5 de abril de 2023

CRISTO FLAGELADO COM ÓDIO


  Plinio Corrêa de Oliveira 

Dizer que essa representação de Cristo flagelado é bela, seria dizer pouco. Muito mais do que isso, ela é impressionante. E de molde a despertar muito a piedade. 

À primeira vista, quando me foi apresentado esse quadro fiquei chocado, porque as feridas do corpo sagrado de Nosso Senhor estão apresentadas com tal realismo, que o instinto de conservação do homem clama vendo a cena; tem a tendência a fugir e achar que não é arte representar de modo tão terrificante. O que é de nossa parte um primeiro impulso, mas que deve ser dominado, porque o contrário seria uma ingratidão. 

Tal será que Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo sofrido tudo o que padeceu por nós, não queiramos sequer olhar para seu corpo chagado porque pode nos desagradar. É uma ingratidão e uma falta de respeito sem nome. Como um primeiro impulso se compreende. É uma reação quase física. Mas seria ingratidão consentir nesse impulso. 

Compreende-se então que o escultor tenha chegado a esculpir de modo tão terrivelmente realista essa imagem. 

Primeiramente, analisando o quadro, cheguei à conclusão de que deveria ser uma escultura espanhola em madeira. Com aquele realismo das imagens espanholas sobre a Paixão de Jesus. Depois soube que é uma imagem do Canadá. 


Para que se tenha ideia do que foi a flagelação de Nosso Senhor, como está representada nessa imagem, é preciso compreender todo o significado das chagas terríveis que apresenta, bem como da coroação de espinhos. 

Os verdugos que flagelaram Jesus eram malfeitores, bandidos, que foram levados para exercer essa função. De onde um verdadeiro furor dessa gente péssima, com aquele gosto sádico de fazer o mal que caracteriza esse tipo de pessoas. Homens embebedados, que já tinham flagelado vários condenados, estavam no delírio de seu ódio quando Nosso Senhor lhes caiu nas mãos. Ocorre que gente muito infeliz com frequência tem ódio de quem é normal e feliz. Assim, eles se desafogam do seu triste estado. 

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de fevereiro de 1976. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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