13 de outubro de 2023

Novo mandato de um governo com as mesmas promessas não realizadas

Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas

✅  Paulo Roberto Campos 

Em seu recente discurso na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, no dia 19 de setembro, Lula da Silva vociferou com características bem apropriadas à extrema-esquerda: “A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade”[1]. 

Com uma concepção muito ultrapassada, o presidente petista parece acreditar que a igualdade é um bem absoluto e ignorar que a desigualdade não é um mal em si. Seria injusto tratar o pobre sem caridade, mas também é injusto tratar diferentes igualmente. 

Numa empresa, por exemplo, os funcionários mais dedicados ao trabalho merecem promoções e salários melhores. Se o patrão pagasse a todos igualmente, estaria incentivando a vagabundagem. Esforçar-se e dedicar-se mais para quê, se no final do mês quem trabalhou muito e quem não trabalhou ganhasse o mesmo, os funcionários “encostariam o corpo” e a empresa quebraria. 

Isso se poderia dizer também quanto aos alunos de um colégio. Quem estuda mais, merece nota mais alta, evidentemente. É uma desigualdade que incentiva o aprimoramento dos talentos de cada um e torna o mundo mais belo. Imaginemos um mundo onde todas as flores, ou todos os pássaros, fossem iguais... Mil exemplos poderiam ser elencados. Todos ilustrariam que certa pregação da igualdade total, uma utopia marxista, no fundo revela indignação às desigualdades criadas por Deus. 

Com a palavra o Papa Leão XIII: “Substituindo a providência paterna pela providência do Estado, os socialistas vão contra a justiça natural e quebram os laços da família. Mas, além da injustiça do seu sistema, veem-se bem todas as suas funestas consequências: a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade da nudez, na indigência e na miséria”[2].

MORREMOS DE FOME – DITADURA TOTAL!!!. Imagem da Venezuela de hoje

Uma regra que só tem exceções... 

Em todos os países de regime comunista ou socialista, os governos se impuseram por meio dos mesmos embustes — promessas demagogas de acabar com as “desigualdades sociais”. E o que sucedeu? A escalada horripilante da miséria, “a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano”...

Grupo de cubanos tentando escapar do 
"paraíso" criado por Fidel Castro

As nações que foram subjugadas pelo comunismo alcançam, sim, a igualdade, mas à custa de reduzir à pobreza todos os seus habitantes. É a vil igualdade na miséria. Disso é Cuba um exemplo. Apenas neste ano, quase 80 cubanos da ilha-presídio morreram afogados no mar, ao tentarem fugir para os Estados Unidos em balsas improvisadas. 

A Venezuela, que virou uma fábrica de pobreza, é outro exemplo patente. Uma quarta parte de sua população não tem sequer alimentação básica. Chávez e Maduro conseguiram um feito inaudito: transformar o país mais próspero da América Latina no mais pobre. 

A população da Nicarágua também vai afundando na mesma indigência. E Lula se mostra “muy amigo” dos ditadores desses e de outros países. 

Não há desigualdade nos países onde todos são pobres? Sim, há: os mandatários e a Nomenklatura são riquíssimos, gozam de todos os privilégios. Parafraseando o poeta francês Ernest Jaubert, poderíamos dizer: “A igualdade entre os mandatários comunistas é uma regra que só tem exceções”...

No topo do ranking de custos bancados pelo cartão presidencial 

Na referida Assembleia, um dos principais órgãos da ONU, o líder petista repetiu indignado que “a desigualdade precisa inspirar indignação”. Então ele se indignaria, por exemplo, com os riquíssimos ditadores cubanos, venezuelanos e nicaraguenses? 

Será que Lula está indignado consigo mesmo, uma vez que fica gastando milhões — pagos pelo contribuinte brasileiro — com viagens inúteis, que não acarretam bens ao País, mas que são realizadas para o presidente aparecer na mídia nacional e internacional. Só com cartões corporativos, apenas até agosto último, ele gastou R$ 7,87 milhões — 50% a mais do que Jair Bolsonaro no mesmo período em 2019 (R$ 5,2 milhões, com valores já atualizados pela inflação). 

