Neste dia 20 de janeiro de 2017 celebramos o 175º aniversário da aparição da Madonna del Miracolo (Nossa Senhora do Milagre) ao judeu Alphonse Ratisbonne, na Igreja de Santo Andrea delle Fratte (Roma), convertendo-o ao Catolicismo.
Paulo Roberto Campos
Um dos fatos marcantes da história religiosa do século XIX foi a aparição de Nossa Senhora ao judeu Alphonse Ratisbonne e sua retumbante conversão ao catolicismo.
Muito distante da fé católica vivia o jovem banqueiro Ratisbonne, natural de Estrasburgo, nascido em 1814, de riquíssima família israelita. No dia 20 de janeiro de 1842, em viagem turística a Roma, por curiosidade meramente artística ele acedeu entrar na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte [foto no final deste post], acompanhado de um amigo, o Barão de Bussières. Enquanto este foi à sacristia encomendar uma missa, o jovem judeu apreciava as obras de arte daquele templo.
Quando se encontrava diante do altar consagrado a Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa (hoje conhecido como altar da Madonna del Miracolo — Nossa Senhora do Milagre), Ela apareceu-lhe e o converteu instantaneamente de inimigo da Igreja católica em seu fervoroso apóstolo [representação ao lado].
Na memorável data, em que se comemora o 175º aniversário dessa extraordinária aparição e conversão, transcrevemos a seguir um comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito da miraculosa imagem — que ele teve ocasião de venerar várias vezes quando de sua estadia em Roma — e, no final, uma bela oração, para recitação particular, composta por ele.
Madonna del Miracolo
A felicidade inefável da despretensão e da pureza
Plinio Corrêa de Oliveira
O quadro da Madonna del Miracolo aparece com a fronte encimada por uma coroa e por um resplendor em forma de círculo de 12 estrelas.
A fisionomia é discretamente sorridente, com o olhar voltado para quem estiver ajoelhado diante d’Ela. Muito afável, mas ao mesmo tempo muito régia. Pelo porte, dá impressão de uma pessoa alta, esguia sem ser magra, muito bem proporcionada e com algo de imponderável da consciência de sua própria dignidade.
Tem-se a impressão de uma rainha, muito menos pela coroa do que pelo todo d’Ela, pelo misto de grandeza e de misericórdia.
A pessoa que a contempla tende a ficar apaziguada, serenada, tranqüilizada, como quem sente acalmadas as suas más paixões em agitação. Como se Ela dissesse: “Meu filho, eu arranjo tudo, não se atormente, estou aqui ouvindo a você que precisa de tudo, mas eu posso tudo, e o meu desejo é de dar-lhe tudo. Portanto, não tenha dúvida, espere mais um pouco, mas atendê-lo-ei abundantemente”.
A pintura tem um certo ar de mistério, mas um mistério suave e diáfano. Seria como o mistério de um dia com um céu muito azul, em que se pergunta o que haverá para além do azul. Mas não é um mistério carregado, é um mistério que fica por detrás do azul e não por detrás das nuvens.
Notem a impressão de pureza que o quadro transmite. Ele comunica algo do prazer de ser puro, fazendo compreender que a felicidade não está na impureza, ao invés do que muita gente pensa. É o contrário. Possuindo verdadeiramente a pureza, compreende-se a inefável felicidade que ela concede, perto da qual toda a pseudo felicidade da impureza é lixo, tormento e aflição.
Notem também a humildade. Ela revela uma atitude de rainha, mas fazendo abstração de toda superioridade sobre a pessoa que reza diante d’Ela. Trata a pessoa como se tivesse proporção com Ela; quando nenhum de nós tem essa proporção, nem mesmo os santos.
Entretanto, se aparecesse Nosso Senhor Jesus Cristo, Ela ajoelhar-se-ia para adorar Aquele que é infinitamente mais. Ela tem a felicidade inefável da despretensão e da pureza.
Diante de um mundo que o demônio vai arrastando para o mal, pelo prazer da impureza e do orgulho, a Madonna del Miracolo comunica-nos esse prazer da despretensão e da pureza.
(Fonte: Revista Catolicismo, nº 673, janeiro/2007).
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DEL MIRACOLO, COMPOSTA POR PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA, PARA RECITAÇÃO PRIVADA
“Ó Imaculada Mãe de Deus, Madonna del Miracolo, que quisestes conquistar com um singular prodígio de vossa misericórdia o israelita Alphonse Ratisbonne, acolhei as súplicas que vos apresentamos com confiança, como um dia acolhestes as súplicas daqueles que a Vós recorreram pedindo a conversão do filho judeu. Obtende-nos também uma sincera e total conversão à graça e todos os bens da alma e do corpo.
Vossa clemência triunfou sobre Ratisbonne, persuadindo-o a receber o batismo e a empenhar-se com vontade séria na observância dos Mandamentos. Por esta conquista do vosso amor, obtende-nos a perseverança no cumprimento das promessas do batismo. Fazei com que nenhum obstáculo se interponha à nossa observância dos preceitos de Deus e da Igreja.
Vossas mãos resplandecentes são símbolo das inumeráveis graças que com maternal bondade dispensais profusamente sobre a Terra. Fazei resplandecer também sobre nós um raio da vossa misericórdia”.
Um comentário:
Um judeu convertido versus um papa pervertido.... não sei por que, lembrei da lenda (lenda?) contando que um irmão gritou São Tomás de Aquino para que ele corresse à janela e visse um boi que estava passando voando lá fora... São Tomás não se incomodou muito e continuou compenetrado.... mas a insistência do irmão fez com que ele fosse até a janela, olhasse para fora procurando o boi que deveria estar voando por lá.... e o irmão caiu na gargalhada com o trote aplicado no santo, perguntando como é que ele poderia ter sido tão ingênuo a ponto de cair naquela mentira.... e São Tomás disse, simplesmente, que acreditava que seria mais fácil ver um boi a voar que um irmão a mentir.... acho que deve ter sido por associação de idéias... vai ser mais fácil ver um boi voando que a Igreja demolida....
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