4 de setembro de 2022

O avião da FAB que trasladou, de Portugal ao Brasil, o coração de Dom Pedro I, escoltado por dois caças F-5M.
Foto: Agência Força Aérea / Muller Marin 


O Bicentenário, o coração do Imperador, a magnanimidade e a grandeza de alma da “brava gente brasileira” que deve ser fiel ao seu glorioso passado 


✅  Paulo Roberto Campos 

Em comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, brindamos nossos leitores com dois textos primorosos. 

O primeiro é de autoria do Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909–1981), então Chefe da Casa Imperial do Brasil, trineto do Imperador Dom Pedro I, o proclamador de nossa Independência em 7 de setembro de 1822 às margens do Ipiranga. 

Em seu texto (neste blog o reproduziremos amanhã), estampado na edição comemorativa do Sesquicentenário da Independência (Catolicismo, setembro/1972), ele tece uma apropriada e penetrante análise histórica daquele gesto de Dom Pedro I, que tornou nosso País soberano, sem contudo romper com o Reino de Portugal e as tradições lusas, e, portanto, com o nosso passado glorioso. 

O outro texto (neste blog o reproduziremos depois de amanhã) é de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Trata-se de uma oração que ele compôs para ser recitada no Sesquicentenário, publicada originalmente na “Folha de S. Paulo” em 27-8-1972. De extraordinária atualidade, apenas tomamos a liberdade de substituir “Sesquicentenário” por “Bicentenário”, e “um século e meio” por “dois séculos”. 

A preciosa urna que guarda o coração do Imperador Dom Pedro I 

Não poderíamos deixar de manifestar aqui o nosso gáudio por um grandioso, simbólico e recente acontecimento — que, aliás, foi vergonhosamente silenciado ou noticiado de modo insuficiente pela grande mídia, tão sôfrega em exaltar e tentar ressuscitar figuras e situações que enlamearam a nossa história recente. 

Honras militares na chegada
a Brasília da relíquia histórica
Para a celebração do Bicentenário da Independência, atendendo a um pedido do governo brasileiro, a Câmara Municipal do Porto houve por bem aprovar por unanimidade a trasladação ao Brasil do coração de Dom Pedro I, preservado em formol num belo e precioso escrínio de cristal, que é guardado com especial segurança num monumento da Igreja da Lapa, na cidade do Porto. 

Um acontecimento simbólico — pois não se trata de um coração qualquer, mas de um coração que pulsou no Brasil e pelo Brasil; de um coração poético e patriótico cuja máxima pulsação ocorreu há 200 anos no Grito do Ipiranga; de um coração que deixa momentaneamente seu país natal para de Brasília oscular em São Paulo o rio cujas margens viram nascer a nossa Independência. 

A Esquadrilha da Fumaça realizou acrobacias
e desenhou um coração no céu de Brasília
A emblemática relíquia chegou ao Brasil no dia 23 de agosto em voo da FAB. Escoltada pela cavalaria dos Dragões da Independência — guarda constituída por Dom Pedro I cuja principal função atualmente é de proteger as instalações da Presidência da República —, ela foi em seguida conduzida no Rolls-Royce presidencial até a rampa do Palácio do Planalto, onde foi recebida pelo presidente Bolsonaro. Houve a protocolar salva de 21 tiros de canhão e a Esquadrilha da Fumaça realizou acrobacias e desenhou um coração no céu de Brasília.

Depois o escrínio foi solenemente trasladado para o Palácio do Itamaraty, onde foram hasteadas as bandeiras do Brasil, de Portugal, do Império brasileiro e a da Monarquia portuguesa. A relíquia ficará exposta ao público na sede do Ministério das Relações Exteriores até o dia 8 de setembro.

Dom Bertrand de Orleans e Bragança
e o ministro de Relações Exteriores,
Carlos Alberto França, chegam para
solenidade no Palácio do Itamaraty.
Para a cerimônia de recepção do coração de Dom Pedro I houve um convidado muito especial: S.A.I.R. o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança [foto na cerimônia], atual Chefe da Casa Imperial do Brasil e tetraneto do nosso primeiro Imperador. 

O Príncipe Dom Bertrand deu gentilmente a seguinte declaração à revista Catolicismo: “Meu tetravô, o Imperador Dom Pedro I, faleceu em Lisboa, no Palácio de Queluz, no dia 24 de setembro de 1834 — no mesmo palácio, aliás, onde nascera em 12 de outubro de 1798. Pouco antes de morrer, ele pediu à sua esposa, a Imperatriz Dona Amélia, como um de seus últimos desejos, que seu coração permanecesse no Porto. A Imperatriz, uma alma profundamente católica, fez questão que ficasse no Santuário da Lapa daquela cidade. De lá, somente agora, nesses dias para as comemorações do Bicentenário — 188 anos depois! —, saiu unicamente para vir ao Brasil, onde o coração foi recebido com honras de chefe de Estado. Voltará a Portugal no dia 8 de setembro”. 

O Coração de Dom Pedro I escoltado pela cavalaria dos Dragões da Independência.

Por ocasião da festa do Bicentenário, convidamos nossos leitores a rezarem especialmente à nossa Rainha e Padroeira, diante de cuja imagem milagrosa em Aparecida, a caminho do Rio de Janeiro para São Paulo, pouco antes da proclamar nossa Independência, o Imperador Dom Pedro I rezou. 

O presidente Bolsonaro, junto com a primeira dama e crianças,
homenageiam a relíquia imperial.
Peçamos a Ela que reze ao seu Divino Filho pelo Brasil, para que a “brava gente brasileira” — conforme canta o Hino da Independência (cuja música foi composta por Dom Pedro I) — cumpra o que o mesmo hino conclama: “vossos peitos, vossos braços são muralhas do Brasil”, contra — acrescentamos nós — os entraves levantados por movimentos revolucionários neocomunistas que agem com o objetivo de impedir que se realizem os desígnios de Deus em relação à nossa Pátria, ou seja, para que se cumpra integralmente a missão histórica a que o Brasil foi destinado pela Divina Providência de ser uma potência habitada por um povo magnânimo e autenticamente católico.

No Palácio do Itamaraty foram hasteadas as bandeiras do Brasil, de Portugal, do Império brasileiro e a da Monarquia portuguesa.
O Príncipe Dom Bertrand entrega ao Presidente Bolsonaro a medalha do bicentenário

* Fonte: Revista Catolicismo, Nº 861, Setembro/2022

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