29 de junho de 2021

Procissão do Preciosíssimo Sangue de Jesus


No dia 1º de julho celebra-se a festividade instituída pelo Papa Beato Pio IX em 1849, em ação de graças pela libertação de Roma, com a vitória dos exércitos franceses e pontifícios sobre a Revolução nacionalista anti-clerical que o obrigara a exilar-se em Gaeta. São Pio X fixou-a para este dia. Mas na Alemanha essa importante festividade remonta ao século XI. 


✅  Luis Dufaur 

Em anos normais se realiza a Blutritt [Procissão do Preciosíssimo Sangue]. A procissão é realizada a cavalo, em honra de uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Acontece na cidade de Weingarten, Baden-Württenberg (Alemanha), na 6ª feira após a Ascensão, ou Blutfreitag [Sexta-feira do Sangue]. A tradição ordena que só os homens participem. 

A Abadia de Weingarten conserva, há mais de 950 anos, uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é exposta uma vez ao ano na igreja do Mosteiro. 

No dia da festa, um sacerdote ou ‘Cavaleiro do Sangue’ a leva pelas ruas da cidade. É acompanhado por três mil cavalarianos, pertencentes a mais de 100 grupos, em fraque e cartola. Uma banda de 80 componentes desloca-se em torno ao Cavaleiro do Sangue. 

A procissão é religiosa e civil. Romeiros de toda a Suábia Superior e da Baviera vêm à festa.

São Longino, o centurião miraculado 

foi um dos primeiros propagadores 

da Fé de Jesus Cristo. 

Procissão nas Filipinas


Esse Sangue foi colhido por São Longino após a cura de seu olho. Ele foi o centurião romano que atravessou o lado de Nosso Senhor morto na Cruz. Na momento em que perfurou com sua lança no Sagrado Coração de Jesus, brotaram algumas gotas de sangue que atingiram seus olhos e o curaram da semi-cegueira que padecia. 

Ele conservou esse Sangue, junto a uma porção de terra do Calvário, numa caixa de chumbo.

Batizado, partiu São Longino para Mântua (Itália). Antes sofrer o martírio, ele escondeu a caixa, e o local ficou esquecido. No ano de 804, quando Carlos Magno imperava sobre o Ocidente, o local foi milagrosamente revelado ao cego Aldibero. 

Esse cego se dirigiu ao duque de Mântua, ao Imperador e ao Papa. Levado ao local da visão, a caixa foi encontrada e Aldibero recuperou a vista imediatamente. 

Grande devoção passou a cercar a relíquia. O Papa São Leão III a venerou publicamente. Porém, voltou a desaparecer durante as invasões húngaras e normandas.

Em 1048, ela foi redescoberta, tendo sido solenemente reconhecida pelo Papa São Leão IX na presença do imperador Henrique III e muitos dignitários. 

A Sagrada Lança está
conservada na
Sainte Chapelle de Paris

Judite, duquesa da Baviera, irmã do conde Balduíno V de Flandres e de Santa Adela da França, doou o relicário à abadia de Weingarten. Ali, a relíquia é venerada há quase um milênio. Ela está exposta numa capela ao lado da basílica de São Martinho. 

A procissão a cavalo remonta à Idade Média. Porém, o primeiro registro escrito que faz menção a ela data de 1529. 

As festas começam na missa da Ascensão, com uma procissão das velas até a vizinha cidade de Kreuzberg. A procissão equestre inicia-se no dia seguinte, após a missa dos cavalarianos às 6 da manhã. Fanfarras e coros também fazem a romaria. 

A procissão percorre as ruas da cidade acompanhada por mais de 30 mil romeiros. Ela se detém em quatro estações do caminho e termina a meio-dia diante da basílica. Ali, a relíquia é venerada pelos fiéis durante a tarde toda. 


 

História da abadia 


A abadia beneditina de Weingarten foi fundada em 1056, por Guelfo I, duque da Baviera. Os monges elaboraram famosas iluminuras de manuscritos, a mais famosa das quais é o Sacramentário de Berthold, de 1217. 

Em 1274, o mosteiro ganhou estatuto de feudo independente de qualquer poder temporal, exceto do imperador. Seu território era de 306 km2, incluindo muitas florestas e vinhedos. 

