"Eu não posso e não vou me
retratar". Com essas palavras, Lutero defende
seus
escritos na "Dieta de Worms", em abril de 1521 |
Oscar Vidal
31-10-2917 — Vaticano lançou um selo
comemorativo do
V centenário da Reforma Protestante!
A estampilha, tem como
fundo
a cidade Wittenberg, berço da heresia luterana
|
Os atos festejando Lutero entram fragorosamente em contradição com a afirmação do cardeal Gerhard Müller: “Nós, católicos, não temos qualquer motivo para celebrar o dia 31 de outubro de 1517, data do início da Reforma”. Também se opõem a uma antiga advertência (2012) do cardeal Kurt Koch: “Não podemos celebrar um pecado [...]. Os acontecimentos que dividem a Igreja não podem ser chamados dias de festa”.
Como prometido, segue a transcrição do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado na “Folha de S. Paulo” em 10-01-1984. De sua leitura podemos deduzir quão absurdo é esse enaltecimento de Lutero promovido pela esquerda católica.
Máscara mortuária do heresiarca Lutero |
Lutero pensa que é divino!
Plinio
Corrêa de Oliveira
Transcrito da “Folha de S. Paulo”, 10 de janeiro de
1984
Não compreendo como homens da Igreja contemporâneos, inclusive dos mais
cultos, doutos ou ilustres, mitifiquem a figura de Lutero, o heresiarca, no
empenho de favorecer uma aproximação ecumênica, de imediato com o
protestantismo, e indiretamente com todas as religiões, escolas filosóficas etc.
Não discernem eles o perigo que a todos nos espreita, no fim deste caminho, ou
seja, a formação, em escala mundial, de um sinistro supermercado de religiões,
filosofias e sistemas de todas as ordens, em que a verdade e o erro se
apresentarão fracionados, misturados e postos em balbúrdia? Ausente do mundo só
estaria — se até lá se pudesse chegar — a verdade total; isto é, a fé católica
apostólica romana, sem nódoa nem jaça.
Sobre Lutero — a quem caberia, sob certo aspecto, o papel de ponto de
partida nessa caminhada para a balbúrdia total — publico hoje mais alguns
tópicos que bem mostram o odor que sua figura revoltada espargiria nesse
supermercado, ou melhor, nesse necrotério de religiões, de filosofias, e do
próprio pensamento humano.
Segundo em anterior artigo prometi, tiro-os da magnífica obra do padre
Leonel Franca S. J., “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (Editora Civilização
Brasileira, Rio de Janeiro, 3ª ed., 1934, 558 pp.). [capa ao lado].
Elemento absolutamente característico do ensinamento de Lutero é a doutrina
da justificação independente das obras. Em termos mais chãos, que os méritos
superabundantes de Nosso Senhor Jesus Cristo só por si asseguram ao homem a
salvação eterna. De sorte que se pode levar nesta Terra uma vida de pecado, sem
remorsos de consciência, nem temor da justiça de Deus.
A voz da consciência era, para ele, não a da graça, mas a do demônio!
Por isso escreveu a um amigo que o homem vexado pelo demônio, de quando
em quando “deve beber com mais abundância, jogar, divertir-se e mesmo fazer algum
pecado em ódio e acinte ao diabo, para lhe não darmos azo de perturbar a
consciência com ninharias [...] Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e
da alma, a nós tão perseguidos e molestados pelo diabo” (M. Luther,
"Briefe, Sends breiben und Bedenken", e. De Wette, Berlim, 1825-1828
– cfr. op. cit., pp. 199-200).
Neste sentido, escreveu ele também: “Deus só te obriga a crer e a
confessar. Em todas as outras coisas te deixa livre e senhor de fazeres o que
quiseres, sem perigo algum de consciência; antes é certo que, de si, Ele não se
importa, ainda mesmo se deixasses tua mulher, fugisses do teu senhor e não
fosses fiel a vínculo algum. E que se lhe dá (a Deus), se fazes ou deixas de
fazer semelhantes coisas?” ("Werke", ed. de Weimar, 12, pp. 131 ss. — cfr. op. cit., p.
446).
Talvez ainda mais taxativo é este incitamento ao pecado, em carta a
Melanchton [quadro ao lado], de 1º de agosto de 1521: “Sê pecador, e peca a valer (esto peccator et pecca fortiter), mas
com mais firmeza ainda crê e alegra-te em Cristo, vencedor do pecado, da morte
e do mundo. Durante a vida presente devemos pecar. Basta que pela misericórdia
de Deus conheçamos o Cordeiro que tira os pecados do mundo. Dele não nos há de
separar o pecado, ainda que cometêssemos por dia mil homicídios e mil adultérios”
(Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, 2, p. 37 – cfr. op.
cit. p. 439).
Tão descabelada é esta doutrina, que o próprio Lutero a duras custas
nela conseguia acreditar: “Nenhuma religião há, em toda a Terra, que ensine
esta doutrina da justificação; eu mesmo, ainda que a ensine publicamente, com
grande dificuldade a creio em particular” (Werke", ed. de Weimar, 25, p.
330 – cfr. op. cit., p. 158).
Mas os efeitos devastadores da pregação assim confessadamente insincera
de Lutero, ele mesmo os reconhecia: “O Evangelho hoje em dia encontra aderentes
que se persuadem não ser ele senão uma doutrina que serve para encher o ventre
e dar larga a todos os caprichos” ("Wekw", ed. de Weimar, 33, p. 2 –
cfr. po. cit., p. 212).
E Lutero acrescentava, acerca de seus sequazes evangélicos, que “são
sete vezes piores que outrora. Depois da pregação da nossa doutrina, os homens
entregaram-se ao roubo, à mentira, à impostura, à crápula, à embriaguez e a
toda espécie de vícios. Expulsamos um demônio (o papado) e vieram sete piores”
("Werke", ed. de Weimar, 28, p. 763 – cfr. op. cit., p. 440).
“Depois que compreendemos não serem as boas obras necessárias para a
justificação, ficamos muito mais remissos e frios na prática do bem [...] E se
hoje se pudesse voltar ao antigo estado de coisas, se de novo revivesse a
doutrina que afirma a necessidade do bem fazer para ser santo, outra seria a
nossa alacridade e prontidão no exercício do bem” ("Werke", ed. de
Weimar, 27, p. 443 – cfr. op. cit., p. 441).
Todas essas insânias explicam que Lutero chegasse ao frenesi do orgulho
satânico, dizendo de si mesmo: “Este Lutero não vos parece um homem
extravagante? Quanto a mim, penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus
escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em
doutores, falsários em santos, lodo em pérolas!” (Ed. Wittemberg, 1551, t. 4,
p. 378 – cfr. op. cit., p. 190).
Lutero morto |
Em outros momentos, a opinião que Lutero tinha de si mesmo era muito
mais objetiva: “Sou um homem exposto e implicado na sociedade, na crápula, nos
movimentos carnais, na negligência e em outras moléstias, a que se vêm ajuntar
as do meu próprio ofício” ("Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed.
De Wette, 1, p. 232 – cfr. op. cit., p. 198). Excomungado em Worms em 1521,
Lutero entregou-se ao ócio e à moleza. E a 13 de julho escreveu a outro prócer
protestante, Melanchton: “Eu aqui me acho, insensato e endurecido, estabelecido
no ócio, oh dor!, rezando pouco, e deixando de gemer pela Igreja de Deus,
porque nas minhas carnes indômitas ardo em grandes labaredas. Em suma, eu que
devo ter o fervor do espírito, tenho o fervor da carne, da libidinagem, da
preguiça, do ócio e da sonolência” (Briefe, Sendscheiben und Bedenken",
ed. De Wette, 2, p. 22 – cfr. op. cit. p. 198).
Num sermão pregado em 1532: “quanto a mim confesso — e muitos outros
poderiam sem dúvida fazer igual confissão — que sou desleixado assim na
disciplina como no zelo, sou muito mais negligente agora que sob o papado;
ninguém tem agora pelo Evangelho o ardor que se via outrora” ("Saemtliche
Werke", ed. de Plochman-Irmischer, 28 (2), p. 353 – cfr. op. cit. p. 441).
* * *
O que de comum se pode encontrar, pois, entre esta moral, e a da Santa
Igreja Católica Apostólica Romana?
Um comentário:
Neste ano ainda tem o aniversário de trezentos anos da maçonaria moderna, talvez Francisco a comemore e depois a condene proclamando santo D.Vital.
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