17 de setembro de 2021

CONTEMPLAÇÃO E DISSIPAÇÃO


Plinio Corrêa de Oliveira 

A Cartuxa (em francês, Chartreuse) é uma Ordem religiosa fundada em 1084 por São Bruno e os cartuxos são os monges que vivem em perpétuo silêncio e com muita austeridade num lugar isolado. 

O cartuxo preenche grande parte do seu dia com orações e com estudos que dizem respeito à matéria mística e contemplativa. Mas tem seus afazeres da obrigação quotidiana: cuida de plantações, racha sua lenha, tem seu fogão, sua cozinha, sua faxina. Entretanto, em meio a toda austeridade, como os jejuns da vida eremítica, os cartuxos elaboraram um muito famoso licor: o excelente Chartreuse

Os estudos dos monges da Ordem dos Cartuxos devem estar voltados para o sobrenatural, toda sua mentalidade e seu espírito devem estar voltados para a vida interior, para a contemplação, para as relações da alma com Deus. Eles só se reúnem para o cântico do Ofício na capela do mosteiro. 

Tudo isso tem relação com a temática Revolução e Contra-Revolução, que é a questão da contemplação e dissipação. Uma das objeções que se pode fazer a respeito das cidades modernas e do teor da vida contemporânea é exatamente a ausência da contemplação. Falta ao homem de hoje certa posição de espírito contemplativo. Claro que não é ter o espírito de contemplação como de um cartuxo que vive isolado. Mas o homem, como rei de todas as coisas criadas por Deus, deve ter uma velocidade proporcionada com a mente humana, que deve operar oscilando entre os mais rápidos pensamentos e os mais lentos.

A mente humana equilibrada — no processo habitual do pensar, de captar impressões e sensações — exige certo repouso para as coisas se decantarem. Depois ela analisa e forma um juízo exato. Tudo isso tem um ritmo próprio que não pode ser violado.

Um exemplo: alguns grandes pintores, para terminarem inteiramente suas obras de arte, levam anos observando as coisas, pensando nelas, decantando as impressões, até chegarem à concepção final que desejam para suas obras. 


É preciso respeitar esse ritmo do espírito humano. Mas o homem moderno não gosta desse ritmo, ele recebe uma quantidade enorme de informações tão trepidantes que não consegue abarcá-las. Faltando-lhe a contemplação, vive dissipado. 

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 6 de outubro de 1964. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

13 de setembro de 2021

PELA CRUZ A GLÓRIA

Obelisco Lateranense. É o maior obelisco egípcio ainda em pé no mundo. Pesando 455 toneladas, foi transportado para a Itália no ano de 357, é o mais alto obelisco do país. No cume dele foi colocada a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Está localizado na praça em frente à Arquibasílica de São João de Latrão e ao Hospital San Giovanni Addolorata [Fotos PRC].

“Se não quiserdes sofrer com alegria, como Jesus Cristo, ou com paciência, como o bom ladrão, tereis, mesmo sem o querer, de sofrer como o mau ladrão” 

Neste 14 de setembro a Igreja celebra o dia da “Exaltação da Santa Cruz”. Segundo o Apóstolo São Paulo “Devemos nos orgulhar na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque nela está a nossa salvação, vida e ressurreição, e por ela é que recebemos a libertação” (Gl 6, 14). 

Em memória desta grande data, segue trecho extraído do livro de São Luís Maria de Montfort “Carta Circular Aos Amigos da Cruz”: 

"Se sofreis como o deveis, a cruz se tornará em jugo suavíssimo,
que Jesus Cristo carregará convosco; tornar-se-á as duas asas da alma 
alma que a levam para o Céu; tornar-se-á o mastro de navio 
que vos fará chegar ao porto da salvação feliz e facilmente”.




Olhai, meus queridos Amigos da Cruz [...] tantos Apóstolos e Mártires cobertos com a púrpura de seu sangue; tantas Virgens e Confessores empobrecidos, humilhados, expulsos, desprezados, que com São Paulo, exclamam: “Olhai nosso bom Jesus autor e consumador da fé que temos n´Ele e na sua Cruz; foi preciso que Ele sofresse a fim de, pela Cruz, entrar em sua glória. 

