Quadro de Don Gabriel Garcia Moreno, herói e mártir da fé, grande estadista equatoriano, o mais católico dos Chefes de Estado de nosso Continente, considerado uma das maiores personalidades do século XIX.
Blog da Família
13 de setembro de 2025
GARCÍA MORENO
8 de setembro de 2025
BRASIL SOB ESPECIAL PROTEÇÃO DE SÃO MIGUEL ARCANJO
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Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados |
CONSAGRAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
Ó grande Príncipe do Céu, fidelíssimo guardião da Igreja, São Miguel Arcanjo, eu, embora muito indigno de aparecer diante de vós, cheio de confiança em vossa bondade e em vossa poderosa proteção, apresento-me e me consagro a vós.Coloco-me a mim mesmo, a minha família e tudo o que me pertence sob a vossa proteção poderosa. É pequena a oferta que vos faço, sendo eu miserável pecador, mas vós enalteceis o afeto do meu coração. Lembrai-vos que, doravante, estou debaixo do vosso patrocínio; deveis assistir-me em toda a minha vida e obter-me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça de amar de todo o coração o meu Deus, o meu dulcíssimo Salvador Jesus Cristo, e a minha Mãe Maria Santíssima.Obtende-me aqueles auxílios que me são necessários para alcançar a coroa da eterna glória. Defendei-me dos inimigos da alma, especialmente na hora da morte. Vinde então, ó príncipe gloriosíssimo, assisti-me na última luta, e com a vossa arma poderosa, lançai para longe, precipitando nos abismos do inferno, aquele anjo quebrador de promessas e soberbo que um dia prostrastes no combate no Céu.São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, para que não pereçamos no dia do juízo.Amém!
7 de setembro de 2025
NATIVIDADE DA SANTÍSSIMA VIRGEM
"Vinde e contemplai a vida e a virgindade de Maria, que será como um espelho, no qual vereis o modelo da castidade e da virtude. O primeiro motivo de imitação é a nobreza do modelo. E o que há de mais nobre que a Mãe de Deus? […]. Era virgem de corpo e de alma, de uma pureza incapaz de simulação, humilde de coração, grave em suas palavras, prudente em suas resoluções. Falava pouco e só dizia o necessário […].“Cifrava sua confiança não nas riquezas perecíveis, mas nas orações dos pobres. Fervorosa sempre, só queria a Deus por testemunha de quanto se passava em Seu coração, e só a Ele encomendava o que fazia e possuía. "Longe de fazer a menor injúria a alguém, todos reconheciam seu caráter benéfico. Honrava seus superiores e não invejava seus iguais. Evitava a vanglória, seguia a razão e amava ardentemente a virtude […].“Toda sua conduta levava o timbre da modéstia. Nada se podia observar em suas ações que não fosse conveniente. Sua alegria não era superficial, nem sua voz anunciava o que procedesse de um fundo de amor próprio. Seu exterior estava ordenado com tanta harmonia, que o movimento de seu corpo era a imagem de sua alma e um completo modelo de todas as virtudes. Sua caridade para com o próximo não conhecia limites […].“Se saía, era apenas para ir ao Templo e sempre em companhia de seus pais".
6 de setembro de 2025
O IPIRANGA E OS PLANOS DE DEUS PARA O BRASIL
30 de agosto de 2025
QUANDO A RESPOSTA É O HEROÍSMO
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À semelhança dos anos 80, a Rússia de Putin coloca de novo o Ocidente diante da falsa alternativa “better red than dead” |
Em matéria publicada nesta revista em maio passado, intitulada “Não ceder, resistir e vencer” — diante de uma eventual eclosão da Terceira Guerra Mundial causada pelo ditador comunista Vladimir Putin em resposta à ajuda ocidental aos heroicos ucranianos —, acentuou-se que a capitulação é a pior resposta às chantagens ameaçadoras do uso de armas nucleares pela Rússia.Na referida matéria, um texto de Plinio Corrêa de Oliveira denunciou a mentalidade entreguista de muitos que, postos frente à alternativa do famoso slogan “Better red than dead or better dead than red?” (Melhor vermelho do que morto ou melhor morto do que vermelho?), optam por não combater o perigo comunista alegando um suposto risco de perderem suas vidas.O Prof. Plinio conclama o oposto, ou seja, resistir e lutar para se alcançar a verdadeira paz — “a paz de Cristo no Reino de Cristo”.Continuando esta oportuna temática, segue um trecho de outro artigo dele, exaltando a virtude do heroísmo católico e mostrando que o amor à Fé, à independência da pátria, à dignidade pessoal e à honra, não pode ser menor do que o amor à vida.Antes da leitura do referido artigo, convém esclarecer que o autor cognomina de “sapo” ou “saparia” a burguesia endinheirada, nada hostil aos comunistas, porém muito hostil aos anticomunistas. Esse tipo de “sapo” comete suicídio ajudando economicamente o comunismo, que deixará o próprio “sapo” na miséria...
