Se todos os bispos da CNBB tivessem feito uso da linguagem do “sim, sim; não, não”, daqueles que verdadeiramente desejam seguir o exemplo do Divino Mestre, e não a linguagem ambígua -- que mais confunde os conceitos, não afirmando categoricamente que o erro é erro --, no Brasil, certamente, sequer teria sido aprovada a iníqua lei que permite o aborto em casos de estupro e quando há risco à vida da mãe.
Segue o admirável artigo de Dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ (Congregatio Sacerdotum a Sacro Corde Iesu), Arcebispo Metropolitano de Uberaba (MG).
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Uma questão de saúde pública?
Joga-se muito com a desatenção do povo, ou até com sua suposta ignorância. O presidente Lula, em que pese sua promessa nebulosa aos Bispos em 2005, é decididamente a favor do aborto. Acompanham-no nesta sua postura, o ministro da saúde, e é claro, sua presumida sucessora Dilma. Esta, para encantar o eleitorado católico, chegou a visitar oficialmente o Papa (sem ter convicção pessoal). O efeito foi conquistar os votos de clérigos, invadindo até seu primeiro escalão.
A vitória se delineia fácil, e por isso não se vê necessidade de ocultar coisa nenhuma. Tudo é dito às claras. A resistência ao secularismo governamental é nula. É uma submissão geral. Os princípios cristãos que ainda vigem em nossa vida pública, deverão se retirar para a diáspora das consciências. Na frente de ouvintes qualificados Lula afirmou que a introdução da lei do aborto, “é uma questão de saúde pública em nosso país”. Lembramos o salmo: “Lembra-te do povo que redimiste como tua herança” (Sl 74,2).
É bom saber que existe muita manipulação de estatísticas, ao se falar sobre a taxa anual de abortos. Sobretudo são falsas as notícias sobre o número de mulheres mortas em decorrência de “abortos inseguros”. Segundo informações do DATASUS (2006), o número de mortes maternas em decorrência dessa prática, nunca passou de 163 por ano. (Ver “Faça alguma coisa pela vida” N. 96). Por isso diz-se falsamente que a legalização, “evitaria milhões de mortes maternas”.
Uma vez que o governo faz apologia da interrupção da gravidez, por qualquer motivo, as grandes redes de TV precisam entrar nessa linha. Caso contrário perdem as ricas inserções de propaganda do poder público. Sem as benesses do governo até a Globo fecha. Por isso, mais do que rapidamente, foi introduzida a novela “Passione”, que procura fazer a cabeça do povo, a mando do governo.
Vamos supor, por um exagero de fantasia, que o governo declarasse que o assalto às residências deve ser assunto de “saúde pública”. Para tal efeito se publicariam estatísticas incrementadas de mortes de assaltantes, cujas investidas estariam sendo feitas em condições inseguras. Para completar a hílare situação, o governo proporia legalizar o assalto, para que todo cidadão, rico ou pobre, pudesse realizar um assalto seguro. Essa é a conversa que os líderes da nação fazem ao falar de aborto.
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Dom Aloísio Roque Oppermann
www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUBMENU=Opiniao&CODIGO=37723
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