13 de maio de 2021

Milagres operados com as águas da Fonte de Fátima

Em continuação da matéria postada ontem, seguem alguns relatos de curas comprovadas e reconhecidas como inexplicáveis pela medicina, extraídos do livro “Florilégio Ilustrado da Fátima”, do sacerdote jesuíta Pe. José de Oliveira Dias. Mantivemos da grafia portuguesa original alguns detalhes com ‘sabor’ especial. 


Cura do alcoolismo e cura espiritual 

Em Câmara de Lobos, ilha da Madeira, existia um alcoólico inveterado, escravo do terrível vício da aguardente, que depressa lhe arruinou o organismo. Na sua última doença, apesar de todas as proibições médicas, não podia conter-se que não se propinasse o mortífero veneno.

Uma vizinha sugeriu à sua amargurada esposa que, sem ele dar por isso, lhe misturasse na poncha algumas gotas de água da Fátima. Assim o fez a mulher. Da primeira vez ainda a tomou, mas a segunda, quando ela lha trazia, manda o doente que lhe desapareça com a bebida para longe da vista, pedindo-lhe e recomendando-lhe que nunca mais lha tornasse a apresentar, ainda que ele teimasse em pedi-la. Dias depois, era o filho quem lhe levava para casa uma garrafa da malfadada aguardente. Logo que o enfermo a viu sobre a mesa, mandou arrojá-la pela janela fora. 

Mas a intervenção de Nossa Senhora foi ainda mais além. O infeliz, havia dez anos pelo menos, não frequentava a Igreja, parecendo decidido a morrer impenitente; pois, a quem quer que lhe falasse de sacramentos, só respondia com evasivas. Mas logo que bebeu a poncha com água da Fátima, mandou chamar o pároco, e por várias vezes se confessou e comungou, até que morreu na paz do Senhor (Voz de Fátima, nº 28).[1] 

Anestesiante celestial 

Na praia de Ancora (Minho) encontrava-se Alexandrina Cutelo gravemente enferma de reumatismo gotoso num pé. Retida no leito durante dois meses, era indescritível a atrocidade das dores que teve de suportar, a ponto de um dia chamar o médico assistente, Dr. Jaime de Magalhães, para lhe pedir, no meio do seu desespero, remédio que a aliviasse, custasse ele o que custasse. 

“Não há mais remédio que lhe possa dar, o reumatismo é gotoso, tem muito que sofrer” — foi a resposta do médico. 

Lembrou-se finalmente de Na. Sra. da Fátima, e a Ela recorreu cheia de confiança. Lavou o pé, que estava muito inchado, com água do local das aparições. E qual não foi o seu espanto e o seu agradecimento, ao ver-se no dia seguinte completamente curada, sem nunca mais sentir uma dor! O pé, que estava muito inchado, ficou imediatamente como o outro que estava são. Cura admirável, sobretudo pelo seu carácter instantâneo! (Voz de Fátima, nº 45).[2]

Curado, convertido e feito apóstolo 

João Ramos, de 58 anos, residente em Lisboa na Rua Castelo Branco Saraiva, 70 r/c. D., esteve 5 anos entrevado, consequência da queda de um andaime, sem poder fazer o mais leve movimento. Consultou 16 dos melhores especialistas, sem conseguir sequer minorar os seus padecimentos. 

Depois de 40 dias de hospital, recolheu a casa, sem mais esperança de cura. Não tinha fé, vivia na mais completa apatia religiosa, não tendo recebido os sacramentos desde que se casara, trabalhando sempre sem respeitar domingos nem dias santos, como diz há cerca de 30 anos. 

O desastre veio reduzi-lo a uma lastimosa imobilidade, a ponto de nem sequer poder levar a mão à testa para fazer o sinal da cruz, e criou nele um estado permanente de revolta contra a doença. 

Em julho de 1925, só para comprazer a algumas pessoas, começou a tomar água da Fátima. Depressa desistiu. Em março do ano seguinte, porém, voltou a tomá-la, e logo à primeira colher sentiu que podia mover-se na cama. Dias depois pediu o fato, vestiu-se e conseguiu dar alguns passos. A pouco e pouco, apoiado na bengala, foi-se mexendo cada vez mais. 

À medida que melhorava, aumentava a sua gratidão a Nossa Senhora. Começou logo a preparar-se para receber os sacramentos, aprendendo o catecismo e buscando as disposições salutares a que a graça divina o ia estimulando. Foi progressivamente melhorando, e acabou por andar sem auxílio de bengala e com a maior ligeireza. Recebeu os sacramentos na sua freguesia (de Santa Engrácia) com a maior devoção, continuando depois a recebê-los com certa frequência. Comove-se sempre que fala de Nossa Senhora, e entrou na Congregação do Imaculado Coração de Maria (para a conversão dos pecadores), de que é Diretor o bem conhecido Pe. Cruz, que na prática desse dia fez uma comovedora alusão à cura miraculosa do novo associado. 

