9 de julho de 2012

Dados do IBGE atestam queda no número de católicos. As causas? — O progressismo dito católico, a Teologia a Libertação, o abandono da tradição e da linguagem firme e corajosa.

-
O Censo demográfico IBGE/2010 relativo às religiões no Brasil, recentemente divulgado, causou enorme perplexidade. E não é para menos, pois revela uma forte queda no número de católicos. 


Tema que não poderíamos deixar passar em branco, pois tem muito a ver com este espaço, destinado a defender a família católica. Portanto, não imitaremos o avestruz, que para não enfrentar o perigo enfia a cabeça na areia, mas vamos encará-lo de frente e com coragem.


Sempre nos deparamos com declarações de senhores bispos sobre uma série de coisas, falando muito mas não dizendo nada; suas palavras não comovem as almas nem convertem os pecadores. Não poderia ser de outro modo, pois eles empregam uma linguagem oca que não repercute no fundo dos corações; uma linguagem “politicamente correta” e, portanto, sem sal; uma linguagem vazia tipo “água com açúcar”, que causa repulsa. Numa palavra: uma linguagem morna que só serve para afastar os católicos. Daí o resultado da pesquisa do IBGE! 


Faço uma ressalva sobre as raras declarações de eminentes prelados que ainda usam uma linguagem firme e atraente própria da Igreja Católica como a ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Infelizmente, casos cada vez mais raros. E que, sempre que possível, procuramos repercutir neste espaço — como, por exemplo, o post anterior (Entrevista com o Padre Hélio Luciano, da Universidade de Navarra). 


Abaixo segue um artigo que bem elucida esse gravíssimo problema da perda de terreno da Igreja Católica para outras religiões e a razão profunda que levou a este desastre: além da falta de firmeza dos bons prelados, o papel dos prelados, auto-demolidores, da linha “Teologia da Libertação”. 


Mas antes de passar ao referido artigo, não resisto em narrar um fato histórico — que cada leitor poderá fazer a aplicação e o comentário que bem desejar — que aplico aos pequenos lamentos de que tomei conhecimento de alguns dos senhores bispos representantes da CNBB. 


Em 1492 os Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando de Aragão) conquistaram a cidade de Granada, expulsando finalmente os mouros invasores da Espanha. O rei Boabdil foi obrigado a abandonar o que ele chamava de “Paraíso Terrestre” — o fabuloso palácio do Alhambra — e voltar para a África. Em sua fuga para o mar, teve que passar por uma montanha de onde se tem uma espetacular visão da cidade de Granada e do Alhambra (foto abaixo). 


Registra a história que o mouro Boabdil aí parou para dar uma última olhada de despedida da magnífica cidade que perdera. Com aquela visão deslumbrante... começou a chorar... A Sultana Aixa, sua mãe, o repreendeu com estas duras palavras: “Llora como mujer lo que no has sabido defender como un hombre!” Chora como mulher o que não soubestes defender como um homem... 

Os amargos frutos da Teologia da Libertação: esvaziamento da Igreja Católica no Brasil 

Luis Solimeo 

“Católicos passam de 93,1% para 64,6% da população em 50 anosEntre 1960 e 2010, o Brasil viu a parcela de sua população que se declara católica cair de 93,1% para 64,6%”.(1) 


“Em uma década, católicos perdem mais espaço para os evangélicos. — Entre 2000 e 2010, fatia de católicos cai 12% no total da população brasileira; parcela dos evangélicos cresce 43% e de pessoas sem religião sobe 10%”.(2) 


Notícias alarmantes, que, entretanto, parece não terem alarmado os Srs. Bispos do Brasil, como veremos. 


Essa queda não é algo que aconteceu da noite para o dia, a ponto de pegar os Bispos brasileiros de surpresa; nem algo imprevisível, mas resultado de um processo longo, embora se tenha acelerado nas últimas décadas. 


Detenhamo-nos um pouco na análise dos números, para depois investigar as causas desse declínio. 


“A maior nação Católica do mundo” 
O Brasil foi descoberto e colonizado por Portugal, uma nação católica. Os primeiros missionários foram os Padres Jesuítas ainda cheios do zelo inicial de sua fundação. O catolicismo marcou toda a vida do País, fazendo dele a maior nação Católica do mundo, não só em números absolutos, como também em termos percentuais, em relação às demais religiões. 


