14 de setembro de 2015

GRANDE EXEMPLO PARA AS ESPOSAS EM DIFICULDADES NO CONVÍVIO FAMILIAR

Pintura da Bem-aventurada Elisabeth Canori Mora, com 22 anos. Para as famílias que passam por um difícil convívio no lar, um modelo perfeito de mãe e esposa
Nascida em 21 de novembro de 1774, Elizabeth Canori casou-se, em 10 de janeiro de 1796, com Cristoforo Mora, advogado, filho de um próspero médico romano. Tiveram 4 filhas, sendo que 2 delas faleceram em tenra idade. 

Era promissor o futuro dessa família. Entretanto, o marido a arruinou. Ele abandonou o lar, traiu a esposa, atentou contra a vida dela e foi viver com uma mulher de má vida. 

Apesar de tudo, a Bem-aventurada Elizabeth manteve uma fidelidade heroica. Mesmo com muita dificuldade, dedicou-se com extremo amor à educação das 2 filhas (Marianna e Lucina); rezava pela conversão do marido; previu que esse milagre um dia ocorreria e que, após morte dela (em 5 de fevereiro de 1825), Cristoforo se tornaria sacerdote.

E o milagre realmente aconteceu! O marido, arrependido da vida pecaminosa, entrou para uma ordem religiosa, fez penitência, foi ordenado sacerdote e levou uma vida exemplar. 

Especialmente para nossos dias, a Bem-aventurada Elizabeth Canori Mora é um grande exemplo para as esposas que passam por dificuldades no relacionamento com seus maridos. E, ao mesmo tempo, um modelo de vida que deve ser levado em consideração pelos bispos que participarão do próximo "Sínodo da Família", que se realizará no próximo mês em Roma. 

Para melhor compreensão desse santo exemplo, transcrevo abaixo um excelente artigo de Cristina Siccardi para o site italiano “Corrispondenza Romana”. 
Paulo Roberto Campos

O EXEMPLO DA BEATA ELIZABETH CANORI MORA 

Cristina Siccardi

Muitas grandes testemunhas femininas têm alcançado a honra dos altares. Muitas destas mulheres, após viver heroicamente a sua fidelidade conjugal, receberam a graça (durante a sua vida ou também após a sua morte) da conversão dos seus maridos. 
Em Roma, no edifício ao fundo, durante muitos,
anos, residiu a B.A. Elizabeth Canori Mora

Como não achar, então, a romana Elisabeth Canori Mora (1774-1825), exemplar esposa, mãe e mística? Beatificada em 24 de abril de 1994, ela viveu os sofrimentos de um matrimônio infeliz, mas recompensada de maneira extraordinária pela Fé por excelência. Forçada trabalhar e viver para si e para as duas filhas com o labor das próprias mãos, Elisabeth, a qual Jesus prometeu que Ele mesmo seria o pai das suas duas filhas (Marianna e Maria Lucina), teve uma fé inabalável.

Dedicava muito tempo à oração e conseguia encontrar tempo também para o serviço aos pobres e à assistência aos enfermos. “Te amo com amor de predileção, estou para favorecer-te não menos que minha Teresa, ou que minha Gertrudes”, disse-lhe Cristo e ela viveu assim em união com Deus, experimentando as suavidades daquelas almas que vivem inebriadas pelo amor divino em uma troca de puríssima e castíssima paixão.

Conversão do marido

Entre os vários dons místicos lhe foi dado também o de ver o futuro da Igreja. Conheceu e aprofundou a espiritualidade dos trinitários, abraçando a ordem secular. A fama da sua santidade, o eco das suas experiências místicas e dos seus poderes taumatúrgicos tiveram grande ressonância já em vida. Ofereceu a si mesma por amor de Cristo e da Igreja, salvando a alma do marido – que se converteu e entrou na Ordem secular dos Trinitários, após a morte da mulher, frade menor conventual e depois sacerdote, como lhe havia predito a consorte (esses os milagres do autêntico Amor) – mas votou os seus sacrifícios e a sua existência também para o Papa e para a Igreja toda. 
Manuscritos da Beata Elizabeth Canori Mora, guardados nos arquivos dos padres trinitários em San Carlino, em Roma.

Visões místicas sobre a desordem religiosa de nossos dias

As suas visões místicas e as profecias sobre a Igreja estão contidas no seu volumoso Diário [foto acima]. Em tal importante e precioso documento, a beata revela, em diversas e dramáticas páginas, a desordem religiosa e ética dos homens de hoje.

Leiamos a extraordinária fotografia que fez dos nossos dias, destacando o dano que as modernas filosofias têm cumprido nas consciências fracassadas e insensíveis: 
“O dia 15 de novembro de 1818 o meu pobre espírito nas orações favorecido pelo Senhor com graça particular [...] a um momento me foi mostrado o mundo; esse eu o via todo em revolta, sem ordem, sem justiça, os sete pecados capitais se levavam em triunfo, e por toda parte via que reinava a injustiça, a fraude, a libertinagem e cada sorte de iniquidade. 
“O povo mal acostumado, sem fé, sem caridade, mas todos imersos nas crápulas e nos perversos preceitos da moderna filosofia. Meu Deus! Que dor provava o meu pobre espírito ao ver que todos aqueles povos tinham a fisionomia mais de animais do que de homens. Oh! que horror o meu espírito tinha de todos esses homens tão deformados pelo pecado! [...] A ordem da natureza estava tudo confusa [...] Via após no meio de tanta iníqua gente, um demônio tanto mau que devastava o mundo com tanta soberba e arrogância.  
“Este mantinha os homens em uma penosa escravidão, com orgulhoso império queria que todos os homens fossem a ele sujeitos, renunciando a fé de Jesus Cristo, com o desprezo de seus santos mandamentos, colocando-se em presa a libertinagem e aos perversos preceitos do mundo, adotando a vã e falsa filosofia dos nossos modernos e falsos cristãos. [...]Ver que atrás desses falsos preceitos corriam loucamente cada sorte de pessoas, de cada classe social, de cada idade, não somente seculares, mas ainda eclesiásticos de cada dignidade, tanto secular como regular [...] Oh o que não teria feito, o que não teria padecido para compensar as graves injúrias que esses fingidos cristãos faziam ao eterno Deus [...] Via muitos ministros do Senhor que se despiam uns com os outros muito raivosamente, rasgavam os ornamentos sagrados, via derrubarem os altares sagrados pelos mesmos ministros do Senhor, via por estes pisotearem com os seus pés com muito desprezo os ornamentos sagrados; por meio de uma pequena janela tenho visto o mísero estado das pessoas: qual confusão, qual massacre, qual ruína [...]“.
*       *       *
Às “feridas do amor“, a Beata Elisabeth não respondeu renunciando o seu matrimônio e buscando um outro homem, mas se doou completamente a Jesus, que a recompensou plenamente (como sempre costuma fazer o Mestre com quem tem realmente fé: quantas vezes no evangelho se lê: “a sua fé o salvou“?, já aqui sobre a Terra) com a divina misericórdia, aquela que salvou ela e seu marido.

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