O artigo é autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e publicado no jornal “Legionário” em 6-4-1941. Ele aconselha que nossas reflexões sobre a Paixão de Cristo não podem se limitar a teóricas considerações sentimentais e adocicadas. Mas elas devem estar unidas à Paixão por que passa a Santa Igreja Católica nos dias atuais.
De pouco nos adianta meditar sobre a tragédia pela qual passou nosso Redentor, sem darmos provas sinceras de nossa dedicação, devoção e amor verdadeiro a Ele. E uma dessas provas é não permanecermos tíbios e indiferentes aos sofrimentos atuais da Santa Igreja — Ela é o Corpo Místico de Cristo —, que vem sendo perseguida. Basta vermos como presentemente seus ensinamentos são desprezados — por adversários, mas, infelizmente, até mesmo por muitos de seus maus filhos.
Reparar as atuais ofensas a Nosso Senhor
Plinio Corrêa de Oliveira
“Entretanto, essa ingratidão e essa versatilidade não existiram apenas nos judeus dos tempos da existência terrena de Nosso Senhor. Hoje ainda, no coração de quantos fiéis, tem Nosso Senhor que suportar essas alternativas de adorações e de vitupérios. E isto não se passa apenas no recesso geralmente indevassável das consciências. Em quantos países Nosso Senhor tem sido sucessivamente glorificado e ultrajado, a curtos intervalos de tempo?
“Não empreguemos nosso tempo exclusivamente em nos horrorizarmos diante da perfídia do povo deicida. Para nossa salvação ser-nos-á utilíssimo refletirmos em nossa própria perfídia. Olhos postos na bondade de Deus, poderemos assim conseguir a emenda de nossa vida.
“Ninguém ignora que o pecado é um ultraje feito a Deus. Quem peca mortalmente expulsa Deus de seu coração, rompe com Ele as relações filiais que Lhe deve como criatura, e repudia a graça.
“Assim, há uma frisante analogia entre o gesto dos judeus, matando o Redentor, e nossa situação quando caímos em pecado mortal.
“Ora, quantas e quantas vezes, é depois de termos glorificado a Nosso Senhor ardentemente, por nossos atos ou ao menos depois de termos tomado com os lábios ares de quem O glorifica, que caímos em pecado e O crucificamos em nosso coração! [...]
“Nosso Senhor, indubitavelmente, é muito ultrajado em nossos dias. Sejamos nós algumas daquelas almas reparadoras que, se não pelo brilho de nossa virtude, ao menos pela sinceridade de nossa humildade — humildade inteligente, razoável, sólida, e não apenas humildade de palavrório sonoro e pescoço torto —, reparemos nestes dias santos, junto ao trono de Deus, tantos ultrajes que incessantemente Lhe são feitos”.
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