Paulo Roberto Campos
Assim, adeptos que somos do princípio do “Agere Contra” — tese muito estimada e pregada por Santo Inácio de Loyola, que consiste em agir contra os males mais propalados no momento —, precisamos sempre agir de modo contrário à onda impulsionada em nossos dias por tais movimentos. Neste sentido, o “Agere Contra” consiste remarmos contra a corrente, atuando de modo oposto aos arautos da desagregação da família.
Com o objetivo de fortalecer a instituição familiar, reproduzimos a seguir trecho de uma alocução do Papa Pio XII [foto abaixo], em 5 de Janeiro de 1941, extraído do documento Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, Tipografia Poliglotta Vaticana, pp. 364-366.
AMBIENTE PRIVILEGIADO DA FAMÍLIA
“É fato que Cristo
Nosso Senhor preferiu, para conforto dos pobres, vir ao mundo desprovido de
tudo, e crescer numa família de simples operários; mas é igualmente verdadeiro
que Ele quis, com o seu nascimento, honrar a mais nobre e ilustre das casas de
Israel, a própria estirpe de David.
Por isso, fiéis ao
espírito d'Aquele do qual são Vigários, os Sumos Pontífices sempre tiveram em
alta consideração o Patriciado e a Nobreza romana, cujos sentimentos de
inalterável adesão a esta Sé Apostólica constituem a parte mais preciosa da
herança recebida dos seus antepassados, e que eles mesmos transmitirão aos seus
filhos.
Desta grande e misteriosa
coisa que é a hereditariedade — quer dizer, o passar através de uma estirpe,
perpetuando-se de geração em geração, um rico acervo de bens materiais e
espirituais; a continuidade de um mesmo tipo físico e moral, conservando-se de
pai para filho; a tradição que une através dos séculos os membros de uma mesma
família — desta hereditariedade, dizemos, pode-se sem dúvida distorcer a
verdadeira natureza com teorias materialistas. Mas pode-se também, e deve-se,
considerar esta realidade de tão grande importância, na plenitude da sua
verdade humana e sobrenatural.
Por certo, não se
negará à transmissão dos caracteres hereditários um substrato material;
considerar tal fato surpreendente seria esquecer a união íntima da nossa alma
com o nosso corpo, e em quão larga medida as nossas próprias atividades mais
espirituais dependem do nosso temperamento físico. Por isso a moral cristã não
deixa de lembrar aos pais as grandes responsabilidades que lhes cabem a esse
respeito.
Porém o que mais vale é
a herança espiritual, transmitida não tanto por esses misteriosos liames da
geração material, quanto pela ação
permanente daquele ambiente privilegiado que constitui a família; com a lenta e
profunda formação das almas, na atmosfera de um lar rico de altas tradições
intelectuais, morais e sobretudo cristãs; com a mútua influência existente
entre os que moram numa mesma casa, influência esta cujos benéficos efeitos se
prolongam para muito além dos anos da infância e da juventude, até alcançar o
termo de uma longa vida, naquelas almas eleitas que sabem fundir em si mesmas
os tesouros de uma preciosa hereditariedade com o contributo das suas próprias
qualidades e experiências.
Tal é o património,
mais do que todos precioso, que, iluminado por firme Fé, vivificado por forte e
fiel prática da vida cristã em todas as suas exigências, elevará, aprimorará,
enriquecerá as almas dos vossos filhos.
[...]
Aos anciãos, guardiães
das nobres tradições familiares e fachos de sábia experiência para os mais
novos; aos pais e às mães, mestres e exemplos de virtude para os filhos e
filhas; aos jovens que crescem puros, sãos, operosos, no santo temor de Deus,
esperanças da família e da pátria querida; aos pequenos que sonham com o futuro
dos seus projetos nos impulsos e nos jogos da infância; a vós todos que gozais
e participais da concórdia e da alegria familiares, apresentamos paternais e
vivas felicitações, que correspondam ao desejo de cada um e cada uma de vós,
lembrados de que todos os nossos anseios são sempre avaliados e pesados por
Deus na balança do nosso maior bem, na qual em geral tem menor peso aquilo que
nós pedimos do que aquilo que Ele nos concede”.
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