29 de setembro de 2022

Santa Teresinha do Menino Jesus


O Espírito Santo encheu de glória o nome de sua eleita. E o Brasil foi um dos primeiros países conquistados à devoção da ilustre carmelita. 

✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Entre todas as cidades da França, Lisieux toca de modo todo particular o coração dos brasileiros. Lá viveu, lá conquistou as mais belas flores da santidade, lá embalsamou o claustro do Carmelo este prodígio de virtudes que é Santa Teresinha do Menino Jesus. 

Escondida em vida, no fundo obscuro de um convento; a tal ponto oculta aos olhos dos homens, que as próprias irmãs de hábito lhe ignoravam a riqueza da vida interior; quis o Espírito Santo encher de glória, após a morte, o nome de sua eleita. A fama de seus méritos extraordinários espalhou-se logo por toda a parte, e toda a Terra foi avassalada pela notícia dos esplendores da nova Santa. 

O Brasil foi um dos primeiros lugares conquistados à devoção da ilustre carmelita. Todos sabemos quão terna e confiante é a veneração que o nosso povo lhe consagra; e como os brasileiros se têm salientado, por mil modos, na pública ostentação de seu culto. Para tudo, para as maiores coisas como para as menores, a intercessão de Santa Teresinha é invocada. 
A belíssima “Urna do Brasil” foi oferecida pelo povo brasileiro à França,
para levar nas procissões os restos mortais de Santa Teresinha.

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Fonte: “Legionário”, Nº 629, 27-8-1944, p. 2. 


28 de setembro de 2022

SÃO MIGUEL ARCANJO


Gloriosíssimo Príncipe dos Exércitos Celestes — Modelo dos que combatem sob o estandarte da Cruz 

Em memorável artigo publicado na revista Catolicismo (setembro/1951, Plinio Corrêa de Oliveira descreveu o Arcanjo São Miguel como modelo de várias virtudes. Por exemplo, a humildade e o espírito hierárquico. Apresenta o destemido Arcanjo como modelo de combatividade, virtude sobremaneira esquecida em nossa época relativista, encharcada de pacifismo entreguista. Segue um trecho significativo do artigo. 


 
“No dia 29 do corrente, a Santa Igreja celebrará a festa de São Miguel Arcanjo. Outrora, esta data era muito vivamente assinalada na piedade dos fiéis. Hoje em dia, infelizmente, poucos são os que a tomam como ocasião especial para tributar culto ao Príncipe da Milícia Celeste. Entretanto, como veremos, o culto de São Miguel, atual para todos os povos em todos os tempos, tem títulos muito especiais para ser praticado com particular fervor em nossos dias” [...]. 

São Miguel é o modelo do guerreiro cristão, pela fortaleza de que deu prova atirando ao inferno as legiões de espíritos malditos. É ele o guerreiro de Deus, que não tolera que em sua presença a Majestade divina seja contestada ou ofendida, e que está pronto a empunhar a qualquer momento o gládio, a fim de esmagar os inimigos do Altíssimo. 

Ensina-nos ele que não basta ao católico proceder bem: é seu dever combater também o mal. E não apenas um mal abstrato, mas o mal enquanto existente nos ímpios e pecadores. Pois São Miguel não atirou ao inferno o mal enquanto um princípio, uma mera concepção da inteligência, e nem princípios e concepções são suscetíveis de serem queimadas pelo fogo eterno. Foi a Lúcifer e a seus sequazes que ele atirou no inferno, pois odiou o mal enquanto existente neles e amado por eles. 

Vivemos em um tempo de profundo liberalismo religioso. Poucos são os cristãos que têm ideia de que pertencem a uma Igreja militante, tão militante na Terra quanto militantes foram no Céu São Miguel e os Anjos fiéis. Também nós devemos saber esmagar a insolência da impiedade. 

Também nós devemos opor uma resistência tenaz ao adversário, atacá-lo e reduzi-lo à impotência. 

São Miguel, nesta luta, não deve ser apenas nosso modelo, mas nosso auxílio. A luta entre São Miguel e Lúcifer não cessou, mas se estende ao longo dos séculos. Ele auxilia todos os cristãos nos combates que empreendem contra o poder das trevas.”

27 de setembro de 2022

Uma bruxa, a reforma agrária, passeia com seu filho, o comunismo...


