“A Igreja não dispõe, nem pode dispor, do poder de abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo” [Cardeal Luis Ladaria]
Causou imensa perplexidade no mundo católico a Declaração Fiducia Supplicans, de 18 de dezembro de 2023, da lavra do Cardeal Victor Manuel Fernandez, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e que conta com a assinatura do Papa Francisco.
Muitos bispos e sacerdotes, e até mesmo Conferências Episcopais, afirmaram que não vão acatar as disposições da Declaração, ou seja, não vão conceder a bênção da Igreja a duplas homossexuais e a casais em situações irregulares, pois, além de confundir e escandalizar os fiéis católicos, ela equivale objetivamente a abençoar relações baseadas em pecados contra o Sexto Mandamento, usando o nome de Deus em vão.
De fato, a Declaração contradiz outro documento emitido pela então chamada Congregação para a Doutrina da Fé, em 2021. O prefeito-emérito dessa Congregação, o Cardeal Gerhard Ludwig Müller, chegou a declarar que a recomendação de tal bênção “é uma blasfêmia”!
Prédio do "Dicasterium pro Doctrina Fidei", sediado no "Palazzo del Sant'Uffizio", na Piazza del Sant'Uffizio, em Roma. |
O mencionado Dicastério — um dos órgãos mais antigos da Cúria Romana — tem a missão de preservar o depósito da Fé e da moral, defendendo a Igreja das heresias e, para isso, deve vigiar os escritos de autores católicos, principalmente daqueles cujas obras são usadas nos seminários. Deve também pronunciar-se, à luz da Revelação, sobre novos temas de debate, resultantes das novidades científicas ou das evoluções sociais.
Ora, a própria Declaração do Cardeal Fernandez é o oposto dessa grandiosa missão, pois suas disposições práticas contrariam a Fé Católica e o ensinamento perene da Igreja, e conduzem à aceitação de uma imoralidade — a legitimidade de uma “homo-heresia”.
Os prelados opositores lamentam que a Declaração submete-se às exigências de movimentos homossexuais. Estes contam com “companheiros de viagem” infiltrados na própria hierarquia católica e, é claro, não pouparam elogios à nova posição do Vaticano. Tudo isso, preparando o terreno para ousarem ainda mais: a retirada do trecho do Catecismo Católico que condena o homossexualismo; o reconhecimento conjugal das relações homossexuais; a autorização para se realizarem “casamentos” entre pessoas do mesmo sexo e, no futuro, outras depravações...
Tudo, dentro da agenda LGBT, para levar a sociedade em geral a acabar aceitando o pecado de sodomia como uma forma natural da sexualidade humana, merecedora das bênçãos da Igreja. Deus não abençoa o pecado, mas, pelo contrário, o abomina e castiga, como o fez destruindo as cidades de Sodoma e Gomorra, justamente devido à perversão sexual, aos pecados contra a Lei de Deus e à Lei Natural.
Como o leitor percebe, este assunto é extremamente delicado e gravíssimo. Por isso Catolicismo pediu ao seu colaborador José Antonio Ureta — especialista no tema que vem acompanhando há algumas décadas a evolução da questão dentro do Vaticano —, um artigo que constitui a matéria de capa da edição deste mês.
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Um comentário:
Teria MUITO a dizer sobre essa INACREDITÁVEL posição do Vaticano, mas vou me conter... e dizer apenas duas palavras: VERGONHOSO e DESCONCERTANTE !!!!!!!!!!!!!!
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