22 de dezembro de 2024

CRISTO É O ÚNICO SALVADOR


Em certos países, a política fecha os olhos à propaganda comunista, manifestando cegueira que confina a um tempo com a covardia de Pilatos e a ganância de Judas. Alguns lavam as mãos... Outros, com o beijo do Judas, traem a Igreja Católica, abandonando-a nas mãos de seus inimigos, tintas de sangue.


✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Enquanto os Anjos de nossos piedosos presépios ostentam dísticos em que se lê: “Glória a Deus nos Céus, e paz na Terra aos homens de boa vontade”, a imprensa diária está cheia de notícias terríveis que destoam tristemente da promessa angélica. 

Jesus Cristo, se nascesse hoje, poderia encontrar refúgio seguro? 

Em certos arraiais, o Natal será comemorado com horríveis sacrilégios. Os túmulos violados; a santidade dos lugares sagrados profanada; as imagens, outrora veneradas, hoje atiradas à fogueira, por entre horríveis imprecações; as famílias destroçadas; a honra imaculada das virgens de Deus ou do lar, entregue a um bando de salteadores infrenes; a velhice, abandonada sem defesa à sanha criminosa de bandidos que causariam horror ao próprio Barrabás. 

Em outros arraiais, o espetáculo, sem ser tão sombrio, não deixa de ser profundamente triste. Em certos países, a política fecha os olhos à propaganda comunista, manifestando cegueira que confina a um tempo com a covardia de Pilatos e a ganância de Judas. Alguns lavam as mãos, dizendo-se irresponsáveis pelos desatinos de uma multidão que lhes caberia jugular. Outros, com o beijo do Judas, traem a Igreja Católica, abandonando-a nas mãos de seus inimigos, tintas de sangue. 

Por toda a parte, só encontramos ódio, rancor, perseguição. 

No entanto, cumpre que não desanimemos. Não seríamos dignos da graça inestimável do Batismo que recebemos se permitíssemos que o pânico se apoderasse de nós. Nem na ordem natural, nem na ordem sobrenatural, há motivos que justifiquem a inércia e o pessimismo. 

O que a Igreja espera, hoje em dia, de seus filhos, é a realização de uma tarefa ao mesmo tempo muito grande e muito simples. Ela deseja que todos os católicos (os católicos dignos desse nome, e não a turbamulta dos pagãos que usam rótulo católico), com uma persuasão vigorosa e magnífica, se ergam no tumulto do Mundo contemporâneo, proclamando o Cristianismo como seu único Salvador. 

Único, dissemos. E insistimos sobre esta palavra! 

Erraria crassamente quem supusesse que Jesus Cristo só veio salvar a humanidade de seu tempo. Em todos os tempos, em todos os países, para todos os povos, em todos os perigos, em todas as dificuldades, apesar de todos os pecados, Cristo é o ÚNICO Salvador. 

Os países democráticos pensam que podem atingir a prosperidade e a paz por meio de pequenas receitas políticas em que misturam, em doses variáveis, a autoridade e a liberdade. Loucura e ilusão. Se eles não aceitarem as normas sociais e morais da Igreja, se não derem ao catolicismo a influência preponderante a que tem direito, não escaparão à ruína. De reforma em reforma, rolarão para o abismo. 

O maior homem do mundo, dotado da mais lúcida inteligência, da mais alta moralidade, da mais vigorosa energia, do mais formidável poder, não conseguiria organizar convenientemente um povo que vivesse entregue à anarquia intelectual e efetiva que, fora da Igreja, é inevitável. Um povo é um conjunto de homens. Um povo disciplinado não pode ser composto de homens anarquizados no mais íntimo do seu ser, como um copo de água pura não pode constar de um conjunto de gotas de água impuras. 

Jesus Cristo como base da civilização, e as formas de governo como aspectos secundários e acidentais da vida de um povo, eis aí uma das grandes lições do Natal. 

Se Cristo é o Salvador único, a Salvação virá da Igreja. 

Trabalhar, lutar, sofrer, rezar, imolar-se ou sacrificar-se alegremente pela Igreja, deve ser o fruto desta meditação de Natal. Porque todas as causas e todos os ideais devem vir depois da suprema Causa e do supremo ideal da Igreja. 

Um dos erros mais frequentes entre católicos consiste em considerar a missão do Salvador como definitivamente encerrada com a Sua Ascensão ao Céu. 

Em geral, supõe o povo que, tendo subido ao Céu, Nosso Senhor Jesus Cristo deu por finda a obra redentora para cuja realização veio à Terra. E a Vida, Paixão e Morte de Jesus é hoje um episódio histórico do passado, tão distante de nós quanto as guerras de Augusto ou a morte de Cleópatra. 

Desse erro fundamental, decorre outro ainda mais grave... 

Enquanto os anjos proclamam a glória de Deus, os comunistas profanam os restos de seus servos. Enquanto os anjos almejam “paz na Terra aos homens de boa vontade”, a civilização materialista arma-se para uma hecatombe. 

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Nota: Na reprodução deste artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, apenas fizemos leves adaptações e alguns cortes de trechos não aplicáveis aos presentes dias — 88 anos após a sua publicação no semanário “Legionário” (Nº 224), em 27 de dezembro de 1936.

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