21 de novembro de 2025

A Duquesa de Kent e a conversão da Inglaterra

 


✅  Marcelo Dufaur

 

Pela primeira vez em quase 400 anos, um monarca britânico reinante assistiu oficialmente ao solene réquiem de um membro católico da família real na catedral de Westminster, em Londres, sede do arcebispo primaz católico da Inglaterra e Gales. Depois, o féretro foi trasladado em cerimonial de gala para o cemitério real de Frogmore, em Windsor.

 O rei Carlos III,
o Príncipe William e Kate Middleton
saindo da catedral de Westminster

Foi a pomposa despedida de Sua Alteza Real a duquesa Katharine de Kent. A presença oficial do rei Carlos III e de toda a família real foi algo nunca verificado desde a desastrosa Reforma protestante.

O último membro católico da família real foi o rei Carlos II, falecido em 1685, convertido in articulo mortis. Desde a imposição do protestantismo, após a apostasia formal do rei Henrique VIII secundado pelo episcopado, os católicos viveram num regime de perseguição e proibição. Nesse período, numerosos mártires, entre os quais São Tomás Morus, partiram para o Céu.

O iníquo Decreto de Estabelecimento (Act of Settlement), de 1701, interditou a um herdeiro real desposar uma pessoa católica, e não permitia a conversão de um membro da realeza ao catolicismo. A Lei de Sucessão à Coroa de 2013 removeu essas restrições.



A duquesa de Kent — nascida Katharine Lucy Mary Worsley — casou-se com o príncipe Edward, duque de Kent, primo-irmão da rainha Elizabeth II. Ela se converteu à Igreja Católica em 1994, com a aprovação e o apoio permanente da mesma rainha, que havia manifestado inclinação pelo catolicismo.

Admirada pelo seu charme natural e compaixão pelos doentes, a duquesa Kent era muito amada. Sua popularidade era reforçada por seu próprio sofrimento pessoal e natureza modesta. O radialista católico britânico Colin Brazier destacou que “num mundo de ostentação, autopromoção e vaidade, Katharine era uma figura pública de genuína humildade, até mesmo santidade”.

O filho da duquesa, lorde Nicholas Windsor; seu neto, lorde Downpatrick, e sua neta, lady Marina Windsor, também se converteram ao catolicismo. A BBC colheu a seguinte explicação da duquesa: “Eu adoro diretrizes, e a Igreja Católica oferece diretrizes. Sempre quis isso na minha vida. Gosto de saber o que se espera de mim. Gosto que me digam: você deve ir à igreja no domingo, e se não for, está errado!”

A inusitada pompa fúnebre reavivou as esperanças de conversão da Inglaterra, anunciada por Nossa Senhora e muitos santos.

O vidente Maximino ouviu de Nossa Senhora em La Salette que “um grande país no norte da Europa, hoje protestante, se converterá. Pelo apoio desta nação, todos os outros países se converterão”. Interrogado em 5 de agosto de 1853, especificou: “A Inglaterra será o instrumento pelo qual todas as nações do universo se converterão.”

O rei Santo Eduardo, Confessor (1003-1066)l, no leito de morte em seu Palácio Real, confidenciou: “Deus, em sua ira, enviará para o povo inglês espíritos maus, que vão puni-lo [...]. Mas deve retornar à sua raiz original, reflorescer e dar abundantes frutos”.

O venerável Bartolomeu Holzhauser, célebre por seus dons proféticos, disse que “a Inglaterra algum dia voltará à fé católica, prestando então à religião serviços ainda maiores do que depois de sua primeira conversão”.

Por sua vez, São João Maria Vianney dizia: “Estou certo de que a Igreja da Inglaterra recuperará seu antigo esplendor”.

Dom Bosco ouviu de São Domingos Sávio agonizante: “Vi Sua Santidade Pio IX, carregando uma tocha brilhante [...]. Esta tocha, é a religião Católica que está para iluminar a Inglaterra”.

O Beato Pio IX comentou essa visão: “Isto me confirma no propósito de trabalhar energicamente em favor da Inglaterra, pela qual eu já engajo as minhas mais vivas solicitudes.”

São Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas: “Já faz 50 anos que estou rezando pela conversão da Inglaterra [...], o dia chegará quando Deus, na sua bondade, a trará de novo para a verdadeira fé”.

Em 1994, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dedicou à Duquesa Katharine um exemplar de seu livro sobre a Nobreza com as seguintes palavras: “À Sua Alteza a Duquesa de Kent, como homenagem por sua feliz conversão à Santa Igreja Católica, oferece” [segue a assinatura do autor]. Na ocasião, ele havia dito: “A conversão da Duquesa de Kent produziu os efeitos de um raio sadio no ambiente inglês.”

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