A primeira igreja românica foi construída entre 1124 e 1182. Entre 1715–24 foi substituída por uma maior, em estilo barroco, ricamente decorada. Em 1803, a revolução anticristã se voltou contra o Sacro Império e aboliu os estados menores independentes, como Weingarten. 

A abadia foi dissolvida e suas propriedades confiscadas pelo principado de Nassau-Orange-Fulda, e depois pelo reino de Würtemberg. 

Naquela ocasião os riquíssimos relicários de ouro e pedras preciosas foram roubados de modo vergonhoso pelo laicismo rompante. Em 1812, sob os efeitos revolucionários das invasões de Napoleão, a procissão foi proibida. Mas retomou em 1849 e persiste até os presentes dias. 

Em 1922, a abadia de Weingarten foi refundada por monges beneditinos da arquiabadia de Beuron e da abadia de Erdington (Inglaterra). 

Em 1940, o nazismo expulsou os monges, mas eles voltaram após o fim da guerra. Os monges pertencem em parte ao rito romano e em parte ao rito bizantino. [Mais dados em Wikipédia]. 

Vídeo: Procissão do Preciosíssimo Sangue de Jesus

13 de junho de 2021

GUERRA ENTRE REVOLUÇÕES

Alanna Smith, jovem velocista americana, fala durante ato de protesto pedindo vetar atletas “trans” nos EUA

Paulo Henrique Américo de Araújo 

Desenrola-se há anos uma espécie de conflito velado entre duas correntes revolucionárias, ambas com vinculações evidentes por seu ódio à civilização cristã. Propugnadores da ideologia de gênero, tida como “avançada”, consideram agora “ultrapassada” a vetusta onda feminista. A recente ascensão de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos trouxe notoriedade ao entrechoque das duas posições, e não há mais como escondê-lo do público. 

O caso, como veremos, traz à luz uma das constatações mais sagazes de Plinio Corrêa de Oliveira, na sua obra mestra Revolução e Contra-Revolução: No processo de decadência do Ocidente cristão, iniciado nos fins da Idade Média, as revoluções de ontem vão sendo inevitavelmente devoradas pelas revoluções de hoje. 

Controvérsia por direitos iguais 

Alanna Smith, jovem velocista americana, tinha pela frente uma carreira promissora nas pistas de corrida de seu país. Tal oportunidade lhe surgiu, entre outros motivos, porque o movimento feminista havia reivindicado, durante muitas décadas, o direito das mulheres à prática de esportes geralmente restritos antes aos homens. A partir de meados do século passado, com o avanço da dita “igualdade entre os sexos”, as mais variadas formas de competição foram abertas às mulheres: natação, atletismo, esportes coletivos, e até mesmo um inimaginável pugilismo feminino. 

Seus esforços foram paulatinamente reconhecidos no mundo das atletas, exatamente como ocorria com os homens. O pressuposto óbvio era que entre as mulheres esportistas vigoraria o chamado “fair play”, ou jogo justo. Em outras palavras, homens disputariam com homens, e mulheres disputariam com mulheres. Seria um disparate imaginar mulheres competindo com homens, por exemplo, em uma disputa de boxe... 

Entretanto, quando a mãe de Alanna lhe perguntou sobre sua estratégia para vencer uma competição juvenil em 2019, a resposta foi taxativa: “Nada vai adiantar, mãe! Não tenho como vencer, porque hoje vou competir contra rapazes!”.(1)

Como!? Então cessou de valer o “fair play”!? Mulheres vão ser obrigadas a competir com homens, em tão flagrante desigualdade de condições??!! Era bem isso, mas também não era bem isso... Acontece que a revolução de hoje decidiu dar um grande passo, tão grande como outras loucas violações da natureza, para cuja vitória ela tem de ‘devorar’ a revolução de ontem. Expliquemo-nos. 

O feminismo batalhou com todas as suas armas pela “igualdade de direitos” das mulheres. Avançaram, avançaram, avançaram, e hoje quase não há atividade que seja proibida às mulheres. Mas recentemente interessou à revolução dar impulso a outra “igualdade”, antinatural e insensata como tantas outras: “igualdade de gênero”. Ocorre, no entanto, que essa “igualdade” entra em contradição com a “igualdade de direitos” das mulheres. A consequência prevista por Alanna se concretizou, e ela ficou bem atrás dos dois “transgêneros” (homens identificados como mulheres) que disputavam a corrida naquele dia.