O crescimento do protestantismo, do espiritismo, de religiões orientais ou afro-brasileiras, bem como do número de pessoas sem religião, foi lento no País até algumas décadas atrás. Em cem anos, segundo os dados do primeiro censo realizado no Brasil em 1872, até os dados do censo de 1970, verifica-se que a proporção de católicos variou apenas 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970.(3) E ainda assim, segundo sugerem estudos acadêmicos, pelo menos parte desse aumento de não-católicos se deveu à imigração.(4) 


A partir dessa última data (1970), o crescimento das demais religiões e a diminuição do numero de católicos acelerou-se de modo acentuado e o último censo que acaba de ser divulgado, correspondente a 2010, revela que a porcentagem dos católicos caiu para 64,6%. Portanto, nos últimos 40 anos, a Igreja teve uma perda de fiéis de quase 30% (precisamente, 27,2%). 


Acresce a esse quadro que o número de católicos praticantes nesse mesmo período oscilou entre 5 e 10%.(5) 


Ao mesmo tempo, o protestantes passaram de 6,6% em 1980 para 22,2%, sendo que o maior crescimento foi o do Pentecostalismo. 


Embora se apresentem razões sociológicas para explicar tal mudança no quadro religioso do Brasil (migrações maciças da zona rural para as periferias urbanas e maior facilidade nos últimos anos de formação de núcleos pentecostais para acolher os desenraizados), tais explicações são superficiais e não pegam o fundo do problema. Tanto mais quanto o aumento protestante pentecostal deu-se também nas zonas rurais do País: em termos percentuais, a maior concentração protestante se verificou em Rondônia (33,8%), um Estado do noroeste do país, tipicamente rural. 


Teologia da Libertação: simples coincidência? 
É bem evidente que as razões mais profundas que explicam a perda de fiéis pela Igreja Católica são de caráter religioso e devem ser procuradas na crise que abala a Igreja no Brasil (como por quase todo o mundo). 


Não é simples coincidência que a aceleração da perda dos fiéis pela Igreja, na década de 1970, se tenha dado ao mesmo tempo em que se disseminavam entre o clero e o episcopado os princípios da Teologia da Libertação. Como essa “teologia” confunde a libertação espiritual com a libertação política, e o estabelecimento do “Reino de Deus” na Terra com a implantação uma sociedade socialista e igualitária, os sermões nas igrejas, em sua maioria, assim como os temas das Campanhas da Fraternidade promovidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), referem-se mais a luta de classes e reformas político-sociais e econômicas do que ao Evangelho. 


Tomemos um exemplo concreto. O boletim da Conferência Episcopal assim descreve a Campanha da Fraternidade de 2010 : 
“Lema: Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt 6,24) Tema: Economia e Vida Objetivo Geral: Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”.(6) 


Como se vê, não se encontram referências à vida eterna, à salvação das almas, ao pecado, Céu e Inferno. É um linguajar puramente político, de luta de classes, que espanta os fiéis desejosos de ouvir falar das verdades eternas. A referência a “uma sociedade sem exclusão” baseia-se no conceito marxista de que a riqueza dos ricos é constituída mediante a exclusão ou opressão dos pobres. (Sem querermos nos aprofundar, notemos de passagem o caráter “ecumênico” dessas campanhas, que colocam a Igreja Católica não como a única Igreja de Cristo, mas apenas como uma das “Igrejas Cristãs”, entre outras. Isso não facilita o proselitismo das seitas protestantes?). 


O hino da Campanha dos Bispos para este ano tem a seguinte estrofe: 
“Levem a todos meu chamado à liberdade (Cf. Gl 5,13) Onde a ganância gera irmãos escravizados. Quero a mensagem que humaniza a sociedade Falada às claras, publicada nos telhados. (Cf. Mt 10,27).”(7) 


Em suma, a Teologia da Libertação é um veículo religioso a serviço da revolução, conforme a apresentava o Pe. Gustavo Gutierrez, considerado o “pai” dessa corrente, em seu livro Teologia da Libertação, de 1971: 
“O homem latino-americano [...] na luta revolucionária liberta-se de algum modo da tutela de uma religião alienante que tende à conservação da ordem.”(8) 
Considerando a Santa Igreja uma “religião alienante” (conceito marxista: “A religião é ópio do povo”, na frase de Marx), os teólogos da libertação e seus seguidores procuram construir uma igreja “desalienada”, que tende, não “à conservação da ordem” mas à sua subversão. 


