14 de abril de 2008

Isabellas (sim, com “s” no final)

O Brasil inteiro está chocado com o caso Isabella!

Paulo Roberto Campos
prccampos@terra.com.br

Todos os brasileiros estamos estarrecidos com o monstruoso fato ocorrido no dia 29 de março último: uma menininha, de apenas 5 anos, jogada do 6º andar de um prédio, seu corpo encontrado espatifado no solo.

Nesses últimos dias, jornais, revistas, rádios, TVs e sites estão repletos de reportagens sobre esse trágico assassinato. Realmente, um caso monstruoso — seja quem for o(a) responsável.

Todos se perguntam:
“Quem matou Isabella Nardoni?”
“Quem praticou tamanha crueldade?”
“Por que alguém teria cometido tal barbaridade?”

Tremenda insensatez – inexplicável incoerência

Com tal caso, torna-se impossível não denunciar uma pavorosa incoerência dos meios de comunicação e de incontáveis pessoas. Refiro-me àquelas que estão chocadíssimas com o brutal assassinato da pequena Isabella — e razões não faltam —, mas que não ficam chocadas com o brutal assassinato de crianças no ventre materno! É incompreensível, mas muitas pessoas são até favoráveis ao aborto, portanto ao assassinato de pequenas e inocentes “Isabellas” que nem sequer viram a luz do sol.

Quantas “Isabellas” são diariamente assassinadas, e do modo mais cruel que se possa imaginar? Eliminar uma vida humana será sempre gravíssimo crime, não importando a idade: seja aos 100 anos, 50 ou aos 5, seja com apenas alguns meses ou dias.

Ah! se um dia jornais, revistas, rádios, TVs e sites estiverem repletos de comentários contra o assassinato de bebês indefesos no útero materno, QUE MARAVILHA SERIA! Seria um bom passo para a restauração da civilização neste mundo neo-bárbaro.

Oxalá um dia o Brasil inteiro — que se encontra horrorizado com o caso Isabella — venha a se horrorizar também com as incontáveis vítimas do aborto. Que o Brasil inteiro, assim como deseja a condenação do(a) facínora que matou a pequenina Isabella Nardoni, do mesmo modo exija a condenação de facínoras (leiam-se médicos, enfermeiras ou quem quer auxilie o aborto) que matam as crianças no ventre de suas mães.

Ambos são crimes hediondos! Ambos lamentamos profundamente e não podem ficar impunes!

“Estão se queixando do cheiro de carne humana queimada”

Recente artigo de Carlos Heitor Cony (“Folha de S. Paulo”, 11-4-08), muito apropriadamente intitulado “Uma história repugnante”, relata a pesquisa realizada por dois jornalistas ingleses, Michel Litchfield e Susan Kentish, sobre a “indústria do aborto” em Londres. Eles investigaram o que se passava nas clínicas abortivas, após a legalização do aborto na Inglaterra (com o “Abortion Act”, de 1967), e gravavam as conversas com os médicos. Com base na pesquisa, eles escreveram a clássica obra “Babies for Burning” (Bebês para Queimar), editado pela Serpentine Press, de Londres.

Aqueles que desejarem adquirir tal obra em português, há uma versão da Edições Paulinas (São Paulo, 1985), com o título: Bebês para queirmar: a indústria do aborto na Inglaterra.
E o referido artigo pode ser lido na íntegra em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1104200842.htm

Aqui transcrevo apenas alguns trechos:


  • “Os autores souberam, por meio de informações esparsas, que a indústria do aborto, como qualquer indústria moderna, tinha uma linha de subprodutos: a venda de fetos humanos para as fábricas de cosméticos. [...]

    “Contam os jornalistas: ‘Quando nos encontramos em seu consultório, o ginecologista pediu à sua secretária que saísse da sala. Sentou-se ao lado de Litchfield, o que melhorou a gravação, pois o microfone estava dentro da sua maleta. O médico mostrou uma carta:

    — “‘Este é um aviso do Ministério da Saúde’, disse, com cara de enfado. ‘As autoridades obrigam a incineração dos fetos... não devemos vendê-los para nada... nem mesmo para a pesquisa científica... Este é o problema....’