Outro caso emblemático ocorreu com Selina Soule.(2) Em 2018 ela havia galgado o mais alto posto das velocistas juvenis em Connecticut. Contudo, numa corrida pelo campeonato estadual no mesmo ano, ela cruzou a linha de chegada muito, mas muito depois de “outras duas competidoras”. Tratava-se na realidade de dois competidores, que biologicamente falando eram rapazes, mas correndo na mesma pista com as moças. Terminando em terceiro lugar, Selina perdeu uma vaga na universidade, a classificação para futuros campeonatos e outras vantagens advindas da carreira de esportista. 

O mais intrigante no caso de Selina é que os dois vencedores não teriam chance numa disputa contra homens, pois seus tempos de corrida estavam bem abaixo de outros competidores do sexo masculino na mesma categoria. Aliás, os dois “transgêneros” não teriam condições nem sequer para disputar o campeonato estadual com outros rapazes, apesar de terem vencido mulheres de verdade. Sua classificação era simplesmente muito aquém da média das competições masculinas. Alegando serem “mulheres”, venceram a competição contra mulheres em nome da “igualdade de gênero”

Não temos a menor simpatia pela “igualdade de direitos” das mulheres (a revolução de ontem), mas devemos ressaltar que agora está sendo cometida de fato uma flagrante injustiça contra mulheres (consequência nefasta da revolução de hoje).

Feministas e transgêneros em batalha judicial 

Em 2019, Selina, Alanna e duas outras atletas juvenis, apoiadas pela associação Aliança em Defesa da Liberdade, entraram com ação judicial no estado de Connecticut.(3) A demanda intenta proteger o direito ao clássico “jogo justo”, excluindo das competições femininas os “atletas transgêneros”, isto é, homens biologicfamente falando, que preferem ser tidos como mulheres. Até o fechamento desta edição, a decisão judicial ainda não havia sido proferida. De qualquer forma, note-se que o Departamento de Educação dos Estados Unidos, durante o governo Trump, vinha tomando uma atitude favorável às jovens esportistas. Sob o novo governo, porém, tal apoio foi retirado. 

Analistas preveem(4) outras querelas judiciais do mesmo tipo no país, em razão da ordem executiva baixada pelo presidente americano Joe Biden no início de seu mandato, em janeiro deste ano. A “Ordem executiva para a prevenção e combate à discriminação baseada em identidade de gênero e orientação sexual” declara, em sua 1ª seção: “As crianças devem ser inseridas no aprendizado, sem a preocupação de terem o acesso negado a banheiros, vestiários ou esportes escolares”. 

No Brasil, a problemática ainda não veio à tona como na América do Norte. Mas a guerra já desponta no horizonte com a tramitação, na Assembleia Legislativa de São Paulo, de um Projeto de Lei de 2019 para a proibição de “transgêneros” nos esportes.

Em 2019, Alanna, Chelsea e Selina (de esq. à dir.) atletas juvenis, apoiadas pela associação Aliança em Defesa da Liberdade, entraram com ação judicial no estado de Connecticut. A demanda intenta proteger o direito ao clássico “jogo justo”, excluindo das competições femininas os “atletas transgêneros”

A lei natural esmagada por contradições 

Os argumentos a favor e contra mergulham num mar de contradições e conclusões tortuosas. Os defensores dos “transgêneros” nos esportes femininos argumentam que é possível diminuir ou até neutralizar a natural disparidade biológica entre os sexos. Tratamentos para inibição de hormônios masculinos passaram a ser apresentados como prova de “igualdade de condições” nas competições internacionais e olímpicas. Isto significa, na realidade, tentar consertar um erro com outro erro. 

Por outro lado, especialistas afirmam que certas características masculinas não podem ser minimizadas, mesmo com tratamentos hormonais.(5) Dentre as naturais vantagens físicas dos homens sobre as mulheres figuram: ombros mais largos, algo que proporciona maior capacidade pulmonar e respiratória; maior massa muscular; maior densidade óssea nos braços. 

