Algumas coisas da natureza europeia são mais paradisíacas do que as da natureza tropical. Mas na natureza tropical outras coisas são mais paradisíacas. É preciso ter uma noção conjugada de ambas as naturezas para se ter uma melhor noção do que seria o Paraíso.
O homem pode modelar certas coisas da natureza, como a pedra à espera de um escultor, para ficarem com uma beleza que lembre o paraíso.
Dou um exemplo. Certa vez recebi um cartão postal com uma ave que eu conhecia apenas vagamente. Era com foto de um Galo da Serra. Tem uma plumagem com uma cor magnífica, uma ave muito bonita, uma verdadeira joia, mas com um bico desproporcionado.
Para muitos adeptos do racionalismo esse problema não se põe. Para eles a natureza não é para ser julgada feia nem bonita, mas tem que ser assumida como ela é; a natureza é o grande fato consumado. Eles têm um amor prévio à natureza como se fosse toda ela límpida e perfeita.
Essa concepção contraria a doutrina católica porque a Terra é um vale de lágrimas, é uma terra de exílio onde Deus colocou também coisas objetáveis do ponto de vista da estética para que, caso o homem pecasse, tivesse aqui o sofrimento de ver coisas não perfeitas e desejasse as perfeitas. E se ele não sofre com as imperfeições, não cumpre um desígnio de Deus.
De maneira que ver o bico desproporcionado de uma ave e rejeitá-lo é estar cumprindo o desígnio do Criador. Ele quis fazer-nos um bem: a oportunidade de discernir entre o feio e o belo, afinando nossos pontos de vista com o belo. De maneira que devemos contemplar a natureza de acordo com a estética que está em nossa mente e em nossa alma.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de setembro de 1979. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.
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