28 de maio de 2014

O fato de ser teólogo não garante ninguém de não cair em heresia...

Costumo deletar de nosso blog os comentários anônimos, sobretudo aqueles permeados de insultos ou palavrões. Esta é a regra. Mas, como toda regra tem exceção, por vezes não os deleto, a fim de ficarem para conhecimento de nossos leitores. É o caso do comentário colocado no post anterior, criticando o artigo do Revmo. Pe. David Francisquini. Como publiquei a crítica, publico também minha réplica, que foi a seguinte:

Prezado Sr. Anônimo
O senhor faz uma crítica ao artigo “Chegou o tempo?”, de autoria do Pe. David Francisquini, pelo fato desse sacerdote afirmar que não se pode admitir a tese do Cardeal Kasper — ou seja, a “admissão na comunhão eucarística de divorciados que tenham contraído novas uniões” —, pois é contrária a ensinamento do Magistério da Igreja. 

Em tal crítica o senhor diz que “não podemos nos soerguer como arautos da verdade que empunha o estandarte da mesma como se só pudesse ser sustentado por nossas mãos!”.

O Pe. Francisquini, com toda certeza, admite isso e não afirma algo semelhante no artigo em foco. Ele mostra a verdade ensinada pela doutrina católica, e não a verdade “sustentada por nossas mãos”. Nós não somos donos da verdade, a verdade é que é nossa dona. A doutrina católica ensinada pelo Magistério infalível da Igreja é segura, e não a doutrina ensinada particularmente por qualquer um de seus membros — no caso, o Cardeal Kasper.

O senhor ainda escreve que o Cardeal Kasper “é um teólogo respeitado, creio que não foi bem entendido”.

Ora, meu prezado anônimo, Lutero também, em seu tempo, era considerado um grande teólogo e respeitado por muitos... O fato de ser teólogo não garante ninguém de não cair em heresia. Para ficarmos apenas no exemplo de Lutero, este apóstata, além de se tornar um heresiarca que teve a ousadia de se levantar contra a doutrina ensinada pela Igreja Católica, pregou uma rebelião contra ela; blasfemou e lançou suas injúrias contra Nosso Senhor Jesus Cristo, contra Maria Santíssima e contra Roma. 

Certamente o senhor sabe disso, mas se não tem conhecimento do que pregava Lutero, sugiro ler alguns livros a respeito, por exemplo “A Igreja, a Reforma e a Civilização" (de autoria do Padre Leonel Franca), ou ainda o livro “Lutero”, obra de Funck-Brentano (célebre historiador francês, membro do “Institut de France”) — autor insuspeito, pois era ele protestante. 

De modo que, prezado anônimo, entre o que o senhor diz e o ensinamento magisterial da Igreja, fico com a Santa Igreja.

Encerrando esta resposta, repito aqui o trecho final do artigo do Pe. Francisquini, pois gostei muito: 

“Ninguém pode ensinar algo diferente do que foi sempre ensinado, afirma a tradição. São Paulo adverte: ‘Ainda que alguém — nós ou um anjo baixado do céu — vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.’” 

O que dizer de um eclesiástico que ensina e propõe o contrário daquilo que o Magistério sempre ensinou? Santo Afonso de Ligório afirma, com base nas Sacras Letras, que é de fé que os impudicos, os impuros e os fornicadores não possuirão o Reino dos Céus. A iniciativa do cardeal Kasper de tentar liberar a Comunhão Eucarística aos recasados acabará por envolver a instituição familiar numa crise sem precedentes, pois diz respeito aos fundamentos de nossa religião. Essa crise será também a ruína de muitos que deveriam pregar a boa doutrina. A vida matrimonial e familiar é sustentada pelos princípios, convicções e certezas oriundos da Fé, e tudo o que se constrói sobre o sentimentalismo não passa de edificação fantasiosa.

Cumpre encontrar soluções para que os recasados se afastem do mau caminho, e não subterfúgios para abalar ainda mais os já tênues laços familiares, como propõe o cardeal Kasper. São Paulo recomenda: “Prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade; repreende, suplica, admoesta com toda paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas contratarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão o ouvido das verdades para abrirem às fábulas.” 

Terá chegado esse tempo? — Para o referido cardeal, expoente do progressismo, parece que sim...

7 comentários:

Edson disse...

Excelente resposta. Salve Maria!

Edson disse...

Excelente resposta. Salve Maria!

O Resistente disse...

Parabéns ao autor do blog e ao Pe. Davi pelo bom trabalho na defesa da Fé.

Anônimo disse...

Cardeal Kasper não é e nem nunca foi um progressista ( alcunha com a qual querem tornar pejorativo a opinião de quem discorda de vocês!), creio até que ele esteja correto e devemos nos acostumar com essa idéia! Não fui educado asim, mas percebo que mesmo as mais " sólidas convicções" estão sujeitas a um prazo de vencimento. Não acho uma questão nodal da fé, estas sim, são absolutamtne imutáveis. O papa Francisco já me surpreendeu algumas vezes, e antes dele outros que não convém citar aqui. Acho bom que continuemos a nos comunicar, eu me enriqueço com a opinião deste Blog. Gratos e Paz amigos!Meu nome é Maurício Seixas!

Santos disse...

"O Catolicismo sempre foi e sempre será o mesmo por toda a parte", afirmou São Pedro Julião Eymard. E Nosso Senhor disse: "Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão", isso é, nunca deixarão de vigorar. Por isso, a afirmação so sr. Maurício Seixas de que "mesmo as mais " sólidas convicções" estão sujeitas a um prazo de vencimento" não é verdadeira; antes, pertence à corrente relativista...
A moral católica está mais atual do que nunca. Até setores alheios à Igreja, embora não dêem o braço a torcer, acabam confessando, por exemplo, que restrições de liberdade aos filhos, saber dizer-lhes não, impor-lhes disciplina e até umas palmadas é preciso, é necessário.
Ora, a Igreja sempre afirmou isso e muito mais!
Hoje é sabido que, por exemplo, os filhos de pais separados são muito mais vulneráveis à decadência do que aqueles educados por pais sempre unidos. Isto li em um jornal de importância do Paraná. Mas o artigo absolutamente não falava do papel importantíssimo da idissolubilidade do matrimônio, das nefastas consequências do divórcio (embora estivesse analisando uma delas)! Por quê isso? Porque, ao que parece, o mais importante no mundo atual é o eu; é o homem "orgulhoso e sensual" (Plínio Corrêa de Oliveira in Revolução e Contra-revolução), que só pensa em si e no seu prazer; ou seja, a idolatria dos antigos povos repaginada... Ainda vigora o "é proibido proibir"... Enquanto não chegar o Reino de Maria.

Página Católica Padre David Francisquini disse...

Recomendei ao jovem que cuida do blog que postasse sua resposta clara e lúcida ao anônimo. Na verdade, temos muitos teólogos contemporâneos que incorreram em heresia, como o apóstata Leonardo Boff e os da Teologia da Libertação, etc. Meus parabéns!

Pe David

Página Católica Padre David Francisquini disse...

Recomendei ao jovem que cuida do blog que postasse sua resposta clara e lúcida ao anônimo. Na verdade, temos muitos teólogos contemporâneos que incorreram em heresia, como o apóstata Leonardo Boff e os da Teologia da Libertação, etc. Meus parabéns!

Pe David