Gonzalo Guimaraens (*)
Sem os enigmáticos apoios eclesiásticos do mais alto nível — incluindo os três últimos Pontífices — o sanguinário ditador Castro e a revolução comunista cubana não teriam avançado além da Sierra Maestra e da província de Santiago de Cuba.
Sim, enigmáticos e gigantescos apoios eclesiásticos, iniciados pelo Arcebispo de Santiago de Cuba e Primaz da Igreja Católica em Cuba, monsenhor Pérez Serantes [foto], que em 1953 salvou a vida de Fidel Castro, após frustrado ataque guerrilheiro ao Quartel Moncada. Depois veio o apoio do Núncio Apostólico em Cuba durante os primeiros anos da revolução, monsenhor Cesare Sacchi, de tão triste memória. Em seguida, o do então secretário para Assuntos públicos da Igreja, monsenhor Casaroli, que após visitar Cuba chegou a dizer que os católicos cubanos “são felizes dentro do sistema socialista”. Houve ainda o livro-entrevista “Fidel e a Religião”; o Encontro Nacional Eclesiástico Cubano (ENEC), cujo documento final, com o aval do Vaticano, adiantou o diálogo e a colaboração com o comunismo para uma coincidência em suas próprias metas sócio-econômicas; e finalmente os pontífices João Paulo II, Bento XVI e Francisco I, que visitaram Cuba, apertaram efusivamente as mãos sangrentas do ditador e, direta ou indiretamente, deram-lhe seu apoio, evitando a derrubada do regime comunista, que já se prolonga por seis longas décadas.
A História política não absolverá o ditador. E, com todo o devido respeito, não se vislumbra como a História religiosa poderá absolver tão altos clérigos responsáveis pelo prolongamento do nefasto regime.
A propósito das viagens dos três últimos pontífices a Cuba, suas palavras, seus gestos e realizações foram objeto de dezenas de artigos e vários livros bem documentados de cubanos desterrados, especialmente das análises respeitosas e firmes do ex-preso político Armando Valladares, uma das maiores figuras do exílio; artigos e livros que constam no website
www.cubdest.org
Fidel Castro morreu na cama, sem pena nem glória. Durante anos já não mais usava seu uniforme militar, substituído por uma ordinária jaqueta Adidas. E do ponto de vista do marketing revolucionário, levou muito tempo, demasiado até, para morrer, o que contribuiu para que seu mito fosse murchando dia após dia. Isso se percebe em muitas das reportagens ditirâmbicas sobre o ditador, guardadas durante anos nas gavetas das redações de jornais, e que agora saíram à luz, enchendo páginas e mais páginas, nos meios eletrônicos ou em papel. Elas ficaram com o característico cheiro de mofo, rançoso e úmido, de gavetas mal ventiladas. Quando Castro morreu, os pró-castristas do mundo inteiro fizeram tudo o que puderam para reciclar o mito do “comandante”, mas a realidade está mostrando que esse mito murchou.
Entretanto, são gigantescos os destroços espirituais e materiais que Castro e a revolução cubana produziram em Cuba, nas três Américas e no mundo inteiro. A descrição e enumeração de tais destroços mereceriam ser registradas em um Livro Negro da revolução castrista que, ao mesmo tempo, decifrasse o misterioso enigma da colaboração comuno-católica em Cuba. Aqueles que conseguirem explicar esse mistério da autodemolição católica fariam um bem imenso à Igreja e assinalado serviço à humanidade. E, sem dúvida, mereceriam um reconhecimento muito superior ao de um Prêmio Nobel.
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