✅  Paulo Roberto Campos

O site do MST (mst.org.br), no post do dia 23 último, registra: 
“Na última quarta-feira (21), em entrevista no ‘Canal Rural’, o ex-presidente Lula (PT) voltou a defender o MST, como fez em entrevista ao ‘Jornal Nacional’ da Rede Globo e reconheceu que os ‘Sem Terra’ estão produzindo uma diversidade de alimentos saudáveis pelo país, nas áreas de reforma agrária”. 
Lula da Silva declarou: 
“Hoje os Sem Terra estão preocupados em produzir, preocupados em organizar cooperativas, preocupados em, inclusive de chegar no mercado externo”
Mentindo — aliás, um hábito inveterado do ex-presidente ex-presidiário — ele não confessou a evidência do fracasso de cooperativas do MST em produzir qualquer commodity em grande escala. No máximo, são cooperativas de hortas, ou pequenas granjas, que produzem apenas para as próprias famílias. Produção de subsistência na melhor das hipóteses, pois muitas terras distribuídas pelo sistema de reforma agrária durante os 13 nefastos anos do governo petista não foram utilizadas para agricultura, mas para barganha. Muitos lotes de reforma agrária foram vendidos pelos usuários. Logo em seguida, eles migram para outra região a fim de invadir outras terras na pretensão de obtê-las com o mesmo objetivo: barganhá-las. 

No “Catecismo Anticomunista” de Dom Geraldo de Proença Sigaud (publicado em 1962), o bispo denuncia os projetos de reforma agrária como um meio para dominar um país:
“O comunismo apregoa a necessidade de várias reformas. A primeira é a reforma agrária, depois vem a reforma urbana, a comercial e a industrial, todas elas de caráter mais ou menos acentuadamente expropriatório e socialista [...]. Os comunistas, tomando por pretexto a situação não raras vezes lamentável do trabalhador rural, e a conveniência de favorecer-lhe o acesso à condição de proprietário, promovem o confisco das propriedades rurais grandes e médias. Desde que haja só propriedades pequenas, caem todas sob o controle absoluto do Estado”
Nesse mesmo sentido escreveu Plinio Corrêa de Oliveira: 
“Vai se falando muito sobre reforma agrária. E quanta inconfessada desinformação noto nos que sobre ela discorrem... Nos partidários [petistas, mstistas, cnbbistas] de uma reforma agrária socialista e confiscatória, em nosso País, campeia a desinformação, solta como um cavalo de proporções apocalípticas. Montada nesse cavalo passeia uma bruxa: a reforma agrária socialista e confiscatória. Esta percorre assim todos os espaços trazendo ao peito um filhinho que amamenta infatigavelmente: o comunismo.”

Não acredito em bruxas boas, nem em reformas agrárias boas! Mas, leitores, prestem muita atenção: os bruxos estão soltos... 

 

26 de setembro de 2022

Filhos e herdeiros do Brasil de sempre

O objetivo de degradar a família, para assim remover obstáculos ao comunismo, já está escancarado. Tudo para destruir as estruturas básicas da sociedade, a propriedade privada, a ordem social e o estado de direito civilizado.

✅ Padre David Francisquini

São Francisco de Assis afirmava: “Quando eu digo Ave Maria os céus sorriem, os anjos se rejubilam, o mundo se alegra, treme o inferno e fogem os demônios”. Como chave de ouro, a oração abre um cofre de tesouros da sabedoria e bondade de Deus. 

Além de nossa salvação eterna, estas dádivas incluem meios e instrumentos poderosos para a vida diária neste vale de lágrimas que é nossa peregrinação terrena; elas incluem avaliações e posicionamentos que nos levam a ter confiança e discernir o panorama religioso e político do momento. 

As palavras sábias e cheias de unção do grande santo, coluna da Igreja, traduzem com propriedade o ensino de Nosso Senhor aos apóstolos: “O Reino de Deus está entre vós”. De fato, no coração de cada homem fiel aos ensinamentos da Igreja, na medida em que os ame e propague, está este Reino. 

A decadência moral e religiosa dos últimos séculos não se deu de maneira casual, mas por articulado processo revolucionário, conduzido meticulosamente por forças contrárias à lei de Deus e do Corpo Místico que é a Santa Igreja, mirando os frutos que sua benévola influência trouxe às atividades humanas. 

Que forças são essas? Aquelas capitaneadas por Satanás, o eterno revoltado que, perdendo o seu posto no Céu, lançado no inferno com seus sequazes, quer se vingar do que Deus fez pelos homens na Terra: além de nos ter reaberto as portas celestiais, por sua Paixão e Morte, propiciou-nos, como frutos da Redenção, tesouros espirituais que deram origem à civilização cristã. 

O que vêm tais forças fazendo? Opõem-se odiosamente a esses frutos, para implantar o caos na sociedade, solapando nos homens as faculdades espirituais, constitutivas de sua alma, a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Querem transformá-los de filhos de Deus em seres mais semelhantes a animais irracionais, ou robôs completamente despersonalizados. 