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OS SAPOS... ATÉ QUANDO OS SAPOS?
É a apoteose de Sancho Pança. Para que este século terminasse coerente com o longo processo de decadência no qual ele estava engajado quando despertou para a História, seria mesmo necessário que ele descesse assim tão baixo...
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14 de agosto de 2025
NOSSA SENHORA ASSUNTA AOS CÉUS PRIVILÉGIO ÚNICO NA HISTÓRIA
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“Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Papa Pio XII).
✅ Paulo Roberto Campos
Neste mês celebramos uma das mais sublimes festividades
marianas da Igreja: a gloriosa Assunção
da Santíssima Virgem aos Céus. Sempre festejada no dia 15 de agosto, neste ano
acentua-se-lhe um fator muito especial, que merece destaque, pois completam-se
75 anos da solene proclamação e definição do Dogma da Assunção.
Trata-se da celebração litúrgica mais remota em homenagem a Nossa Senhora, que ocorre desde o século IV. São Gregório de Tours (séc. VI), no Ocidente, foi o primeiro a falar da Assunção d´Ela em corpo e alma aos Céus. No século seguinte, o Papa Sérgio I estabeleceu uma procissão noturna em honra da Assunção. Na França, a procissão do dia 15 de agosto recorda a consagração do país à Santa Mãe de Deus, proferida pelo rei Luís XIII, em 1638. E somente no século XX raiou o tão esperado bendito dia da proclamação do dogma.
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Papa Pio XII |
A proclamação de um dogma, uma verdade de fé incontestável, constitui um ato tão sério, tão meticulosamente estudado e tão raro, que este, de 75 anos atrás, é o mais recente na história do Supremo Magistério da Igreja.
O termo Dogma é assim
definido pelo Manual de Instrução Religiosa, um clássico da doutrina
católica, do Cônego Auguste Boulenger: “É
uma verdade revelada por Deus, e proposta pela Igreja, à nossa crença.
Infere-se desta definição que duas condições são requeridas para constituir um
dogma. É preciso: a) que tal verdade seja revelada por Deus, ou garantida pela
autoridade divina; — b) que seja proposta pela Igreja, à nossa crença, quer por
sua proclamação solene, quer pelo ensino comum e universal. As verdades que têm
estes caracteres são chamadas verdades de fé católica.”1
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O Papa Pio XII proclama o Dogma da Assunção de Nossa Senhora no dia 1º de novembro de 1950. |
À
semelhança de Jesus, a glorificação do corpo virginal da Mãe Santíssima
Baseado em intensos
estudos exegéticos, históricos e teológicos, após consulta ao episcopado do
mundo inteiro e contando com o pedido de 2.505 bispos a Pio XII para que
proclamasse do Dogma da Assunção,
ele, no exercício da infalibilidade papal, atendeu e mandou dar a público a Constituição
Apostólica Munificentissimus Deus (Generoso
Deus) no dia 1º de novembro de 1950. Na ocasião desse ato solene, o Pontífice,
contou com a presença de mais de 800 mil fiéis!
