3 de junho de 2018

Rótulos da perseguição religiosa


Paulo Henrique Américo de Araújo 

Cada vez mais o mundo se torna inimigo implacável da moral católica, e não surpreende que isso se transforme em perseguição religiosa franca e declarada.

Recentemente, uma pequena propaganda online mostrava duas simpáticas meninas sorridentes [foto abaixo]. Até aí, nada demais, é bom e agradável ver duas meninas simpáticas e sorridentes, e os peritos em propaganda nunca o ignoraram. Pelo contrário, usam e abusam de imagens assim tanto quanto podem, e eu não perderia meu tempo com mais essa. Mas a inscrição associada à imagem atraiu a minha atenção: “Love has no labels”, que se traduz por “O amor não tem rótulos”. A pergunta inevitável me veio à mente: o que tem a ver uma coisa com a outra? 


Contradição aparente e insensatez são armas poderosas de atração em muitas propagandas. Havia uma relação intrigante entre a imagem das crianças e essa “chamada”, e por meio dela os idealizadores do anúncio me atraíram. Procuro sempre controlar a “louca da casa” (é assim que os doutores em vida espiritual denominam a curiosidade), mas preciso também conhecer os novos passos que vem dando a Revolução, para melhor combatê-la, daí minha decisão de clicar na figura. Não foi sem proveito, pois tenho agora a possibilidade de alertar nossos leitores sobre o que se esconde por trás da imagem das duas inocentes meninas, como também sobre uma verdadeira avalanche midiática que nos ameaça. 

O link leva ao site lovehasnolabel.com,* onde um vídeo mostra o público das arquibancadas durante o intervalo de uma partida de futebol americano. Parece ter-se tornado um costume nesse tipo de evento esportivo um telão exibir pessoas da plateia, inclusive casais, demonstrando sua afeição, com abraços e beijos. Crianças, casais e famílias assim o fazem, sob aplausos do público. Uma cena bem ensaiada focaliza então um casal em tais demonstrações de afeto. Em seguida o rapaz se vira para o lado oposto ao da moça, onde está seu “companheiro”, e o novo “casal” passa a demonstrar sua afeição do mesmo modo. Surpresa, risos e aplausos dos espectadores, provavelmente tão ensaiados quanto os três atores. Pessoas de origens diversas, famílias, adultos, crianças, todos em harmonia, todos festejando as demonstrações de afeto entre personagens tão heterogêneos... 

Uma impressão de simpatia penetra implicitamente, imperceptivelmente, as pessoas que assistem ao vídeo. E a mensagem não formulada, mas muito evidente, é que o afeto entre um homem e uma mulher ou entre dois homossexuais são ambos igualmente aceitáveis. Tanto o enredo quanto os sorrisos e aplausos conduzem o espectador, portanto, a simpatizar com as uniões homossexuais. E outra conclusão, que não está longe de ser explicitada, é a rejeição dos princípios religiosos contrários às uniões homossexuais, a mesma rejeição que se aplica a um vil racista ou xenófobo. 

Seguem-se relatos das mesmas pessoas que apareceram no vídeo, e algumas frases pontuais: “Nossa amizade não tem religião”; “O amor diz respeito a quem você é, e não a o que você é”. Para arrematar, uma música insinuante completa as cenas, repetindo ad nauseam o refrão Show me love (mostre-me amor). 

A coisa não para aí, na realidade o vídeo mostra apenas a ponta de um iceberg. A pesquisa mais detalhada do site revela uma ampla campanha internacional, com o objetivo de combater “preconceitos” e “discriminações”. Inúmeras frases-chave se espalham por suas páginas: “Está na hora de assumir a diversidade”; “Coloque de lado os rótulos, em nome do amor”

Há guias práticos ensinando como empreender esse combate, e podem ser “baixados” por qualquer visitante. No chamado “Guia para o orgulho”, lê-se: “Saiba mais como apoiar a comunidade LGBTQ”. Na sequência, explica que o guia “inclui dicas de como ser um bom aliado, um glossário de termos relacionados com a identidade de gênero e sugestões para quando aparecerem ‘novos amigos’”