Vêde, ao lado de Jesus Cristo, um agudo gládio que penetra, até o fundo, no coração terno e inocente de Maria, que nunca tivera qualquer pecado, original ou atual. Como me pesa não poder estender-me falando sobre a Paixão de um e de outro, para mostrar que o que sofremos nada é em comparação do que sofreram! 

Depois disto, qual de vós poderá eximir-se de levar sua cruz? Qual de vós não voará depressa para os lugares onde sabe que a cruz o espera? Quem não exclamará, com Santo Inácio Mártir:  “Que o fogo, o patíbulo, as feras e todos os tormentos do demônio desabem sobre mim, para que eu possa desfrutar de Jesus Cristo!” 

Mas, enfim, se não quereis sofrer pacientemente e, como os predestinados, carregar com resignação a vossa cruz, levá-la-eis com murmurações e impaciência, como os réprobos. Sereis semelhantes aos que arrastavam, gemendo, a Arca da Aliança. Imitareis Simão de Cirene, que pôs, de má vontade, a mão na Cruz de Jesus Cristo e que murmurava enquanto a levava. Acontecer-vos-á, finalmente, o que aconteceu ao mau ladrão, que, do alto da sua cruz, caiu no fundo do abismo. 

Não, não, esta Terra maldita em que vivemos não torna ninguém bem-aventurado; não se vê bem neste país de trevas; nunca se está em perfeita tranquilidade neste mar tempestuoso; nunca se vive sem combates neste lugar de tentação e neste campo de batalhas; nunca se vive sem pontadas nesta Terra coberta de espinhos. É preciso que os predestinados e os réprobos levem a sua cruz, quer seja de boa ou má vontade. Guardai este quatro versos:

Escolhe uma só cruz das que vês no Calvário. 

Bem saibas escolher! porquanto é necessário 

Que sofras como santo, ou como penitente, 

Ou como condenado, eterno descontente! 


Quer isto dizer que, se não quiserdes sofrer com alegria, como Jesus Cristo, ou com paciência, como o bom ladrão, tereis, mesmo sem o querer, de sofrer como o mau ladrão. Será preciso que bebais, até as fezes, o mais amargo cálice, sem nenhuma consolação da graça, e que carregueis todo o peso da vossa cruz, sem nenhum auxílio poderoso de Jesus Cristo. Será preciso mesmo que leveis o peso fatal que o demônio acrescentará à vossa cruz, pela impaciência em que vos lançará, e que, depois de haverdes sido desgraçado na Terra, como o mau ladrão, vades encontrá-lo nas chamas. 

Se, ao contrário, porém, sofreis como o deveis, a cruz se tornará em jugo suavíssimo, que Jesus Cristo carregará convosco; tornar-se-á as duas asas da alma que a levam para o Céu; tornar-se-á o mastro de navio que vos fará chegar ao porto da salvação feliz e facilmente. 

Levai vossa cruz com paciência e, por esta cruz bem levada, sereis iluminados em vossas trevas espirituais; pois o que não sofre pela tentação nada sabe.

10 de setembro de 2021

20 ANOS DEPOIS...


20 anos depois, a poeira (psicológica) dos escombros das torres gêmeas ainda se faz sentir e atinge não só os americanos, mas o mundo inteiro

  Paulo Roberto Campos 

11 DE SETEMBRO DE 2001 — o inesquecível dia dos atentados terroristas perpetrados por maometanos, que arrasaram as duas torres do World Trade Center da cidade de Nova York, e parte do edifício do Pentágono, em Washington. Um terceiro “avião-bomba” acabou caindo na Pensilvânia, antes de atingir o alvo. Esses ataques, classificados como o maior atentado terrorista da História, assombraram não apenas os Estados Unidos, mas todas as nações.

Em represália, o presidente George Bush declarou guerra ao Afeganistão, país de onde partiu a terrível ofensiva contra a mais poderosa nação do Planeta.

Como se sabe, além de apoiar diversos grupos jihadistas, o Talibã havia cedido uma região do Afeganistão para base de treinamento da Al-Qaeda — a rede terrorista de Osama bin Laden que reivindicou aqueles atentados, a qual havia declarado a jihad (“guerra santa”, segundo o Islã) ao Ocidente e com o objetivo de quebrar o mito da invencibilidade dos EUA.

A declaração de guerra do governo Bush atendeu ao desejo da imensa maioria dos norte-americanos, que exigiam uma dura resposta, além de clamar por vingança e reparação pelas mais de três mil pessoas que perderam suas vidas naquele catastrófico e covarde ato terrorista.

 

11 DE SETEMBRO DE 2021 — 20 anos depois daqueles atentados do terrorismo islâmico, eles voltam ao foco dos acontecimentos com um fator novo extraordinário e surpreendente: a retomada do Afeganistão pelo Talibã.

20 anos depois do trágico atentado às torres gêmeas, o presidente Joe Biden retira de modo caótico, vergonhoso e humilhante suas tropas do Afeganistão. Sinal evidente de que deliberou por perder a guerra. Derrota que feriu o brio patriótico dos americanos, que perderam sete mil soldados do exército mais potente, sofisticado e com o maior recurso cibernético do mundo. Ademais, durante as duas décadas de guerra contra os fundamentalistas talibãs perderam quase três trilhões de dólares.

Tudo isso fez despencar a popularidade do presidente Biden. Sobretudo porque os EUA tinham tudo, absolutamente tudo, para vencer a guerra… se não fosse o espírito entreguista, contaminado por um falso pacifismo de quem não quer entender o valor e legitimidade da “guerra justa”. O mesmo espírito pacifista que levou à derrota americana no Vietnã em 1975.

20 anos depois estamos diante do fracasso do atual governo americano. No Afeganistão a sharia — lei islâmica — está sendo imposta a ferro e fogo; o país volta a ser “santuário” de organizações terroristas dos seguidores do Islã. Confirmando isso, um ex-oficial de segurança afegão recentemente declarou que “o Afeganistão agora se tornou a Las Vegas dos terroristas, dos radicais e dos extremistas”.

Esperamos que os americanos íntegros, aqueles que criaram o lema “We’ll never forget!”, de fato nunca esqueçam esse belo lema. Nunca apaguem da memória os atentados terroristas contra os EUA. Jamais esmoreçam diante do terrorismo maometano que venha ameaçar a civilização cristã.

Nunca se detenham diante daqueles que agem diuturnamente para exterminar da face da Terra o nome cristão e implantar o domínio do Emirado Islâmico no mundo inteiro, como sonhado por Maomé.

8 de setembro de 2021

CUBA LIVRE?


Depois de 62 anos gemendo sob o peso da bota dos carcereiros fidelcastristas, a sofrida população cubana brada por liberdade, quer dar um BASTA à miséria moral e material. Por fim, depois de tanta opressão física e psicológica, raiará a primavera para Cuba? Ou a ilha continuará sendo o ópio da esquerda mundial? 

Fonte: Editorial da Revista Catolicismo, Nº 849, Setembro/2021* 

Depois de 62 anos oprimidos como se escravos fossem de um imenso latifúndio da família Castro, o povo cubano se levantou no último mês de julho exigindo liberdade e medidas contra o colapso sanitário e a crônica falta de alimentos. 

Imagens do "Paraíso" castrista
Devido àqueles gigantescos protestos, não deixou de ser no mínimo curioso observar no mundo livre a choradeira geral da esquerda, dos obstinados propagandistas das “maravilhas do paraíso fidelcastrista”. Eles — que se blasonam de “guardiões dos direitos humanos, amantes da liberdade e da tolerância” — não deveriam ter sido os primeiros a exultar de alegria vendo triunfar a “liberdade de expressão”? 

Pelo contrário, ficaram profundamente tristes. Por quê? — Com o desmoronamento do regime comunista em tantos países (sobretudo nos anos 1990 no Leste europeu), a existência de Cuba, teimando em manter um sopro de vida ao marxismo, tornou-se “oxigênio” para os pulmões criptocomunistas. Eles não conseguem mais viver sem a utopia marxista e entrariam em agonia se um dia a Cuba castrista morresse. 

