Visão de Santo Inácio de Loyola de Cristo e Deus Padre em La Storta (detalhe) — Domenichino Zampieri (1581-1641). Coleção Particular, Londres.
✅ Plinio Corrêa de Oliveira
É de um catolicismo ardente, combativo, implacável, intransigente, completo que precisamos.
E precisamos também para os nossos católicos de uma vida profundamente imbuída de espírito de oração, profundamente voltada para o sobrenatural, para as verdades eternas, e não apenas de certo catolicismo que anda por aí sequioso de transigir com tudo, de fazer da Igreja uma instituição meramente humana, vivendo apenas dos esforços humanos e lutando com armas apenas humanas.
Reunir em nós, ao mesmo tempo, a combatividade de um Santo Inácio de Loyola e a vida interior de uma Santa Teresa d’Ávila, eis aí um ideal certamente imenso, mas do qual nos devemos aproximar o mais possível.
É preciso que desenvolvamos uma reação cada vez maior contra duas tendências incompletas, e, portanto, más, que existem em alguns dos nossos:
1) a tendência de fazer da Igreja uma simples organizadora de novenas, inteiramente privada de qualquer intervenção positiva na vida social;
2) considerar o Catolicismo principalmente como uma doutrina social, relegando a um plano inferior seu aspecto propriamente religioso e piedoso.
O Catolicismo é, ao mesmo tempo, uma e outra coisa. E desde que perca um destes aspectos, passará a ser coisa alguma. Nunca a sociologia católica poderia ser aplicável, sem que a graça sobrenatural infundida através dos Sacramentos desse ao homem as forças necessárias para lhe purificar e elevar o caráter. Mais ainda: o homem nunca se conformaria com a austeridade inflexível de tal sociologia, nunca reconheceria a procedência de suas razões e de seus argumentos, se a graça não lhe viesse em auxílio, porque a eterna tendência do espírito humano será de considerar falsas as verdades incômodas.
Por outro lado, o Catolicismo será um mero passatempo de beatas, se não tivesse uma atuação real e vigorosa na vida social. Em uma palavra, a concepção exclusivamente piedosa do Catolicismo nos conduziria infalivelmente àquela piedade festeira e vã de nossos avós, que transformava as festas da Igreja em pretextos para divertimentos exclusivamente mundanos.
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Excertos de uma carta de Plinio Corrêa de Oliveira a Alceu Amoroso Lima (pseudônimo: Tristão de Athayde), datada de 15 de outubro de 1932.
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