Com essa Constituição dogmática foi declarado ex cáthedra um privilégio único na
História concedido a um ser humano, mas que já estava consignado na tradição da
Igreja; já era preconizado pelos Apóstolos e desde os primeiros séculos da
Igreja acreditado pelos fiéis, ou seja, o que assinala o documento do Papa Pio
XII:
“Convém
sobretudo ter em vista que, já a partir do século II, os santos Padres
apresentam a Virgem Maria como nova Eva, sujeita sim, mas intimamente unida ao
novo Adão [Jesus Cristo] na luta contra o inimigo infernal. E essa luta, como
já se indicava no Protoevangelho, acabaria com a vitória completa sobre o pecado
e sobre a morte, que sempre se encontram unidas nos escritos do apóstolo das
gentes (cf. Rm 5; 6; l Cor 15,21-26; 54-57). Assim como a ressurreição gloriosa
de Cristo constituiu parte essencial e último troféu desta vitória, assim
também a vitória de Maria Santíssima, comum com a do seu Filho, devia terminar
pela glorificação do seu corpo virginal. Pois, como diz ainda o apóstolo,
‘quando... este corpo mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá o
que está escrito: a morte foi absorvida na vitória’”
(1Cor 15,14).2
“A
Mãe de Deus não morreu de doença, por não ter pecado original”
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A Dormição da Virgem Hugo van der Goes (1440 1482). Museu Groeninge, Bruges, Bélgica. |
A Assunção de Nossa Senhora aos Céus transcorreu após uma morte suavíssima — semelhante ao adormecer de um leve sono de uma criança —, qualificada pelos Padres da Igreja, por grandes santos e teólogos como a Dormitio Beatae Mariae Virgine (Dormição da Bem-Aventurada Virgem Maria”).
Alguns autores crêem que Ela não teria morrido
propriamente, mas que ocorrera um suave “trânsito” da vida terrena para a vida gloriosa
e eterna no Céu. Donde a invocação de Nossa
Senhora do Trânsito, celebrada no mesmo dia 15 de agosto. Outros, como o
grande São Francisco de Sales, defendem a tese que sim, Ela desejou morrer a
fim de assemelhar-se mais ao seu Divino Filho, mas não padeceu as dores
próprias à separação da alma do corpo, pois isenta de qualquer falta. Tendo
adormecido no sono da morte, Ela foi assunta ao Céu, onde foi de imediato recebida
gloriosamente e coroada como Rainha dos anjos e dos homens.3
Mas, tendo morrido, seu imaculado corpo não sofreu a
corrupção da sepultura. Que filho, se desejasse e pudesse, não faria isso por
sua mãe? Que filho não deseja o melhor para ela? Evidentemente, Nosso Senhor
Jesus Cristo desejou isso para sua Santíssima Mãe, e podia, pois detém todos os
poderes. Assim, pôde suspender as leis naturais relativas ao corpo humano após
a morte d’Aquela que foi concebida sem pecado original, escolhida para ser a
obra-prima de toda a Criação. Desse modo, Ela não padeceu a decomposição —
própria a todos nós, concebidos com o pecado de nossos primeiros pais —, mas A
elevou ao mais alto do Céu em corpo e alma.
A respeito, assim se expressou um Doutor da Igreja —
chamado também como “Doctor Assumptionis” (Doutor da Assunção), devido a seus
escritos a respeito — São João Damasceno (675-749): “A Mãe de Deus não morreu de
doença, porque ela, por não ter pecado original, não tinha porque receber o
castigo da doença. Ela não morreu de velhice, porque não tinha por que
envelhecer, já que a ela não lhe chegava o castigo do pecado dos primeiros
pais: envelhecer e acabar por fraqueza. Ela morreu de amor. Era tanto o desejo
de ir para o Céu onde estava o seu Filho, que este amor a fez morrer”.
“Para
aumento da glória da sua augusta Mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja”
A proclamação do dogma dessa gloriosa Assunção era
esperada pelos católicos de todo o mundo há muitos séculos, assim como foi
ardentemente desejada pelo povo fiel a proclamação do dogma da Imaculada
Conceição, pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, com a Bula dogmática Ineffabilis
Deus.
Proclamações esperadas pelos católicos porque Deus
concedeu à Virgem das virgens privilégios, dons muito especiais e a plenitude
de graças, o que A elevava muito acima de qualquer outro mortal.
Da magistral Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, a parte
certamente mais relevante é o final — e que bem expressa a santidade da Igreja
e a beleza do poder das chaves concedido por Nosso Senhor Jesus Cristo a São
Pedro e a seus sucessores de “ligar e
desligar”4 na Terra —
com os itens de 44 a 47:
“Pelo
que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado
a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria
concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos
séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua
augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso
Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a
nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que:
a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida
terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial.
“Pelo
que, se alguém, o que Deus não permita, ousar, voluntariamente, negar ou pôr em
dúvida esta nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica.