Ora, o homem vive em sociedade, e o fundamento desta é a família, tal qual a herdamos da tradição judaico-cristã; trabalham, pois, diuturnamente para aniquilá-la, mediante a introdução dos elementos destrutivos como temos testemunhado: divórcio, legalização de uniões entre pessoas do mesmo sexo, prostituição, amor livre, ideologia de gênero, o aborto e todos os maus costumes. 

A família tradicional é dos principais alvos da ação revolucionária comunista; isso vem sendo proclamado abertamente por seus principais dirigentes na cena política brasileira. A ponto de hoje, ao contrário do passado ainda recente, não mais ser feito de forma dissimulada e sub-reptícia, mas abertamente, constando até em seus estatutos partidários! 

O objetivo de degradar a família, para assim remover obstáculos ao comunismo, já está escancarado. Tudo para destruir as estruturas básicas da sociedade, a propriedade privada, a ordem social e o estado de direito civilizado. A sociedade supostamente sem classes conduziria à anarquia, à degradação dos costumes... até a uma sociedade totalmente sem moral, incestuosa. 

Eis como uma nova ordem ideológica, econômica, política e social pretende modificar radicalmente o caráter católico que ainda persiste na sociedade. 

Cabe-nos, como herdeiros da civilização e cultura cristãs, lutar para que os princípios tradicionais, dos quais somos legatários, prevaleçam sobre toda essa impiedade. Se tal avalanche avança sobre nós desapiedadamente, não temos alternativa senão reagir, opondo uma ação contra outra ação. 

Pensamos no Brasil neste momento histórico, pois nas próximas eleições estarão em jogo duas concepções: a católica e a não católica. Isso está muito além e acima dos representantes das principais forças da disputa, a do atual presidente e a do ex-presidiário. 

Diante de tal quadro, a questão encerra um embate que também vai além da esfera meramente terrena, pois é todo ele constituído pela metafísica do bem e do mal, consistindo na negação ou aceitação das normas de direito divino, que os eleitores forçosamente terão de discernir com clareza para acertar na escolha. 

A eleição deste ano, sem dúvida, será um divisor de águas e suas consequências perdurarão por largo horizonte. A esquerda a todo custo quer ocultar o lado religioso, e procura colocar foco apenas em aspectos econômicos. Caso vença, irá arrastar o Brasil para aquele bloco de nações cujos rumos, como sabemos de sobejo, são hostis a filosofia do Evangelho. 

O flagelo que isto representa fica claro num simples olhar à nossa volta, para os infelizes vizinhos que já se deixaram dominar. 

Com o peso do Brasil, as idéias propostas pela revolução cultural prevaleceriam no Continente, com o delírio de imaginar um futuro melhor sem Deus nem religião, sem verdadeira noção de família e no mais completo esquecimento da noção de Cristandade. O resultado traria a intoxicação dos espíritos, e uma antecâmara do inferno na Terra. 

Com efeito, com a nossa costumeira bonomia, descurando de nossas obrigações mais graves diante de Deus e dos homens, vimos sendo defraudados paulatinamente no entendimento das verdades sobrenaturais. 

Muitos recebem com indiferença e até simpatia a má doutrina, cínica e declarada. Ou, às vezes, da forma subliminar, difundida pelos meios de comunicação, livros e novelas, postos a serviço do mal. 

A estratégia da Revolução Cultural é repetir exaustivamente suas mentiras, manipular palavras, usar ambiguidades, desmoralizar boas decisões tomadas pelos dirigentes. Buscam a todo custo rebaixar e reduzir as pessoas que pensam diferente de suas idéias revolucionárias, comunistas, atéias e vulgares. 

Isto pode ser facilmente constatado todos os dias no noticiário tendencioso da grande mídia, de orientação claramente esquerdista; substituindo fatos por narrativas, não se pejam de ressoar boatos transformados em notícias e, alguns dias depois, declararem o contrário, se lhes convier. 

A doutrina marxista não reconhece a verdade, apenas trata de interesses a serem defendidos na estratégia revolucionária. O que nos deixa vivamente perplexos e aturdidos é a possibilidade de a esquerda tomar o poder em nossa Pátria. 

Partidos com siglas variadas e distintas aparecem unidos num mesmo projeto de governo, que visa à instauração de um regime diametralmente oposto ao que nossos antepassados nos legaram. 

Mantendo fidelidade à formação de nosso povo, o Brasil real percebeu, felizmente, que enfrenta questão genuinamente religiosa, sobre uma concepção católica do universo. A cruz de Cristo, desde a origem do Brasil, foi regada com as bênçãos do altar. Aos seus pés a Terra de Santa Cruz nasceu, e ali se realiza misticamente o sacrifício do Calvário. 