Cubanos fugindo do "Paraíso"...
O fim do comunismo na pobre ilha abriria caminho para que a antiga “Pérola das Antilhas” retornasse à prosperidade anterior à tomada do poder pelos “talibãs” de Sierra Maestra em 1959, sob o comando do ditador marxista-leninista, carcereiro, déspota e opressor conhecido como Fidel Castro. 

Os acontecimentos que se desenrolam em Cuba constituem a temática principal da revista Catolicismo deste mês [foto acima]. Tratamos também da questão do embargo econômico — muito criticado pelos agentes da esquerda civil e religiosa, mas cuja suspensão só colaboraria para prolongar a vida do governo agonizante. Na mesma edição reproduzimos uma memorável carta de uma cubana ao Papa Francisco, implorando-lhe romper o silêncio e condenar o comunismo, assim como um artigo sobre o abaixo-assinado da TFP americana dirigido ao presidente Joe Biden, pedindo-lhe que escute a voz do povo que protestou nas ruas de várias cidades de Cuba. 

O falido Fidel Castro e o ex-presidente falido

Que resultados obtiveram aqueles protestos? Reprimindo violentamente os manifestantes e jogando-os nas abarrotadas e insalubres prisões, conseguiu o governo comunista sufocá-los? Emergirão novas ondas de protestos? Serão elas suficientes para dar um ‘basta’ definitivo ao regime tirânico que tortura física e psicologicamente há seis décadas a sofrida população cubana? Quem viver, verá... 



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7 de setembro de 2021

VERGONHA!

A expansão do poderio muçulmano com a retomada do Afeganistão põe em risco os restos preciosos da civilização cristã 

  Plinio Corrêa de Oliveira 


O
mundo inteiro estremeceu de pavor ao se deparar com as recentes (e apocalípticas) cenas da reconquista do Afeganistão pelos maometanos do Talibã. Tudo graças à vergonhosa retirada das tropas ocidentais, sobretudo as dos EUA. 

As tropas americanas treinaram e armaram muito bem um novo exército afegão. Este não resistiu aos guerrilheiros do Talibã e lhes deixou ‘de mão beijada’ os quartéis e todo o moderníssimo armamento de que dispunha — blindados, foguetes ar-terra, aviões de combate, helicópteros, drones, milhões de cartuchos de munição etc. Os talibãs puderam assim avançar sem encontrar obstáculos, e em poucos dias tomaram praticamente todas as regiões do Afeganistão, inclusive Cabul, a capital. 

Há sete décadas, quando ninguém atinava para o perigo maometano, Plinio Corrêa de Oliveira já alertava para ele nos aproximadamente 25 artigos que a respeito escreveu no jornal “Legionário”, do qual era diretor. A título de exemplo, segue trecho de um deles.* 

*   *   * 
“Quando estudamos a triste história da queda do Império Romano do Ocidente, custa-nos compreender a curteza de vistas, a displicência e a tranquilidade dos romanos diante do perigo que se avolumava [...]. Desta ilusão, vivemos ainda hoje. E, como os romanos, não percebemos que fenômenos novos e extremamente graves se passam nas terras do Corão [livro considerado sagrado pelo Islã]. 

Falar na possibilidade da ressurreição do mundo maometano pareceria algo de tão irrealizável e anacrônico como o retorno aos trajes, aos métodos de guerra e ao mapa político da Idade Média [...]. 

Todas as nações maometanas se sentem orgulhosas de seu passado, de suas tradições, de sua cultura, e desejam conservá-las com afinco. Ao mesmo tempo, mostram-se ufanas de suas riquezas naturais, de suas possibilidades políticas e militares e do progresso financeiro que estão alcançando [...]. 

Será preciso ter muito talento, muita perspicácia, informações excepcionalmente boas, para perceber o que significa este perigo?” 
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* Excertos do artigo Maomé renasce, “Legionário”, 15 de junho de 1947.