“Para que chegue ao conhecimento de toda a
Igreja esta nossa definição da assunção corpórea da Virgem Maria ao Céu,
queremos que se conservem esta carta para perpétua memória; mandamos também
que, aos seus transuntos ou cópias, mesmo impressas, desde que sejam subscritas
pela mão de algum notário público, e munidas com o selo de alguma pessoa constituída em dignidade eclesiástica, se lhes
dê o mesmo crédito que à presente, se fosse apresentada e mostrada.
“A ninguém, pois, seja lícito infringir esta
nossa declaração, proclamação e definição, ou temerariamente opor-se-lhe e
contrariá-la. Se alguém presumir intentá-lo, saiba que incorre na indignação de
Deus onipotente e dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo.
“Dado em Roma, junto de São Pedro,
no ano do jubileu maior, de 1950, no dia 1 ° de novembro, festa de todos os
santos, no ano XII do nosso pontificado.
Eu
PIO, Bispo da Igreja Católica assim definindo, subscrevi”.5
Assunção
como antecipação da glorificação de Nossa Senhora no Céu
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Dormição e Assunção da Virgem (detalhe) Fra Angelico (1434). Isabella Stewart Gardner Museum (Boston). |
Suplicando à Santa Mãe de Deus para todos a graça do nosso bom trânsito deste “vale de lágrimas” para a glória celestial e o ressurgimento da Santa Igreja da terrível crise progressista que procura abatê-la em nossos dias, encerramos essas considerações com comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (texto abaixo), não sem antes recomendar aos leitores duas coisas: assistir a uma velha filmagem, de 1950, com cenas históricas, na Praça de São Pedro, da solene cerimônia da proclamação do Dogma da Assunção (link abaixo indicado6) e uma atenta leitura do muito evocativo texto do sacerdote francês Thomas de Saint-Laurent, célebre autor de espiritualidade e grande devoto de Nossa Senhora [matéria que postaremos amanhã, 15 de agosto].
“A Assunção representa para a Virgem Santíssima uma
verdadeira glorificação aos olhos dos homens e de toda a humanidade até o fim
do mundo, bem como proêmio da glorificação que Ela deveria receber no Céu.
“A Igreja triunfante [no Céu] inteira vai recebê-la,
com todos os coros de Anjos; Nosso Senhor Jesus Cristo a acolhe; São José
assiste à cena; depois Ela é coroada pela Santíssima Trindade. É a glorificação
de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante e aos olhos de toda a
Igreja militante [na Terra].
“Com certeza, nesse dia, a Igreja padecente [no
Purgatório] também recebeu uma efusão de graças extraordinárias. E não é
temerário pensar que quase todas as almas que estavam no Purgatório foram então
libertadas por Nossa Senhora nesse dia, de maneira que ali houve igualmente uma
alegria enorme. Assim podemos imaginar como foi a glória de nossa Rainha.
“Algo disso repetir-se-á, creio, quando for
instaurado o Reino de Maria, quando virmos o mundo todo transformado e a glória
de Nossa Senhora brilhar sobre a Terra”7
__________
Notas:
1.
"Manual de Instrução Religiosa" — Doutrina Católica, por Boulenger,
Curso Superior, Coleção FTD, Livraria Francisco Alves Paulo de Azevedo &
Cia. (1927). Primeira Parte, p. 18.
2.
Munificentissimus Deus, § 39. https://www.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html (acessado em 12 de julho de 2025).
3.
Cfr. Obras Selectas de San Francisco de
Sales, I, preparadas sobre la edición típica de las “Obras Completas de
Annecy”, por el P. Francisco de la Hoz, S.D.B., de la real Academia Sevillana
de Buenas Letras, Asuncion de la Santissima Virgen, pp. 471 a 489, B.A.C.,
Madrid (1953).
4.
“Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as
portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino
dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que
desligares na Terra será desligado nos Céus” (Mt 16, 18-19).
5.
Munificentissimus Deus, § 44 e 45.
6.
https://www.youtube.com/watch?v=S3qnNZ78k3M
7.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 14 de
agosto de 1965. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 896, Agosto/2025.
