Dois meses após a explosão da Revolução da Sorbonne, Plinio Corrêa de Oliveira, numa conferência para sócios e cooperadores da TFP*, denunciou o igualitarismo como seu objetivo principal
Plinio Corrêa de Oliveira
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Fachada da capela da Sorbonne
(pichada com os slogans descritos na foto do topo).
Esta imagem registra as
estampas de Marx, Lenin
e Mao Tsé-Tung que sorbonianos colaram nas colunas.
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O jornalista Gilles Lapouge, em artigo publicado no “Estado de São Paulo” [16-7-68], afirmou que o movimento universitário da Sorbonne estava reduzido a cinzas. Mas por baixo das cinzas há brasas que preparam um novo incêndio, e em pouco tempo o tumulto universitário na França será mais intenso do que nunca.
O movimento universitário da Sorbonne, nascido em maio último, é a ponta de lança do mais violento assalto contra o que resta de desigualdade. Na ordem civil, querem eliminar o direito de propriedade, estabelecer a igualdade entre patrão e empregado. No terreno universitário, querem suprimir as cátedras, estabelecer igualdade entre aluno e professor. E daí por diante, o igualitarismo em todas as esferas. É a tentativa de se chegar logo ao regime comunista.
Esse igualitarismo que o movimento da Sorbonne quer estabelecer não se limita às funções humanas, é uma espécie de revolta e igualitarismo dentro do próprio homem. De acordo com a ordem normal das coisas, no homem a fé ilumina a inteligência; a inteligência governa a vontade; a inteligência e a vontade juntas dominam os instintos. O movimento universitário deseja implantar o contrário disso: o impulso do instinto arrastando a vontade, obnubilando a inteligência e proclamando a inutilidade da inteligência. Representa uma inversão de valores dentro do próprio homem.
Na esfera religiosa, o caminho próprio para se obter o igualitarismo não é combater a Igreja, mas sim obter o apoio da Igreja para a obra de nivelamento. Enquanto ocorre essa rebelião na Sorbonne, na Igreja se implanta outro movimento sumamente sintomático. O Santo Padre, em decreto recente, acaba de despir os bispos de muitas das honras e insígnias que faziam deles príncipes da Igreja, portanto conduzindo-os ao nivelamento com as outras categorias de sacerdotes. Caminha para algo como a proclamação da forma de governo republicana dentro da Igreja Católica, segundo a qual todas as funções seriam eletivas, por meio de eleições em que participem o clero e o povo.
Esse nivelamento acabaria com a monarquia papal, transformando o Papado e a Igreja numa vil e desbotada república. O Papa seria Pontífice durante certo número de anos, como um presidente no sistema republicano. Procura-se uma completa igualdade dentro da Igreja, ao mesmo tempo que se procura completa igualdade dentro da sociedade temporal. No dia em que o nivelamento estiver completo, desaparecerão as condições para que a Igreja exista, e ela teria cometido como que um suicídio, morrendo pelas próprias mãos.
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