A consequência é que os fiéis, cansados dessa “religião desalienada”, revolucionária e materialista, centrada em questões econômicas e sociais, acaba muitas vezes apostatando tragicamente, da única e verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vão procurar alhures as palavras de conforto da religião e de guia para sua vida moral: “A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). 


Acordarão, por fim, os Senhores Bispos brasileiros e se darão conta de que a missão precípua da Igreja não é oferecer solução para os problemas econônicos e sociais, menos ainda procurar estabelecer uma sociedade igualitária, mas sim salvar as almas? Ou continuarão eles enfeitiçados pela miragem utópica da Teologia da Libertação?


_______ 
Notas: 
1. Denise Menchen-Fabio Brisolla, “Católicos passam de 93,1% para 64,6% da população em 50 anos, aponta IBGE” in Folha de S. Paulo, 29/06/2012 edição on line. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1112382-catolicos-passam-de-931-para-646-da-populacao-em-50-anos-aponta-ibge.shtml 
2. Artigo “A fé dos brasileiros” In O Estado de São Paulo, 26 maio 2012, edição online. http://estadaodados.com/html/religiao/ 
 3. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião, http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2170&id_pagina=1. 
4. Ver, p. ex., Narcizo Makchwell Coimbra ((Universidade Federal de Goiás)), O protestantismo de imigração no Brasil: “Um dos principais fatores que contribuiu para a propagação da ideologia protestante no país foi o surto de imigração no século XIX .... Constatamos que uma das conseqüências mais importantes do protestantismo de imigração é o fato de que esse ajudou a criar condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no Brasil.” www.congressohistoriajatai.org/anais2007/doc%20(35).pdf 
5. “Censo revela que católicos permanecem maioria no Brasil”, O SÃO PAULO, 03 Julho 2012, http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/?q=node/142144. (Note-se, de passagaem, o tom ainda otimista do órgão da Arquidiocese de São Paulo. ) 
6. “Campanha da Fraternidade 2010 – Ecumênica”, http://www.cnbb.org.br/site/campanhas/fraternidade/2173-historico-das-cfs. 
7. http://cnbb.org.br/site/images/stories/Hinocf2013.pdf. 8. G. Gutiérrez, Teologia da Libertação, Edição brasileira, Vozes, Petrópolis, 1975, p. 67.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vergonhosa é a atuação de nossas lideranças eclesiásticas.

Hoje em dia, até mesmo para realizar uma confissão é necessário 'agendar' com os padres.

A Igreja esqueceu de cuidar das almas...

stefan disse...

POR ISSO NÃO PODEM SALVAR-SE AQUELES SABENDO QUE A IGREJA CATÓLICA... Catecismo Católico, n° 846

A Igreja não perde fiéis, mas de quem se diz católico, de falsos membros, desconhecedores dela e sua fundamentação teológica, de Jesus, Ele mesmo, veja Cl 1, 18; Cl 1,22, Ef 1.22-23 e 1 Cor 12.,12+ etc., cujo número confiável, sabedor do porque de ser pertencer à Igreja é muito baixo. A prova disso que tantas injustiças grassam e há muita participação de supostos católicos, inclusive aliando-se a seitas, espiritismo nas mais diversas manifestações, maçonaria, partidos socialistas e comunistas e à herética Teologia da Libertação e a outras graves incompatibilidades na fé.
Quanto ao crescimento supostamente evangélico é muito relativo; subdividem-se em milhares de seitas formais, sem contar as não formais humano-fundamentadas, onde nelas cada um interpreta como quer ou convém a Bíblia; até a homilia do pastor é submetida a crivo pessoal, sujeita à aprovação ou não individual. Ha as que aceitam batismo de crianças, outras não; a Eucaristia para algumas é símbolo, para outros Presença Real e milhares de paradoxos e umas intitulam as outras de heresias!