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Assunção da Virgem Matteo di Giovanni (1474). The National Gallery (Londres) |
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA ASSUNTA AO CÉU
[Composta
pelo Papa Pio XII]
Oh Virgem Imaculada, Mãe de
Deus e dos homens. Cremos com todo o fervor de nossa fé em tua triunfante
Assunção em alma e corpo ao Céu, onde és aclamada rainha por todo o coro dos
Anjos e por todos os Santos, e a eles nos unimos para louvar e bendizer o Senhor
que Te exaltou sobre todas as demais criaturas: para oferecer-se a veemência de
nossa devoção e de nosso amor. Sabemos que teu olhar, que maternalmente
acaricia a humilde e sofredora humanidade de Cristo na Terra, se sacia no Céu
na contemplação da gloriosa humanidade da sabedoria incriada, e que o gozo da
tua alma, ao contemplar face a face a adorável Trindade faz com que teu coração
palpite com beatífica ternura.
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Coroação de Nossa Senhora Fra Angelico (1395–1455). Museu do Louvre, Paris. |
E nós, pobres pecadores, nós, a quem o corpo se sobrepõe aos anseios da alma, nós Te imploramos que purifique nossos sentidos, de maneira a que aprendamos, cá embaixo, a deleitar-nos em Deus, tão-somente em Deus, no encanto das criaturas. Estamos certos de que teus olhos misericordiosos fixar-se-ão em nossas misérias e em nossas angústias: em nossas lutas e em nossas fraquezas; que teus lábios sorrirão sobre nossas alegrias e em nossas vitórias; que Tu ouvirás a voz de Jesus dizer-Te de todos nós, como o fez Ele de seu amado discípulo: Aqui está teu filho.
E nós, que Te invocamos, Mãe nossa, nós
Te tomamos como o fez João, como guia forte e consolo de nossa mortal vida. Nós
temos a vivificante certeza de que teus olhos, que choraram na Terra, banhada
pelo sangue de Jesus, voltar-se-ão uma vez mais para este mundo presa da
guerra, de perseguições, de opressão dos justos e dos fracos. E, em meio à
escuridão deste vale de lágrimas, nós esperamos de tua luz celestial e de tua
doce piedade, consolo para as aflições de nossos corações, para atribulações da
Igreja e de nosso país.
Cremos finalmente que na glória, na qual Tu reinas, vestida de sol e coroada de estrelas Tu és, depois de Jesus, o gozo de todos os Anjos e todos Santos. E nós, que nesta Terra passamos como peregrinos, animados pela fé na futura ressurreição, olhamos para Ti, nossa vida, nossa doçura, nossa esperança. Atraí-nos para Ti com a mansidão de tua voz, para ensinar-nos um dia, depois de nosso exílio, a Jesus, bendito fruto de teu seio, ó graciosa, ó piedosa, ó doce Virgem Maria!
13 de agosto de 2025
ASSUNÇÃO — Triunfo da Santíssima Virgem, Glória da Santa Igreja
“Maria subiu aos Céus Regozijai-vos com os Anjos Regozijai-vos porque Ela reina com Cristo!”
2 de agosto de 2025
Beleza da movimentação do mar
31 de julho de 2025
Cerimonial grandioso e tradicional X Simplificação igualitária e modernista
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Coroação do Papa Pio VI — Antonio Poggioli (1795–1830). Metropolitan Museum of Art, Nova York |
“Nas fileiras católicas, não faltou infelizmente quem tivesse a audácia de propor à Santa Sé que, para conciliar melhor as simpatias das massas, o Papado se ‘democratizasse’ e o Pontífice Romano renunciasse às manifestações exteriores e solenes de seu supremo poder”
O artigo que segue foi publicado há 86
anos, mas agora vem à tona a propósito do novo pontificado que se iniciou em 8
de maio com o Papa Leão XIV.
O texto é de Plinio Corrêa de Oliveira (Legionário, 12-3-1939). Ele expõe duas questões que se tornaram candentes no noticiário sobre a morte de Francisco e a eleição de Leão XIV, sobretudo no que tange ao “espetáculo grandioso das cerimônias do Vaticano”.
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O ósculo dos pés na Basílica de São Pedro, em Roma — Antoinette Cécile Hortense (1784-1845). Museu do Louvre, Paris. |
REX PACIFICUS
Plinio Corrêa de Oliveira
No dia em que se desenrolam em Roma as cerimônias faustosas da coroação do novo Pontífice, deve ser grato aos corações católicos meditar atentamente as circunstâncias dentro das quais essa solenidade se realiza.
