No dia 1º de outubro a Igreja celebra a festa de Santa Teresinha. Neste ano temos duas razões a mais para a celebração: o transcurso do 140º aniversário de seu nascimento e 90º de sua beatificação.
Paulo Roberto Campos
Quem nunca ouviu falar de Santa Teresinha do Menino Jesus?(1) A jovem
carmelita francesa é uma das santas mais conhecidas e veneradas no mundo inteiro. Sua canonização em 1925 produziu em todo o orbe católico uma explosão de alegria. Apenas à cidade de Lisieux — onde se encontra a residência de sua família [foto] e o convento carmelita no qual viveu e entregou sua belíssima alma a Deus — acorrem aproximadamente dois milhões de devotos todos os anos.
O Brasil é especialmente devoto de Santa Teresinha e vinculado a ela de modo particular, por dois motivos que muito nos honram: a primeira igreja edificada no mundo (1924) em sua homenagem encontra-se no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca [foto ao lado], e o precioso relicário — conhecido como “a urna do Brasil” [foto abaixo], confeccionado para conter seus restos mortais — foi oferecido pelo povo brasileiro.
Multidões afluem às igrejas dedicadas a Santa Teresinha em todos os continentes. Mas qual a origem de tão extraordinária glorificação popular? — É a dor suportada heroicamente por amor de Deus, da qual nasce, segundo Plinio Corrêa de Oliveira, “a verdadeira glória”. E aos que buscam sofregamente a popularidade alhures, deixo este outro comentário do Prof. Plinio: “A popularidade é a glória dos demagogos. A glória é a popularidade dos Santos e dos heróis”.
A Virgem de Lisieux desprezou a popularidade comum; foi exaltada às honras da celebridade mundial, é venerada como santa em todas as nações!
Com efeito, desde a mais tenra infância, a pequenina e inteligente Teresa almejou a santidade, romper com o mundo, e sofrer por amor de Deus e pela salvação das almas. Com apenas quatro anos afirmara: “Serei religiosa em um claustro”. E, de fato, ao completar 15 anos entrou para o Carmelo.
Em seus manuscritos autobiográficos, intitulados História de uma alma, ela
Sta. Teresinha, noviça no Carmelo, em janeiro de 1889 |
Sta. Teresinha em julho de 1896 |
E Deus foi burilando a jovem carmelita, como se lapida a mais preciosa das pedras preciosas, para que essa belíssima alma, de dentro do claustro do convento, alcançasse graças para todas as grandes vocações — para os guerreiros, os padres, os apóstolos, os doutores, os mártires, enfim para que todos seus devotos atingissem o caminho da perfeição de modo acessível.
Em poucas palavras, São Pio X disse tudo sobre ela: “A maior Santa dos tempos modernos”. E o Cardeal Vico afirmou: “A virtude de Teresa impõe-se com incrível majestade: a criança torna-se um herói, a virgem das mãos cheias de flores causa espanto pela sua coragem viril!”(3)
Com sua indomável força de alma, essa santa-cruzado é exemplo de vida, modelo do católico combatente, razão pela qual devemos recorrer à sua proteção. Tenhamos a certeza de que nos atenderá, pois ela mesma manifestou: “O que me impulsiona a ir para o Céu é o pensamento de poder acender no amor de Deus uma multidão de almas que o louvarão eternamente.” Ademais, prometeu: “Vou passar meu Céu fazendo o bem na Terra”. E ainda: “Depois de minha morte, farei cair uma chuva de rosas.”
Então, peçamos com confiança e seremos beneficiados por essa prodigiosa chuva de favores e graças, para nós e nossas famílias, para a Santa Igreja e o Brasil — neste momento tão trágico em que vivemos.
Foto feita em novembro de 1896. Sta. Teresinha, a primeira à direita, um ano antes de seu falecimento. |
Notas:
1. Nascida em 1873 na cidade francesa de Alençon, entrou para o Carmelo de Lisieux em 1888, onde faleceu com apenas 24 anos, em 1897.
2. Manuscritos Autobiográficos. Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia, SP, 2ª. edição, 1960, p. 244.
3. L'Esprit de Ia Bienheureuse Thérese de l'Enfant-Jésus d'apres ses écrits. Office Central de Lisieux, 1924, p. VIII.
Um comentário:
Comentário de uma fotografia de Santa Teresinha: "De uma beleza rara, a nossa santinha foi das mais belas mulheres da França, dotada de todos os encantos de seu sexo e da sua raça. Dizem as Irmãs de Santa Teresinha que não há retrato, não há pintura que possa traduzir a expressão de sobrenatural beleza da nossa santinha, principalmente daquele seu olhar cheio de doçura e de angelical pureza. Teresinha era linda, linda, de uma beleza toda celestial. Quando menina, arrebatava os olhares de quantos a contemplavam, na rua e no colégio. O olhar de Teresinha, dizem as suas Irmãs e contemporâneas, é intraduzível nos retratos e na tela; só quem a viu poderá avaliar o abismo de doçura, bondade e encanto que ele possuía. Teresinha era alta, de olhos azuis, cabelos de ouro, como os filhos da Normandia, tinha o rosto oval, tez de lírio, e os traços mais suaves e delicados de uma mulher bela. Tudo nela resplandecia em proporção, integridade e doce brilho da luz, três requisitos da beleza física. E que beleza casta, meu Deus! É a beleza que lembra o Céu e arrebata o coração para o alto!" (Comentário feito pelo Monsenhor Ascânio Brandão)
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