Foi no altar que ressurgiu revigorado o heroísmo dos cruzados e mártires, para implantar no Novo Mundo um continente católico. Nestas considerações lançamos luzes sobre o panorama. 

Pois não queremos um regime ateu e materialista, que substitua a Cruz pela Foice e Martelo. E confiamos nas bênçãos e graças da Virgem de Aparecida, nossa Padroeira, que nos garantirá uma retumbante vitória contra as presentes ameaças. 
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*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

22 de setembro de 2022

ADEUS MINHA RAINHA !!


Paulo Roberto Campos

Vendo nesse vídeo (abaixo) o esplendor das cerimônias com o majestoso e último cortejo feito por Elizabeth Alexandra Mary Windsor, assim como o vídeo das exéquias no interior da Abadia Westminster — tudo reflexo do glorioso passado católico da Inglaterra , fico sem palavras! Só silêncio e lágrimas, tendo como fundo o toque da marcha fúnebre, os passos cadenciados e as solenes badaladas do Big-Ben, para homenagear a Rainha! 

Rainha não apenas do britânicos, mas de todos nós! 
A última Rainha de nossos tempos? 

God Save The Queen!
 



9 de setembro de 2022

RAINHA ELIZABETH II (1926 – 2022)

8-9-22 — O povo britânico se aglomera frente ao Palácio de Buckingham em vigília por sua muito querida Rainha numa demonstração impressionante de veneração a ela  
✅  Paulo Roberto Campos 

O
povo britânico e todo Reino Unido está em prantos, e boa parte do mundo também, devido ao passamento da Soberana inglesa nesse triste dia 8 de setembro, pois uma estrela de primeira grandeza se apagou, deixando o mundo menos luminoso. 

Em homenagem à Rainha Elizabeth II, segue reprodução de excertos de um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira para a revista Catolicismo (edição de junho de 1952). 

O autor ressalta o fato de que — apesar do espírito igualitário que contagiou todos os povos ao longo de um processo revolucionário de cinco séculos — tudo que gira em torno de Reis e Rainhas, Príncipes e Princesas, coroas e tronos, palácios e castelos toca o fundo da alma de quase todas as pessoas e as eleva e entusiasma. 

Selos em homenagem ao reinado de Rainha Elizabeth II


“Em todos os domínios da vida hodierna se manifesta a influência avassaladora do espírito de igualdade. Outrora a virtude, o berço, o sexo, a educação, a cultura, a idade, o gênero de profissão, as posses, outras circunstâncias ainda, modelavam e matizavam a sociedade humana com a variedade e a riqueza de mil relevos e coloridos.[...] 

Mas em nossos dias não há por assim dizer uma só transformação que não tenha por efeito um nivelamento, que não favoreça direta ou indiretamente o caminhar da sociedade humana para um estado de coisas absolutamente igualitário. 


Ora, enquanto um tufão igualitário sopra com uma força sem precedentes, em pleno desenvolvimento deste imenso processus mundial, uma Rainha é coroada segundo ritos inspirados por uma mentalidade absolutamente anti-igualitária. 

Este fato não irrita, não provoca protestos, e, pelo contrário, é recebido com uma imensa onda de simpatia popular. O mundo inteiro festejou a coroação da soberana inglesa, quase como se as tradições que ela representa fossem um valor comum a todos os povos. De toda parte afluíram para Londres pessoas desejosas de se embevecer com espetáculo tão antimoderno. Diante de todos os aparelhos de televisão se aglomeraram — ávidos, sedentos de ver a cerimônia — homens, mulheres, crianças de todas as nações, falando todas as línguas. [...] 


Como explicar o frêmito de alegria, o renovar de esperanças de um porvir melhor, as manifestações apoteóticas, as aclamações sem fim dos dias da coroação? [...] 

Há na natureza humana uma tendência profunda, permanente, vigorosa, para o que é gala, honraria, distinção; e o igualitarismo hodierno comprime esta tendência, gerando uma nostalgia profunda, que explode sempre que para isto encontra uma ocasião. [...] 

Mas, dirá alguém, não seria conveniente modernizar todos estes símbolos, atualizar todas estas cerimônias? Por que conservar ritos, fórmulas, trajes do mais remoto passado? 

A pergunta é de um simplismo primário. Os ritos, as fórmulas, os trajes, para exprimirem situações, estados de espírito, circunstâncias realmente existentes, não podem ser criados ou reformados bruscamente e por decreto, mas sim gradualmente, lentamente, em geral imperceptivelmente, pela ação do costume.[...] 

Entretanto é preciso acrescentar que o simples fato de um rito ou símbolo ser muito antigo não é motivo para o abolir, mas antes para o conservar. O verdadeiro espírito tradicional não destrói por destruir. Pelo contrário, ele conserva tudo, e só destrói aquilo que há motivos reais e sérios para destruir. Pois a verdadeira tradição, se não é uma esclerose, uma fixação hirta no passado, ainda muito menos é uma negação constante deste. [...] 

