A doutrina católica sobre o “duplo efeito de ato humano” — ou “teoria do mal menor”
Paulo Roberto Campos
Em razão das várias matérias que ultimamente tenho postado em nosso Blog da Família (por exemplo, esta: “Há uma coisa mais terrível que a calúnia: é a verdade”), recebi diversos e-mails com severas criticas. Até mesmo de pessoas que estão “do nosso lado” — “fogo amigo?”. Elas afirmam que nestas eleições os dois lados não são bons. Portanto, eu não poderia favorecer nenhum deles. A todos respondi com os cinco itens que seguem. Deixo-os aqui registrados, pois talvez possam fazer cessar as críticas. Além disso, poderão ser úteis aos Amigos e ajudar a elucidar dúvidas que alguns manifestaram. 1) Não peço votos nem para X nem para Y;
2) Cada um é livre de votar em quem bem entender, respondendo pelas conseqüências de seus atos;
3) Não sou “serrista” nem “dilmista” — nenhum dos dois é santo de minha devoção... (um dos e-mails afirmava “que não há santos nestas eleições...”);
4) Apenas procuro informar, baseado em documentos sérios, que, se aplicado, o programa do PT acarretará graves malefícios para a Igreja, o País e as famílias;
5) Sei perfeitamente que o "outro lado" não é o ideal para o Brasil, mas, entre o “mal maior” e o “mal menor”, não podemos favorecer o pior. É claro que também não podemos ser cúmplices do mal menor, mas evitemos primeiro o mal maior e depois cuidaremos do menor. Como bem se expressou o Bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, “de dois males, o menor”. O Prelado deixou claro que não se pode escolher um candidato de partido que tenha em seu programa, por exemplo, o objetivo de legalizar o aborto.
Assim, penso que nestas eleições, à falta do “candidato ideal”, do “político ótimo”, devemos escolher o "menos pior". Julgue o leitor quem seria ele e vote. E que Deus nos ajude! Ajude o Brasil a cumprir sua grandiosa vocação numa Civilização verdadeiramente Cristã.
Estes foram os itens contidos em minhas respostas. Entretanto, mesmo assim, recebi três críticas afirmando que eu estaria assentindo com a “moral maquiavélica” (“os fins justificam os meios”). Para dirimir o problema, um deles aconselhava o “voto nulo” ou “em branco”.
Com tais objeções fiquei num aperto e até mesmo com um problema de consciência, pois se de um lado a “moral maquiavélica” é de fato totalmente inaceitável, não se estaria, de outro lado, favorecendo com o voto nulo ou branco o candidato pior para o Brasil?
Procurei então estudar a doutrina da moral católica sobre a “teoria do mal menor”. Não foi fácil encontrar bons autores, mas um reputado Professor recomendou-me a leitura do “Compêndio da Moral Católica”, de autoria do capuchinho P. Heriberto Jone O.M.Cap. — traduzido e adaptado às prescrições do Concílio Plenário, bem como ao Código Civil Brasileiro, pelo sacerdote jesuíta P. Roberto Fox. De tal obra, transcrevo abaixo um trecho (ponto 14) que me pareceu magistral. [em letra verde entre colchetes insiro breves comentários meus].
Pesquisando um pouco mais, encontrei outros autores que também resolveram nosso problema, tirando-me do aperto. Com a intenção de ajudar os Amigos a também se desembaraçarem dessa situação delicada, no final transcrevo mais dois trechos.
Como se verá, não só a tal “moral maquiavélica” não se aplica ao problema exposto, como escolher o “mal menor” pode ser a boa opção. Exemplo clássico: Cortar o braço é um mal? Claro que sim! Mas poderá ser um bem caso, para salvar a vida, se tenha que amputar o braço gangrenado. Assim, o eleitor católico não apenas pode votar no “mal menor”, mas tem obrigação moral de fazê-lo, a fim de evitar o mais perigoso, o pior para a Santa Igreja, o País e as famílias.
COMPÊNDIO DA MORAL CATÓLICA
Pe. Heriberto Jone O.M.Cap.
Doutor em Direito Canônico e professor de Teologia
Traduzido da 10ª edição original e adaptado às prescrições do Concílio Plenário
bem como ao Código Civil Brasileiro, pelo Pe. Roberto Fox S.J.
Edições A NAÇÃO – Porto Alegre, Tip. do Centro, 1943.
14. Quando de uma ação se podem seguir dois efeitos, um bom e outro mau, é lícito praticar a ação, contanto que se verifiquem as seguintes quatro condições:
a) A própria ação deve ser boa ou pelo menos moralmente indiferente. [Comento: a ação de votar, por exemplo].
b) O efeito bom e o efeito mau, que se seguem da ação, devem ser igualmente imediatos. [Comento: evitar um mal maior para o País].
Se o efeito bom se seguisse do efeito mau, este seria diretamente intencionado como meio ilícito, o que nunca é permitido, nem ainda em vista de um fim bom.
c) A intenção só pode visar o efeito bom. [Comento: eleger o menos mau].
Portanto se o efeito bom se pode obter por meios que não acarretam consequências más, devem-se escolher estes meios.
d) Deve haver causa suficiente para se permitir o efeito mau. [Comento: defender a Igreja e sua doutrina autêntica das perseguições religiosas e de deformações doutrinárias, por exemplo].