Para tornar conhecida a sua cura, apresentou-se na Voz do Operário, de que fora sócio fundador, para declarar que a sua saúde fora recuperada por intervenção de Na. Sra. da Fátima. Recusaram publicar-lhe a declaração. Convocou então uma assembleia de sócios, que votaram pela publicação; mas o jornal manteve a recusa. Recorreu ao Século, que lhe aceitou, sim, a publicação, mas suprimindo o que podia comprometer os princípios da sua ortodoxia laica. 

O empenho do neo-convertido, em que a sua cura fosse de preferência narrada nesses jornais, era para dá-la a conhecer no meio em que eles têm mais fácil entrada. O simpático operário tornou-se verdadeiro apóstolo depois da sua conversão, fazendo quanto pode para desviar as almas do caminho das trevas que ele trilhou, exortando os seus colegas a não trabalharem ao domingo e exercendo com os infelizes toda a sua caridade.[3]

Curando o incurável — “Os surdos ouvem” 

Surdez inveterada era a de João Marques de Carvalho, de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco, que desde os 17 anos até os 66 fora a sua principal cruz. A intervenção de vários médicos durante a sua atribulada vida não conseguira minorar o mal.

Em 1926 põe-se a caminho da Fátima, para aí, aos pés de Nossa Senhora, pedir com viva fé, no fim da sua vida, o que durante ela a terapêutica humana não pudera dar-lhe. Queria ao menos morrer, com bons ouvidos, quem sem eles tivera de viver. E prometeu logo voltar à Fátima no ano seguinte, se já pudesse levar os ouvidos abertos. 

Ao voltar da peregrinação, disse para sua mulher que Nossa Senhora não queria ouvir a sua prece. Ela, porém, que o acompanhara à Fátima, recomendou-lhe que não desanimasse. E começaram ambos uma novena a Nossa Senhora, deitando cada um dos nove dias nos ouvidos algumas gotas da Sua água. 

“No fim dos nove dias – escreve ele – ainda me encontrava no mesmo estado; mas no décimo dia senti um estalo no ouvido direito, e no dia seguinte o mesmo aconteceu no esquerdo, e fiquei a ouvir distintamente até agora”

O atestado médico de 15 de Junho de 1927, devidamente reconhecido, confirma a realidade da doença e da cura (Voz de Fátima, nº 61).[4] 

Curando o incurável — “Os cegos vêem” 

Dª. Maria Augusta Dias, de 50 anos, moradora em Alter do Chão, começou em junho de 1928 a perder lentamente a vista, acabando por ficar totalmente cega no dia 16 de janeiro de 1929. Levaram-na a Lisboa, onde foi sucessivamente examinada pelas quatro principais competências médicas da capital. Cada um dos especialistas declarou irremediável a doença, depois de exame demorado e escrupuloso. 

A Voz da Fátima Nº 78 publicou o parecer escrito de cada um dos quatro oculistas, e descreveu pormenorizadamente a gênese e a evolução da doença, com o feliz desenlace da cura inesperada. 

Escreve o genro da doente, Sr. Manuel Maia, que a acompanhou a Lisboa: “Pode calcular o desapontamento em que fiquei depois de ouvir as opiniões de quatro médicos, reputados os mais hábeis e inteligentes, os quais eram unânimes em afirmar que a doença não tinha cura, demonstrando além disso conhecê-la a fundo, porque eles próprios descreviam os seus sintomas mais insignificantes com uma precisão matemática”

Mas a doente tinha uma fé inabalável em Na. Sra. da Fátima. Por isso o genro mandou vir uma vasilha de água da Fátima, que no dia 30 de janeiro chegava ao seu destino. Logo no dia 31 à noite a ceguinha lavou os olhos com essa água maravilhosa. Nos 3 dias seguintes repetiu a operação; à quarta loção encontrou-se repentinamente curada! Foi indescritível a alegria que se apoderou de toda a família e a admiração de toda a vila, que logo teve conhecimento do prodígio.[5]  

Inanimado e com a eternidade à vista 

Na cidade de Aveiro, em março de 1928, adoecia gravemente com enterocolite e bronquite Gumerzindo Henriques da Silva, de 18 meses, reconhecido pelo notário e publicado também na Voz da Fátima. Apesar de todos os cuidados e carinhos do médico, piorava de dia para dia. Depois de 15 dias de doença, declarou-se-lhe uma bronco-pneumonia, que tirou ao médico todas as esperanças de o salvar, dando aos pais a certeza da sua morte. 

