12 de dezembro de 2012

Quanto MAIOR a desagregação da família, MENOR o rendimento escolar

Atual sistema de ensino escolar prepara muito bem para uma geração de incapazes 


CARLOS SCHAFFER (*) 

“Metade dos alunos não sabe somar”. Esta é a manchete do principal diário austríaco, “Die Presse”, nesta quarta-feira, 12 de dezembro. Mais precisamente, apenas 58% dos alunos do quarto ano escolar, em idade de 14 anos, atingiram o padrão mínimo no teste de matemática, realizado em todo o país. O resultado é alarmante. Christroph Schwarz comenta na segunda página: “Nosso sistema escolar produz uma geração de incapazes”.

Os resultados desse teste nas escolas na Capital, Viena, são ainda piores. Aqui desce a 49% a proporção dos que chegaram ao padrão mínimo de noções aritméticas. O programa estatal de integração escolar de austríacos com filhos de imigrantes — em sua maioria muçulmanos — é uma das causas desse fracasso. A outra é a desagregação da família.  

Todas as escolas, temendo serem taxadas de “discriminatórias” favorecem os imigrantes muçulmanos. Estes, frequentemente, sequer dominam a língua deste país. Seu baixo nível cultural torna lenta a função pedagógica dos professores. Muitas famílias não matriculam seus filhos na escola próxima de casa, se nelas o número de imigrantes é alto. Elas se vêem obrigadas a procurar escolas distantes do lar, a fim de evitar as tensões sociais e o mal estar para seus filhos. Esse clima em nada colabora com o aproveitamento escolar.

Há pouco mais de duas semanas, nesta Capital, um aluno de 13 anos cometeu suicídio por causa de más notas. Ele saltou do último andar de sua escola. O medo de enfrentar os pais levou-o à morte. Na região de Viena um terço dos alunos recorre a psiquiatras em razão de dificuldades várias nas escolas. 

CRISE DA FAMÍLIA 
“Más notas não caem das nuvens, mas representam o fim de um processo”, afirma a psicóloga Christiane Spiel [“Die Presse”, 3.12.2012]. O problema começa em casa, onde os pais quase não acompanham os filhos. Mas exigem boas notas. Há uma ação contínua a ser exercida junto aos pais a fim de que não extravasem seu descontentamento quando chegam as notas baixas. Os pais são pois, solicitados a se responsabilizar pelo aproveitamento escolar. 

Mathilde Zeman, psicóloga chefe do conselho escolar de Viena, recomenda aos pais a não transformar em drama uma nota baixa. “Os pedagogos [atuantes nos estabelecimentos de ensino primário] devem ser treinados conversar com os pais”. Para suprir a “ausência” dos pais o conselho escolar pensa em empregar novos psicólogos, destinados a convencer os pais a assumirem sua responsabilidade. 
Divórcio dos pais: fator que muito pesa para o baixo aproveitamento escolar dos filhos
A situação não é simples. Grande número de alunos provém de famílias separadas pelo divórcio. Pouco olham pelos filhos os pais — eles são inúmeros — que trabalham fora do lar. Muitos casais, tomados pela ideologia libertária da Revolução da Sorbonne, 1968, se insurgem contra a disciplina escolar. Para eles é preciso ser moderno: “a palavra disciplina assusta as crianças, elas devem fazer o que quiserem. Caso não sigam seus impulsos, recalcando sua vontade, terão neuroses mais tarde”. Essa cantilena foi aprendida com Sigismund Freud, vienense, cuja ideologia libertária vem trazendo trágicas e desastrosas consequências. 

Neste clima, a proposição do especialista em educação, chefe do PISA [Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes], Andreas Schleicher, faz sorrir. Ele veio de Paris para entender-se com a Ministra da Educação, Claudia Schmied, socialista. Para a solução do problema austríaco ele propõe, entre outras medidas, que os pais façam com os filhos os deveres escolares durante, ao menos, três horas diárias... Ela mesma, a senhora Ministra, não deve ter gostado da proposta. O Partido Socialista, no qual ela milita, vem adotando reformas do sistema escolar, sempre no sentido de afastar os filhos dos pais, colocando-os sob crescente controle do Estado. Os resultados estão aí. 
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(*) Carlos E. Schaffer, Jornalista sediado na capital austríaca, ofereceu esta matéria para publicação no Blog da Família.

Um comentário:

Anônimo disse...

Algo esperado...