No campo político põe em movimento a apologia a tais
transgressões, utilizando-se de eufemismos e sutilezas de linguagem, com o
discurso emocionalista de não discriminação
Prof. Hermes Rodrigues Nery
Agência Zenit, 14-04-2014
A ideologia de gênero tornou-se uma ferramenta política e "um
conceito-chave da reengenharia social anti-cristã para subverter o conceito de
família", como afirma o Monsenhor Juan Cláudio Sanahuja. E mais,
ele explica que "a ONU adota a perspectiva
de gênero no começo dos anos 90. Assim nos apresenta e quer impor-nos
uma visão anti-natural de sexualidade autoconstruída a serviço do prazer". E para isso surtir efeito, a médio prazo,
faz-se necessário difundir nas escolas a ideologia de gênero, para quebrar as
resistências contra a cultura que quer se impor. A educação sexual então está
imbuída fortemente desta ideologia contrária à família, com uma visão
reducionista da dimensão da pessoa humana. O fato é que existem somente duas
identidades sexuais, daí a realidade humana na distinção "homem e
mulher". Institucionalizar uma outra situação fora desta realidade,
verdadeiramente humana, é desconhecer com profundidade a essência e a natureza
da pessoa humana, e mais ainda: agravar os fatores da violência contra o ser
humano, em todos os aspectos. É despessoalizar o ser humano e torná-lo
fragilizado e vulnerável a toda e qualquer violência.
A crise da identidade em nosso tempo se explica numa
sociedade sempre mais pulverizada na
atomização do indivíduo, que se vê perdido na volúpia de uma sociedade
consumista, de falsas necessidades, que coloca o prazer como finalidade e
aniquila o indivíduo desarraigado e desterritorializado, na lógica do
descartável, sem ter ao que se ater, sem contar mais com a família como
suporte, porque, com a ideologia de gênero, a família é descaracterizada e
diluída, dissolvida enquanto instituição primeira e principal da sociedade. Daí
o grande mal-estar de muitos diante dos apelos da anarquia sexual difundida
pelos meios de comunicação, na promoção da homossexualidade e de outras
perversões e transgressões, que medram mais facilmente na sociedade atomizada,
de híper-consumismo. Daí ser necessário por um dique a tudo isso, para
salvaguardar a instituição primeira e principal, sem a qual o ser humano não
tem como subsistir e se realizar como pessoa.
Todas estas formas de agressão, se não forem contidas, se
tornarão grilhões culturais a asfixiar a pessoalidade de cada ser humano. No
campo político, a ideologia de gênero põe em movimento a apologia a tais
transgressões, utilizando-se de eufemismos e sutilezas de linguagem, com o
discurso emocionalista de não discriminação, para avançar ainda mais numa
agenda que discrimina a família. E mais: visando destruí-la, com a corrosão dos
princípios e valores cristãos, que a defendem, por inteiro.
O ideário de gênero (mais uma expressão de idealismo
totalmente irreal) proposto então pelo PNDH3, e que se quer agora incluir no
PNE, perverte a finalidade social das instituições nascidas para defender a
pessoa daquilo que a despessoaliza. Com uma educação sexual assim, a escola se
torna um lugar perigoso, um barril de pólvora que certamente irá explodir com
danos sociais inimagináveis. Por isso, nos empenhamos no combate em favor da
vida e da família, por uma escola que promova verdadeiramente a família como
suporte da pessoa humana.
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(*) Prof. Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética
(pela PUC-RJ) e membro da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB.
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