No século passado, em que o liberalismo político grassava pela Europa inteira, agravado por uma monomania democrática vizinha do delírio, as grandes solenidades pontifícias se desenrolavam não raramente sob o olhar hostil e a censura surda de grandes setores da opinião pública. Evidentemente, durante toda a vida da Igreja, nunca faltou a esta o amor de filhos dedicados e entusiastas.
Entretanto, é incontestável que, no século passado, os fulgores
dessas belas provas de amor alternavam sombriamente com o rancor igualitário
daqueles que, na faina de destruir toda a ordem religiosa, política e social,
não suportavam o espetáculo grandioso das cerimônias do Vaticano.
Os argumentos não faltavam para servir de pretexto a tanto rancor. O primeiro deles, já antigo, era da autoria de Judas Iscariotes: por que gastar tanto dinheiro, em lugar de dar aos pobres? O outro, de sabor mais acentuadamente luterano: não haverá idolatria em se prestar a um homem tantas provas de sumo respeito? Finalmente, a blasfêmia anarquista não deixava de se fazer ouvir neste triste concerto: quando chegará o dia feliz em que enforcaremos o último Papa nas tripas do último rei?
A Santa Sé nunca deu atenção a tais rancores. Com uma sublime e desassombrada energia, ela continuou a manter intacto seu magnífico e suntuoso cerimonial, que outra coisa não é senão a afirmação, através de cerimônias perceptíveis pelos sentidos, do princípio da autoridade, de que o Papa é o mais alto e mais sagrado representante na Terra.
Nas fileiras católicas, não faltou infelizmente quem tivesse a audácia de propor à Santa Sé que, para conciliar melhor as simpatias das massas, e vencer mais facilmente a revolução social que se fazia prenunciar de modo sinistro, o Papado se "democratizasse" e o Pontífice Romano renunciasse às manifestações exteriores e solenes de seu supremo poder.
A
Igreja, entretanto, nunca deu ouvidos a essa falaciosa proposta. Não é de seu
feitio transigir com o erro, ou procurar entabular com ele um duelo de
subtilezas e astúcias.
Quando o princípio de autoridade periclitava no mundo inteiro, pondo em risco a autoridade de todos os monarcas e chefes de Estado, não era o Vigário de Cristo, do qual provém toda a autoridade, que tomaria ares de pactuar com a revolução. A missão da Igreja não consiste em se adaptar aos séculos, mas de adaptá-los a si própria. Ela nunca baixará até os erros dos homens, mas elevará a humanidade até si.
Por
isso, enquanto as monarquias ruíam fragorosamente, as repúblicas se dissolviam
na anarquia das crises sociais, e as mais antigas dentre as cortes
sobreviventes se democratizavam a olhos vistos, o Vaticano conservou intacto
seu grandioso cerimonial.
Vem, agora, o outro aspecto da questão.
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Comício nazista em Nuremberg, em 1934 |
Um
verdadeiro vendaval político-social foi a consequência da pregação das
doutrinas liberais. Esse vendaval suscitou a tendência geral para uma
consolidação de autoridade. Todos os povos, outrora minados pela febre da
liberdade, se sentem hoje trabalhados por uma intensa propaganda a favor da
consolidação do Poder público, com preterição ou até supressão dos mais
sagrados direitos da pessoa humana.
Os novos césares, como o exige a natureza das doutrinas que pregam, sentem a necessidade de confirmar sua autoridade com os sinais exteriores do poder, desenvolvidos através de imponentes cerimônias cívicas. E, com isso, todo um cerimonial político renasce em nossos dias, que bem poderia ser chamado a liturgia faustosa dos novos ídolos que as massas levantam acima de si mesmas para lhes prestar adoração.
Interessante
é notar, a esse propósito, o ambiente que cerca essa nova e estranha liturgia
política. Duas notas a caracterizam: força e domínio. Atente-se para uma
cerimônia nazista. Em algum imenso estádio da Alemanha, comprime-se uma
multidão incontável, que se torna cada vez mais densa porque os ônibus e os
trens despejam ondas humanas sempre mais numerosas. Para encher o tempo, inúmeros
alto-falantes transmitem a voz de um locutor.
