24 de novembro de 2010

Propaga-se a “Ideologia da homossexualidade”, para arruinar o vínculo matrimonial e a família

De um colega jornalista, atualmente morando em Portugal, recebi um artigo de sua lavra (segue abaixo) que me pareceu de suma importância para este blog — que visa primordialmente contribuir para impedir as investidas (por exemplo da “revolução homossexual”) que têm como objetivo a dissolução da família como estabelecida por Deus.


A “ideologia homossexual”: nova forma de perseguição religiosa

Gabriel J. Wilson

A “ideologia da homossexualidade” quer impor-se e conta com possantes aliados. Tal é, em suma, a gravíssima denúncia formulada pelo Cardeal Giacomo Biffi [foto acima], ex-Arcebispo de Bolonha, de acordo com extratos de uma nova versão das suas memórias, publicados no blog do conhecido vaticanista Sandro Magister e em outros sites. Limito-me a oferecer aos leitores uma tradução, com pequenas adaptações de estilo.

“É preciso nos prepararmos para uma nova forma de perseguição, executada pelos homossexuais facciosos, pelos seus cúmplices ideológicos e também por aqueles cujo dever seria o de defender a liberdade intelectual de todos, inclusive a dos cristãos”, lê-se na edição aumentada de Memorie e digressione d’un italiano cardinale (Cantagalli, Siena, 2010). [foto]

Mas em que consiste essa “ideologia da homossexualidade?” Como se opõe à doutrina católica? Explica o Cardeal, a propósito do problema emergente da homossexualidade, que a concepção cristã nos ensina ser preciso distinguir sempre duas coisas: uma é o respeito devido às pessoas, segundo o qual estas não devem sofrer qualquer forma de exclusão social e política; outra é a recusa, que é justa, da “ideologia da homossexualidade”, hoje frequentemente exaltada em detrimento da realidade matrimonial e familiar.

Remetendo à epístola do Apóstolo São Paulo aos Romanos, mostra que a palavra de Deus nos propõe, em contrapartida, uma interpretação teológica do fenômeno da aberração cultural que se espalha nesse domínio. Essa aberração — afirma o texto sagrado — é ao mesmo tempo a prova e o resultado do fato de que Deus é excluído da atenção coletiva e da vida social e da reserva em Lhe render a glória que a Ele é devida (Rom. 1, 21).

A exclusão do Criador provoca um disparate universal da razão: “Antes se desvaneceram nos seus pensamentos, obscurecendo-se, deste modo, o seu insensato coração. Considerando-se sábios, tornam-se dementes” (Rom. 1, 21-22).

Em consequência da cegueira intelectual, produziu-se uma queda comportamental e teórica que se traduz na mais completa devassidão: “Por isso, Deus, segundo os desejos dos seus corações, os entregou à impureza, a fim de que neles se degradassem os próprios corpos” (Rom. 1, 24).

E, de maneira a impedir qualquer leitura equívoca ou acomodatícia, o Apóstolo continua com uma análise impressionante, formulada em termos bem explícitos: “Por esse motivo, Deus os entregou a paixões degradantes, pois suas mulheres mudaram o uso natural em outro uso que é contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, abrasaram-se na mútua concupiscência, praticando uns com os outros o que é indecoroso e recebendo em si mesmos a paga, que era devida aos seus desregramentos. E como não procuraram ter de Deus conhecimento perfeito, entregou-os Deus a um sentimento pervertido, a fim de que fizessem o que não convinha” (Rom. 1, 26-28).

São Paulo acrescenta outras características perfeitamente aplicáveis aos defensores da ideologia da homossexualidade, mas não citadas na notícia de imprensa sobre as memórias do Cardeal Biffi. O Apóstolo dos gentios toma, entretanto, o cuidado de notar que se atinge o sumo da abjeção quando os que se entregam a tais atos “não só os cometem, como também aprovam os que os praticam” (Rom. 1, 32).

Trata-se aqui de uma página do livro inspirado que nenhuma autoridade terrena pode nos obrigar a censurar, acrescenta a análise. E, se queremos ser fiéis à palavra de Deus, não temos mesmo o direito de deixar passar esta página sob silêncio por medo de não parecer “politicamente corretos”.

Devemos ao contrário ressaltar o interesse, notável para nossa época, desse ensinamento da Revelação: fica bem claro que São Paulo apontava como sucedendo no mundo greco-romano corresponde profeticamente ao que se passa na cultura ocidental no decurso dos últimos séculos. A exclusão do Criador — até essa proclamação grotesca há alguns decênios, da “morte de Deus” — teve como consequência (e quase como punição intrínseca) a difusão de uma interpretação aberrante da sexualidade, desconhecida (na sua arrogância) em épocas anteriores.

A "ideologia da homossexualidade" — como acontece frequentemente às ideologias, quando elas tornam-se agressivas e chegam a tornar-se politicamente vitoriosas — revelam-se uma armadilha para a nossa legítima autonomia de pensamento: aqueles que não as aprovam correm o risco de ser condenados a uma espécie de marginalização cultural e social.

Os atentados contra a liberdade de julgamento começam pela linguagem. As pessoas que não se resignam a dar boa acolhida à homofilia (ou seja, a boa opinião teórica a respeito das relações homossexuais) são acusadas de homofobia (etimologicamente o “medo da homossexualidade”).
Que fique bem claro: quem foi fortalecido pela luz da palavra inspirada e que vive no temor de Deus não tem medo de nada, salvo da estupidez, diante da qual, dizia Bonhœffer, ficamos sem defesa. Agora se chega por vezes até a lançar contra nós a acusação incrivelmente arbitrária de “racismo” — um termo que, aliás, nada tem a ver com esse problema, e que, em todo caso, é totalmente estranho à nossa doutrina e à nossa história.

O problema de fundo que se perfila é o seguinte: é ainda permitido, em nossos dias, ser discípulos fiéis e coerentes do ensinamento de Cristo (que, há milênios, inspirou e enriqueceu toda a civilização ocidental), ou será preciso que nos preparemos para uma nova forma de perseguição levada a cabo pelos homossexuais facciosos, junto com seus cúmplices ideológicos, e também por aqueles cujo dever seria o de defender a liberdade intelectual de todos, inclusive a dos cristãos?

Colocamos uma questão em particular aos teólogos, aos biblistas e aos responsáveis da pastoral: Como pode ser que, no atual clima de valorização quase obsessiva da Sagrada Escritura, a passagem da epístola aos Romanos I, 21-32 de São Paulo nunca tenha sido citada por ninguém? Como pode ser que ninguém se preocupe um pouco mais em torná-la conhecida aos fiéis e aos não-crentes, apesar de sua evidente atualidade?

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