Gravemente enferma, Santa Teresinha em seu leito, colocado no claustro do Carmelo de Lisieux, aproximadamente um mês antes de seu falecimento |
Em sua memória, segue trecho de um brilhante artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em 1947 (*), ano em que se comemorou o cinquentenário de falecimento da monumental Santa. O autor disse que tal artigo foi redigido por “alguém que muito e muito lhe deve [a Santa Teresinha] procurará saldar com respeitoso amor parte desta dívida, fazendo como que um comentário doutrinário à sua vida”.
O sentido mais profundo da heróica vocação de Santa Teresinha
Plinio Corrêa de Oliveira
“Há no jardim da Igreja almas que Deus chama à vida contemplativa. Em conventos reclusos, certas almas de escol se dedicam especialmente a amar a Deus e a expiar pelos pecados dos homens. Estas almas corajosamente pedem a Deus que lhes mande todas as provações que quiser, desde que com isso se salvem numerosos pecadores.
Deus as flagela sem cessar, de um modo ou de outro, colhendo delas a flor da piedade e do sofrimento, para com estes méritos salvar novas almas. Consagrar-se à vocação de vítima expiatória pelos pecadores, nada há de mais admirável. E isto tanto mais quanto muitos há que trabalham, muitos que rezam, mas quem tem a coragem de expiar?
Este é o sentido mais profundo da vocação dos Trapistas, Franciscanas e Dominicanas, e também das Carmelitas entre as quais floriu a suave e heróica Teresinha.
Seu método foi especial. Praticando a conformidade plena com a vontade de Deus, ela não pediu sofrimentos, nem os recusou. Deus fizesse dela o que entendesse.
Santa Teresinha esmerou-se nesse tipo de mortificação: fazer a toda hora, a todo instante, mil pequenos sacrifícios. Jamais a vontade própria; jamais o cômodo, o deleitável; sempre o contrário do que os sentidos pediam. E cada um desses pequenos sacrifícios era uma pequena moeda no tesouro da Igreja. Moeda pequena, sim, mas de ouro de lei: o valor de cada pequeno ato consistia no amor de Deus com que era feito.
E que amor cheio de méritos! Santa Teresinha não tinha visões, nem mesmo os movimentos sensíveis e naturais que tornam por vezes tão amena a piedade. Aridez interior absoluta, amor árido, mas admiravelmente ardente, da vontade dirigida pela Fé, aderindo firme e heroicamente a Deus na atonia involuntária e irremediável da sensibilidade. Amor árido e eficaz, sinônimo, em vida de piedade, de amor perfeito…
Grande caminho, caminho simples. Não é simples fazer pequenos sacrifícios? Não é mais simples não ter visões do que as ter? Não é mais simples aceitar os sacrifícios em lugar de os pedir?
Caminho simples, caminho para todos. A missão de Santa Teresinha foi de nos mostrar uma vida em que pudéssemos todos trilhar. Oxalá ela nos auxilie a percorrer esta estrada real, que levará aos altares não apenas uma ou outra alma, mas legiões inteiras”.
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(*) Segundo o “Novo Catecismo” (item 1023): “Os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão ‘tal como Ele é’ (1 Jo 3,2), ‘face a face’ (1 Cor 13,12)”.(**) Fonte: “Legionário” de 29-9-1947. Aqueles que desejarem ler a íntegra deste artigo, podem fazê-lo acessando o link:
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