Ora, foi precisamente com esta tradição que o mundo contemporâneo rompeu, para adotar um progresso nascido, não do desenvolvimento harmônico do passado, mas dos tumultos e dos abismos da Revolução Francesa. O que resultou num mundo nivelado, paupérrimo em símbolos, regras, maneiras, compostura, em tudo que signifique ordem e distinção no convívio humano. [...] 

O homem contemporâneo, ferido e maltratado em sua natureza por todo um teor de vida construído sobre abstrações, quimeras, teorias vácuas, nos dias da coroação se voltou embevecido, instantaneamente rejuvenescido e repousado, para a miragem deste passado tão diferente do terrível dia de hoje. Não tanto por nostalgia do passado quanto de certos princípios da ordem natural, que o passado respeitava e que o presente viola a todo momento. Eis, a nosso ver, a explicação mais profunda e mais real do entusiasmo que empolgou o mundo durante as festas da coroação”.



8 de setembro de 2022

COROAÇÃO DA RAINHA ELIZABETH II

 



A SEGUIR REPRODUZIMOS A HOMENAGEM QUE NA EDIÇÃO DESTE MÊS A REVISTA CATOLICISMO PRESTOU À RAINHA ELIZABETH II PELOS 70 ANOS DE REINADO DA PRIMEIRA MONARCA BRITÂNICA A CELEBRAR JUBILEU DE PLATINA. HOMENAGEM À QUAL NOS ASSOCIAMOS DE TODO CORAÇÃO. 


 

  Plinio Corrêa de Oliveira

A
ssisti ao filme da coroação da rainha da Inglaterra Elizabeth II em 1953. Sua ascensão ao Trono ocorreu em 1952, mas foi coroada no ano seguinte. Uma verdadeira maravilha a cerimônia da coroação! Uma filmagem lindíssima! 

Na nave da Abadia de Westminster, em Londres, o clero anglicano com paramentos vagamente parecidos com os da Igreja Católica e os nobres nas tribunas especiais. Todos os monarcas presentes portavam condecorações próprias aos seus títulos de nobreza. Bem em frente ao altar, o trono no qual se sentaria a nova rainha. À direita e à esquerda, os assentos para os membros da casa real inglesa. Presentes também muitos membros das casas reais de outros países. Uma cena belíssima! 


O número de pessoas do povo que assistiu à cerimônia foi muito grande. Uma parte dentro da própria catedral, que é imensa, outra do lado de fora vendo o longo cortejo da rainha que se deslocava desde o palácio de Buckingham até Westminster. Essa multidão assistia também à passagem de todas as personalidades em suas carruagens tradicionais douradas, com pinturas, com janelas de cristal, com plumas, com lacaios usando chapéus de três bicos etc. Toda a nobreza desfilava, príncipes europeus com os seus belíssimos uniformes, mas também marajás, sultões, a rainha de Tonga, potentados do mundo ainda misterioso do Oriente. O império britânico estava ali representado na sua plenitude. 

Nesse cortejo passavam homens eminentes — por exemplo, Churchill — que tinham salvado a Inglaterra durante a guerra. Também as corporações de mutilados de guerra. O público manifestava um entusiasmo enorme. 

Para que tudo isto? — Para ungir, para recobrir com o azeite da compreensão e da admiração as relações entre a rainha e o povo. Mas também para a rainha ver seu povo entusiasmado que a saudava e aplaudia. Em tudo transparecia que o principal fundamento das boas relações é o recíproco amor. Nesse mútuo entendimento as instituições tornam-se sólidas, o reinado permanece íntegro. Não apenas nos grandes dias, como naqueles da coroação, mas na vida quotidiana. Um reinado deve ser como que uma coroação contínua. 



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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 28 de julho de 1993. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

7 de setembro de 2022

CATOLICISMO E UNIDADE NACIONAL

Igreja de São Francisco de Assis (século XVIII), São João del-Rei (MG). Projeto original de Aleijadinho, esta igreja é considerada um dos marcos da arte 
colonial brasileira.


  Plinio Corrêa de Oliveira 

Não há historiador sincero que não reconheça a ação da Igreja na formação de nossa Pátria. 

