint Paul, Paris, 1947, pp. 70-71. Imprimatur de M. P. Georgius Petit, Bispo de Verdun.
2. Essa confidente do Sagrado Coração de Jesus certa vez assinou com seu próprio sangue: “Irmã Margarida Maria, discípula do Divino Coração do Adorável Jesus”. A fim de melhor conhecer sua vida, vide Catolicismo, nº 498, junho/1992: https://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0498/p01.html
3. Em Defesa da Ação Católica, Plinio Corrêa de Oliveira, 2ª edição, Artpress, São Paulo, 1983, pp. 335-336.

25 de junho de 2025

Três lições importantes do ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã


 

✅  John Horvat II

O ataque de 21 de junho às instalações nucleares do Irã [foto acima] contém três lições muito importantes que vão contra muitas narrativas falsas que circulam nos dias de hoje. Um deles vem daqueles que se opõem ao ataque. Eles afirmam que essa ação não refletiu a vontade do povo americano.

Essas três lições podem servir como uma verificação da realidade, permitindo que os americanos ajustem alguns critérios e os ajudem a navegar no mundo real.

Acordar em um mundo perigoso

A primeira lição é que a América vive em um mundo escuro e perigoso, pronto para explodir a qualquer momento e em qualquer lugar. Antes de junho, poucos esperavam testemunhar outra guerra punitiva, muito menos a participação americana nela.

No entanto, esse conflito aconteceu. O alvo era o Irã, um gigante estrategicamente posicionado do tamanho do Alasca que controla o fluxo de 20% do petróleo mundial através do Estreito de Ormuz. Durante décadas, tem sido o ponto central das guerras por procuração contra Israel e o Ocidente em todo o Oriente Médio. Ele prega e canta "Morte à América do Norte".

O conflito atual é um alerta que lembra ao mundo sobre as nações hostis que buscam obter armas poderosas, neste caso nucleares, para usar contra os Estados Unidos, seus aliados e tudo o que resta do cristianismo e do Ocidente cristão.

O Irã faz parte de uma visão de mundo "multipolar" com o objetivo de deslocar os Estados Unidos e o Ocidente de sua posição de hegemonia. Rússia, China, Coreia do Norte e Turquia são os outros membros importantes. Cuba, Nicarágua e Venezuela lideram um círculo de membros de segundo nível. Brasil, África do Sul e dezenas de outras nações se deixam influenciar por esse novo eixo do mal, distanciando-se dos Estados Unidos e do Ocidente.

A perspectiva dessa aliança antiocidental é mal nomeada. Por mais diferentes que sejam essas nações entre si, elas estão unidas em sua oposição aos EUA e ao Ocidente. Assim, o conflito é descrito com mais precisão como bipolar — Ocidente versus anti-Ocidente. Não é verdadeiramente "multipolar".

Há três anos, a Rússia lançou sua injusta guerra de agressão contra a Ucrânia, que ainda está em andamento. Em 7 de outubro de 2023, o Irã, por meio de seu representante Hamas (acompanhado pelo Hezbollah), lançou uma guerra injusta de agressão contra Israel. Amanhã, a China pode muito bem fazer o mesmo contra Taiwan, a Coreia do Norte contra a Coreia do Sul e a Venezuela contra a Guiana. A Rússia pode ampliar sua guerra injusta e atacar uma ou mais nações bálticas, Finlândia ou Polônia.

A lição é que o Ocidente não está apenas ameaçado, mas sob ataque, e uma ação defensiva enérgica pode e deve ser tomada agora. O mundo tomou conhecimento.

Apoio agressivo à liderança dos EUA

A segunda lição é que a maioria dos americanos está ciente desses perigos e apoiará qualquer governo que trabalhe para tornar o mundo mais seguro.

Existe um mito de que, com a vitória do presidente Donald Trump nas eleições de novembro passado, a maioria dos americanos agora não está preocupada com o resto do mundo, que a grande maioria de seus eleitores quer ignorar os conflitos mundiais e se concentrar exclusivamente na “América em primeiro lugar”.

O ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã expõe a falta de apoio dos eleitores a essa ideia de retirada do mundo. É um equívoco sem evidências para apoiá-lo.

Na verdade, os eleitores do presidente Trump apoiam esmagadoramente ações comoo o ataque ao Irã. Uma nova pesquisa do Instituto Ronald Reagan, realizada pouco antes do ataque, mostrou que 90% dos republicanos autoidentificados do MAGA acreditam que "impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear é importante para a segurança dos EUA". Cerca de 74% deles dizem que é "muito".