Eis uma comparação. Se a velocista norte-americana Allysson Felix — ganhadora de seis medalhas de ouro olímpicas e tida como uma das mulheres mais rápidas do mundo — disputasse os 400 metros rasos, fazendo o melhor tempo de sua carreira (49.26 segundos), ela perderia a corrida para aproximadamente 300 rapazes, atletas não profissionais, estudantes do ensino médio, apenas considerando os participantes dos Estados Unidos.(6)

Não quero desmerecer a famosa atleta, desejo apenas apontar o óbvio: há diferenças biológicas entre os sexos que influenciam os resultados esportivos. Mas as sentinelas da ideologia de gênero não querem enxergar a questão assim. Para elas, retirar o direito de “homens transgêneros” à participação em competições femininas traduz-se por “discriminação de gênero”. Chegam até a qualificar as jovens esportistas acima citadas como “más perdedoras” e “preconceituosas”. 

Contradições que fazem a Revolução avançar 

Apenas na civilização nutrida pela doutrina
 milenar da Santa Igreja Católica pode haver
bases firmes e equilibradas para os legítimos
papéis do homem e da mulher na sociedade,
cada qual com sua dignidade,
 importância e particularidades próprias.
Foto do ambiente de Londres nos anos
 da Rainha Vitória.


Não consta que qualquer movimento feminista tenha levantado a voz contra tão flagrante violação dos “direitos das mulheres”. Por quê? Ao que tudo indica, porque a onda revolucionária do “gênero” vai ‘pondo para escanteio’ a revolução feminista, suscitando querelas e contradições nas suas próprias fileiras. Por exemplo, o ativismo feminista usa geralmente a expressão “igualdade de gênero” como um conceito favorável aos direitos das mulheres.(7) No entanto, diante da controvérsia dos “transgêneros” nos esportes femininos, a mesma expressão vai sendo utilizada em sentido oposto. 

Tantas são as contradições, tão antinaturais todos esses aspectos impensáveis até bem pouco tempo atrás, que não conseguimos imaginar como poderia um juiz sensato prolatar sentença justa nessa situação paradoxal de “Revolução dos bichos”, na qual todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. Quanto aos legisladores, como elaborar leis sensatas num mundo em que a insensatez disputa corrida com os que fogem à “lanterna de Diógenes”? 

Na realidade, a Revolução anticristã vive de contradições e lutas internas. O que importa para ela é a destruição dos restos de Cristandade em nossos dias, mesmo que para isso seja necessário desprezar e derrubar suas bandeiras do passado; ou seja, devorar aquilo que foi ultrapassado pelo próprio processo revolucionário. 

Apenas na civilização nutrida pela doutrina milenar da Santa Igreja Católica pode haver bases firmes e equilibradas para os legítimos papéis do homem e da mulher na sociedade, cada qual com sua dignidade, importância e particularidades próprias. E longe, muito longe dos disparates igualitários deste nosso mundo paganizado. 

____________ 

Notas

1. Cfr. <https://www.youtube.com/watch?v=SrMem2TiAqQ>

2. Cfr. <https://www.youtube.com/watch?v=navQkMFvmDc>

3. Cfr. <https://www.ctpost.com/sports/article/Lawsuit-against-allowing-transgender-athletes-to-15982666.php>

4. Cfr.<https://www.uol.com.br/esporte/colunas/lei-em-campo/2021/02/02/decisao-de-biden-aumenta-sobre-transgeneros-afeta-o-esporte.htm>

5. Segundo o Journal of Applied Physiology, citado aos 4m e 45s do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=b--cafK5mxY>

6. Cfr. aos 2m e 32s do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=navQkMFvmDc>

7. Cfr. o penúltimo parágrafo do artigo: https://atletasnow.com/mulheres-no-esporte-conheca-suas-trajetorias-e-conquistas/

12 de junho de 2021

Católicos norte-americanos se unem em associações para defender sua fé


  Plinio Maria Solimeo 

Em nossos conturbados dias está cada vez mais difícil criar a família segundo os preceitos tradicionais da Igreja Católica. A degradação moral, tanto da religião quanto da família e dos costumes em geral tornam quase impossível manter-se fiel a esses preceitos sem que haja interferência do governo, da pressão do lobby homossexual, da teoria de gênero, enfim, do “politicamente correto”. 

Em resposta a esses desafios impostos pela cultura secular, alguns pais de família se viram obrigados a optar por matricular seus filhos em escolas católicas mais conservadoras, ou a educá-los em casa. Por isso é cada vez maior o número dos que estão considerando mesmo a opção de se mudarem com suas famílias para alguma parte do país em busca de uma comunidade onde a fé seja respeitada e nutrida, em algum local mais tradicional no qual seus filhos possam receber uma boa orientação religiosa e cultural, onde as pessoas compartilhem sua fé e os valores católicos de sempre. 

