19 de fevereiro de 2019

Quando o general se descola da tropa


➤  Marcos Machado 

Contrariando o verdadeiro papel do chamado 4º. Poder, que é o de coadjuvar o Estado na procura do “bem comum”, a mídia de esquerda — das poucas armas que restam ao PT — vem reproduzindo com “torcidas”, más interpretações e futricas quaisquer desavenças ou comentários menos felizes provenientes de membros do governo, logo agora que o Brasil começa a reatar-se consigo mesmo. 

Posto esse princípio fundamental, que é a procura do “bem comum”, passemos à questão do aborto na entrevista concedida pelo general Mourão ao jornal “O Globo” (1º-3-19):
“A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto no qual a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher tivesse que ter a liberdade de chegar e dizer ‘preciso fazer um aborto’. Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa.” 
Palavras sem dúvida censuráveis, das quais “O Globo” — useiro e vezeiro na arte de explorar e distorcer entrevistas (“'Aborto deve ser uma decisão da mulher', diz o vice-presidente”) — se utilizou em detrimento da boa imagem do próprio governo e em benefício da agenda petista e antifamília. Mas isso só foi possível porque o general se descolou do sentimento geral da tropa... 

A esquerda autêntica tem uma mentalidade, e não um conjunto de opiniões desconexas, pela qual ela sempre defende o aborto, e nunca a propriedade privada ou a família. Nos 13 anos de pesadelo petista, assistimos à investida furiosa a favor da ideologia de gênero, das invasões rurais e urbanas, do aborto e da agenda homossexual. Há, portanto, um nexo profundo entre destruir a família e perseguir a propriedade, como reza a teoria marxista. 

O caráter marcadamente conservador, familiar e, portanto, de direita, ficou patente nas grandes demonstrações populares que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras a partir de 2015. Ficou patente na campanha presidencial de Jair Bolsonaro a defesa dos valores familiares e da propriedade privada, bem como a orientação da política externa brasileira “sem viés ideológico” esquerdista. Os discursos de posse do Presidente e de Ernesto Araújo foram tomados como uma confirmação do cumprimento das promessas de que o Brasil se livrou da agenda petista, que incluía o aborto. 

Como o filho pródigo que volta à casa paterna, ou São Paulo a caminho de Damasco, com o novo governo o Brasil livrou-se do despenhadeiro petista para retomar as esperanças de cumprir seu papel conservador, anticomunista e pró-família em âmbito não apenas latino-americano, mas mundial. 

Segundo o princípio da democracia, o eleitor é o mandante e os representantes eleitos são os mandatários que recebem dele uma procuração específica para executar a sua vontade. No presente caso, a vontade de um povo conservador, antipetista e pró-família. A força das redes sociais conservadoras aí está: vigilante, atuante e disposta a servir o Brasil. Já tivemos um exemplo de quão viva permanece essa reação anticomunista na rejeição da infeliz viagem de uma comissão de Parlamentares do PSL à China vermelha. Não é fazendo concessões à esquerda que se edificará o novo Brasil. General, a tropa é antiabortista! 
“A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro.  
“Explorai, senhores do poder temporal, as riquezas de nossa terra; estruturai segundo as máximas da Igreja, que são a essência da civilização cristã, todas as nossas instituições civis. Deus jamais é tão bem servido, quanto se César se porta como seu filho. E, senhores, em nome dos católicos do Brasil, eu vo-lo afianço, César jamais é tão grande, como quanto é filho de Deus.”* 
Nem concessões à esquerda nem atentados contra a família e a propriedade nos afastarão de nossa missão providencial. Pelo contrário, seguindo a lei natural e as vias da Civilização Cristã, se construirá um Brasil autêntico, forte e coeso, para exemplo e edificação de nossas irmãs latino-americanas e o bem do mundo inteiro. 

O Cristo Redentor e Nossa Senhora Aparecida nos mantenham alertas e fortes na defesa e no fortalecimento dos pilares da civilização, a tradição, a família e a propriedade. 
____________ 

* https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS%20-%201942-09-07%20-20IV%20Congresso%20Eucaristico.htm

Nenhum comentário: