Seriedade, gravidade, afabilidade, serenidade. Símbolo da estabilidade da alma verdadeiramente católica.
✅ Plinio Corrêa de Oliveira
Se a Catedral de Notre-Dame pudesse pensar e sentir por si própria, ela sentiria que possui uma reversibilidade adequada ao estado de espírito da alma verdadeiramente sapiencial, a qual tem uma elevação e uma seriedade que se opera nela e que, quanto mais se torna alta, mais se torna forte e também afável, acessível, benigna, alegre.
O homem alegre não é o homem que ri. Mas é o homem que tem uma forma de grandeza e de bem-estar dentro da alma, a qual pode coexistir com os maiores tormentos e com as maiores angústias.
É um estado de elevação, de sublimidade, de afabilidade e de benignidade que faz com que seja capaz de todas as grandezas, desde as maiores até as menores. Seja capaz de todas as impetuosidades e de todas as intransigências, das maiores às mais miúdas.
Seja capaz também de todas as paciências, de todas as bondades, de todas as flexibilidades, de todas as adaptabilidades ao que não é mal. Ao mal se resiste sempre, contra ele se luta sempre, não há tréguas nem quartel.
Mas ele é capaz de todas as formas de afabilidade, de transigência e de bondade em relação àquele que não é mau.
Há qualquer coisa na Catedral de Notre-Dame que é feita de seriedade, de gravidade, de afabilidade, de serenidade. Que sorri, mas que sorri pouco; que chora, mas chora pouco. E tem uma espécie de estabilidade e serenidade em si mesma, que corresponde ao fundo da alma verdadeiramente católica, por possuir um estado de espírito eminentemente capaz de sofrer, que só a visão sobrenatural dá, e que transforma a alma num verdadeiro sacrário.
Estado de espírito digno de atrair veneração e ternura, que deveria enlevar os homens, mas que o homem contemporâneo abomina. Este odeia e evita a companhia de quem é assim e se desagrada em olhar quem possui um estado de espírito sério e sacral.
Assim é a Catedral de Notre-Dame. O estado interior de seu ambiente todo recolhido, sobrenatural, com aquela luz tamisada por vitrais, com aquela sacralidade entre as várias naves que sobem, com aquela retidão, aquela leveza esguia que vai para cima, com a força daquelas colunas, com a resistência daquele granito. A catedral como que sente em si um bem-estar que nenhuma outra coisa dá. É algo indefinível, que nenhuma outra forma de estado de espírito representa.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 20 de junho de 1967.
Esta transcrição não passou pela revisão do autor.
Fonte Revista Catolicismo, Nº 889, Janeiro/2025.
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