A pseudo-reforma protestante impulsionou a humanidade ao igualitarismo comunista e à anarquia
Oscar Vidal
Neste dia 31 de outubro completa-se o V centenário da Revolução Protestante, marco oficial da revolta do heresiarca Martinho Lutero contra Roma, quando o monge apóstata pregou suas 95 teses na porta da capela do castelo de Wittenberg, em Augsburgo (Alemanha), no dia 31 de outubro de 1517. [pintura ao lado]
Os erros de tais teses blasfemas, fruto do orgulho e da sensualidade desse fementido herege, começaram a ser difundidos pelo mundo, impulsionado outras revoltas e dando origem, séculos depois, à Revolução Francesa e à Revolução Comunista.
Tratando do processo revolucionário em sua obra Revolução e Contra-Revolução (Parte I, Cap. 6, 1 A e B), Plinio Corrêa de Oliveira descreve as tendências desordenadas e as paixões desenfreadas como sendo “a força propulsora da Revolução”.
“Como os cataclismos, as más paixões têm uma força imensa, mas para destruir. “Essa força já tem potencialmente, no primeiro instante de suas grandes explosões, toda a virulência que se patenteará mais tarde nos seus piores excessos. Nas primeiras negações do protestantismo, por exemplo, já estavam implícitos os anelos anarquistas do comunismo. Se, do ponto de vista da formulação explícita, Lutero não era senão Lutero, todas as tendências, todo o estado de alma, todos os imponderáveis da explosão luterana já traziam consigo, de modo autêntico e pleno, embora implícito, o espírito de Voltaire e de Robespierre, de Marx e de Lenine”. (Cfr. Leão XIII, Encíclica Quod Apostolici Muneris, de 28/12/1878, Bonne Presse, Paris, vol. I, p. 28).
Como até na Igreja Católica setores progressistas estão celebrando esse centenário — uma incoerência que está provocando desconcerto e perplexidade em inúmeros fiéis católicos —, reproduzimos abaixo uma colaboração do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicada na “Folha de S. Paulo” em 27-12-83. Essa leitura auxiliará uma análise sobre a gravidade dessa celebração tão ilógica. Como até autoridades eclesiásticas podem comemorar o ódio contra a Igreja Católica e o desejo de destruí-la?
Gravura representando o "casamento" do ex-frade Lutero com a ex-freira Catarina von Bora |
Lutero: não e
não
Plinio
Corrêa de Oliveira
Transcrito
da “Folha de S. Paulo”, 27 de dezembro de 1983
Tive a honra de ser, em 1974, o
primeiro signatário de um manifesto publicado em cotidianos dos principais do
Brasil e reproduzido em quase todas as nações onde existiam as então onze TFPs.
Era seu título: A política de distensão
do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: Omitir-se? Ou resistir? (cfr.
“Folha de S. Paulo”, 10-4-74).
Nele, as entidades declaravam seu respeitoso desacordo face à
"ostpolitik" conduzida por Paulo VI, e expunham pormenorizadamente
suas razões para tanto. Tudo — diga-se de passagem — expresso de maneira tão
ortodoxa que ninguém levantou a propósito qualquer objeção.
Para resumir numa frase, ao mesmo tempo toda a sua veneração ao Papado e
a firmeza com a qual declaravam sua resistência à "ostpolitik" vaticana,
as TFPs diziam ao Pontífice “Nossa alma é
Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que
cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa
consciência se opõe”.
Lembrei-me desta frase com especial tristeza lendo a carta escrita por
João Paulo II ao cardeal Willebrands (cfr. "L’Osservatore Romano",
6-11-83), a propósito do quingentésimo aniversário do nascimento de Martinho
Lutero, e assinada no dia 31 de outubro p.p. data do primeiro ato de rebelião do
heresiarca, na igreja do castelo de Wittenberg. Está ela repassada de tanta
benevolência e amenidade, que me perguntei se o Augusto signatário esquecera as
terríveis blasfêmias que o frade apóstata lançara contra Deus, Cristo Jesus
Filho de Deus, o Santíssimo Sacramento, a Virgem Maria e o próprio Papado.
O certo é que ele não as ignora, pois estão ao alcance de qualquer
católico culto, em livros de bom quilate, os quais ainda hoje não são difíceis
de obter.
Tenho em mente dois deles. Um, nacional é “A Igreja, a Reforma e a
Civilização, do grande jesuíta Pe. Leonel Franca. Sobre o livro e o autor, os
silêncios oficiais vão deixando baixar a poeira.
O outro livro é de um dos mais conhecidos historiadores franceses do
século XX, Funck-Brentano, membro do Instituto de França, e aliás insuspeito
protestante.
Comecemos por citar textos colhidos na obra deste último:
"Luther" (Grasset, Paris, 1934, 7ª ed., 352 pp.). [capa ao lado] E vamos diretamente
a esta blasfêmia sem nome: “Cristo — diz Lutero — cometeu adultério pela primeira
vez com a mulher da fonte, de que nos fala João. Não se murmurava em torno
dele: “Que fez, então, com ela? Depois com Madalena, em seguida com a mulher
adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, também
teve de fornicar, antes de morrer” ("Propos de table", nº 1472, ed.
de Weimar 2. 107 – cfr op. cit. p. 235).
Lido isto, não nos surpreende que Lutero pense — como assinala
Funck-Brentano — que "certamente Deus é grande e poderoso, bom e
misericordioso [...] mas é estúpido — "Deus est stultissimus"
("Propos de table", no. 963, ed. de Weimar, I, 487). É um tirano.