Causa perplexidade ver alguém — que tanto fala em tirar o Brasil do “mapa da fome” — fazer gastos faraônicos usando o cartão presidencial. É inacreditável, mas não é fake. Leiam o artigo de Thiago Resende, publicado pela insuspeita “Folha de S. Paulo” (19-9-23) com o título “Lula gasta mais com cartão corporativo do que Bolsonaro, Temer e Dilma”. Eis algumas linhas do repórter desse jornal em Brasília: 

“O presidente Lula (PT) tem gastado mais com cartão corporativo neste terceiro mandato do que Jair Bolsonaro (PL), Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT). O patamar elevado de compras e pagamentos coloca o petista com uma média de gastos recorde. Até agora, foram fechados os extratos de sete meses do cartão corporativo. As despesas, quando somadas, chegaram a um valor próximo de R$ 8 milhões. Esse ritmo leva Lula ao topo do ranking de custos bancados pelo cartão presidencial, acima de Bolsonaro, que já apresentava contas mais altas que os antecessores”[3].

Democracia e liberdade de expressão ‘da boca pra fora’ 

Se dependesse de Lula,
Putin poderia visitar o Brasil.
Mas o Tribunal Penal Internacional
tem ordem de captura contra ele...
Lula foi obrigado a recuar

Outro embuste dos governantes comunistas: falam ad nauseam em nome de democracia e da liberdade de expressão. Falação tão desprovida de verdade quanto a de um governo que se vangloriava ser de “paz e amor”. Entretanto, vemo-lo fazer discursos próprios a despertar ressentimentos e indignações, agindo a fim de se desforrar das humilhações sofridas devido aos próprios fracassos. 

Fala em “liberdade de expressão”, mas a máquina de seu governo procura amordaçar, ou mesmo encarcerar, pessoas que se manifestam fazendo uso da “liberdade de expressão”. 

Fala em democracia, mas apoia ditadores. Recente exemplo disso foi o “salvo-conduto” que Lula da Silva prometeu ao ditador Vladimir Putin, caso venha ao Brasil para participar da reunião do G20 no próximo ano. O petista disse que Putin pode vir tranquilamente, garantindo-lhe que aqui não será preso. 

Mesmo sabendo da ordem do Tribunal Penal Internacional de captura do tirano russo devido a crimes de guerra contra a Ucrânia, e que o Brasil é signatário do Estatuto de Roma — tratado internacional que criou o TPI —, Lula infringirá, além desse tratado, a nossa própria Constituição, cujo parágrafo 4º do artigo 5º prescreve: “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional”. 

Como o “salvo-conduto” despertou muita repercussão negativa, pois nenhum presidente brasileiro pode passar por cima do direito internacional e da Constituição nacional, Lula tentou retificar o que havia declarado dizendo que a decisão é da Justiça brasileira e que não tinha conhecimento do TPI... 

Muito difícil acreditar, pois ele próprio recorreu ao TPI para anular sua prisão em Curitiba e há poucos meses disse que o ex-presidente Bolsonaro “um dia será julgado no tribunal internacional”... 

Nem defendeu a Ucrânia, nem condenou a Rússia 

No mesmo discurso do dia 19 último na Assembleia da ONU, Lula da Silva, muito de passagem, falou da guerra da Ucrânia, mas sem mostrar, de um lado, que ela foi provocada com a covarde e brutal invasão perpetrada pela Rússia de Putin, e sem defender, de outro lado, os direitos territoriais da Ucrânia. 

As palavras do presidente petista, insistindo no pseudo diálogo, foram: “A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.” O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, evidentemente, não aplaudiu tal discurso.

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Notas

1. “O Globo”, 19-9-23.

2. Encíclica Rerum Novarum” (1891), "Documentos Pontifícios", Vozes, Petrópolis, fascículo 2, 6ª edição (1961), pp. 10-11.

3. “Folha de S. Paulo”, 19-9-23.

4. “Folha de S. Paulo”, 15-9-23.



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