28 de setembro de 2024

ANJOS ARCABUZEIROS



  Plinio Corrêa de Oliveira

Na sua expressão mais exata, esse anjo arcabuzeiro assemelha-se a um gentil-homem segundo o estilo dos guerreiros em partes dos séculos XVII e XVIII, sobretudo na época de Luís XIV. 

Esse anjo aparece como um guerreiro vestido com muito donaire, mas que deixa transparecer a sua natureza angélica e qualquer coisa de luminoso que há dentro dele. Sua leveza provoca a impressão de que a ação da gravidade não pesa sobre ele, e que, quando marcha, vai de um lugar para outro com o passo tão leve como o de um passarinho andando no chão entre dois voos. 

Nas pinturas de anjos bélicos, o “anjo arcabuzeiro” é representado com um arcabuz, em vez da espada tradicional, trajando vestes inspiradas nas dos nobres e aristocratas andinos. O estilo surgiu no Peru, na segunda metade do século XVII, e prevaleceu especialmente na Escola de Cusco, destinada a ensinar a pintura colonial.


Não se tem a impressão de que o arcabuz esteja pesando para ele. Está olhando para longe a fim de atirar, mas sem que precise forçar a vista. 

Ele está numa atitude muito aguerrida, entretanto não dá a ideia de que o adversário esteja oferecendo um obstáculo válido. Ele é perfeitamente um anjo que não encontra obstáculos diante de si porque o adversário já está liquidado, jogado no chão. É um anjo do triunfo, que destrói quem ele desejar. 

Mais ainda. É um anjo que tem rei. E esse rei é Deus. Ele está na presença de Deus. Isto faz com que não seja um anjo diretamente orante, nem musicante — como são os lindos anjos de Fra Angélico. 

Ele pertence ao número daqueles anjos lutadores que brilham na presença do Senhor Deus dos Exércitos, cuja luta eles sabem que é uma música aos ouvidos do Deus de Todas as Vinganças. 

Eles travam uma luta sem ódio, mas, com uma decisão única, executam os decretos de Deus. 
_____________ 
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 23 de fevereiro de 1982. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº 885, setembro/2024.

Nenhum comentário: