Blog da Família
7 de fevereiro de 2025
Num mundo em combustão, a restauração da catedral de Notre-Dame no esplendor de sua sacralidade
4 de fevereiro de 2025
POLÔNIA — MONUMENTAL IMAGEM DE NOSSA SENHORA
3 de fevereiro de 2025
Pais não querem celular nas escolas
62% de 2.029 pais entrevistados em 113 municípios não querem os celulares nas escolas.
Pesquisa da TIC Educação registrou que 28% das instituições de ensino, urbanas e rurais, já aplicam restrições rígidas.
A UNESCO fez relatório contra o seu uso nas aulas e apontou os prejuízos causados aos estudantes.
Os celulares foram banidos em escolas dos EUA, França, Espanha, Finlândia, Itália, Holanda, Canadá, Suíça, Portugal e México.
Na rede pública municipal do Rio de Janeiro, o prefeito vetou seu uso dentro e fora da sala de aula. O Ministério da Educação projeta uma lei para banir o aparelho nos colégios.
1 de fevereiro de 2025
2 de fevereiro — Festa de Nossa Senhora das Candeias
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Andor com a imagem da Virgem da Candelária, santa padroeira das Ilhas Canárias (Tenerife) |
Realiza a Santa Igreja, no dia 2 de fevereiro, a solene bênção das candeias, uma das três principais bênçãos de todo o ano; as outras duas são a de Cinzas e a de Ramos.
31 de janeiro de 2025
Que o sonho não vire pesadelo
“A vitória mais bela que se pode alcançar é vencer a si mesmo.”(Santo Inácio de Loyola)
“O objetivo de um ano novo não é que nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova.”(G. K. Chesterton)
“Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente. É dentro de você que o Ano-Novo cochila e espera desde sempre.”(Carlos Drummond de Andrade)
“Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam que o poder realizador reside no interior de cada ser humano. Sempre que alguém descobre esse poder, algo antes considerado impossível se torna realidade.”(Albert Einstein)
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”(James R. Sherman)
“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”(William Shakespeare)
“Eu sonho minha pintura, e então eu pinto meu sonho.”(Vincent van Gogh)
30 de janeiro de 2025
SÃO JOÃO BOSCO
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Dom Bosco em 1880 |
No dia 31 deste mês comemoramos a festa de Dom Bosco, o Apóstolo da Juventude, que provou a eficácia e o valor de uma educação autenticamente católica.
✅ Plinio Maria
Solimeo
“A vida de Dom
Bosco é tão densa, tão variada e tem tão múltiplas facetas que, a quem se
acerca para contemplá-la ou estudá-la, sempre lhe ficará na sombra alguma face
importante do poliedro”[i].
Com efeito, a Providência “o havia dotado prodigiosamente: pobreza e
humildade de berço, mas lar cristianíssimo e amante do trabalho; uma mãe santa;
de engenho pronto e vivo, presença agraciada e simpática; memória felicíssima;
vontade a toda prova; robustez física invejável, força hercúlea, agilidade
pasmosa, sensibilidade delicadíssima, acessível a todo o belo e bom; coração
‘segundo o coração de Deus’ e, posto que haveria de ser ‘pai dos órfãos’, sente
o peso da orfandade paterna quando tem dois anos”[ii].
Além disso, “Deus Nosso Senhor comprouve em fazer dele como um resumo dos carismas
que adornaram a vida dos santos nas centúrias passadas. Porque Dom Bosco curava
os enfermos com sua bênção, lia as consciências e o futuro, multiplicava os
pães, as castanhas, as nozes para seus filhos, as medalhas e estampas para os
devotos, e até as hóstias sagradas para que os fiéis não ficassem sem comungar.
Teve várias vezes o dom da bilocação, ressuscitou três mortos, e os animais
obedeciam, submissos, a seus mandatos. Mas sobretudo convertia os pecadores e
ajudava eficacissimamente os bons a conservarem sua inocência”[iii].
Isso de tal maneira que, como afirma
Pio XI,“em Dom Bosco, o sobrenatural
tinha chegado a ser natural, o extraordinário, ordinário, e a legenda áurea dos
séculos passados, realidade presente”[iv].
Tudo isso torna muito difícil tratar da
vida desse santo em tão pouco espaço, além do mais porque São João Bosco é um
dos santos dos quais se tem mais abundante bibliografia. Além de suas Memórias
do Oratório e outros escritos seus nos quais há dados biográficos, temos os
19 volumes das Memórias Biográficas, organizadas por seu secretário e
biógrafo, o Pe. João Batista Lemoyne.
Esse
historiador da Congregação Salesiana teve farto material à sua disposição pois,
além dos escritos do Santo, quando entrou no Oratório “viu que vários dos mais inteligentes filhos de Dom Bosco recolhiam
cuidadosamente quanto de notável observavam nele, e que anotavam taquigraficamente
seus discursos, conferências e o que mais os impressionava nas palavras que
caíam de seus lábios, mesmo nas conversações familiares”[v].
Além do que, como secretário do santo, teve a oportunidade de consultá-lo sobre
o farto material que tinha em mãos para essa obra.
Por
isso, como já focalizamos a vida desse santo em nossa revista[vi],
limitamo-nos hoje a ressaltar apenas alguns aspectos da influência de sua santa
mãe em sua formação moral e religiosa, que o ajudou na prática da virtude e a
alcançar a santidade.
Influência de uma mãe santa
São João Bosco nasceu num lar profundamente cristão. Seu pai,
Francisco, era um camponês justo e temente a
Deus, de fé profunda e caridade extrema. Na doença fulminante que lhe ceifou a
vida aos 34 anos, ele se preparou cristãmente para a morte, recomendando à sua
esposa e aos filhos que tivessem confiança na Providência, que não lhes
faltaria. Em seu testamento, apesar dos poucos bens que deixava, estipulou que
fossem rezadas 40 Missas pelo eterno descanso de sua alma.
Sua viúva, “Mamãe Margarida”, então com
29 anos, ficou com a responsabilidade de cuidar da família de cinco membros:
sua sogra também Margarida; Antônio, filho do primeiro casamento de Francisco,
então com 9 anos; e seus dois filhos, José, com quatro anos e João, com apenas
dois anos de idade.
Profundamente religiosa, como dissemos, a influência da mãe
sobre o filho caçula foi decisiva para a sua formação moral e religiosa. “Parece que a paciência e a doce firmeza de
Mamãe Margarida influenciaram São João Bosco, e que toda uma parte da amenidade
deste, de seus métodos afáveis, deve ser atribuído aos modos de sua mãe, à sua
maneira de ordenar e de prescrever, sem gritos nem tumulto [...] Margarida terá
sido uma dessas grandes educadoras natas que impõem sua vontade à maneira de
doce implacabilidade”[vii].
Com o tempo, essa amenidade e doçura
que a mãe legou ao filho o tornaram um santo queridíssimo, não só de seus
alunos, mas de todo o povo, grandes e pequenos.
Pois
Nosso Senhor lhe deu “a irradiação da santidade
e, com a irradiação, a influência, mediante uma simpatia mais única que rara.
Em seus últimos anos sobretudo, as pessoas, ao vê-lo, sentiam-se atraídas; e os
simples exclamavam: ‘Parece-se a Nosso Senhor!’; e os mais teólogos: ‘Quão bom
deve ser Nosso Senhor, se Dom Bosco é tão bom!’. As crianças corriam para ele
como atraídas por um ímã. E as multidões se aglomeravam à sua passagem para
olhá-lo e pedir-lhe uma palavra, um sorriso ou... um milagre: o taumaturgo do
século XIX”[viii].
Devoção a Nossa Senhora
O eminente líder e batalhador católico, Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, comentou que a bondade e a doçura de sua mãe, Lucilia, o haviam
ajudado possantemente a compreender e a ter uma filial devoção a Nossa Senhora.
O mesmo ocorreu com São João Bosco, como dizem seus biógrafos: “João Bosco é um fanático da Virgem. Mamãe
Margarida lhe revelou, pelo seu exemplo, a bondade, a ternura, a solicitude de
Mamãe Maria. As duas mães se confundem em seu coração. Dom Bosco será um dos
grandes campeões de Maria, seu edificador, seu encarregado de negócios”[ix]
.
Durante a carestia de 1817
Quando seu pai faleceu, uma carestia sem precedentes abatera-se sobre a Itália no ano de 1817, levando a miséria por toda parte. Milhares de famílias abandonavam os campos, indo procurar nas cidades o alimento. Dom Bosco diz em suas memórias “Encontravam-se pessoas mortas nos campos com a boca cheia de erva, com a qual tinham tentado aquietar sua fome raivosa”[x].
Durante
essa carestia, Mamãe Margarida tinha que fazer das tripas coração para prover
de alimentos a família. Agradecido, narra o filho: “Pode imaginar-se o quanto sofreria e se cansaria minha mãe durante ano
tão calamitoso. Mas uma grande economia e o cuidado nas coisas mais miúdas,
unidos a um trabalho esgotante, junto com a ajuda verdadeiramente providencial,
contribuíram para salvar aquela crise de alimentos”[xi].
Alguém propôs àquela viúva jovem e
enérgica um novo casamento. Ela respondeu: “Deus
me deu um marido, e o retomou; deixou-me três filhos ao morrer, e eu seria uma
mãe cruel se os abandonasse quando mais necessitam de mim”[xii].
São João Bosco diz que “seu maior cuidado foi o de instruir seus
filhos na religião, ensiná-los a obedecer, e mantê-los ocupados em trabalhos
compatíveis com sua idade”. Desde muito pequeno, ela reunia o caçulinha com
os outros dois irmãos, “Punha-me de
joelhos com eles, de manhã e à noite, e todos juntos rezávamos as orações e a
terceira parte do rosário”. Quando ele aprendeu a ler, “Em casa ela fazia-me rezar, ler um bom livro, e me dava aqueles
conselhos que uma mãe engenhosa sabe dar oportunamente a seus filhos”[xiii].
Aos
sete anos de idade, como era costume na época, São João Bosco fez a sua
primeira confissão. “Recordo que ela me
preparou para minha primeira confissão: acompanhou-me à igreja, confessou-se
antes que eu, recomendou-me ao confessor, e depois me ajudou a dar as graças.
Seguiu ajudando-me até que me julgou capaz de fazê-lo dignamente eu só”[xiv].
Dom Bosco abençoa alguns de seus alunos.
“Guarda-te de cometer sacrilégios”
Quando Dom Bosco fez 11 anos, deveria
preparar-se para a Primeira Comunhão. Mas havia um problema: “ademais da distância da igreja, não
conhecia o pároco, e devia limitar-me exclusivamente à instrução religiosa de
minha boa mãe. E como ela não desejava deixar-me crescer mais sem praticar este
grande ato de nossa religião, ela mesma acertou as coisas para preparar-me como
melhor pôde e soube”[xv].
No
dia da Primeira Comunhão, ela disse ao filho: “Meu querido filho! Este é um dia muito grande para ti. Estou
persuadida de que Deus tomou verdadeira posse de teu coração. Promete-lhe que
farás quanto possas para conservar-te bom até o fim de tua vida. No sucessivo,
comunga com frequência, mas guarda-te bem de fazer sacrilégios. Diga tudo na
confissão. Sê sempre obediente, vá de bom grado ao catecismo e aos sermões;
mas, por amor de Deus, foge como da peste daqueles que têm más conversas”[xvi].
São João Bosco afirma que “minha mãe me queria muito, e eu tinha nela
uma confiança tão ilimitada, que não teria atrevido a mover um pé sem seu
consentimento. Ela sabia tudo [sobre seu apostolado com os amiguinhos],
observava tudo, e me deixava fazer”[xvii].
“Propaga sempre a devoção a Maria”
Ao
entrar no seminário maior, São João Bosco deixou as vestes seculares e vestiu a
batina. Mamãe Margarida lhe disse então: “Tu
vestiste o hábito sacerdotal; experimento todo o consolo que uma mãe pode ter
pela fortuna de seu filho. Mas lembra-te de que não é o hábito o que honra teu
estado, mas a prática da virtude. Se chegares a duvidar de tua vocação, por
amor de Deus, não desonres este hábito. Tira-o em seguida. Prefiro ter um pobre
camponês a um filho sacerdote descuidado de seus deveres. Quando vieste ao
mundo, te consagrei à Santíssima Virgem; quando começaste os estudos, te
recomendei a devoção a esta nossa Mãe; agora te recomendo ser todo dela; ama
aos companheiros devotos de Maria; e se chegas a ser sacerdote, recomenda e
propaga sempre a devoção a Maria”[xviii].
Nos primórdios do Oratório, Dom Bosco
viu-se apurado para atender a tantas solicitações para cuidar de seus birichinni[xix].
Ele necessitava de alguém que o secundasse, com quem pudesse partilhar mais
íntima e decididamente sua obra. Pensou então em sua mãe, que vivia
aprazivelmente na casa do seu irmão José, junto aos netos. Ele pediu-lhe esse
sacrifício. E Margarida aceitou. “E, se
bem que chorando, recolheu seu anel nupcial, seu traje de noiva, suas poucas
joias, seu pobre enxoval; e, a pé, com a cesta no braço, acompanhou o filho
desde Becchi a Turim. Era o dia 3 de novembro de 1846. A obra de Dom Bosco
começava a ser uma família”[xx].
Ataúde-relicário com o corpo de
São João Bosco, na Basílica de
Maria Auxiliadora, em Turim
Na glória celeste
Na
noite de 24 para 25 de novembro de 1856 falecia Mamãe Margarida. Vendo
aproximar-se a morte, ela disse a seu filho: “Deus sabe quanto te amei no curso de minha vida. Tenho a consciência
tranquila; cumpri meu dever em tudo quanto pude. Talvez pareça que usei
demasiado rigor alguma vez, mas não foi assim. Era a voz do dever que o
impunha. Diga a nossos filhinhos que trabalhei por eles e que lhes tenho
maternal carinho. Encomendo-te também que roguem por mim e que façam ao menos
uma vez a santa comunhão por minha alma”.
“Mamãe Margarida foi uma verdadeira mãe para nossos
meninos. Assegurou para sempre ao Oratório e à nossa obra em geral o espírito
de família. Foi ela, sem pretender, a inventora das ‘Boas Noites’”[xxi].
Conta Dom Bosco que, logo depois de sua
morte, sua mãe começou a aparecer-lhe com frequência. Uma das vezes, quando ela
lhe apareceu toda resplandecente de glória, o filho pediu-lhe que lhe desse ao
menos uma pálida ideia da felicidade que ela gozava no Céu.
Dom
Bosco prossegue: “Ela sorriu. E se tornou toda
resplandecente, cheia de majestade, coberta com um manto preciosíssimo. Detrás
dela havia um imponente coro de bem-aventurados. Ela pôs-se a cantar, e com
ela, o coro. Era seu canto um cântico de amor a Deus de indizível harmonia e
doçura; e ia direto ao coração; o invadia, transformava-o sem violentá-lo. Era
a harmonia de mil e mil vozes e de todos os tons, com a variedade de
tonalidades, de modulações e vibrações, às vezes forte, às vezes
imperceptíveis, combinados com tal arte, que é impossível explicá-lo. Terminado
o canto, voltou-se para mim dizendo-me: ‘Espero-te
ali. Devemos estar sempre juntos’. E desapareceu”[xxii].
[i] Cardeal Pedro Maffi, citado
pelo Pe. Rodolfo Fierro, S.D.B., Biografia e Escritos de San Juan Bosco,
Biblioteca de Autores Cristianos, Madri, 1968, Introdução Geral, p. 3.
[ii] Pe. Rodolfo Fierro, S.D.B.,
op.cit. p. 5.
[iii] Id. ib.p. 8.
[iv] Discurso de 3 de abril de
1932. Op. cit. p. 11.
[v] Op.cit. p. 5.
[vi] Catolicismo n. 625, de
janeiro/2003.
[vii]La
Varende, “Don Bosco”, Le Livre de Poche Chrétien, Arthème Fayard, Paris, pp. 15
e 21.
[viii] Rodolfo Fierro, op. cit. p. 8.
[ix]La
Varende, op. cit. pp. 15 e 21.
[x] São João Bosco, Memórias do
Oratório, BAC, 74.
[xi] Id. ib. p. 75.
[xii] Id. ib.
[xiii] Id. ib. pp. 75 e 82.
[xiv] Id. ib.
[xv] Id., p. 81.
[xvi] Id. p. 82.
[xvii] Id. p. 81.
[xviii] Id. P. 115.
[xix] Plural de “birichinno”,
garoto, gaiato (Dizionario Portoghese-Italiano, Italiano-Portoghese, Carlo
Parlagreco e Maria Cattarini, Antonio Vallardi Editore, Milano, 1960.
[xx] Rodolfo Fierro, op. cit. pp.
19-20.
[xxi] Memórias, p. 226.
[xxii] Id. p. 228.
29 de janeiro de 2025
O BRASIL EM 2024 — Instabilidade climática em meio à desorientação e provocações da esquerda
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Lula e Flávio Dino [ Foto: Ricardo Stuckert/PR ] |
✅ Paulo Henrique Américo de Araújo
Neste olhar em retrospectiva sobre a situação brasileira, serve-nos bem como fundo de quadro a instabilidade climática — sem alarmismo ecologista obviamente — e seus efeitos que perpassaram o ano de 2024. As chuvas, a seca, as queimadas e até o frio provocaram insegurança, destruição e mortes. Tudo isso reflete, de maneira tangível, a falta de rumo das forças anticristãs revolucionárias que teimam em contrariar uma opinião pública cada vez mais infensa aos seus objetivos.
Rio Grande do Sul inundado pelas enchentes [Foto: Marinha do Brasil/via Fotos Públicas]
Provocações, chuvas e enchentes
2024 iniciou-se com as repercussões de gosto amargo provenientes do final do ano anterior: Flávio Dino, indicado por Lula como novo Ministro do STF, havia sido aprovado pelo Senado Federal para o cargo. O petista saiu com esta declaração: “Vocês não sabem como eu estou feliz hoje. Pela primeira vez na história deste país, nós conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista, um companheiro da qualidade do Flávio Dino.1”
Analistas
consideraram a frase como “simples provocação”, “nada de muito sério2”.
Por quanto tempo a opinião conservadora e cristã suportará afrontas assim? Além
do amargor causado em boa parte dos brasileiros, a provocação prenunciava
fortes chuvas, incêndios e fumaça que cobririam o horizonte do País.
Em se tratando de provocação, nada mais eloquente do que o espetáculo blasfemo e pornográfico da cantora “Madonna”, ocorrido no Rio de Janeiro, em 4 de maio. Ao mesmo tempo que transcorria, na Praia de Copacabana, o insulto explícito ao sentimento religioso da maioria dos brasileiros, o Rio Grande do Sul era inundado pelas enchentes. A maior rede de televisão do País lidou mal com a situação: apesar das calamidades no Sul, deu preferência à exibição dos saracoteios insanos e imorais da artista americana3.
Enquanto uns se afundavam no pecado na capital fluminense, 182 pessoas morriam afogadas e outros 2 milhões eram afetados pelos alagamentos. Inúmeras vozes se ergueram para cogitar se teria sido possível evitar ou diminuir a catástrofe gaúcha. Sem entrar em detalhes dessa ampla discussão, um pequeno aspecto aponta para um culpado bem conhecido: o ecologismo radical. Dragagens preventivas nos rios (em especial no Rio Guaíba) teriam garantido mais espaço para a água escoar, mas isso não é executado porque “sempre se justifica propósitos ambientais”, diz o deputado estadual, Marcus Vinícius (PP-RS)4.
Queimadas no interior do estado de São Paulo
Estiagem, incêndios e fumaça
A seca de meados do ano foi violenta, batendo recordes de estiagem em várias regiões. Uma boa metáfora para o desprestígio crescente do lulo-petismo. No dia 1º de maio, Lula encabeçou um comício esvaziado em São Paulo, com a participação de menos de 2 mil pessoas. Lula sentiu a “secura” e “pediu água”, reclamando sobre a falta de engajamento da militância5. Ricardo Patah, um dos organizadores, afirmou: “Temos que fazer um mea culpa de nossa incapacidade de levar mais gente”, e acrescentou que há “dificuldade de interlocução com jovens6”.
Com a seca, vieram as queimadas. Cenas de labaredas gigantes à margem das rodovias de todo o País percorreram as redes sociais. Curiosamente, desta vez as tubas da grande mídia nacional e internacional não se lembraram de culpar o atual governo pelas queimadas, como haviam feito durante a gestão Bolsonaro, quando incidentes semelhantes tomaram o noticiário. Pelo contrário, houve quem apontasse como principais responsáveis, pasme-se, os agricultores7.
Um fato estranho, mas revelador da desorientação geral: o Ministro Flávio Dino, ele mesmo, o “queridinho comunista” de Lula no STF, mandou o governo atuar de modo mais eficiente para combater os incêndios8.
Assim, a Corte Suprema do País assume as funções de um Poder Executivo cada vez mais inepto. Alguém duvida que algo vai mal nas instituições da República? Vem bem a propósito o comentário de Eliane Cantanhê de: “Amazônia, Cerrado e Pantanal estão em chamas [...] Sem recuperar o protagonismo nas questões internacionais e ambientais e insistindo em estatismo e aparelhamento na Petrobras, fundos de pensão, agências reguladoras, Lula faz o oposto do que pretendia: não repete os acertos nem deixa os erros no passado9”. Os supostos “acertos” de Lula são por conta da articulista. Sabemos do que se trata: avanço da agenda esquerdista e economia submetida ao socialismo estatal, que conduzem inevitavelmente à bancarrota.
Com a estiagem prolongada, a Capital Federal assemelhava-se a um deserto no início de setembro, e a desolação patenteou-se ainda mais quando do desfile do Dia da Independência. O cenário de 2023 se repete: a Esplanada dos Ministérios praticamente vazia e um punhado irrisório de petistas. Lula achou por bem — quem sabe se para dar um pouco de ânimo à comemoração — colocar no palanque dois Ministros do STF: Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Este último vai assumindo um protagonismo constrangedor10, segundo comenta Carlos Alberto Di Franco: “A destruição da ordem jurídica, que no Brasil de hoje é visível a olho nu, está sendo causada pelo excessivo protagonismo de um ministro do Supremo Tribunal Federal: Alexandre de Moraes11”. Mais adiante, acrescenta o mesmo articulista: “A crise de credibilidade do Judiciário é acelerada e preocupante. Seu desprestígio na sociedade precisa ser revertido”.
Ao mesmo tempo em que as queimadas se alastravam, as eleições municipais de 2024 entravam na “onda de calor”. E as chamas parecem ter invadido todos os quadrantes da esquerda! Não há como esconder sua estrondosa derrota. Os dados antecedentes ao pleito já indicavam a fumaça tóxica nas paragens esquerdistas: 15% dos municípios brasileiros não tiveram qualquer candidato de esquerda12. Em Santa Catarina, esse número foi de 25%.13
A esquerda venceu em apenas duas capitais: Recife e Fortaleza. Neste quesito, é seu pior resultado desde 198514. Quanto aos municípios em geral, partidos de esquerda e centro-esquerda que em 2020 tinham conquistado 852 prefeituras, agora ficaram com 74915.
Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) obteve vitória esmagadora sobre Guilherme Boulos (PSOL), com diferença de quase 20 pontos: 59,3% contra 40,6%. Algo bastante sintomático foi o fato de Boulos ter tentado desesperadamente se afastar da “agenda progressista” durante a disputa, encarnando uma nova versão do “Lulinha paz e amor”. Nada funcionou!
A turma do PT e aliados ainda estão tentando juntar os cacos depois do fracasso eleitoral. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que defende uma aliança “mais ao centro”16. Porém, já prevendo que a manobra não surtirá efeito sobre o brasileiro médio, intuitivo e de bom senso, a líder petista emendou em tom de ameaça: a esquerda “vai continuar sendo massacrada” se não regular as redes sociais17.
Inverno: “gelo” na máquina estatal
O inverno de 2024 derrubou os marcadores dos termômetros, batendo recordes de baixas temperaturas em certas capitais18. O frio extremo localizado foi um dos fatores (indiretos, é verdade) para a queda do avião da Voepass e a morte de seus 62 passageiros e tripulantes. Não desejo ser irreverente com a memória das vítimas, mas o lastimável acidente traz analogia marcante com o percurso seguido por Lula em seu desastroso 3º mandato.
Há gelo nas engrenagens do avião petista. Tal se vê nos disparates da política externa. As eleições na Venezuela — com sua escancarada ausência de legitimidade — tiveram como resultantes explicitar as incongruências da diplomacia brasileira e acabaram por consolidar a ditadura de Nicolás Maduro. Lula perdeu credibilidade e de seu autoproclamado título de “líder natural” da América Latina só restaram destroços. 19
Durante seu discurso na ONU em setembro, o líder petista repetiu propagandas demagógicas ultrapassadas, insistiu em ações para promover “igualdade de gênero” e políticas “antidiscriminação”; além de criticar as “estruturas da governança mundial”, em sinal claro para a tentativa de dar foco ao seu pretenso protagonismo com o chamado “sul-global”. Falou tanto que estourou o tempo do seu discurso e teve o microfone cortado20. Uma vergonha...
Na reunião do Brics em outubro, Lula tentou emplacar a liderança naquilo que analistas classificam de tendência “antiocidental” do bloco21. Mas no fim, de acordo com um especialista, o mandatário brasileiro acabou perdendo: “A imagem de Lula está manchada por seu apoio a Xi Jinping e a Vladimir Putin, e por sua atuação nos Brics 22.”
A par do esfriamento das suas pretensões no Brics, Lula ainda cometeu gafes pueris na diplomacia com os Estados Unidos. Pouco antes dos resultados das eleições presidenciais norte-americanas, ele saiu com este disparate: uma possível vitória do republicano Donald Trump representaria a volta de um “nazismo e fascismo com outra cara23”.
Para completar a insensatez diplomática com relação aos Estados Unidos, a esposa de Lula, Janja, não achou nada melhor do que atacar, da forma mais baixa, o Elon Musk, indicado por Trump para integrar sua nova equipe de governo. Numa típica “atitude de botequim”, ela referiu-se ao milionário com um palavrão24 — irreproduzível numa publicação como a nossa —, causando mal-estar mesmo entre os aliados petistas e provocando uma moção de repúdio na Câmara dos Deputados25.
Por essas e por muitas outras é explicável que a “frente fria” da insatisfação vá tomando conta do horizonte lulista e provoque a queda nos seus índices de aprovação. Em maio de 2024, a popularidade de Lula, que já vinha despencando, era de 37,4%. Em novembro, esse número tinha descido a 35%.27
Céu nublado, tempestades e raios
O tempo fechado e melancólico de outubro guardava certa analogia com a situação da “esquerda católica” no Brasil. A CNBB — sempre atrelada a um “progressismo” decrépito — parece se encontrar num “céu nublado”, quase totalmente desprezada no cenário nacional. Alguém se lembra de qualquer declaração ou atitude relevante do órgão, durante o ano? Ao menos algo que tenha sido de molde a mover as vontades? Nada!
Nesse sentido, são extremamente significativas essas palavras de Frei Beto, ao observar os participantes de um encontro de “progressistas” em Belo Horizonte: “A maioria de cabelos brancos ou tingidos. Minha geração envelhece. Chego este ano aos 80. É muito preocupante constatar que as forças progressistas não logram renovar seus quadros.” 28
A desconfiança e a indiferença dos brasileiros com relação ao clero progressista só aumentam. Motivos eles têm! Veja-se, por exemplo, a total inação das autoridades eclesiásticas quando “peregrinos” do movimento LGBT exibiram, na própria Basílica de Aparecida, uma cópia da imagem da Padroeira vestida com a bandeira arco-íris [foto ao lado]. Diante da perplexidade dos católicos, saiu a público uma lacônica nota dos responsáveis pelo Santuário Nacional. 29
Do outro lado do espectro político e religioso, a tendência é outra: juventude, dinamismo, esperança. Os quadros da direita se renovam e avançam. As próprias eleições municipais confirmaram isso de maneira eloquente30. Quem há de se surpreender que os progressistas e esquerdistas de todos os vieses estejam desorientados e assumam, como último recurso, o revanchismo meio desesperado? Parece que a gota d’água para o revide veio após a clamorosa vitória de Trump e da direita em geral nas eleições americanas.