Um desses polos aglutinadores é o da paróquia de Nossa Senhora do Rosário [foto acima], em Greenville, na Carolina do Sul. Ele está atraindo famílias das mais variadas partes do país, num movimento a que chamam de “Relocatio”, neologismo para significar “localizar-se de novo”, ou seja, mudar de rumo ou mesmo de cidade e Estado. O fato de que agora se tem de trabalhar em casa usando a Internet facilitou muito essas mudanças. 

Só em abril deste ano, 14 novas famílias de 11 estados diferentes se “relocalizaram” em Greenville, para gozarem dos benefícios dessa paróquia e de sua escola. E muitas outras estão a caminho. 

O que atrai tantos católicos à igreja Nossa Senhora do Rosário e à sua escola? 

Alguns dos novos frequentadores da paróquia ficaram sabendo de sua existência pelo blog do seu vigário, Pe. Dwight Lognecker, palestrante proeminente e muito conservador. Outros ficaram impressionados sabendo que em 2019 a paróquia dedicou uma nova bela igreja num estilo tradicional, o românico. 

Mas, sobretudo, o que atrai as famílias é o fato de a escola estar ligada à Igreja. Em sua home-page pode-se ler: 

“Sob o patrocínio da Bem-Aventurada Virgem Maria, a missão da Escola Católica Nossa Senhora do Rosário é apoiar os pais no seu papel de educadores primários dos filhos. Nosso rigoroso treinamento clássico extrai dos alunos o desejo natural de sabedoria e virtude. Ao promover o amor pela verdade, beleza e bondade, buscamos formar discípulos de Jesus Cristo, libertos para realizar todo o seu potencial, vivendo com alegria de acordo com a verdade revelada por Deus através da natureza e da Igreja Católica” (grifo nosso).

A família Dardis foi uma das atraídas por Nossa Senhora do Rosário. Ela se mudou para Greenville após cruzar todo o país. Um dos fatores de sua decisão foi o fato de a cidade em que morava ter-se tornado a de maior população de moradores de rua per capita dos EUA, com infinidades de barracas, agulhas de droga nas calçadas, sem falar de toda a agitação que faziam. Como a família é católica conservadora, encontrou na Internet o site daquela paróquia e resolveu mudar-se. O casal Pat e Michelle Langowski teve razões parecidas: 

“Não gostamos da forma como o lugar em que morávamos estava mudando, e começamos a ver essas mudanças afetando nossos filhos e seu aprendizado. O foco parecia cada vez menos em educação de qualidade e bons valores, e mais em promover uma agenda específica”; quer dizer, ideologizada. Por isso, diz Michelle: “Tomamos a decisão de mudar nossa família (avós também) para o outro lado do país, para morar em um lugar onde as pessoas não tivessem que pedir desculpas por serem católicas”. [...] Além disso, temos a confiança de saber que nossos filhos estão recebendo uma educação de qualidade, clássica e autenticamente católica. Sabemos que frequentam uma escola onde os valores católicos são explicados e celebrados. Vemos que o mundo está muito ansioso para impor seus valores às crianças. Estamos entusiasmados porque o lugar onde nossos filhos passam a maior parte do dia é um lugar católico, clássico, amoroso e atencioso”

O diretor dessa escola da igreja Nossa Senhora do Rosário, Curtin explica: “Isso começou há alguns anos. Mas acelerou quando teve início o lockdown. As pessoas começaram a ver a cultura católica como ela era. Elas estão prontas para fazer mudanças radicais [para seguirem fielmente sua religião] que antes pareciam impensáveis — mas agora são imagináveis.” Isso às vezes até mudando-se de um extremo do país ao outro. 

Iniciativa semelhante em outra parte dos Estados Unidos que está atraindo muitos católicos é a chamada Vertitatis Splendor

Sua idealizadora, Kari Beckman, é uma partidária do homeschooling que lutava contra os efeitos do isolamento social e as pressões culturais recentes. Ela afirma: “Ficou muito claro para mim que devemos preservar a fé agora. Este é apenas o primeiro round da crise, o que o futuro nos reserva pode ser muito pior. Se nós, como leigos, não preservamos o que realmente temos [a fé católica] e o guardamos com cada grama de nosso ser como o presente precioso que é, então vamos perdê-lo.” 