Conforme Eduardo Prado: “O Brasil, como toda a América Latina, é um exemplo de que há um método de colonizar, que poderemos chamar sem erro, o método católico”

E Joaquim Nabuco, mostrando a influência da Igreja na formação do Brasil, escreve: “Não tenhamos receio de confessar que devemos à Sociedade de Jesus, o nosso traço perpétuo. Não há outro molde em que se possam fundir raças, sociedades, individualidades mesmo, senão o molde religioso. Se o Brasil tivesse sido lançado em outra fôrma, há muito que se teria feito em pedaços”

Contra a opinião de todos os que estudam seriamente a formação brasileira, só se levanta a oposição dos que apenas tocam superficialmente a nossa história, ou dos que vão buscar no ateísmo comunista a inspiração para suas arengas. A realidade, porém, é outra, e muito gloriosa para a Igreja e para o Brasil.




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Excertos do artigo publicado no “Legionário”, em 8-8-1937, nº 256, pag. 2.

6 de setembro de 2022

Oração especial a Nossa Senhora Aparecida para o Bicentenário



Continuando as postagens concernentes ao Bicentenário da Independência do Brasil, segue uma oração composta por Plinio Corrêa de Oliveira [foto] para ser recitada no Sesquicentenário, publicada originalmente na “Folha de S. Paulo” em 27-8-1972. De extraordinária atualidade, apenas tomamos a liberdade de substituir “Sesquicentenário” por “Bicentenário”, e “um século e meio” por “dois séculos”. 


PRECE NO BICENTENÁRIO 

✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Ó Senhora Aparecida, 

Na data em que completamos dois séculos de existência independente, nossas almas se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil. 

Duzentos anos de vida são, para um povo, o mesmo que quinze para uma pessoa: isto é, a transição da adolescência, com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças, para a juventude, com seu idealismo, seu arrojo e sua capacidade de realizar. 

Neste limiar entre duas eras históricas, vamos transpondo também outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes, e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos. 

Primeira Missa no Brasil – Victor Meirelles, 1860. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

AGRADECIMENTO 

Neste momento rico em esperanças e glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente.

Agradecemo-Vos o território de dimensões continentais, e as riquezas que nele pusestes. 

Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu na grande caudal étnica de origem lusa — e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes. 

Agradecemo-Vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa. 

Agradecemo-Vos nossa História, serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho, do que de desavenças e de guerras. 

Agradecemo-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória. 

Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio de realizações e de esperanças de grandeza. 

Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas, e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de ascensão e de êxito. 

Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dada não só para nosso bem, mas para o de todos. 

Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa História, no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas, terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira Luz que as trevas jamais conseguirão apagar. 

São José de Anchieta, pintura de Oscar Pereira da Silva (1865-1939)

PRECE 

Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas. 

Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar, que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes. 

Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão. 

E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas, nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus. 

Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção. 

Quanto confiamos nela! 

Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes. 

Quanto é rica destes e de todos os outros dons imagináveis, a Vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus! 

Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças, e mais do que todas, concedei-nos a graça das graças. Ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil. 

Amai-o mais e mais. 

Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. 

Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes. 

Aumentai nossa largueza no que diz respeito aos bens da Terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu. 

Fazei-nos sempre mais amantes da paz, e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Filho Vosso e Senhor nosso. 

De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para Lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina, do cêntuplo nesta Terra e da bem-aventurança eterna. 

Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? 

Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano? 

De Vós exclamava, profeticamente, o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos: 

“Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu honorificentia populi nostri”. (Judite 15, 10). Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama.

5 de setembro de 2022

INDEPENDÊNCIA — BRASIL SOBERANDO SEM ROMPER COM AS TRADIÇÕES LUSAS

Na cripta do Monumento à Independência do Brasil (no Ipiranga, SP) é guarnecida a urna com os despojos do Imperador Dom Pedro I. Acompanhada de grande pompa, ela foi trasladada de Portugal para o Brasil por ocasião do Sesquicentenário da Independência (1972). 

E
m continuação ao post de ontem sobre o Bicentenário, segue matéria do Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909–1981), trineto do proclamador da Independência do Brasil. Seu artigo foi publicado na edição de setembro de 1972 da revista Catolicismo, edição comemorativa do Sesquicentenário da Independência. 

Dom Pedro Henrique, então Chefe da Casa Imperial do Brasil, faz uma análise do gesto de Dom Pedro I, que tornou nosso País soberano, sem contudo romper com o Reino de Portugal. 

A LIÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 

✅  Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança 

Longe de se repelirem, tradição e progresso harmoniosamente se completam. Com efeito, o verdadeiro conceito de tradição nada tem de arcaizante, pois representa o acervo de ensinamentos acumulado de geração em geração, ou ainda o próprio ato de comunicá-los.

Assim, na vida social dos povos, podemos chamar tradição à conservação e à transmissão de conhecimentos, normas e práticas, através dos tempos, cujo conteúdo forma, no mundo ocidental, a ordem civil estabelecida pelo Cristianismo. Que de mais belo e nobre do que essa transmissão pluriforme de valores espirituais figurada na "tocha que o corredor a cada revezamento confia às mãos de outro, sem que a corrida pare ou arrefeça sua velocidade" (Pio XII, Alocução ao patriciado e à nobreza romana, janeiro de 1944, Discorsi e Radiomessaggi, vol. V, pp. 179-180)! 