As tempestades e os relâmpagos despontaram no horizonte dias depois dos resultados. O estopim de um mal executado “ataque terrorista” em Brasília desencadeou novamente os alaridos da esquerda: o País está sob a ameaça dos “conservadores radicais”! O insano e atrapalhado “terrorista” morreu no ato, os danos materiais causados por ele foram insignificantes, porém o evento serviu bem, novamente, para a hábil propaganda da esquerda demonizar todos os conservadores e direitistas31, mesmo os que desejam ordem e paz para a Nação.
Quase como uma cena saída de um enredo já pronto, outro raio iluminou os céus em novembro: o vazamento de supostos planos de golpe de estado, envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, o alto escalão do Executivo de então, bem como oficiais das Forças Armadas. Na sequência das investigações, a tempestade deve continuar nos primeiros meses de 2025, entretanto nada mais apropriado para desviar as atenções da patente derrota e desorientação da esquerda no Brasil no último ano.
Não podemos nos esquecer de um contra-golpe simbólico no meio deste vendaval: no fim de novembro, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal (CCJ), presidida pela Deputada conservadora Caroline de Toni, aprovou o projeto de emenda constitucional que proíbe o aborto no Brasil32. O projeto precisa passar por outros trâmites na Câmara, mas a decisão reflete a força da direita no Legislativo, algo que provocou esperneios histéricos entre petistas e seus aliados. Parabéns aos membros da CCJ pela decisão corajosa.
Diante dos acintes esquerdistas e progressistas contra a tendente pacatez e tranquilidade de nosso povo, vale mencionar essas palavras de Plinio Corrêa de Oliveira: “Cuidado com os pacatos que se indignam, senhores da esquerda, do centro e da direita. A hora não é para carrancas, mas para as discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes...”33
Peçamos a Nossa Senhora Aparecida que conduza as forças conservadores e católicas neste ano de 2025 para, dentro da lei e da ordem, fazerem valer sua voz sobre a esquerda desnorteada, desesperada e derrotada.
____________
Notas:
1.
Valor Econômico, 15-12-23
2.
Idem.
3.
Tragédia no RS, documentário Brasil Paralelo
4.
UOL, 25-5-24.
5.
Folha de S. Paulo, 1-5-24.
6.
FSP, Fábio Zanini,“Fim da linha”, 3-5-24.
7.
FSP, 6-9-24.
8.
O Globo, 14-9-24.
9.
O Estado de S. Paulo, 9-9-24.
10.
Correio do Povo, 7-9-24.
11.
OESP, 16-9-24.
12.
UOL,18-9-24.
13.
UOL,18-9-24.
14.
FSP, 28-10-24.
15.
Embora o PT tenha conquistado mais prefeituras do que em 2020 (183 para 252),
isso pouco representa de tendência geral nos resultados. Cfr. UOL, 27-10-24.
16.
Portal de Prefeitura, 28-10-24.
17.
Infomoney, 28-10-24.
18.
Em São Paulo houve a média mais baixa em 25 anos: Cfr. Isto é, 28-8-24. O Rio
de Janeiro teve a madrugada mais fria em 13 anos (8,3ºC): Cfr. O Globo,
13-8-24.
19.
FSP, 14-8-24.
20.
Gazeta do Povo, 22-9-24.
21.
BBC Brasil, 22-10-24.
22.
OESP, 30-11-24.
23.
Poder 360, 7-11-24.
24.
OESP, 17-11-24.
25.
OESP, 28-11-24.
26.
UOL, 7-5-24.
27.
OESP, 12-11-24.
28.
UniSinos, 22-4-24.
29.
Portal de Prefeitura, 19-11-24.
30.
Gazeta do Povo, 10-11-24.
31.
Gazeta do Povo, 14-11-24.
32.
Agência Brasil, 27-11-24.
33.
FSP, “Cuidado com o Pacatos”,4-12-1982.