Do
que fala ele? Da luta do partido nazista, de suas vitórias passadas, dos
inimigos que esmagou, esmaga e esmagará. Quando, ao cabo de uma longa série de
injúrias e de ameaças, o locutor se cala para tomar fôlego, a multidão entoa
cânticos guerreiros. Refletores deslumbrantes erguem para o céu colunas
verticais. Uma tribuna imensa, composta de blocos graníticos pesados e brutais,
se ergue no centro de tudo isso. De repente, estrugem gritos e urros de entusiasmo.
É o “Führer” que chega.
As
canções guerreiras redobram. Os canhões estrugem. A multidão ulula como um mar
enfurecido. O “Führer” começa a falar: do outro lado das fronteiras,
Chamberlain treme de medo, apoiado em seu guarda-chuva; Daladier prefere fingir
que não ouve, para não ter de brigar (como os meninos bem educados, quando
passam perto dos moleques na rua e ouve seus insultos, fingindo não notar
nada). Mussolini presta atenção: é tão bonito; quem sabe se ele conseguirá
fazer igual! Roosevelt não entende bem como é que, tendo ele tantos milhões de
dólares, Hitler não é amigo dos Estados Unidos. E os povos fracos da Terra
tremem.
Exéquias do Papa Pio XI
Para
completar o quadro, seria suficiente que uma legião de demônios aparecesse no
céu, vociferando em gritos agrestes: glória ao novo messias, a opressão, na
terra, para os povos que não têm canhões! E o mundo inteiro aplaude ou treme;
mas, quer aplaudindo, quer tremendo, secretamente admira!
É
sob o signo dessa dura liturgia do ódio e da guerra, do sangue e da luta, que o
mundo curva a cabeça em atitude respeitosa e admirativa. Nessas grandes festas
públicas, não há outro gáudio senão o do orgulho exacerbado e do ódio
satisfeito.
Não são propriamente festas, esses tremendos “sabbats” cívicos. São bacanais em que as multidões não se embriagam mais, como no tempo dos césares, com o vinho capitoso e subtil das plantações itálicas, mas com o licor espiritual grosseiro, de um patriotismo levado até à loucura.
Enquanto
isso, morre para o mundo e nasce placidamente para o Céu o Papa Pio XI. Sua
morte não anunciada pelo troar dos canhões, mas pelo som paternal e suave dos
sinos de São Pedro, que repercutem de campanário em campanário, até os extremos
da China ou da Groenlândia.
Nenhum Departamento de Propaganda engaiola as multidões para levá-las à força para Roma. Mas Roma se enche de uma multidão que faria babar de inveja o Ministério da Propaganda da Alemanha [do período nazista], e muitas repartições congêneres de outros países. Não há desfiles marciais de soldados, nem desenrolar de tropas agressivas. Apenas a gendarmerie pontifícia, que contém e policia paternalmente a multidão pacífica e enlutada.
Anuncia-se,
depois, o novo Papa. Uma multidão aguarda seu nome. Outras multidões afluem de
todas as ruas e de todos os becos de Roma, para saber quem foi o eleito. Todo o
mundo aplaude. Mas, ainda aí, não há outro eco senão o das sonoras e musicais
trombetas de prata dos arautos, as harmonias graves dos sinos da Cidade Eterna,
e os vivas da multidão.
Pio XII abençoa a multidão reunida
na Praça de São Pedro.
Não, o Vaticano não é a caserna em que o gado humano é arregimentado para a carnificina, mas a casa suntuosa, porém acolhedora, do Pai comum, que é o lar espiritual de todos os povos da Terra, que ali ombreiam uns com os outros, numa alegria despreocupada e pacífica, de que só o Vaticano, hoje em dia, é teatro.
Pio XII sendo levado na
Sede Gestatória
no dia de sua coroação.
Finalmente, anuncia-se a coroação do Papa. Nenhuma cerimônia, no mundo inteiro, é mais majestosa. Nenhuma, porém, é ao mesmo tempo mais pacífica, mais serena, mais familiar. O povo não treme diante de um ídolo, mas delira de contentamento diante de um Pai. O povo não se ajoelha diante de um algoz, mas beija reverente os pés daquele que é uma branca e suave figura. E na majestade de seu porte, a Santidade e a Majestade suprema do Criador.
E,
no menor Estado do mundo, que é o Vaticano, uma das maiores multidões que a
Itália — mesmo a fascista — tenha jamais contemplado, celebra, à sombra do
Vigário de Cristo, ao mesmo tempo a mais pacífica e a mais jubilosa das
cerimônias deste sinistro século de lutas e de guerras.