Ela imaginou então uma propriedade rural isolada [foto], onde houvesse um oratório, alguns institutos católicos, centro de retiros etc., dirigida por uma comunidade de sacerdotes que celebrassem as festas católicas tradicionais, como procissões e outras celebrações, como havia antigamente. Esses institutos seriam também um meio de restaurar o pensamento e a filosofia corretos, e não a progressista atual, em uma sociedade cada vez mais confusa. 

Mas onde e como fazer? Kari necessitava sobretudo de assistência religiosa. Ocorreu-lhe então que o bispo Joseph Strickland [foto], de Tyler, no Texas, conservador, fora dos poucos prelados americanos a permitir que as igrejas de sua diocese ficassem abertas durante a pandemia para missas e adoração. Daria assistência religiosa aos participantes desse novo programa caso se mudassem para Tyler? 

Foi a pergunta que lhe fez Kari quando o visitou. O prelado quis então saber o nome da instituição. Quando ela disse que seria Veritatis Splendor, ele ficou surpreso, pois dias antes havia considerado com seu secretário sobre como pôr em prática essa encíclica. Isso concorreu para que ele concordasse com o plano, e enfatizasse: “É responsabilidade dos pais proteger seus filhos da loucura que está lá fora, e também prepará-los para enfrentar essa loucura com a luz de Cristo. [...] Existem muitas ideias malucas. Mas Cristo diz: ‘Não tenha medo’. Portanto, não agimos por medo, mas fortemente, com alegria, acreditando sobre o que é a mensagem de Cristo”

Outro casal, Lisa e Tim Wheeler, pais de cinco filhos adotivos, acreditaram que Deus os estava chamando para construir uma comunidade de acolhimento familiar conservadora, mas não sabiam ainda como. Então Kari Beckman lhes fez a proposta de se juntarem a ela no seu ousado plano. Após oração e reflexão cuidadosa, os Wheelers entenderam que sua visão se fundia facilmente com a de Beckman, e se juntaram ao esforço como cofundadores.

Os planos estão avançando. Confiando em Deus de que darão frutos, os Beckman já venderam sua casa na Geórgia e, quando o ano escolar de sua filha terminar, planejam se mudar oficialmente para Winona e fixar residência na nova propriedade no Texas.

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Fontes: 

- https://www.ncregister.com/news/massive-catholic-center-planned-for-east-texas 

- https://www.churchpop.com/2021/05/17/a-huge-blessing-why-3-families-moved-across-the-country-to-live-in-a-catholic-community/?utm_campaign=ChurchPop&utm_medium=email&_hsmi=127909105&_hsenc=p2ANqtz-9ikZn0_vXYpQIDk5zVg1_-J4rvsUQqSFc12aLKP-znwszjtQh9jspfH-zHYIqTtJ4APss81ECjFLQgMrEzwmV3tenOSA&utm_content=127909105&utm_source=hs_email

9 de junho de 2021

Igreja do Sagrado Coração de Jesus


A
festividade do Sagrado Coração é comemorada na sexta-feira que segue a Oitava de Corpus Christi, como prolongamento da solenidade que celebra o “Corpo de Cristo”, portanto neste dia 11.

Segundo o bispo de Poitiers, Louis-Édouard François Désiré Pie — depois mais conhecido como Cardeal Pie (1815 - 1880) — “O culto ao Sagrado Coração é a quintessência do cristianismo, o compêndio e sumário de toda a religião”

Para esta memorável festa transcrevemos um trecho de uma conferência de Plinio Corrêa de Oliveira na qual ele comenta a seriedade e grandeza do ambiente sacral da Igreja do Sagrado Coração de Jesus [Fotos PRC], na capital paulista. 


N
a Igreja do Sagrado Coração de Jesus há proporção entre altura, largura, extensão e partes laterais. Algo de muito sério convida à reflexão, favorece a meditação. 

O ambiente no interior é muito diferente do que se encontra fora. A luz que penetra pelos vitrais revela cores combinando harmonia doce e suave com agradável penumbra, tornando o conjunto muito envolvente. Tem algo de balsâmico, como um discreto azeite perfumado envolvente em toda a igreja. 

O altar é alto, robusto, forte. Na parte superior do tabernáculo, um mosaico de boa qualidade representa o Padre Eterno e a Santíssima Trindade. 