Os resultados se tornam ainda mais surpreendentes com pesquisas mostrando que os eleitores do MAGA são mais agressivos em questões de liderança mundial americana do que os republicanos que não são do establishment MAGA (Make America Great Again – Torne a América Grande Novamente).

O apoio está aumentando

As mesmas perguntas da pesquisa do Instituto Reagan foram feitas nos últimos dois anos. Os resultados mostram não apenas um apoio consistente ao envolvimento internacional dos Estados Unidos em ataques como o ataque iraniano, mas também aumentos significativos nesse apoio entre os eleitores do MAGA desde o ano passado.

Por exemplo, uma supermaioria de 93% dos eleitores do MAGA concordou que "um exército forte dos EUA é essencial para manter a paz e a prosperidade, tanto em casa quanto no exterior". Essa porcentagem aumentou para 96% em 2025. O apoio a uma pergunta perguntando se os Estados Unidos deveriam ser "mais engajados e assumir a liderança" disparou de 51% para 73% em um ano. Outras perguntas tiveram aumentos semelhantes.

Se forem tomadas medidas enérgicas e conclusivas, esses americanos apoiarão esses esforços com margens esmagadoras e grande unidade.

Os americanos não são isolacionistas

A lição final é que o apoio à greve ajudará a desmantelar o mito de que a América se tornou uma nação de isolacionistas autocentrados. Embora exista um quadro de isolacionistas radicais entre os apoiadores do MAGA, a grande maioria desses americanos e muitos outros em ambos os lados do corredor querem que os Estados Unidos se envolvam e os vejam como uma parte essencial da segurança mundial.

Os americanos do MAGA não apenas favorecem ações como o ataque iraniano, mas também apoiam uma ampla gama de posições anti-isolacionistas.

Como observa Marc Thiessen, do The Washington Post, "Em praticamente todas as métricas medidas — desde o apoio a Taiwan e à OTAN até preocupações com democracia, direitos humanos, China e liderança dos EUA — os autodenominados republicanos do MAGA apoiam mais a liderança americana forte e baseada em princípios no cenário mundial do que seus irmãos republicanos não-MAGA."

Esse apoio geralmente representa uma maioria esmagadora de 80 ou 90%, especialmente em questões-chave como a China. E está crescendo.

O mundo é um lugar escuro e perigoso. O ataque iraniano de 21 de junho é um episódio de uma guerra de autodefesa contra os inimigos do Ocidente cristão. A Ucrânia é outra manifestação dessa autodefesa do Ocidente cristão, e este bravo país precisa de total apoio dos Estados Unidos e do mundo livre.

A América tem um papel a desempenhar nesta guerra de autodefesa. Não pode simplesmente afastar-se dos seus deveres e responsabilidades. As evidências mostram que muitos americanos reconhecem essa verdade e apoiarão esmagadoramente uma ação forte e baseada em princípios contra nações desonestas que travam guerras diretas ou por procuração contra o Ocidente.

Não deve haver hesitação ou fraqueza. Uma visão clara de quem são os inimigos do Ocidente, juntamente com uma ação prudente, sábia, eficaz e resoluta contra eles, é o que é urgentemente necessário.

14 de junho de 2025

Há um século da beatificação de Santa Bernadette


  Paulo Roberto Campos

Neste dia 14 comemoramos a passagem dos 100 anos da beatificação da venerabilíssima vidente de Lourdes, Santa Bernadette Soubirous. Beatificada por Pio XI em 14 de junho 1925. Oito anos depois, pelo mesmo Papa, ela foi canonizada. 

Nascida em Lourdes, no Moulin de Boly, no dia 7 de janeiro de 1844, foi uma camponesa encantadora, puríssima, pobre, inteligente, discreta, de uma honestidade a toda prova. Falecida em 16 de abril de 1879 como freira no convento das “Irmãs da Caridade” da cidade de Nevers, onde alcançou o ápice da santidade. Tinha 35 anos, mas, apesar dos terríveis sofrimentos de corpo e de alma que padecera, continuava bela como na época de sua adolescência. 

Representação da aparição da Virgem Maria a Bernadette Soubirous (por Virgílio Tojetti, 1877)

Seu corpo foi exumado em 1908 e encontrado incorrupto. Milagre que pode ser interpretado como Deus selando o dogma da “Imaculada Conceição”, pois assim Nossa Senhora se apresentou. Numa de suas aparições à santa francesa, então com apenas 14 anos, esta perguntou quem era. “Eu sou a Imaculada Conceição” — foi a resposta! 