Por onde se vê que não há progresso estável que não se baseie numa sólida tradição. Que seria de qualquer ramo científico, por exemplo, que, para progredir, não se alicerçasse no acervo dos conhecimentos já adquiridos, isto é, em uma tradição? 

O Brasil é um país em franco e inegável desenvolvimento, e está fadado a um progresso ainda muito maior, não somente pelo dinamismo de seu povo, como também pelos imensos recursos naturais com que o dotou a Providência Divina. 

Mas a condição indispensável desse desenvolvimento, o penhor de que ele será estável, duradouro e sempre benéfico, é de se fazer na continuidade do passado, isto é, dentro da linha da gloriosa tradição histórica de nossa Pátria. E a esse respeito a Independência contém uma grande lição: desligamento político em relação a Portugal, ela não foi uma ruptura com a tradição portuguesa, mas se fez na continuidade dessa tradição: 

• — pela continuidade da Dinastia de Bragança; 

• — porque o Brasil independente permaneceu fiel à tradição política recebida de Portugal; 

• — porque, apesar de atritos episódicos, inerentes à separação, continuaram vigorosos os laços culturais e afetivos que ligavam o Brasil a Portugal. Brasileiros e portugueses sempre se trataram como irmãos, do que foi mais uma prova eloquente a participação pessoal do Presidente Américo Tomás nas comemorações do Sesquicentenário da Independência, acompanhando até o Rio de Janeiro os veneráveis despojos daquele que a proclamou. 

Traslado do corpo de Dom Pedro I para o Brasil, em 1972.

Dentre as tradições de que o Brasil de hoje é cioso portador avulta a que é representada pela continuidade da Fé. Fiel às suas origens, deve ele saber preservar essas tradições, defendendo-as sobretudo contra seus adversários atuais, que são a tentação de um desenvolvimento preponderantemente material e a sedução das ideologias enlouquecidas: o comunismo escravizador e a contestação anárquica. 

Necessário se torna fazer com que os valores espirituais autênticos progridam tanto entre nós, que se mostrem capazes de dirigir esse promissor surto de desenvolvimento material a que estamos assistindo, obrigando, ao mesmo tempo, a retrocederem para os antros de onde saíram aquelas ideologias espúrias, que tentam esgueirar-se no meio de nosso povo. 

Eis os ferventes votos que hoje dirijo à Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, na qualidade de herdeiro e continuador do legado espiritual da Casa de Bragança, no qual se inscrevem como valores primaciais a firme adesão à Religião Católica Apostólica Romana e a continuidade da tradição, rumo ao glorioso futuro a que a Providência chama este País que meu augusto trisavô fez independente há 150 anos. 

4 de setembro de 2022

O avião da FAB que trasladou, de Portugal ao Brasil, o coração de Dom Pedro I, escoltado por dois caças F-5M.
Foto: Agência Força Aérea / Muller Marin 


O Bicentenário, o coração do Imperador, a magnanimidade e a grandeza de alma da “brava gente brasileira” que deve ser fiel ao seu glorioso passado 


✅  Paulo Roberto Campos 

Em comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, brindamos nossos leitores com dois textos primorosos. 

O primeiro é de autoria do Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909–1981), então Chefe da Casa Imperial do Brasil, trineto do Imperador Dom Pedro I, o proclamador de nossa Independência em 7 de setembro de 1822 às margens do Ipiranga. 

Em seu texto (neste blog o reproduziremos amanhã), estampado na edição comemorativa do Sesquicentenário da Independência (Catolicismo, setembro/1972), ele tece uma apropriada e penetrante análise histórica daquele gesto de Dom Pedro I, que tornou nosso País soberano, sem contudo romper com o Reino de Portugal e as tradições lusas, e, portanto, com o nosso passado glorioso. 

O outro texto (neste blog o reproduziremos depois de amanhã) é de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Trata-se de uma oração que ele compôs para ser recitada no Sesquicentenário, publicada originalmente na “Folha de S. Paulo” em 27-8-1972. De extraordinária atualidade, apenas tomamos a liberdade de substituir “Sesquicentenário” por “Bicentenário”, e “um século e meio” por “dois séculos”. 

A preciosa urna que guarda o coração do Imperador Dom Pedro I 

Não poderíamos deixar de manifestar aqui o nosso gáudio por um grandioso, simbólico e recente acontecimento — que, aliás, foi vergonhosamente silenciado ou noticiado de modo insuficiente pela grande mídia, tão sôfrega em exaltar e tentar ressuscitar figuras e situações que enlamearam a nossa história recente. 