Quase todas têem cultos semelhantes a centros espíritas, com gritaria, rodopios, expulsão de supostos maus espíritos e pessoas em aparentes transes... Afinal, que evangélicos dissensos são esses? Antes, não eram católicos de fato; agora uma porção de desagregados reunidos fisicamente, porém com as mentes e os corações distantes uns dos outros no contexto teológico-exegético-doutrinário, cada vez mais em quantidade aumentando, porém, em Mt 12,25 ...reinos divididos contra si mesmos...", não passando de massa religiosa disforme; tanto na Igreja ou doutro lado são os mesmos, inclusive migrando de seita em seita, sempre se batizando - um pastor de uma igreja não confia no outro - à procura de uma "igreja boa, mais ideal"... E quando saem para doutrinarem as pessoas, cada qual ensina a seu modo pessoal: uma imensa babel doutrinária, tudo dentro do mais absoluto relativismo bíblico-hermenêutico! Que vantagem e qualidade há nisso?
Convém possuir apenas 1 amigo confiável ou nenhum mas dispensam-se 100 aparentando-o; aliás, certos supostos católicos da Igreja, por sinal, por serem infiéis, indesejosos de mudanças, talvez o lugar ideal seja-lhes nas seitas; sentir-se-ão à vontade nessas ideologias religiosas, des fundamentadas teologicamente, as quais funcionam de acordo com a mentalidade de cada fundador ou membro, assim como permanecer em qualquer seita ou montar outra para si dá no mesmo. Há-as aprovando aborto, outras adultério, ordenação feminina, marcando fim do mundo - os TJs - outras homossexualismo, outras aliando-se a socialistas-comunistas, o caso dos adeptos da sectária Teologia da Libertação que é a fé católica sob a ótica marxista e outras abominações anti cristãs.

Há 1 para para cada gosto ou opção; são supermercados religiosos, de diversificada heterogeneidade ideológico-cristãs das várias tendências e nuances, à escolha de cada cliente.

1 Jo 2,19: Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos teriam permanecido conosco.

Veja no "You Tube" pastores famosos evangélicos como se amam em recíprocas acusações nas diversas modalidades, inclusive de pertença formal à maçonaria... E a heresia de famoso pastor : "cruz é sinônimo de maldição, palhaçada...

Renan disse...

Uma é certa, sem querer criticar a CNBB como um todo: o PT subiu ao poder graças à marxista Teologia da Libertação apoiada por muitos sacerdotes e alguns bispos; o falecido e herói D Luiz Bergonzini dizia: eu não concordo com o posicionamento de alguns colegas do episcopado - ele se referia mais diretamente a D Demetrio Valentini e outros pró Dilma no caso do aborto.
Mais uma boa porção de padres do estilo Pe Paulo Ricardo e alguns mais bispos atuantes, no der o que vier e o PT e outros comunistas estariam fora do cenario nacional!
Se a Igreja do Brasil fosse contundente contra os comunistas o Brasil não estaria tão decadente moral-eticamente, com as tvs com BBBs, sexo novelas etc; haveria um clamor geral dos bispos e padres e o povo os seguiria, e não atingiria a atual degradação ética e moral.
Um exemplo de ação: lembram de D Odilo quando a Igreja Universal atribuiu falsamente liames da Igreja como o kit gay: juntou-se a seus 300 padres e contestou duramente nas homilias e botou no chão a IURD-Edir Macedo e Russomanno!
E o caso da PUC - SP: enfrentou os comunistas que seriam do PT e do PC do B. E os derrotou.
Na Rio+20 dos comunistas conseguiu se impor representando a Santa Sé sobre o aborto e outras contra a fé católica, retirando-se certos textos modernistas de ideologias niilistas dos marxistas.
Claro que condenamos todos os sedevacantistas e atentadores contra o papado, mas que a Igreja católica do Brasil precisaria via alguns bispos ser mais atuante contra as mazelas, sim; Pe Paulo Ricardo comenta sobre os " Teólogos da Corte"; ele tem toda razão.
Sem esquecer da esquerdista Teologia da Libertação aliada do marxista PT e seus muitos sacerdotes e até bispos, ainda: que há alguns comunistas bispos compartilhando diretamente com os socialistas integrantes do Foro de S Paulo, grandes colaboradores de propulsionar o marxismo no Brasil e nas 3 Américas, é fato!
Desde Stálin e sucessores que a Igreja é infiltrada de comunistas etc.; os casos das infiltrações evidenciaram tanto a ponto de até o New York Times denunciar o assedio da grupos maçons e protestantes contra o papado....