27 de dezembro de 2023

Choque que produzirá uma das maiores convulsões da História


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 Paulo Roberto Campos

A “Declaração Fiducia supplicans”, emitida no dia 18 de dezembro pelo Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Manuel Fernández, e aprovada pelo Papa Francisco, já foi condenada por vários bispos. 

Esses prelados afirmam que continuarão seguindo a moral perene da Santa Igreja, ensinada ininterruptamente pelo magistério católico tradicional, e rejeitam o teor da recente Declaração, ou seja, “a possibilidade de abençoar casais em situação irregular e ‘casais’ do mesmo sexo”.

No dia seguinte à sua publicação, o Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Santa Maria de Astana, no Cazaquistão, Dom Tomasz Bernard Peta, e seu bispo auxiliar, Dom Athanasius Schneider, afirmaram em um comunicado: 
“O fato de o documento não permitir o ‘matrimônio’ de casais do mesmo sexo não deve cegar pastores e fiéis para o grande engano e mal contidos na permissão para abençoar casais em situação irregular e do mesmo sexo. Tal bênção contradiz direta e seriamente a Revelação Divina e a ininterrupta e bimilenar doutrina e prática da Igreja Católica. Abençoar casais em situação irregular e ‘casais’ do mesmo sexo é um grave abuso do santíssimo Nome de Deus, uma vez que este Nome é invocado sobre uma união objetivamente pecaminosa de adultério ou atividade homossexual”. 

Ademais, os dois prelados proibiram que os sacerdotes daquela Arquidiocese concedam a referida “bênção”. 

Até o momento em que escrevemos, um crescente número de bispos, e até de conferências episcopais, vêm se opondo à esdrúxula Declaração, pois, como muitos deles afirmaram, não se pode abençoar relacionamentos pecaminosas ou qualquer pecado.

A propósito desta gravíssima questão — que abala a Igreja e causou confusão e um muito justificável escândalo no mundo inteiro —, reproduzimos a seguir uma matéria publicada na revista Catolicismo (edição de novembro de 2020, Nº 839 — https://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0839/P02-03.html

Raio atinge a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma, no dia 28 de fevereiro de 2013.
[Foto: Alessandro di Meo/AFP]

AUTODEMOLIÇÃO DA IGREJA 


As palavras do Papa Francisco [em 2020] — propondo “uma legislação para a união” de pessoas do mesmo sexo, e afirmando que “os homossexuais têm direito a uma família” — deixaram perplexos inúmeros católicos em todo o mundo. Vêm a propósito os comentários de Plinio Corrêa de Oliveira, em 6-9-94,* analisando um artigo do Pe. Jim Galluzzo no “The Wanderer” de 24-3-94. 

“Vê-se a entrada de um esforço metódico dentro da Igreja, como nos demais setores da sociedade, não apenas de tolerância, mas de legitimação da homossexualidade, que acabará dando cumprimento aos desejos do Parlamento Europeu, de que se reconheçam à união de pessoas do mesmo sexo os mesmos efeitos jurídicos do casamento. 

“Considerando-se as heresias mais perigosas, mais carregadas de ódio, mais profundamente dissonantes da doutrina católica, não se encontra nada que destoe mais profundamente dela do que essa legitimação da homossexualidade. Ela está entrando, mas veja-se o modo como penetra. Não é um panfleto apresentado por protestantes, mas por sacerdotes católicos. Há no artigo uma referência a um documento de bispos de 1976, já bem antigo, que convida a uma espécie de mistura entre homossexuais e não homossexuais. 

“É um trabalho feito de cima para baixo, por autoridades eclesiásticas, no sentido de fazer esquecer a doutrina tradicional e dar à homossexualidade direito de cidadania na Santa Igreja de Deus. Haverá em determinado momento, dentro da Igreja Católica, uma manifestação de completa inconformidade contra esse trabalho de legitimação. E teremos então uma divisão dentro da Igreja, de caráter oficial. 

“Poder-se-ia objetar: ‘Se a grande maioria dos bispos estiver de acordo com isso, não haveria divisão’. Não existe grande maioria para mudar a doutrina católica! É indiscutível, e está claramente nas Escrituras, em todos os documentos do Magistério da Igreja e nos tratados de todos os moralistas, que este é um pecado que brada ao Céu e clama a Deus por vingança. Não pode haver entendimento — ponto final! 

“As fronteiras estão cortadas, as barreiras estão erguidas. Então haverá um choque interno dentro da Igreja, e esse choque interno produzirá uma das maiores convulsões da História”. 

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* Trecho extraído do livro “Plinio Corrêa de Oliveira — Profeta do Reino de Maria”, do Prof. Roberto de Mattei – Artpress, São Paulo, 2015, pp. 359-360.

Um comentário:

manuelfigueirasbrotas@hotmail.com disse...


Anotei uma declaração de Dom Hector Aguer, Arcebispo de La Plata, na Argentina, que é taxativa, como poucas tenho visto entre seus pares. Ei-la:
"Um casal homossexual não pode ser abençoado porque Deus não pode abençoar o pecado. Toda bênção implica a complacência de Deus na pessoa o no objeto abençoado".