    — “‘Mas eu sei que o senhor vende fetos para uma fábrica de cosméticos e... e estou interessado em fazer uma oferta... também quero comprá-los para a minha indústria...’

    — “‘Eu quero colaborar com o senhor, mas há problemas... Temos de observar a lei... As pessoas que moram nas vizinhanças estão se queixando do cheiro de carne humana queimada que sai do nosso incinerador. Dizem que cheira como um campo de extermínio nazista durante a guerra.’

    “E continuou: ‘Oficialmente, não sei o que se passa com os fetos. Eles são preparados para serem incinerados e depois desaparecem. Não sei o que acontece com eles. Desaparecem. É tudo.’

    — “‘Por quanto o senhor está vendendo?’

    — “‘Bem, tenho bebês muito grandes. É uma pena jogá-los no incinerador. Há uso melhor para eles. Fazemos muitos abortos tardios, somos especialistas nisso. Faço abortos que outros médicos não fazem. Fetos de sete meses. A lei estipula que o aborto pode ser feito quando o feto tem até 28 semanas. É o limite legal. Se a mãe está pronta para correr o risco, eu estou pronto para fazer a curetagem. Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados e vivem um pouco antes de serem mortos. Houve uma manhã em que havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Era uma pena jogá-los no incinerador porque tinham muita gordura que poderia ser comercializada. Se tivessem sido colocados numa incubadeira poderiam sobreviver, mas isso aqui não é berçário. Não sou uma pessoa cruel, mas realista. Sou pago para livrar uma mulher de um bebê indesejado e não estaria desempenhando meu oficio se deixasse um bebê viver. E eles vivem, apesar disso, meia hora depois da curetagem. Tenho tido problemas com as enfermeiras, algumas desmaiam nos primeiros dias’”.

“Quem derrama o sangue humano será castigado”

Realmente repugnante! Mas é a realidade de inúmeras clínicas abortivas. No trecho acima encontramos referência a “curetagem”. O que vem a ser uma “curetagem”?

No livro Aborto — 50 perguntas e 50 respostas em defesa da vida inocente, lemos à pág. 12:

  • “Dilatação e curetagem (D&C) — Um objeto afiado, de forma semelhante a uma colher, corta a placenta e retalha o corpo do bebê, o qual é então succionado através do colo. Para evitar infecção, os pedaços do nascituro são remontados fora, após a extração, peça por peça, pelas enfermeiras, para assegurar-se de que nenhuma de suas partes ficou no útero materno”.

Essa é uma das “técnicas” abortivas, usadas para matar o fruto de uma concepção. Ou seja, o bebê é espatifado. Depois é incinerado, ou “comercializado”, ou jogado na lata de lixo.

Isabella também ficou espatifada, mas não incinerada e jogada na lata de lixo. Graças a Deus, ela era batizada. E teve um enterro digno. Honra que não se presta aos bebês espatifados pelos instrumentos de aço pontiagudos utilizados por mãos abortistas.

Encerro este “post” com uma passagem da Sagrada Escritura, que encontrei no mesmo livro e que se aplica aos assassinos de todas as “Isabellas” : “Quem derrama o sangue humano será castigado pela efusão de seu próprio sangue” (Gen. 9, 6).

2 comentários:

J. Sepúlveda disse...

Parabéns pelo seu artigo. Uma verdade incômoda, muito bem apresentada. Uma incoerência revoltante.
Quanto à citação do livro sobre o aborto na Inglaterra... inacreditável, digno das mais macabras histórias de campos de concentração nazistas ou comunistas.

Anônimo disse...

Realmente a questão é dura de se ver de frente, mas precisamos encará-la. Não se pode viver romanticamente e só ter pena da Izabela (devemos ter, e foi um crime diabólico) e não se ter pena dos bebês abortados. Uma vida é uma vida em qualquer estágio, do zero ao 100 anos. É igualmente crime matar um bebê que sequer saiu do útero da mãe, como é crime matar Izabela, como é crime matar uma pessoa bem velhinha -- mesmo por eutanásia.
Mas, de fato, a mídia está fazendo toda essa comoção devido ao assassinato de Izabela e não faz nada devido ao assassinato de bebês. Muitas vezes a mídia é até cúmplice desses verdadeiros infanticídios. Estamos vivenciando uma tremenda contradição.