Esta causa deve ser de peso tanto maior quanto pior, mais certo e mais imediato for o efeito mau e quanto maiores forem as obrigações pessoais (piedade, contrato) de impedi-lo e quanto maior for a probabilidade de que o efeito mau não se siga, omitida a ação. (p. 21 – 22)
“A eleição de um candidato menos mau tem razão de bem”
O moralista católico Gury-Ferreres S.J. expõe a seguinte tese sobre eleições:
“Se é lícito dar alguma vez o voto a um candidato menos indigno ou também indigno? [...] Se não há esperança da eleição de um candidato digno, e o indigno concorre unicamente com outro mais indigno, então a eleição de um candidato menos mau tem razão de bem” (Casus Conscientiae, IV praecepto decalogi, cas. 9º).
É do mesmo parecer o conceituado moralista Lehmkühl:“Dar o sufrágio para que seja excluído outro candidato pior, não é pecado e pode ser um bem"
“Dar o sufrágio a um candidato mau com a intenção de que saia vencedor, sempre é um pecado grave; porque isto é dar formalmente o sufrágio a um candidato mau. Mas dar o sufrágio para que seja excluído outro candidato pior, não é pecado e pode ser um bem, contanto que não se aprove nada de mal no candidato indigno, porque isto não é outra coisa senão dar materialmente o sufrágio ao candidato mau” (Casus conscientiae, cas. 139).
4 comentários:
Paulo, concordo plenamente com o que tens alegado em seu blog e me uno a ti nesta luta contra a libertinagem e a desvalorização da vida humana. Esta é uma luta árdua, pois percebemos que inúmeras pessoas permitiram que o malígno cegasse-os, defendendo ferrenhamente o mal, baseando-se em desculpas esfarrapadas que o PT aplica desde sempre. Conversando com amigos, percebi que as suas mentes estão tomadas, completamente inativas, como se um fungo tivesse dominado os seus pensamento, pois alegam barbaridades sem fundamento para defender a Dilma Rousseff.
Não podemos desistir, não podemos vacilar. O Mal está aí e temos que combatê-lo com todas as nossas forças até o último dia de nossas vidas.
Estou contigo nesta luta!!!
Talvez este trecho também ajude o senhor.
"1. A RAZÃO DO MAL MENOR. De dois males inevitaveis deve escolher-se o menor deles; e assim se pode muito bem tolerar este mal, afim de evitar o outro mal maior. Quando, pois, num país e num determinado tempo estas liberdades modernas já, por exemplo, se acham inscritas na Constituição e já as leis deste país são postas em execução e passaram à vida prática, pode dar-se o caso de a verdade e a religião sofrerem menor mal em se deixarem correr as coisas como estão; evita-se deste modo um mal maior. Querer em tal conjuntura abolir as liberdades já radicadas, não seria salvaguardar os interessas da Igreja, mas excitar contra ela os ódios e as represálias e expor o Estado a perturbações e tristes discordias."
(Curso de Apologética Cristã - Pe. W. Devivier, S.J.; Editora Proprietaria)
Espero tê-lo ajudado.
Em Jesus e Maria,
Vladimir.
"Se algum padre ou algum bispo pretende ser prudente e guardar o silêncio, eu não guardarei, porque não quero entrar para história como os bispos que covardemente não levantaram a voz quando Hitler começou a governar a Alemanha em 1933." (Pe. Paulo Ricardo, sobre o PNDH-3)
"Porque se a gente se calar, as pedras vão falar. E vai ser ... uma vergonha muito grande se as pedras falarem porque os cristãos não se pronunciam." (Padre José Augusto, sobre o PT na Canção Nova)
"Não podemos nos calar!" (Dom Aldo Pagotto, sobre a Cultura de Morte no governo)
Muitos padres e pastores ergueram corajosamente sua voz para denunciar a Cultura de Morte do governo. Vamos também nós fazer o que estiver ao nosso alcance!
O site >>> www ponto ABORTOnaoPTnao ponto com <<< é uma FERRAMENTA que nos ajuda a deixar descoberta a Verdade sobre como o atual governo está tentando implantar a Cultura de Morte no Brasil. O site tem um histórico de notícias, é simples de acessar e fácil de divulgar!
Ajude a divulgar escrevendo uma postagem no seu blog e enviando e-mails para seus amigos! Mostrar a Verdade sobre o que o atual governo está fazendo em relação ao aborto é um ato de Amor com os brasileiros e patriotismo.
Alguns "fatos", não "boatos", a serem conferidos no site:
* UM DIA DEPOIS do primeiro turno, Ministério da Saúde continua projeto: "Estudo e Pesquisa - DESPENALIZAR o Aborto no Brasil"
* Como pré-candidata, Dilma ALTERA radicalmente discurso sobre aborto e fé
* Dilma diz que é um absurdo que não haja a DESCRIMINALIZAÇÃO do aborto no Brasil
* Dilma defende "atendimento PÚBLICO para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto"
* Igreja chama Lula de "novo Herodes" devido a DECRETO pela legalização do aborto
* Ministério da Saúde financia filme pró-aborto
* PT PUNE deputados por serem contra o aborto
"Aquele que conhece a Verdade e não a proclama é um covarde miserável e não um cristão." - São Pio V
Seria interessante que os cristãos fizessem um momento de oração nas igrejas na noite de sábado para domingo. Em especial na diocese de D. Luiz Gonzaga Bergonzini.
A oração seria um pedido a Deus para que saibamos escolher o melhor candidato à luz da vontade de Deus ou para que o futuros governo seja sensível à vida e à família. Na Bíblia a oração marcaram momentos de escolhas do povo.
Meu nome é Edson Lima.
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