Dentro de uma luminosidade difusa em meio à névoa, as imagens têm rostos lisos, sérios, com olhares descontraídos. Elas olham para quem está em baixo, prontas para socorrer e ajudar a quem suplica. Sobretudo isto se nota nas imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora Auxiliadora. 

A imagem do Coração de Jesus, tocando o coração com a mão, é muito sacral e digna, como quem diz: Eu lhe dou meu coração. A imagem de Nossa Senhora Auxiliadora é triunfante, com o cetro na mão, mas virginal, pura, leve, condescendente, misericordiosa e muito segura. Nela vemos bem o que desejamos. 

Com seriedade e grandeza que impõem silêncio, essa é a Igreja do Sagrado Coração, com a qual tenho muita consonância.

5 de junho de 2021

DITADURA DA MEDIOCRIDADE

       

A vida mental dos medíocres cifra-se na sensação do imediato — a abastança do dia, a poltrona cômoda, os chinelos e a televisão — não vai além disso o seu pequeno paraíso.


Os medíocres impõem às almas de largos horizontes a ditadura da mediocridade

Plinio Corrêa de Oliveira 

A mediocridade é o mal dos que, inteiramente absorvidos pelas delícias da preguiça, pela exclusiva deleitação do que está ao alcance da mão, pelo inteiro confinamento no imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas existências. Não olham para trás, pois falta-lhes o senso histórico. Nem olham para frente ou para cima, não analisam nem prevêem. Têm preguiça de abstrair, alinhar silogismos, tirar conclusões, arquitetar conjecturas. 

A vida mental dos medíocres cifra-se na sensação do imediato — a abastança do dia, a poltrona cômoda, os chinelos e a televisão — não vai além disso o seu pequeno paraíso. Paraíso precário, que procuram proteger com toda espécie de seguros: de vida, de saúde, contra o fogo, contra acidentes etc. 

Agradam aos medíocres as veleidades da aventura, a despreocupação ante a iminência do risco, o deslumbramento com miragens. Pelo contrário, fogem aos esforços necessários para atingir os céus da Fé, para os largos horizontes da abstração, para os imensos voos da lógica e da arte, para a grandeza de alma e o heroísmo. 

Com os artifícios mediocrizantes do sufrágio universal, os medíocres fizeram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas, que tornou-se impossível qualquer fuga das almas superiores para fora dos cubículos dessa mediocridade organizada. Sem mesmo terem a intenção de o fazer, entretanto, os medíocres impõem às almas de largos horizontes a ditadura da mediocridade.

Como todas as ditaduras, também esta só se prolonga quando consegue monopolizar os meios de comunicação social. Consequentemente, cada vez mais as mediocracias vão penetrando nos jornais, revistas, rádio e televisão. 
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(Excertos, com ligeiras adaptações, do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira na “Folha de S. Paulo” de 20 de junho de 1981).

2 de junho de 2021

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

Em Orvieto, no final da belíssima procissão de Corpus Christi, a benção do Santíssimo Sacramento, no dia 2 de junho de 2013 [Foto PRC].

✅ 
 Paulo Roberto Campos 

A festividade de Corpus Christi (ou Corpus Domini) foi estabelecida para publicamente honrar e adorar o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo realmente presente na Eucaristia.

A primeira cidade na História a comemorar em ruas e praças públicas essa festa eucarística foi Orvieto, na região italiana da Úmbria, conhecida como a “Cidade do Corpus Christi”. Até nos presentes dias, nela se transcorrem as mais belas procissões portando num magnífico andor o célebre “Milagre de Bolsena” [na foto ao lado, atrás do ostensório], que está na origem da primeira procissão pública de Corpus Christi. Para essa ocasião os citadinos se vestem com riquíssimos trajes, como os usados no século XIII. 

Em 11 de agosto de 1264, com a bula Transiturus de hoc mundo, o Papa Urbano IV estendeu a todo o Orbe católico a Festa de Corpus Christi. Ela é realizada na quinta-feira — em lembrança da celebração, na Quinta-Feira Santa, da primeira Missa, quando Nosso Senhor instituiu o Sacramento da Eucaristia. 

Infelizmente, nesta quinta-feira de Corpus Christi deste ano, poucas solenidades ocorrerão. Tudo em nome do falso pretexto da pandemia. Mesmo assim, não deixemos nós de adorar o Santíssimo Sacramento de modo especial. Para esse momento de adoração seguem alguns evocativos pensamentos que poderão nos auxiliar. 

“Isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por vós e por muitos em remissão dos pecados”. 

(Jesus Cristo, em Mt 26, 28) 


“A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por objeto; é a mais salutar, porque nos dá o próprio autor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor. Se os anjos pudessem sentir inveja, nos invejariam porque podemos comungar”. 

(Papa São Pio X) 


“É uma graça [a Eucaristia] de heroísmo na luta; seu efeito próprio é não só o de amortecer em nós o fogo das paixões, como o de tornar-nos invencíveis contra todas as potências infernais”.

(Santo Tomás de Aquino) 


“Deus, como ser infinitamente sábio e infinitamente poderoso, não poderia e nem saberia dar-nos mais precioso mimo do que o da Eucaristia; visto que, neste dom, se nos dava a Si mesmo”. 

(Santo Agostinho) 


“Se acreditamos que Deus pode criar do nada todos os seres, devemos crer mais facilmente que possa permutar uma substância por outra. Se todos os dias, por virtude natural e não menos incompreensível, o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue daqueles a quem servem de alimento, por que não haveremos de crer que, por divina virtude, os mesmos objetos se transformem no corpo e no sangue de Jesus Cristo?”. 

(Santo Ambrósio) 


“Ninguém cônscio de pecado mortal, por mais contrito que se julgue, se aproxime da Sagrada Eucaristia sem ter recebido antes o Sacramento da penitência”. 

(Concílio de Trento) 

1 de junho de 2021

Denúncia da subversão que visa descristianizar o Ocidente e implantar o totalitarismo


Na esteira da epidemia do coronavírus, o complô de uma conjuração anti-cristã para o estabelecimento de um governo totalitário mundial 

Transcrição do editorial da revista Catolicismo, Nº 846, Junho/2021* 

A revista Catolicismo publicou há um ano o manifesto “Aproveitando o pânico da população e o apoio espiritual do Vaticano: Articula-se a maior operação de engenharia social e baldeação ideológica da História”

Esse documento, do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, denunciava um gigantesco plano verdadeiramente diabólico destinado a mudar o mundo inteiro, sob o pretexto de combater o novo coronavírus oriundo da China comunista. 

O manifesto denunciava também a existência de forças poderosas, que visam o domínio das mentes e das nações por meio de um pensamento único; e a implantação de uma ‘nova ordem mundial’ através de um governo totalitário, ditando normas para tudo (os decretos de lockdowns são exemplos disso). Seria despoticamente imposto a todos um regime neocomunista, igualitário e miserabilista, vigiando os cidadãos e controlando os seus passos por meio da tecnologia chinesa de reconhecimento facial. 

No dia 8 de dezembro de 2015, show ecologista e gnóstico, patrocinado pelo Grupo do Banco Mundial, projetou imagens de animais na fachada da Basílica de São Pedro. O objetivo do "espetáculo", denominado FIAT LUX, foi para celebrar a "Mãe Terra", como uma neo-religião ecológica e pagã.







Esse lance revolucionário de inspiração demoníaca tem em vista extinguir os últimos vestígios da Cristandade hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal, para implantar em seu lugar a ‘nova ordem’ mundial pós-coronavírus (denominação atualizada para Great reset — grande reinício), dentro de um ‘novo normal’ de acordo com os objetivos da Revolução gnóstica e igualitária. 

Tendo em vista esse projeto em andamento, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira publicou no dia 13 de maio último uma atualização do que havia divulgado um ano atrás. O tema da matéria de capa da edição junho da revista [foto no topo] é um resumo desse importante manifesto, cuja íntegra está disponível no site https://ipco.org.br. 

Os leitores da revista Catolicismo poderão ter assim uma noção atualizada de como se encontra avançado o projetado Great reset, elaborado com o objetivo de descristianizar o Ocidente e implantar uma espécie de ‘República Universal’ influenciada pela China vermelha.

Catolicismo sempre aconselhou seus leitores a não se deixarem aterrorizar pelo clima de pânico que está se espalhando, mas sim resistir, rezando e confiando em Deus, que também pode estar permitindo tudo isso para castigo da humanidade pecadora. Mas, como Pai, Ele não quer a perdição dos homens, antes deseja que todos se tornem fiéis à verdadeira Religião Católica, Apostólica, Romana.

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