Outra seção procura determinar claramente as metas: “Love Has No Labels encoraja as pessoas a examinarem e contestarem seus próprios preconceitos. A Liga Antidifamação (ADL), um parceiro deste projeto, desenvolveu este guia para ajuda-lo na promoção de discussões em sua casa sobre preconceito e discriminação”

Mais adiante, de modo habilidoso, o texto coloca no mesmo patamar vários tipos dos chamados “preconceitos”, como se todos tivessem as mesmas razões (ou a falta delas) para existirem. Mas não há dúvida de que a nota tônica da campanha é um violento ataque aos princípios católicos em matéria de moral sexual: “[...] destina-se ao entendimento e à aceitação de todas as comunidades, a despeito de raça, religião, gênero, orientação sexual, idade ou habilidade”

Não poderia faltar nisso a famigerada Ideologia de Gênero. Como exemplo do funcionamento dessas instruções na prática, eis um pequeno trecho que tem por alvo as crianças: “O vídeo [mencionado acima] fornece uma grande abertura aos pais e outros membros da família, para conversarem com as crianças sobre formas implícitas e explícitas de preconceito. [...] Torne o mais inclusiva possível a sua casa e a sua vida de família”. Não só na sua casa: “Se não há muita diversidade [na escola ou em seus círculos sociais], tenha em mente formas de tornar sua vida mais inclusiva. Esforce-se para que seus filhos travem contato com pessoas de origens diferentes: raça, religião, idade, orientação sexual. [...] Leia livros, assista programas de TV, filmes”...

Para o leitor medir a envergadura da tal campanha, basta observar os nomes que aparecem em destaque ao fim da página, como seus patrocinadores: Coca-Cola, Pepsico, Bank of America, Google, Johnson&Johnson, dentre outros.

Apesar de o site apresentar-se em inglês, visa atingir todos os países. O próprio anúncio contendo a foto das duas meninas, ao qual me refiro no início, apareceu também numa página brasileira. Versões em outras línguas, ou publicações similares, provavelmente já estão se disseminando na mídia mundial. Não se surpreenda o leitor, caso se depare com um desses guias no seu ambiente de trabalho ou na escola de seus filhos, num futuro próximo. Se isto acontecer, defenda-se com calma e firmeza, demonstrado e sustentando os perenes princípios morais da Santa Igreja. 

A perseguição anticatólica parece a nota preponderante da atual intolerância neopagã. Dir-se-ia que já não há espaço no mundo para o ensino católico tradicional sobre a família, num embate que vai se ampliando a cada dia. Mas não devemos esmorecer, nem temer a perseguição religiosa. A Igreja conhece esse inimigo desde os seus primórdios. “Se o mundo vos odeia, antes odiou a mim”, disse Nosso Senhor. Continuemos reagindo com o auxílio de Nossa Senhora, que nunca deixa de ouvir a súplicas de seus filhos.

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Nota: * Todas as citações, transcritas em tradução livre, foram extraídas do site http://lovehasnolabels.com e dos textos em PDF por ele fornecidos. 
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 810, junho/2018. http://catolicismo.com.br/

Um comentário:

NEREU AUGUSTO TADEU DE GANTER PEPLOW disse...

Interessante... apesar do mote "nossa amizade não tem religião", devo dizer que os últimos "amigos" que eu tinha na vida perdi por ser católico.... o que se observa hoje em dia, definitivamente, é que há uma inequívoca conspiração no sentido de destruir a Igreja Católica (a verdadeira, não isso que anda por aí). As crianças já são doutrinadas desde o início, em casa e na escola, a "aceitarem as diversidades"... espiritismo, macumba, seitas protestantes, os muçulmanos, palestinos, gays, transexuais, etc etc etc... mas experimente impor uma regra de se rezar um Pai Nosso ou uma Ave Maria em sala de aula... a guerra contra a família, a célula da sociedade, foi declarada há tempos.