Após duas exumações, dois dias antes da beatificação (12 de Junho de 1925), foi feita uma terceira (e última) exumação do seu corpo a fim de se retirar algumas relíquias. E, como nas vezes anteriores, o corpo continuava incorrupto, muito preservado e sem o mínimo sinal de putrefação. Fato histórico e milagroso registrado no relatório do Dr. Comte:

“Eu queria abrir o lado esquerdo do tórax para retirar algumas costelas e então remover o coração, o qual eu tinha certeza que estaria intacto. Porém, como o tronco estava levemente apoiado no braço esquerdo, haveria dificuldade em ter acesso ao coração. Como a Madre Superiora expressou o desejo de que o coração de Santa Bernadette não fosse retirado, bem como também este era o desejo do Bispo, mudei de ideia de abrir o lado esquerdo do tórax, e apenas retirei duas costelas do lado direito, que estavam mais acessíveis. O que mais me impressionou durante esta exumação foi o perfeito estado de conservação do esqueleto, tecidos fibrosos, musculatura flexível e firme, ligamentos e pele após 46 anos de sua morte. Após tanto tempo, qualquer organismo morto tenderia a desintegrar-se, a se decompor e adquirir uma consistência calcária. Contudo, ao cortar, eu percebi uma consistência quase normal e macia. Naquele momento, eu fiz esta observação a todos os presentes de que eu não via aquilo como um fenômeno natural.” 
Na sepultura no convento de Nevers, corpo incorrupto de Santa Bernadette exposto à veneração pública 

De Santa Bernadette comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: 

“Nela vemos bem o espírito da verdadeira contra-revolucionária, católica e santa, que não se importa com as pompas deste mundo; que não dá importância a ser tida em grande ou pequena conta; e que, por causa disso, despreza as honras e louvores mundanos. Para se ter sobranceria, é preciso não ligar para o mundo". 

Neste centenário, peçamos a ela essa graça: sermos verdadeiramente contra-revolucionários, no sentido de não compactuarmos com a Revolução gnóstica e igualitária que se alastra em nossos dias destruindo aquelas virtudes sublimes que tanto caracterizaram Santa Bernadette de Lourdes!

6 de junho de 2025

Devoção ao Sagrado Coração de Jesus — Segura salvação para a dureza moral nos corações


  Fonte: Editorial da revista Catolicismo, 894, junho/2025 

Em meio às borrascas desse mar revolto que é o mundo atual, anarquizado e na iminência de uma terceira grande guerra, se não nos atracarmos a um porto seguro, poderemos naufragar. Mas a Divina Providência nos orienta a um porto seguríssimo: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus! Devoção considerada por muitos santos e teólogos como uma das mais preciosas graças com que a Santa Igreja tem sido reconfortada nos últimos séculos. 

Podem os mares encapelados, as tempestades do mundo, as provações desta vida e as tentações diabólicas abaterem-se sobre nós, mas se invocarmos com confiança e fervor Aquele Adorável Coração seremos salvos. Vítima dos pecados, das ingratidões, dos ultrajes, da dureza e frieza de coração, e de diversas outras misérias, perfurado pela lança de Longinus no alto do Calvário, d’Ele jorrou sangue para a Redenção do gênero humano. É a infinita misericórdia de Deus, que jamais nos abandona e está sempre disposto a curar todos os males, a sanar todas as crises de nossos dias, a perdoar os corações contritos e humilhados. 

Pintura com a Beata Maria do Divino Coração
e Santa Margarida Maria de Alacoque
em adoração ao Sagrado Coração de Jesus.
Importa destacar que o culto ao Sagrado Coração está intimamente vinculado à devoção ao Coração de Maria. Essa verdade levou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a escrever: “No dia em que tivermos legiões de pessoas verdadeiramente devotas do Coração Imaculado de Maria, o Coração de Jesus reinará sobre o mundo inteiro.” 

É no intuito de colaborar para que essa incomparável devoção triunfe em todos os corações, a fim de que se restabeleça no mundo inteiro o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, que a equipe da revista Catolicismo* escolheu esse tema para matéria de capa de sua edição de junho [foto no topo] — mês consagrado especialmente ao Sagrado Coração de Jesus e no qual se completam exatamente 350 anos de sua principal aparição sobrenatural à sua confidente, Santa Margarida Maria Alacoque, no dia 16 de junho de 1675.