Quando o médico se retirou, já a criança agonizava, perdendo a respiração e a temperatura. O frio da morte apossara-se dele, estava gelado, não dava sinal de vida. Nessa hora tétrica em que a mãe vê diante de si, quase inanimado, o seu filhinho, no campanário ressoam compassadas Ave-Marias. Essas badaladas lembram-lhe alguma coisa que não é da terra, e convidam-na a uma ardorosa prece pela vida do filhinho, se a vida ainda palpitava nele. 

E repentinamente foge-lhe o pensamento para Na. Sra. da Fátima. Tomando uma garrafa de água da fonte bendita das Aparições, começa logo ali, com o marido e a madrinha do menino, uma novena à Virgem da Fátima, prometendo levar o filhinho moribundo à Cova da Iria, se ele fosse restituído à vida. E no mesmo instante passa pelos lábios inanimados da criança uma gota da água prodigiosa. Maravilha da graça e da intervenção bondosa de Maria! Ao contacto dessa água bendita, a criança, que se julgaria morta, abre os olhos! A mãe, redobrando de confiança, passa-lhe ainda pela testa e pelas faces os dedos umedecidos na água da Fátima. E nesse instante sente o filhinho recobrar lentamente o calor vital, readquirindo passados poucos minutos todas as suas faculdades e começando a falar, como se nada se tivesse passado. 

O médico, como que desorientado, não sabe explicar o que vê; e auscultando na manhã seguinte a criança, que de véspera deixara a expirar, acha-a completamente curada da bronco-pneumonia (Voz de Fátima, nº 80).[6] 

Contra-veneno salvador 

No Brasil – conta o Pe. Manuel de Azevedo Mendes à Voz da Fátima de 13 de novembro de 1932, nº 122 – uma pobre senhora, levada pelo desespero, lembra-se de ingerir certa dose de veneno para se suicidar. 

Uma sua amiga, zelosa propagandista da devoção a Nossa Senhora da Fátima, ao saber que o médico dera por irremediavelmente perdida a desditosa criatura, ficou profundamente consternada. 

Veio-lhe logo à ideia acudir a essa infeliz com umas gotas de água da Fátima. Mas, receando com isso dar mau exemplo, ficou pedindo a Nossa Senhora que, ou frustrasse com a sua intervenção de Mãe o efeito mortífero do veneno, ou inspirasse à suicida um sincero arrependimento do seu pecado, que ao mesmo tempo fosse uma salutar reparação do escândalo. 

Enquanto assim orava, sente que lhe batem à porta, a pedir por misericórdia um pouco de água da Fátima. A infeliz, já quase a expirar, bebeu essa água. Bebeu, e o veneno suspendeu a sua acção mortífera no organismo, salvando-se uma vida. E Deus queira também que uma alma.[7]

A chave do enigma 

De Cochim, Índia, escrevia em 1932 à Voz da Fátima nº 127, o distinto médico Dr. P. George para relatar o seguinte facto: Fora chamado a um rapaz atacado de febre tifoide, com tão graves complicações, que sentiu faltar-lhe a coragem para tomar a responsabilidade da sua cura. Com esse receio, sugeriu ao pai que acudisse a qualquer outro médico. A família, porém, insistiu para que ele, e não outro, tomasse o cuidado do doente. 

O piedoso médico teve de se resignar, mas experimentou a necessidade de confiar o delicadíssimo caso a Na. Sra. Saúde dos Enfermos. Começou pois a tratá-lo, cuidadosa e conscienciosamente, espantando-se desde o princípio ao ver a rapidez e a facilidade extraordinária com que o rapaz ia melhorando, verdadeiro prodígio clínico, porque os sintomas eram dos piores. E não pôde deixar de manifestar aos pais o seu assombro. 

A chave do enigma, não tardou ele a descobri-la. Revelou-lhe a mãe que havia administrado ao filho água de Na. Sra. da Fátima, enquanto fazia uma novena a essa boa Mãe para que os medicamentos do Dr. George surtissem efeito. E conclui o médico a sua narração com estas admiráveis palavras: “Estou convencido de que houve aqui uma intervenção especial de Na. Sra. da Fátima, sem a qual, estou plenamente convencido, o meu trabalho teria sido completamente inútil. Agora sinto-me feliz por poder apregoar como médico, a todos os meus amigos, a valiosa protecção da Mãe de Jesus”.[8] 

Cura de um menino quase moribundo 

Joãozinho é um simpático menino de Lisboa, filho de Maximiano Correia da Costa Ferreira e de Belmira Pereira, que aos quatro anos foi acometido de grave enfermidade. Em novembro de 1924 manifestaram-se os mais alarmantes sintomas: Joãozinho perdeu a fala e a vista. Letárgico e imóvel, dava a ideia de um cadáver estendido no seu leito. O diagnóstico da medicina foi o de uma gravíssima meningite cérebro-espinal, de carácter fulminante. O desenlace não se faria esperar. 

