29 de agosto de 2020

O papel decisivo da instituição familiar na economia


Fonte: Revista Catolicismo, Nº 836, Agosto/2020

Hoje, mais do que nunca, fala-se exaustivamente de economia; o que deixa muitos preocupados, não só com a gravidade da situação econômica como ela se apresenta, mas também com as concepções marxistas de economia. Mas para a família católica, qual a importância que se deve atribuir às questões econômicas? O que ensina a doutrina social da Igreja sobre o assunto? Estas e outras perguntas são respondidas cabalmente nesta entrevista com Ettore Gotti Tedeschi [foto acima], concedida com exclusividade ao colaborador de Catolicismo na Itália, Sr. Julio Loredo de Izcue. 

Para o nosso entrevistado, que é banqueiro, economista, professor universitário, escritor, ex-presidente do IOR (Banco do Vaticano), menosprezar o papel da família produz crises socioeconômicas e culturais; e “o estopim do colapso econômico foi o colapso dos nascimentos, devido às teorias ambientais malthusianas”, pois teve como consequência o envelhecimento da população. 

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Enquanto católico apostólico romano, e como homem público, qual o seu enfoque sobre a economia? 

Hoje a economia parece ter-se tornado uma ferramenta utilizada para “assustar” e “deformar a visão moral”, por isso tomo o máximo cuidado ao tratar da questão. Veja bem, toda decisão econômica produz consequências morais, e toda visão moral influencia a utilização de instrumentos econômicos. Mas a economia não é uma ciência. Simplificando, a “maçã” da economia não é a “maçã de Newton”. 

Uma decisão econômica raramente produz o efeito desejado. Se a economia é submetida a projetos “políticos” (para “assustar”), pode ser tentada a inventar utopias (pense no marxismo). Mas se essas utopias forem incorporadas ao Magistério da Igreja, elas correm o risco de produzir heresias (pense na pseudo-teologia da libertação), e mesmo uma heresia pode influenciar o comportamento econômico (pense no luteranismo). 

A moral e a economia estão muito conectadas, por isso a Igreja interveio, a partir de Leão XIII, ao propor a sua própria Doutrina Social. Hoje, como se considera que a Igreja não deve mais se dedicar ao magistério e à evangelização, a antiga Doutrina Social Católica se tornou inaplicável; mas uma nova parece estar em gestação, podendo advir do evento de Assis (Economia de Francisco). 

Conforme acabei de dizer, a economia também pode se tornar uma ferramenta aplicável para deformar a visão moral. Num recente documento pontifício (Evangelii Gaudium), lemos que existe uma economia que mata; e o pior dos males sociais é a desigualdade — isto é, a má alocação de recursos econômicos — e não o pecado. Porém, como explicam com absoluta clareza João Paulo II na Sollecitudo Rei Socialis, e Bento XVI na Caritas in Veritate, quem usa bem ou mal o instrumento econômico é o homem, portanto é o homem que deve ser treinado, deve ser convertido. Não é a ferramenta que precisa ser alterada, embora alguma alteração seja lícita. 

Lendo essas considerações, fiquei preocupado. E a preocupação aumentou quando notei no atual pontificado a ênfase colocada nas questões econômicas. Até ontem a Igreja não tinha que lidar com a economia, na melhor das hipóteses lidava apenas com as consciências individuais. Hoje se diria que ela deve e quer lidar tão-só com a economia, e apenas secundariamente com as consciências. Mas parece lidar com problemas econômicos — tais como pobreza, capitalismo, finanças, desigualdades, redistribuição de riqueza, migração, meio ambiente etc. — sem demonstrar conhecer as causas, mas apenas os efeitos. A suspeita, portanto, é que alguém possa inclusive pensar em utilizar a ferramenta econômica para outros fins até agora inimagináveis, talvez para reinterpretar o próprio Gênesis.

Quais são suas previsões sobre as propostas que poderão surgir em 21 de novembro próximo em Assis, por ocasião da Conferência sobre Economia convocada pelo Papa Francisco? 

No próximo 21 de novembro realizar-se-á em Assis
a Conferência sobre Economia, convocada pelo
Papa Francisco. Nascerá dela uma nova
doutrina social cristã?



Lendo os textos dos organizadores e dos principais convidados, posso imaginar, mais do que fazer previsões, que essa conferência tentaria estabelecer regras de uma nova doutrina social da Igreja. Posso igualmente imaginar que, na visão dos organizadores, uma nova doutrina social cristã se torne necessária, pois o Gênesis até hoje teria sido mal interpretado, portanto mal utilizado. 

A famosa compreensão da “realidade”, muito realçada neste pontificado, explicaria que o homem não é uma prioridade na criação; pois, tendo abusado dela, desequilibrou a ordem da criação. O resultado seria a necessidade de reduzir o seu próprio papel na criação, levando-o talvez a se identificar novamente com a natureza, como os povos primitivos e pagãos (pense no Sínodo da Amazônia). 

Ainda não entendi bem se isso foi uma preliminar, pela necessidade de convencer todos os homens a reconhecer no ambientalismo uma religião universal para a humanidade, de acordo com a nova gênese reconstruída. Pode-se deduzir que o novo bem comum esteja centrado na conservação do meio ambiente, e não no homem ganancioso e egoísta. 

Em Assis pode-se tentar explicar como fazê-lo, propondo mudanças nas estruturas e ferramentas socioeconômicas do sistema capitalista. Tais mudanças poderiam agradar muito ao homem, no entanto prejudicariam a criação, por se oporem ao surgimento de desigualdades baseadas em modelos meritocráticos. 

Também poderia ser possível propor em Assis uma “reumanização” da economia, mudando a “velha e errada ordem natural” por meio da proposta de um novo humanismo ambiental. O significado da vida humana poderia não ser apenas a sua salvação eterna, mas antes a salvação da natureza. Veremos. 

Qual é o papel da família para a economia? 

Uma nova gênese reconstruída, pela qual
os homens terão que reconhecer
no ambientalismo uma religião universal
para a humanidade.Adicionar legenda

8 de agosto de 2020

HISTÓRIA, SONHO REAL

 

Para esses dias em que esquerdistas esquizofrênicos procuram reescrever a História — editando-a de acordo com seus interesses ideológicos partidários — seguem algumas frases para refletirmos a respeito neste fim de semana. 


“A História é a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida, a mensageira da antiguidade”. 
(Cícero) 


“Cícero afirmou que a História é a mestra da vida; e eu digo que a vida é também a mestra da História, pois entendendo a vida se conhece melhor a História”. 
(Plinio Corrêa de Oliveira) 


“O historiador e o poeta se distinguem um do outro, não pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si porque um escreve o que aconteceu, e o outro o que poderia ter acontecido”. 
(Aristóteles) 


“O romance é a história dos homens, e a História é o romance dos reis”. 
(Alphonse Daudet) 


“Afirma-se que a História é o breviário dos reis”. 
(Henri de Saint-Simon) 


“A História, de qualquer modo que seja escrita, sempre encanta”. 
(Plinio o Moço) 


“A História não estuda só os fatos materiais e as instituições, seu verdadeiro objeto de estudo é a alma humana”. 

(Fustel de Coulanges)