Moisés agia movido por sua vontade, como seu lugar-tenente, como carrasco que
ninguém superou, nem mesmo igualou em assustar, aterrorizar e martirizar o
pobre mundo” (op. cit. p. 230).
Tal está em estrita coerência com estoutra blasfêmia, que faz de Deus o
verdadeiro responsável pela traição de Judas e pela revolta de Adão: “Lutero —
comenta Funck-Brentano — chega a declarar que Judas, ao trair Cristo, agiu sob
imperiosa decisão do Todo-poderoso. Sua vontade (a de Judas) era dirigida por
Deus: Deus o movia com sua onipotência. O próprio Adão, no paraíso terrestre,
foi constrangido a agir como agiu. Estava colocado por Deus numa situação tal
que lhe era impossível não cair” (op. cit. p. 246).
Coerente ainda nesta abominável sequência, um panfleto de Lutero
intitulado “Contra o pontificado romano fundado pelo diabo”, de março de 1545,
chamava o Papa, não “Santíssimo”, segundo o costume, mas “infernalíssimo”, e
acrescentava que o Papado mostrou-se sempre sedento de sangue (cfr. op. cit. pp.
337-338).
Não espanta que, movido por tais ideias, Lutero escrevesse a Melanchton,
a propósito das sangrentas perseguições de Henrique VIII contra os católicos da
Inglaterra. “É lícito encolerizar-se quando se sabe que espécie de traidores,
ladrões e assassinos são os papas, seus cardeais e legados. Prouvesse a Deus
que vários reis da Inglaterra se empenhassem em acabar com eles” (op. cit. p.
254).
Por isso mesmo exclamou ele também: “Basta de palavras: o ferro! o
fogo!” E acrescenta: “Punimos os ladrões à espada, por que não havemos de
agarrar o papa, cardeais e toda a gangue da Sodoma romana e lavar as mãos no
seu sangue?” (op. cit., p. 104).
Esse ódio de Lutero o acompanhou até o fim da vida. Afirma
Fuck-Brentano: “Seu último sermão público em Wittenberg é de 17 de janeiro de
1546; o último grito de maldição contra o papa, o sacrifício da missa, o culto
da Virgem” (op. cit., p. 340).
Não espanta que grandes perseguidores da Igreja tenham festejado a
memória dele. Assim “Hitler mandou proclamar festa nacional na Alemanha a data
comemorativa de 31 de outubro de 1517, quando o frade agostiniano revoltoso
afixou nas portas da igreja do castelo de Wittenberg as famosas 95 proposições
contra a supremacia e as doutrinas pontifícias” (op. cit., p. 272).
E, a despeito de todo o ateísmo oficial do regime comunista, o Dr. Erich
Honnecker, presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Defesa, o primeiro
homem da República Democrática Alemã, aceitou a chefia do comitê que, em plena
Alemanha vermelha, organizou as espalhafatosas comemorações de Lutero neste ano
(cfr. "German Comments", de Osnabruck, Alemanha Ocidental, abril de
1983).
Que o frade apóstata tenha despertado tais sentimentos num líder nazista,
como mais recentemente no líder comunista, nada de mais natural.
Nada mais desconcertante e até vertiginoso, do que o ocorrido quando da
recentíssima comemoração do quingentésimo aniversário do nascimento de Lutero
num esquálido templo protestante de Roma, no dia 11 do corrente.
Deste ato festivo, de amor e admiração à memória do heresiarca,
participou o prelado que o conclave de 1978 elegeu Papa. E ao qual caberia,
portanto, a missão de defender, contra heresiarcas e hereges, os santos nomes
de Deus e de Jesus Cristo, a Santa Missa, a Sagrada Eucaristia e o Papado!
“Vertiginoso, espantoso” — gemeu, a tal propósito, meu coração de
católico. Que, sem embargo, com isto redobrou de fé e veneração pelo Papado.
No próximo artigo me resta citar “A Igreja, a Reforma e a Civilização”,
do grande Pe. Leonel Franca.
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[Amanhã 31 de outubro, publicaremos o artigo
acima mencionado]
Um comentário:
Como entender que altas autoridades eclesiástica -- neste 5o. centenário da Revolta de Lutero -- procurem pintar sob luzes positivas a vida e obra do Heresiarca do século XVI?
Relembro aqui as palavras do Prof Plinio Correa de Oliveira na Folha de São Paulo (dezembro de 1983): “Vertiginoso, espantoso” — gemeu, a tal propósito, meu coração de católico. Que, sem embargo, com isto redobrou de fé e veneração pelo Papado".
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É sabido, historicamente, que desde o noviciado Lutero era um revoltoso.
Esse artigo da AGENCIA BOA IMPRENSA vem refrescar a memoria de todos nós e esclarecer no que consistiu a tal "Reforma".
E quais os frutos da "Reforma"? -- transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos, lodo em pérolas!” (Ed. Wittemberg, 1551, t. 4, p. 378 – cfr. op. cit., p. 190).
Outro aspecto de grande importancia histórica, em outras palavras, outra consequencia da Revolta de Lutero foram as GUERRAS DE RELIGIAO. As Guerras de Religiao são o fruto genuino do Protestantismo ter se espalhado na Europa Catolica.
De tão maus frutos ... como seria então a "arvore" luterana? CostaMarques
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