Honras militares na chegada
a Brasília da relíquia histórica
Para a celebração do Bicentenário da Independência, atendendo a um pedido do governo brasileiro, a Câmara Municipal do Porto houve por bem aprovar por unanimidade a trasladação ao Brasil do coração de Dom Pedro I, preservado em formol num belo e precioso escrínio de cristal, que é guardado com especial segurança num monumento da Igreja da Lapa, na cidade do Porto. 

Um acontecimento simbólico — pois não se trata de um coração qualquer, mas de um coração que pulsou no Brasil e pelo Brasil; de um coração poético e patriótico cuja máxima pulsação ocorreu há 200 anos no Grito do Ipiranga; de um coração que deixa momentaneamente seu país natal para de Brasília oscular em São Paulo o rio cujas margens viram nascer a nossa Independência. 

A Esquadrilha da Fumaça realizou acrobacias
e desenhou um coração no céu de Brasília
A emblemática relíquia chegou ao Brasil no dia 23 de agosto em voo da FAB. Escoltada pela cavalaria dos Dragões da Independência — guarda constituída por Dom Pedro I cuja principal função atualmente é de proteger as instalações da Presidência da República —, ela foi em seguida conduzida no Rolls-Royce presidencial até a rampa do Palácio do Planalto, onde foi recebida pelo presidente Bolsonaro. Houve a protocolar salva de 21 tiros de canhão e a Esquadrilha da Fumaça realizou acrobacias e desenhou um coração no céu de Brasília.

Depois o escrínio foi solenemente trasladado para o Palácio do Itamaraty, onde foram hasteadas as bandeiras do Brasil, de Portugal, do Império brasileiro e a da Monarquia portuguesa. A relíquia ficará exposta ao público na sede do Ministério das Relações Exteriores até o dia 8 de setembro.

Dom Bertrand de Orleans e Bragança
e o ministro de Relações Exteriores,
Carlos Alberto França, chegam para
solenidade no Palácio do Itamaraty.
Para a cerimônia de recepção do coração de Dom Pedro I houve um convidado muito especial: S.A.I.R. o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança [foto na cerimônia], atual Chefe da Casa Imperial do Brasil e tetraneto do nosso primeiro Imperador. 

O Príncipe Dom Bertrand deu gentilmente a seguinte declaração à revista Catolicismo: “Meu tetravô, o Imperador Dom Pedro I, faleceu em Lisboa, no Palácio de Queluz, no dia 24 de setembro de 1834 — no mesmo palácio, aliás, onde nascera em 12 de outubro de 1798. Pouco antes de morrer, ele pediu à sua esposa, a Imperatriz Dona Amélia, como um de seus últimos desejos, que seu coração permanecesse no Porto. A Imperatriz, uma alma profundamente católica, fez questão que ficasse no Santuário da Lapa daquela cidade. De lá, somente agora, nesses dias para as comemorações do Bicentenário — 188 anos depois! —, saiu unicamente para vir ao Brasil, onde o coração foi recebido com honras de chefe de Estado. Voltará a Portugal no dia 8 de setembro”. 

O Coração de Dom Pedro I escoltado pela cavalaria dos Dragões da Independência.

Por ocasião da festa do Bicentenário, convidamos nossos leitores a rezarem especialmente à nossa Rainha e Padroeira, diante de cuja imagem milagrosa em Aparecida, a caminho do Rio de Janeiro para São Paulo, pouco antes da proclamar nossa Independência, o Imperador Dom Pedro I rezou. 

O presidente Bolsonaro, junto com a primeira dama e crianças,
homenageiam a relíquia imperial.
Peçamos a Ela que reze ao seu Divino Filho pelo Brasil, para que a “brava gente brasileira” — conforme canta o Hino da Independência (cuja música foi composta por Dom Pedro I) — cumpra o que o mesmo hino conclama: “vossos peitos, vossos braços são muralhas do Brasil”, contra — acrescentamos nós — os entraves levantados por movimentos revolucionários neocomunistas que agem com o objetivo de impedir que se realizem os desígnios de Deus em relação à nossa Pátria, ou seja, para que se cumpra integralmente a missão histórica a que o Brasil foi destinado pela Divina Providência de ser uma potência habitada por um povo magnânimo e autenticamente católico.

No Palácio do Itamaraty foram hasteadas as bandeiras do Brasil, de Portugal, do Império brasileiro e a da Monarquia portuguesa.
O Príncipe Dom Bertrand entrega ao Presidente Bolsonaro a medalha do bicentenário

* Fonte: Revista Catolicismo, Nº 861, Setembro/2022