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5 de junho de 2025

O NOVO LEÃO E OS VELHOS LOBOS

“Até aqui, tivemos Francisco, que falava com os lobos. Agora, temos um leão que expulsará os lobos” (Cardeal Ladislav Nemet). 

✅  Paulo Roberto Campos

Incontáveis católicos rezavam pedindo ao Espírito Santo que inspirasse claramente os Cardeais reunidos em Roma no recente Conclave. Encheram-se de esperançosa alegria ao verem, no final da tarde de 8 de maio, a fumaça branca saindo da chaminé da Capela Sistina.

Era o sinal da eleição de um novo Papa. Foi um júbilo vê-lo despontar, com as vestes tradicionais, no balcão principal da Basílica de São Pedro. O novo Romano Pontífice eleito foi o Cardeal Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV. Com o mesmo nome, ele teve por predecessores dois santos: São Leão Magno e São Leão IX. E mais recentemente, no final do século XIX e início do século XX, Leão XIII. 

O júbilo não se restringiu à imensa multidão reunida na Praça de São Pedro, em frente à monumental Basílica. Ele também se manifestou na grande maioria dos quase um bilhão de pessoas que assistiram à grandiosa cena pelos meios de comunicação. Todos queriam ver o novo Sucessor de Pedro, o Vigário de Jesus Cristo na Terra, e dele receber a primeira bênção Urbi et Orbi


Apenas dois dias após sua eleição, Leão XIV foi rezar diante do milagroso quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho [foto acima], na pequena e medieval cidade de Genazzano, cuja história é resumidamente exposta em artigo do Prof. Roberto de Mattei publicado na edição da revista Catolicismo* deste mês, que a todos recomendo vivamente. 

Supliquemos também à Madonna de Genazzano especial proteção ao novo Pontificado, sempre lhe inspirando bons conselhos nas grandes dificuldades com que se defrontará ao longo dos próximos anos. Tanto em função de um mundo prestes a entrar numa terceira guerra mundial, como em razão da terrível crise que flagela a Santa Igreja devido aos erros do modernismo infiltrados em seu seio, os quais foram severamente condenados por São Pio X.

Juntemos nossas orações pelo Papa Leão XIV, a fim de que Deus conceda-lhe, como bem disse o Cardeal Raymond Burke, “abundante sabedoria, força e coragem para fazer tudo o que Nosso Senhor lhe pede nestes tempos tumultuados”


Ao mesmo tempo em que houve referido júbilo do povo católico ao ver o novo Romano Pontífice, houve também uma impressão de decepção em certas alas da esquerda, tanto civil quanto religiosa, bem como da parte daqueles que sintonizam com a “esquerda católica”, que esperavam um Papa vinculado à “Teologia da Libertação”. Esses “teólogos” libertários estavam criando tal clima durante o Pontificado do Papa Francisco, que alguns observadores vaticanistas chegaram a recear a ocorrência de um cisma na Igreja. 

Esta e outras questões relativas ao novo Pontificado são desenvolvidas em Catolicismo. A título de exemplo, copio aqui um trecho de um dos colaboradores da revista, o Prof. José Antonio Ureta: 

“Segundo o jornal Le Figaro, o cardeal sérvio Ladislav Nemet [foto ao lado] teria contado uma brincadeira que circulava entre os cardeais e que daria uma outra explicação pela escolha do nome Leão – leo em latim: ‘Até aqui, tivemos Francisco, que falava com os lobos. Agora, temos um leão que expulsará os lobos”. 

É o que o geral dos católicos espera de Leão XIV para a restauração da Santa Igreja, hoje infiltrada pela “fumaça de satanás” e vítima de um “misterioso processo de autodemolição” — segundo palavras de Paulo VI — uma vez que, pelas portas e janelas abertas por lobos transvestidos de ovelhas, penetrou tal fumaça diabólica no Templo de Deus. Esperemos que Leão XIV a dissipe de uma vez por todas e ponha fim a essa “autodemolição” que levou a Igreja à crise atual. Assim será restaurada a paz na Igreja no sentido da verdadeira Paz como definida por Santo Agostinho, ou seja, “a tranquilidade da ordem”, o que supõe a eliminação tão radical quanto possível dos fatores de desordem doutrinária e disciplinar que grassam em todos os ambientes católicos. 

Ainda é cedo para alguma apreciação seriamente definitiva a respeito do novo Papa, mas suas primeiras palavras causaram alento, pelo tom da cortesia católica, oposto à brutalidade e à vulgaridade...

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