Um establishment dirigido por Davos promove as agendas woke e ecológicas por toda parte
✅ John Horvat
Um choque de proporções monumentais parece provável à
medida em que a ordem liberal do pós-guerra se desmorona. Isto poderá acontecer
se os atuais focos de conflito na Ucrânia, Israel, Coreia do Norte e Taiwan se
expandirem e envolverem as grandes potências com suas respectivas esferas de
influência. Assim, muitos analistas enquadram corretamente o envolvimento dos
Estados Unidos nos conflitos de hoje como uma defesa do Ocidente. Os riscos são
de fato elevados, uma vez que qualquer surto ameaça não apenas nações
individuais, mas o estado atual do mundo.
Afeganistão. Um exemplo, entre mil, de como nem o Oriente nem o Ocidente estão isentos do domínio da Revolução Cultural. |
Defesa do Ocidente
Contudo, certas correntes não veem a batalha desta
forma. Questionam o objetivo de defender o Ocidente no seu atual estado de
decadência. Podem até simpatizar com os aiatolás
do Irã e outros adversários do Ocidente que veem os Estados Unidos como o
“Grande Satã”, responsável pelos males do mundo. Na verdade, as nações
ocidentais muito colaboraram para corromper o mundo com as suas redes
globalizadas, modas imorais e culturas decadentes.
China |
Lei Eterna e Natural: a base da Moral e da Lei
Assim, alguns afirmam erroneamente que não se deve
defender o Ocidente por causa dessa decadência. Acham que é melhor recuar para
o isolacionismo e deixar o sistema globalizado com as suas elites corruptas
desmoronar-se. Tal atitude está errada. Não são considerados três pontos
principais que colocam essa grande luta em perspectiva.
Uma revolução universal que afeta a todos
França |
O pensador e homem de ação brasileiro, Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira, chamou essa crise de Revolução, um processo histórico que
começou com a Revolução Protestante e avançou com as Revoluções Francesa e
Comunista. Hoje, manifesta-se na Revolução Cultural. Seu objetivo é extinguir
todos os vestígios do Cristianismo.
Essa profunda crise moral na alma do homem moderno é impulsionada por movimentos de orgulho e sensualidade. É uma revolta contra Deus que afeta a todos. As redes globalizadas de hoje facilitam a sua propagação em todo o mundo, não deixando ninguém intocado.
Estados Unidos |
Assim, esta luta deve ser vista neste contexto, em que
ambos os lados estão infectados com o mesmo germe dessa Revolução, embora
manifestada de forma diferente.
Bolívia |
A Revolução não é o Ocidente
Em segundo lugar, essa Revolução não pode ser
equiparada ao Ocidente. Pelo contrário, seu principal alvo é a civilização
cristã ocidental. Incorpora-se nas estruturas ocidentais que dominam o mundo e,
tal como um tumor cancerígeno, seus germes ideológicos contaminam e deitam
metástases em todo o mundo.
Assim, a verdadeira crise está muito mais dentro
dessas estruturas ocidentais do que num choque entre o Oriente e o Ocidente. O
que o mundo está a testemunhar é a destruição causada pelas filosofias do
século XIX, como o socialismo, o liberalismo e o hegelianismo, que deterioraram
as almas de todas as nações, do Oriente e do Ocidente. O niilismo e as ideias woke
estão visando e destruindo as narrativas ocidentais, as noções de
identidade e as estruturas sociais onde quer que sejam encontradas.
Essa mesma Revolução também incita outras culturas a
atacarem o Ocidente. Elas são instadas a não destruir a Revolução (o que seria
uma coisa muito boa), mas sim a civilização cristã que o Ocidente outrora
representou de forma tão vibrante.
Se quisermos que o mundo volte à ordem, devemos todos
atacar o inimigo comum, que é essa Revolução moral. Para isso, a verdadeira
luta é identificar e opor-se às suas manifestações mais radicais que levam
adiante o seu processo destrutivo.
Defendendo o Ocidente – ou o que sobrou dele
É por isso que os Estados Unidos devem defender o
Ocidente — ou melhor, o que resta dele. Enquanto o Ocidente existir como ideal,
ele ameaçará essa Revolução.
O Ocidente, como ideal, representa aquela família de
nações, especialmente na Europa, que foram influenciadas pela moral e pelas
crenças cristãs. O ponto de unidade dinâmica do Ocidente foi a Cristandade sob
a orientação da Igreja Católica. Essas nações se uniram em torno da pessoa de
Nosso Senhor Jesus Cristo e, com o Seu Evangelho, transformaram o mundo.
Esse mesmo Ocidente gerou instituições cristãs,
filosofias, artes, cultura e modos de ser que ainda sobrevivem incorporados na
vida quotidiana. O estado atual da Revolução procura destruir tudo isso. Essas
estruturas sociais são muito mais alvo da hostilidade russa, chinesa e iraniana
do que da decadência moral justamente condenável — que também encontra grande
oposição por parte dos ativistas no Ocidente.
Por esta razão, as nações ocidentais estão em melhores
condições para combater a Revolução com os seus remanescentes da civilização
cristã do que os países antiocidentais que suprimiriam todos esses
remanescentes juntamente com o Ocidente. Além disso, o Ocidente ainda encontra
almas dispostas a lutar por esses ideais, e a opor-se à Revolução e implorar a
ajuda da graça de Deus.
A aliança do comunismo chinês, do Islã político do Irã
e da mística “Quarta Teoria Política” da Rússia representa um avanço no
processo revolucionário. O seu triunfo sombrio comprometeria seriamente uma
resposta contra-revolucionária.
É por isso que os Estados Unidos devem defender esse
vago ideal cristão do Ocidente, mesmo no seu atual estado de decadência. O
Ocidente continua a ser a plataforma sobre a qual a resistência, com a ajuda da
graça de Deus, ainda pode ser despertada e alimentada.
Enquanto existirem algumas brasas da civilização
cristã, uma Contra-Revolução poderá alimentá-las de volta a um fogo violento,
privando a Revolução de todas as condições para prevalecer e garantindo assim o
regresso à ordem.
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* O articulista é colaborador de Catolicismo, vice-presidente da
TFP norte-americana e autor do best-seller Return to Order.
** Fonte: Revista Catolicismo, Nº 878, Março/2023.
Um comentário:
Excelente análise.
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