Enquanto os pais se lastimavam e preparavam para receber o golpe fatal, entra-lhes em casa uma piedosa senhora com um frasquinho de água da Fátima, que logo foi aplicada ao moribundo. Vinte e quatro horas depois o doentinho dá sinais de vida; e o médico, surpreendido, declara-o salvo e sem lesão alguma.[9] 

Lavagem prodigiosa 

Mário Alves Dinis é um menino de 11 anos, lisboeta. Um dia tem a infelicidade de ser atropelado por uma caminheta. Crânio fraturado e órgão visual esquerdo horrivelmente saído da órbita, eis o espetáculo que oferece a pobre criança. Levado para o hospital, observam-no vários clínicos, entre eles um catedrático, e todos são concordes em afirmar que o pequeno, na melhor das hipóteses, ficará defeituoso da vista. 

Intervém uma bondosa senhora, amiga da família, e entrega à mãe aflita, Dª. Hermínia Mendes Dinis, um pouco de água da Fátima para lavar com ela o órgão visual do filho. Assim o fez. E foi tanta a fé e confiança dessa mãe, que o filho, sem qualquer outro tratamento mais do que a água da Fátima, aplicada duas vezes ao dia, ficou completamente curado e sem defeito (Voz de Fátima, nº 226).[10] 

Uma cura extraordinária, rápida e completa 

Aldina dos Prazeres Santos, residente em Mondim da Beira, diocese de Lamego, matriculada aos 19 anos no curso de puericultura da Maternidade Júlio Dinis do Porto, em fins de janeiro de 1948 foi acometida de terrível e desconhecida enfermidade: grave inflamação nos lábios, com abundante supuração. Uma pestilenta e nauseabunda chaga lhe cobria os lábios. Vários e competentes clínicos a examinaram cuidadosamente: Dra. Lucinda Gouveia, médica do curso de puericultura, Dr. Augusto Barata e Dr. Aureliano da Fonseca. Intervieram ainda nos estudos deste caso os seguintes clínicos: Dr. Gonçalves de Azevedo, Dr. Oscar Ribeiro e Dr. Rodrigues Goines, todos professores no referido curso de puericultura na Maternidade Júlio Dinis, e muitos outros competentes. 

Como os sintomas extrínsecos indicaram o escorbuto, foi tratada desta enfermidade, sem resultado algum. Supuseram ser difteria, mas a análise deu resultado negativo. Aplicaram à enferma um milhar de unidades de penicilina, com passageiras melhoras. Como era impossível servir-se do garfo e da colher, sua alimentação era exclusivamente líquida, tendo enfraquecido extraordinariamente. Em abril as melhoras desvaneceram-se totalmente, volvendo ao estado primitivo. Aldina soube levar resignadamente tão grave desilusão. Recorre-se novamente à penicilina, mas desta vez a enferma piorou de maneira extraordinária. 

Desenganada da terapêutica humana, a pobre enferma pôs em Deus toda a sua esperança. Dª. Maria Emília Teixeira, peregrina da Cova da Iria, trouxe dali um garrafão com água. No dia 21 de junho de 1948, às 11 horas, pela primeira vez Aldina umedeceu os lábios com água da Fátima, repetindo durante o dia a mesma operação. No mesmo dia, pela tarde, Aldina estava completamente curada. A cura operou-se em poucas horas. Foi rápida e completa![11] 
____________ 
Notas: 
1. Pe. José de Oliveira Dias, S.J., Florilégio Ilustrado da Fátima, Oficinas Gráficas PAX, Braga, Portugal, Edição da Sociedade Brasileira de Educação, 3ª. edição, 1952, p. 406. 
2. Id. ib., p. 407. 
3. Id. ib., p. 410. 
4. Id. ib., p. 413. 
5. Id. ib., p. 416. 
6. Id. ib., p. 421. 
7. Id. ib., p. 425. 
8. Id. ib., p. 426. 
9. Id. ib., p. 434. 
10. Id. ib., p. 439. 
11. Id. ib., p. 459.

Nenhum comentário: