27 de janeiro de 2015

Família numerosa — uma bênção de Deus


As famílias abençoadas por uma prole numerosa robustecem os laços matrimonias e cada filho é uma alegria a mais para os pais, irmãos e parentes, sobretudo um sorriso e um presente de Deus para a Família 

Paulo Roberto Campos

A crítica às famílias que procriam “como coelhos” foi difundida largamente pela mídia do mundo inteiro e causou enorme perplexidade, até mesmo consternação, nas famílias católicas que procuram manter fidelidade ao ensinamento tradicional da Igreja. Tal critica doeu mais profundamente por ser pronunciada por uma pessoa a quem se deve todo respeito, mas da qual as famílias esperavam apoio, e não censura. Apoio por não serem do tipo de família moderna que deposita no prazer egoístico da vida o bem supremo e acham que os filhos constituem obstáculo para o gozo da vida. 


A esse propósito convém recordar que em nossos dias a revolução antinatalista — levada a cabo por muitos governos e atuando sobretudo através dos grandes meios de comunicação — promove a constituição da “família nuclear” (com apenas 1 ou 2 filhos, ou nenhum) e procura denegrir a família tradicional, que se poderia denominar “patriarcal”, com numerosa prole, num intenso convívio com a parentela. 

Contrária à prole numerosa, a propaganda revolucionária antifamília incentiva o planejamento familiar, a limitação da natalidade, a utilização de contraceptivos, pílulas abortivas, esterilização cirúrgica, aborto etc. E tem obtido o desastroso resultado revelado por pesquisas em numerosos países, inclusive no Brasil: o rápido envelhecimento da população, devido à baixa taxa de natalidade. 

Com o objetivo de auxiliar as abençoadas famílias numerosas a se manterem firmes na Fé e sempre devotadas aos valores morais, ofereço a elas as considerações abaixo, concernentes à maravilhosa bênção que elas representam para as famílias, para a sociedade em geral e para as nações e o quanto elas são especialmente amadas e protegidas por Deus. 

O primeiro texto (que segue) foi extraído do livro Nobreza e
elites tradicionais análogas [foto], publicado em 1993, de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira. 

Mas, desenvolvendo o mesmo assunto, em próximos posts publicarei mais três textos: uma carta da Sra. Patrícia Medina e outra da Sra. Mónica C. Ars  ambas são mães de famílias justamente indignadas com a crítica acima mencionada — e, encerrando esta série, um magnífico discurso do Papa Pio XII sobre como as famílias numerosas são dignas de muita admiração. Aguardem! 



No indivíduo e na família, os fatores mais essenciais do bem comum dos grupos intermediários, da região e do Estado — a família fecunda, um pequeno mundo 

“A experiência demonstra que habitualmente a vitalidade e a unidade de uma família estão em relação natural com a sua fecundidade. 
Quando a prole é numerosa, ela vê o pai e a mãe como dirigentes de uma coletividade humana ponderável pelo número dos que a compõem como — normalmente — pelos apreciáveis valores religiosos, morais, culturais e materiais inerentes à célula familiar. O que nimba de prestígio a autoridade paterna e materna. E, sendo os pais de algum modo um bem comum de todos os filhos, é normal que nenhum destes pretenda absorver todas as atenções e todo o afeto dos pais, instrumentalizando-os para o seu mero bem individual. O ciúme entre irmãos encontra terreno pouco propício nas famílias numerosas. O que, pelo contrário, facilmente pode surgir nas famílias com poucos filhos. 
Também nestas últimas se estabelece não raras vezes uma tensão pais-filhos, em resultado da qual um dos dois lados tende a vencer o outro e a tiranizá-lo. 
Os pais por exemplo podem abusar da autoridade, subtraindo-se ao convívio do lar para utilizar todo o tempo disponível nas distrações da vida mundana, deixando os filhos relegados aos cuidados mercenários de baby-sitters ou dispersos no caos de tantos internatos turbulentos e vazios de legítima sensibilidade afetiva. 
E podem tiranizá-los também — é impossível não mencionar — por meio das diversas formas de violência familiar, tão cruéis e tão frequentes na nossa sociedade descristianizada. 
Na medida em que a família é mais numerosa, vai-se tornando mais difícil o estabelecimento de qualquer dessas tiranias domésticas. Os filhos percebem melhor quanto pesam aos pais, tendem a ser-lhes por isso gratos, e a ajudá-los com reverência — quando chegado o momento — na condução dos assuntos familiares.  
Por sua vez, o número considerável de filhos dá ao ambiente doméstico uma animação, uma jovialidade efervescente, uma originalidade incessantemente criativa no tocante aos modos de ser, de agir, de sentir e de analisar a realidade quotidiana de dentro e de fora de casa, que tornam o convívio familiar uma escola de sabedoria e de experiência, toda feita da tradição comunicada solicitamente pelos pais, e da prudente e gradual renovação acrescentada respeitosa e cautamente a esta tradição pelos filhos. A família constitui-se assim num pequeno mundo, ao mesmo tempo aberto e fechado à influência do mundo externo.  
A coesão desse pequeno mundo resulta de todos os fatores acima mencionados, e esteia-se principalmente na formação religiosa e moral dada pelos pais em consonância com o pároco, como também na convergência harmônica das várias hereditariedades físicas e morais que, através dos pais, tenham concorrido para modelar as personalidades dos filhos". 

Famílias, pequenos mundos que convivem entre si de modo análogo às nações e aos Estados 

"Esse pequeno mundo diferencia-se de outros pequenos mundos congêneres, isto é, das outras famílias, por notas características que lembram em modelo pequeno as diferenciações entre as regiões de um mesmo País, ou os diversos países de uma mesma área de civilização.  
A família assim constituída tem habitualmente como que um temperamento comum, apetências, tendências e aversões comuns, modos comuns de conviver, de repousar, de trabalhar, de resolver problemas, de enfrentar adversidades e de tirar proveito de circunstâncias favoráveis. Em todos estes campos, as famílias numerosas possuem máximas de pensamento e de procedimento corroboradas pelo exemplo do que fizeram os seus antepassados, não raras vezes mitificados pelas saudades e pelo recuo do tempo”. 
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(Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Editora Civilização, 1993, Porto, págs. 108-109).

Um comentário:

Irmão João disse...

Numa certa aldeia dos arredores do Porto, norte de Portugal, cada vez que um casal ia ter um filho, o marido dizia à esposa:
- Mulher, Deus abençoou-nos com mais um filho. Vamos ter que comprar mais terreno.
Como resultado desta fé, o casal era não só o casal que tinha mais filhos na terra (rondava os 30) mas era também o casal com mais terras e o mais rico.