20 de março de 2024

Por que defendemos um Ocidente decadente

 

                  Um establishment dirigido por Davos promove as agendas woke e ecológicas por toda parte


  John Horvat

Um choque de proporções monumentais parece provável à medida em que a ordem liberal do pós-guerra se desmorona. Isto poderá acontecer se os atuais focos de conflito na Ucrânia, Israel, Coreia do Norte e Taiwan se expandirem e envolverem as grandes potências com suas respectivas esferas de influência. Assim, muitos analistas enquadram corretamente o envolvimento dos Estados Unidos nos conflitos de hoje como uma defesa do Ocidente. Os riscos são de fato elevados, uma vez que qualquer surto ameaça não apenas nações individuais, mas o estado atual do mundo.

 

Afeganistão. Um exemplo, entre mil, de como nem o Oriente nem o Ocidente estão isentos do domínio da Revolução Cultural. 

Defesa do Ocidente

Contudo, certas correntes não veem a batalha desta forma. Questionam o objetivo de defender o Ocidente no seu atual estado de decadência. Podem até simpatizar com os aiatolás do Irã e outros adversários do Ocidente que veem os Estados Unidos como o “Grande Satã”, responsável pelos males do mundo. Na verdade, as nações ocidentais muito colaboraram para corromper o mundo com as suas redes globalizadas, modas imorais e culturas decadentes.

China
Um establishment dirigido por Davos promove as agendas woke e ecológicas por toda parte. Outras potências antiocidentais, como a Rússia e a China, afirmam representar culturas que se opõem a essas tendências alarmantes.


 

Lei Eterna e Natural: a base da Moral e da Lei

Assim, alguns afirmam erroneamente que não se deve defender o Ocidente por causa dessa decadência. Acham que é melhor recuar para o isolacionismo e deixar o sistema globalizado com as suas elites corruptas desmoronar-se. Tal atitude está errada. Não são considerados três pontos principais que colocam essa grande luta em perspectiva.

 

Uma revolução universal que afeta a todos

França
O primeiro ponto é que uma crise mundial universal aflige o mundo inteiro. Nem o Oriente nem o Ocidente estão isentos do seu domínio. Ataca, em vários graus, todos os estados, culturas e sistemas.

O pensador e homem de ação brasileiro, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, chamou essa crise de Revolução, um processo histórico que começou com a Revolução Protestante e avançou com as Revoluções Francesa e Comunista. Hoje, manifesta-se na Revolução Cultural. Seu objetivo é extinguir todos os vestígios do Cristianismo.

Essa profunda crise moral na alma do homem moderno é impulsionada por movimentos de orgulho e sensualidade. É uma revolta contra Deus que afeta a todos. As redes globalizadas de hoje facilitam a sua propagação em todo o mundo, não deixando ninguém intocado.

Estados Unidos
Afirmar que algumas regiões como a Rússia, a China ou o Irã estão isentas da sua influência é uma ilusão. Na verdade, o flagelo moral do aborto provocado, da pornografia e da promiscuidade encontra-se nesses lugares e em vários outros. A irreligião, o igualitarismo e o niilismo são neles igualmente galopantes.

Assim, esta luta deve ser vista neste contexto, em que ambos os lados estão infectados com o mesmo germe dessa Revolução, embora manifestada de forma diferente.

 

Bolívia

A Revolução não é o Ocidente

Em segundo lugar, essa Revolução não pode ser equiparada ao Ocidente. Pelo contrário, seu principal alvo é a civilização cristã ocidental. Incorpora-se nas estruturas ocidentais que dominam o mundo e, tal como um tumor cancerígeno, seus germes ideológicos contaminam e deitam metástases em todo o mundo.

Assim, a verdadeira crise está muito mais dentro dessas estruturas ocidentais do que num choque entre o Oriente e o Ocidente. O que o mundo está a testemunhar é a destruição causada pelas filosofias do século XIX, como o socialismo, o liberalismo e o hegelianismo, que deterioraram as almas de todas as nações, do Oriente e do Ocidente. O niilismo e as ideias woke estão visando e destruindo as narrativas ocidentais, as noções de identidade e as estruturas sociais onde quer que sejam encontradas.

Essa mesma Revolução também incita outras culturas a atacarem o Ocidente. Elas são instadas a não destruir a Revolução (o que seria uma coisa muito boa), mas sim a civilização cristã que o Ocidente outrora representou de forma tão vibrante.

Se quisermos que o mundo volte à ordem, devemos todos atacar o inimigo comum, que é essa Revolução moral. Para isso, a verdadeira luta é identificar e opor-se às suas manifestações mais radicais que levam adiante o seu processo destrutivo.

 

O ponto de unidade dinâmica do Ocidente foi a Cristandade sob a orientação da Igreja Católica. Essas nações se uniram em torno da pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo e, com o Seu Evangelho, transformaram o mundo

Defendendo o Ocidente – ou o que sobrou dele

É por isso que os Estados Unidos devem defender o Ocidente — ou melhor, o que resta dele. Enquanto o Ocidente existir como ideal, ele ameaçará essa Revolução.

O Ocidente, como ideal, representa aquela família de nações, especialmente na Europa, que foram influenciadas pela moral e pelas crenças cristãs. O ponto de unidade dinâmica do Ocidente foi a Cristandade sob a orientação da Igreja Católica. Essas nações se uniram em torno da pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo e, com o Seu Evangelho, transformaram o mundo.

Esse mesmo Ocidente gerou instituições cristãs, filosofias, artes, cultura e modos de ser que ainda sobrevivem incorporados na vida quotidiana. O estado atual da Revolução procura destruir tudo isso. Essas estruturas sociais são muito mais alvo da hostilidade russa, chinesa e iraniana do que da decadência moral justamente condenável — que também encontra grande oposição por parte dos ativistas no Ocidente.

Por esta razão, as nações ocidentais estão em melhores condições para combater a Revolução com os seus remanescentes da civilização cristã do que os países antiocidentais que suprimiriam todos esses remanescentes juntamente com o Ocidente. Além disso, o Ocidente ainda encontra almas dispostas a lutar por esses ideais, e a opor-se à Revolução e implorar a ajuda da graça de Deus.

A aliança do comunismo chinês, do Islã político do Irã e da mística “Quarta Teoria Política” da Rússia representa um avanço no processo revolucionário. O seu triunfo sombrio comprometeria seriamente uma resposta contra-revolucionária.

É por isso que os Estados Unidos devem defender esse vago ideal cristão do Ocidente, mesmo no seu atual estado de decadência. O Ocidente continua a ser a plataforma sobre a qual a resistência, com a ajuda da graça de Deus, ainda pode ser despertada e alimentada.

Enquanto existirem algumas brasas da civilização cristã, uma Contra-Revolução poderá alimentá-las de volta a um fogo violento, privando a Revolução de todas as condições para prevalecer e garantindo assim o regresso à ordem.

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* O articulista é colaborador de Catolicismo, vice-presidente da TFP norte-americana e autor do best-seller Return to Order.

** Fonte: Revista Catolicismo, Nº 878, Março/2023.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente análise.